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Na avaliação do diretor para as Américas da consultoria Eurasia, Christopher Garman, o Brasil não deve conseguir avançar nas negociações com os Estados Unidos no curto prazo e as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros vão entrar em vigor. eldquo;O problema é que o presidente Trump se enxerga no drama do ex-presidente Jair Bolsonaro.erdquo;

Garman diz que o melhor cenário para o Brasil é receber as tarifas e não retaliar. Ao longo do tempo, avalia, pode ser que as empresas e o governo brasileiro consigam algum espaço para aliviar o cenário. eldquo;O impacto das tarifas tende a chegar ao bolso do consumidor através de mais inflação. Portanto, a Casa Branca pode ficar mais passível de aceitar tarifas menores.erdquo;

Tem algum caminho para o Brasil sair desse impasse com os Estados Unidos? Não vejo um caminho no curto prazo para reduzir essas tarifas. O problema é que o presidente Trump se enxerga no drama do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nós precisamos lembrar que Trump se sentiu vítima de uma caça às bruxas de medidas judiciais. Ele se sentiu censurado. Ele enxerga o movimento progressista Democrata como uma ameaça à democracia. Então, quando ele vê o drama do entorno da família Bolsonaro e as queixas da direita brasileira, Trump encontra respaldo. O julgamento do ex-presidente e a regulação das mídias sociais são os drivers de uma tarifa tão proibitiva.

E a proximidade do Brasil com a China?

É um fator secundário. Essa decisão (das tarifas) não passou pelo crivo do corpo técnico. É um tema quase pessoal para o presidente. E o problema é que, quando o Judiciário e o Supremo Tribunal Federal reagem à

eldquo;O impacto das tarifas globais tende a chegar ao bolso do consumidor através de mais inflação. Portanto, a Casa Branca pode ficar mais passível de aceitar tarifas menoreserdquo;

imposição de tarifas, com medidas cautelares contra o ex-presidente, o governo Trump enxerga isso como uma escalada. Não distingue ações do Executivo com as do Judiciário.

Qual seria o melhor cenário? Hoje, o melhor que se pode esperar é que as tarifas sejam implementadas, o governo Lula não reaja e não escale com medidas retaliatórias contra as prováveis sanções que devem chegar contra ministros do Supremo Tribunal Federal. E aí espera-se que possam excluir alguns itens dos 50% de tarifas por razões econômicas domésticas nos Estados Unidos. Os consumidores são sensíveis com alguns itens. E tem interesse dos EUA de, talvez, não taxar itens como petróleo e minerais críticos. Há espaço para que haja uma exclusão de certos limites de aplicabilidade das tarifas. Isso pode ocorrer ao longo dos próximos meses, mas, para que ocorra, é necessário que o Brasil não venha a retaliar com novas medidas. Eu diria que, ao longo do tempo, as condições tendem a ficar mais favoráveis.

Por quê?

Porque o impacto das tarifas globais tende a chegar no bolso do consumidor através de mais inflação. Portanto, a Casa Branca pode ficar mais passível de aceitar tarifas menores. Dois, o instrumento utilizado para a implementação das tarifas pode não se sustentar nos tribunais. Se esse instrumento cair, as tarifas vão ter de ser aplicadas via uma investigação da Seção 301 (lei comercial dos EUA que permite ao governo investigar e retaliar práticas consideradas injustas ou prejudiciais), mas aí dá para se ter uma negociação mais econômica. Talvez, dentro de alguns meses, podemos ter um ambiente um pouco mais construtivo.

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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