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Passada a trégua de janeiro proporcionada pelo bônus de Itaipu, a normalização das contas de luz e os reajustes sazonais de mensalidades escolares pressionaram a inflação oficial no País em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de uma elevação de 0,16% em janeiro para uma alta de 1,31% em fevereiro, resultado mais agudo para o mês desde 2003, informou nesta quarta-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa acumulada em 12 meses voltou a subir depois de dois meses seguidos de arrefecimento, passando de 4,56% em janeiro para 5,06% em fevereiro, a mais alta desde setembro de 2023.

A aceleração do IPCA continua indicando que a inflação está disseminada, incompatível com a meta de 3,00% perseguida pelo Banco Central, avaliou o economista-chefe da corretora de investimentos Monte Bravo, Luciano Costa. Neste sentido, tende a demandar uma postura firme do Banco Central.

eldquo;Reforça a sinalização de manutenção do ritmo de alta de 100 pontos-base na reunião de marçoerdquo;, disse Costa.

Os dados apontam para uma fotografia pior para a inflação doméstica, com sinais de alerta para os grupos de serviços e bens industriais, corroborou o economista sênior do Banco ABC Brasil, Francisco Lima. Ele afirma não ver perspectiva de melhora à frente nos aumentos de preços de serviços, devido ao mercado de trabalho ainda aquecido. Quanto ao encarecimento de produtos industriais, ele nota influência da alta do dólar.

eldquo;É uma piora que reflete o repasse da desvalorização cambial do fim do ano passado. Geralmente é um item que traz conforto para o IPCA, mas esse ano deve contribuir negativamente para o índiceerdquo;, previu ele, que projeta uma taxa de câmbio a R$ 6,16 ao fim do ano.

Para Fabio Romão, economista da LCA Consultores, o IPCA deve encerrar 2025 com uma elevação de 5,6%, sob influência também da eldquo;robustez do mercado de trabalhoerdquo; nos preços de serviços e do impacto do câmbio mais desvalorizado no conjunto de preços industriais, mas também de eldquo;reajustes relevanteserdquo; em itens monitorados, incluindo tarifas de transporte público, taxa de água e esgoto, energia elétrica residencial e óleo diesel. O economista espera alívio, porém, do custo da alimentação no domicílio.

eldquo;Por conta de boas safras em algumas commodities, bem como descompressão em (alimentos) in natura, o que aponta algum alívio no atacado agropecuário que poderá desaguar no varejo. Destacamos que a redução de impostos de importação de alguns produtos pouco afetou a nossa expectativa anual para a alimentação no domicílio, passando de +7,3% para os atuais +7,1%erdquo;, acrescentou Romão, em relatório.

Os alimentos voltaram a subir em fevereiro, pelo sexto mês consecutivo, mas a alta foi mais branda e menos espraiada, ficando concentrada em uma menor quantidade de itens, segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma elevação de preços de 0,96% em janeiro para uma alta de 0,70% em fevereiro. Em fevereiro, o encarecimento dos alimentos foi eldquo;basicamente café e ovoerdquo;, disse Gonçalves.

eldquo;O café vem sustentando alta (de preços) desde janeiro de 2024. No ano de 2024, a alta no café foi de 39,60%. Nos dois primeiros meses de 2025, o café já subiu 20,25%. Em 14 meses, desde janeiro de 2024, o café acumula um aumento de 67,87%erdquo;, citou o pesquisador.

No mês de fevereiro deste ano, o café moído subiu 10,77%. Já o ovo de galinha aumentou 15,39%, a maior variação para o item desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Segundo Gonçalves, os Estados Unidos tiveram perdas do produto por causa de gripe aviária, levando a um aumento nas exportações brasileiras de ovos para o País. Além disso, houve maior demanda pelo item em função do início do ano, ao mesmo tempo em que a ocorrência de um clima mais quente também prejudicou a produção de ovos.

Na direção oposta, ficaram mais baratos em fevereiro a batata-inglesa (-4,10%), o arroz (-1,61%) e o leite longa vida (-1,04%). O índice de difusão de produtos alimentícios, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 71% em janeiro para 55% em fevereiro, ou seja, ainda há mais da metade dos alimentos pesquisados com elevações de preços.

A elevada inflação registrada no País em fevereiro foi concentrada especialmente no aumento extraordinário da energia elétrica residencial e no reajuste sazonal de mensalidades escolares, afirmou Fernando Gonçalves. Os gastos das famílias brasileiras com Habitação tiveram uma elevação de 4,44% em fevereiro, uma contribuição de 0,65 ponto porcentual para a taxa do IPCA. A energia elétrica subiu 16,80% em fevereiro, subitem de maior pressão no mês, 0,56 ponto porcentual. A alta recente decorre da recomposição das contas de luz após a incorporação em janeiro do Bônus de Itaipu.

O grupo Educação teve um avanço de 4,70% em fevereiro, impacto de 0,28 ponto porcentual para a taxa do IPCA. A maior contribuição veio do aumento de 5,69% nas mensalidades dos cursos regulares, por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. As variações mais agudas ocorreram no ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).

eldquo;Educação todo mês de fevereiro tem essa sazonalidadeerdquo;, lembrou Fernando Gonçalves, do IBGE.

Em Transportes, as passagens aéreas recuaram 20,46% em fevereiro, subitem de maior alívio no IPCA, -0,16 ponto porcentual. Por outro lado, houve um aumento de 2,89% nos combustíveis. Ficaram mais caros o óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%). O gás veicular teve redução de 0,52%.

O ônibus urbano subiu 3,00% em fevereiro, como reflexo de reajustes nas tarifas de São Paulo, Campo Grande, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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