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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve elevar hoje a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual, segundo projeção unânime do mercado. Com a nova alta, a taxa vai a 14,25% ao ano, maior patamar desde outubro de 2016 (quando também estava em 14,25%). E desde o início do atual ciclo de alta, em setembro, a Selic terá subido 3,75 pontos porcentuais.

Mas a dúvida entre os analistas é o que vem pela frente. Para a maioria deles, o Copom deve abandonar o forward guidance (sinalização dos próximos passos) na sua comunicação de hoje. Ou seja, vai condicionar as próximas decisões à evolução dos dados econômicos endash; ficando mais data dependent (dependência de dados), no jargão do mercado. A maior parte das projeções aponta que o atual ciclo de alta termine com a Selic em 15%, mas a avaliação é que o BC quer deixar as portas abertas para qualquer ajuste.

eldquo;O Copom deve migrar para uma comunicação mais data dependent, buscar a sua flexibilidade, porque é isso que normalmente se faz quando se aproxima do fim do cicloerdquo;, diz a CEO e economista-chefe da consultoria Buysidebrazil, Andrea Damico. eldquo;Não faz sentido dar um guidance agora, mas ele ainda precisa ser duro, para o mercado não achar que não vai aumentar os juros na reunião seguinte.erdquo;

Para Andrea, o Copom deve repetir a mesma sinalização dada em janeiro, quando afirmou que, depois de março, eldquo;a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à metaerdquo; e que vai depender da evolução das suas projeções e das expectativas de inflação, do hiato do produto (espaço para a economia crescer sem pressionar a inflação) e do balanço de riscos (fatores que podem fazer a inflação ficar acima das projeções ou abaixo delas).

MAIS FLEXIBILIDADE. Economistas consultados pelo Estadão/Broadcast veem várias razões para que o comitê adote uma postura data dependent. Depois da rápida elevação de 3 pontos porcentuais nos juros desde dezembro, e em meio às incertezas domésticas e externas, o BC deve buscar flexibilidade para ajustar seus passos à evolução do cenário nos próximos meses, eles dizem.

Desde a última reunião, a economia deu sinais mais fortes de esfriamento, com o PIB brasileiro crescendo abaixo do esperado no quarto trimestre de 2024 e a maioria dos indicadores de alta frequência (que mostram a atividade econômica em prazos mais curtos) mostrando desempenho abaixo do previsto em janeiro. E as estimativas para o PIB já foram reduzidas desde então.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse recentemente que há sinais de moderação na economia, mas ponderou que é cedo para cravar uma tendência. Por isso, disse, é preciso acompanhar a evolução dos números para traçar os cenários de inflação.

A cotação do dólar também mostrou algum alívio, caindo da casa dos R$ 6,00 para abaixo de R$ 5,70. Os preços de commodities (matérias-primas com cotação internacional) endash; em especial, do petróleo endash; também recuaram, indicando pressão menor sobre a inflação. eldquo;Muito provavelmente, o modelo do BC deve mostrar queda de 0,2 a 0,3 ponto porcentual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no horizonte relevante, voltando de 4% para 3,8%erdquo;, diz Andrea.

Porém, as expectativas de inflação do mercado subiram, de 5,50% para 5,66%, em 2025, e de 4,22% para 4,48%, em 2026. A inflação corrente não deu sinais de trégua: o IPCA acumulado em 12 meses acelerou de 4,56% em janeiro para 5,06% em fevereiro, 0,56 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%eldquo;O BC ainda precisa fazer um pouco na política monetária antes de poder parar e observarerdquo;, diz o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, que espera alta da Selic a 14,75% no fim do ciclo, com um último ajuste de 0,50 ponto em maio. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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