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O conselho de administração da Petrobras aprovou ontem, 27, a nomeação de Caio Paes de Andrade para a presidência da estatal. Indicado pela União, o executivo será o quinto a ocupar a vaga no governo Jair Bolsonaro, levando-se em conta o interino Fernando Borges. Na reunião, ele foi eleito ainda membro do conselho, uma pré-condição para assumir o comando da companhia. Segundo fontes, Paes de Andrade já deve tomar posse na terça-feira, 28.

O executivo foi eleito por sete votos contra três para presidente e por oito votos contra dois para conselheiro, e pode ficar no comando da empresa até a próxima Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Petrobras, marcada para 13 de abril de 2023. Petroleiros ainda tentam impedir sua posse e já entraram na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Justiça do Rio de Janeiro questionando a legalidade da nomeação do executivo.

Na última sexta-feira, o Comitê de Elegibilidade (Celeg) da Petrobras deu aval para o nome de Paes de Andrade, ex-secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. O sinal verde foi dado apesar de alertas feito ao comitê que o executivo não cumpre requisitos exigidos pela Lei das Estatais e pelo Estatuto Social da companhia.

A ata da reunião, divulgada no sábado, mostra ainda que o futuro presidente da Petrobras recusou o convite do Celeg para uma entrevista formal, o que não é comum no processo de eleição para o cargo, e preferiu responder perguntas por escrito. Segundo o relatório, Paes de Andrade afirmou que não recebeu nenhuma orientação do governo para segurar preços, principal motivo apontado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro para a quarta troca na empresa.

O executivo chega ao cargo após a renúncia de José Mauro Coelho, que deixou o comando da estatal por pressão do governo para acelerar a entrada do executivo, considerado mais alinhado com Bolsonaro. O objetivo seria interromper os reajustes dos combustíveis da companhia, um peso indesejável na inflação, e que coloca em risco os planos de reeleição de Bolsonaro.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o próximo passo é mexer na diretoria, já que para mudar os preços é preciso a aprovação de pelo menos duas pessoas de um grupo formado pelo presidente da Petrobras, o diretor financeiro e o de comercialização.

Preocupados, alguns diretores já começaram a sondar oportunidades fora da estatal e outros falam em aposentadoria, segundo apurou a reportagem. Os executivos esperam uma reunião com Paes de Andrade para definir uma estratégia, que poderia envolver a perda de metade do bônus esperado para este ano de bons resultados.

Na votação para decidir sobre o comando da empresa na manhã desta segunda-feira, 27, os cinco representantes da União no conselho de administração votaram favoravelmente, assim como dois conselheiros minoritários, o advogado Marcelo Gasparino e o empresário Juca Abdalla, dono do banco Clássico.

Votaram contra a indicação de Paes de Andrade, o conselheiro minoritário e advogado Francisco Petros e a conselheira indicada pelos funcionários, Rosangela Buzanelli. Completa a lista o conselheiro minoritário e advogado Marcelo Mesquista. Mesquita, porém, concordou em fazer Paes de Andrade conselheiro, o que fez a votação sobre este item terminar com placar de 8 a 2.

A eleição de Paes de Andrade encerra mais um capítulo dos atritos entre o governo federal e a administração da Petrobras, iniciado no início do mês, quando o Planalto decidiu indicá-lo em substituição ao ex-presidente José Mauro Coelho, que promoveu dois aumentos no preço dos combustíveis praticados em refinarias da Petrobras.

Após três semanas de pressão exercida por membros do governo e lideranças da Câmara dos Deputados, Coelho cedeu e deixou o cargo, abrindo caminho para a condução mais rápida de Paes de Andrade ao comando da empresa. A estratégia que viabilizou sua chegada mais rápida ao cargo foi antecipada pelo Broadcast em 2 de junho.

Currículo

Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista e tem cursos de pós-graduação em administração pela Harvard University e pela Duke University, nos Estados Unidos.

Com passagens por empresas de tecnologia da informação, ele migrou para a administração pública em 2019, quando assumiu a presidência do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), estatal responsável pelo desenvolvimento e gestão de sistemas digitais do governo.

Em agosto de 2020, ele assumiu o cargo de secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. Paes de Andrade também é membro do conselho de administração da Embrapa e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), estatal que administra o óleo lucro da União em campos produtores do pré-sal. Esse é o seu único contato direto com o setor de óleo e gás.

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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