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O aumento da produção de biodiesel e de etanol de milho não impacta o preço dos alimentos, segundo analistas de mercado e associações do setor. A hipótese foi levantada na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista a jornalistas.
Na ocasião, o petista disse que chamaria empresários do setor para conversar, já que quando ele entrou na Presidência o óleo de soja estaria custando R$ 4 e agora R$ 10.
"Qual é a explicação para o óleo de soja ter subido? Eu não tenho outra coisa a não ser chamar os produtores de soja para saber", disse. "Eu, por exemplo, quero saber se a soja para o biodiesel está criando problema; eu quero saber se o milho para o etanol está criando problema, e eu só posso saber disso se eu chamar os empresários da área para conversar", acrescentou.
O questionamento de Lula surge porque cerca de 80% do biodiesel produzido no Brasil vem do óleo de soja e cerca de 15% do etanol é feito com milho. A fabricação dos dois produtos é, inclusive, financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Mas a declaração não foi bem recebida no setor, que não vê respaldo técnico na hipótese. Além disso, Lula pode ter dado munição para aqueles países que evitam comprar biocombustíveis do Brasil.
A União Europeia, por exemplo, não compra combustíveis produzidos a partir de matérias-primas que, em alguma medida, abastecem a cadeia de alimentos. Um dos principais trabalhos de agentes públicos e diplomatas que trabalham nessa área é, justamente, convencer os europeus de que os produtos brasileiros não ameaçam a segurança alimentar do mundo.
Assim, o setor quer voltar a mostrar ao presidente que o aumento do preço dos alimentos não está ligado ao crescimento constante da produção de biocombustíveis no país.
"O presidente falou que chamaria os empresários para explicar, mas já está mais que explicado. Ele acabou tendo informações atravessadas e colocou sem maior reflexão, mas tenho certeza que as informações corretas já devem ter chegado a ele", diz Julio Cesar Minelli, diretor superintendente da Aprobio, a associação que representa os produtores de biodiesel.
"O setor está muito tranquilo que não é o causador disso [aumento no preço dos alimentos], já que todas as informações que a gente passa para governo e sociedade apontam exatamente o contrário", acrescenta.
De acordo com a consultoria StoneX, o Brasil produziu 9 milhões de metros cúbicos de biodiesel no ano passado e no ano que vem deve produzir 10,1 bilhões. Esse aumento é constante desde 2020, e a produção vai aumentar consideravelmente ao menos até 2030, quando a mistura de biodiesel no diesel pode chegar a 20% (hoje é 14%).
O primeiro objetivo dos produtores de biodiesel é apresentar ao presidente que, apesar de deixar o óleo de cozinha mais caro, o crescimento da demanda por óleo de soja (matéria-prima do combustível) barateia a carne.
Isso porque cerca de um terço da soja colhida no Brasil é esmagada endash;e, do produto final, 20% é óleo de soja e 80% farelo, usado em rações de gados. Assim, na visão do setor, a valorização do óleo de soja a partir da produção de biodiesel ajuda no custeio da produção e permite ao produtor diminuir o preço do farelo, que desencadeia no preço da carne.
"Com isso, o feito é o contrário; a utilização do óleo de soja pelo biodiesel contribui para baixar os preços da carne", afirma Minelli.
Para Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da Stonex especializado em óleos vegetais, o óleo de soja ficou mais caro nos últimos meses devido a dois fatores: queda na produção, devido a problemas climáticos, e câmbio alto. Como a soja é uma commodity, ela é precificada em dólar, o que afeta inclusive o comércio doméstico.
"Soja, milho, café, cacau são precificados em dólar, então se você tem desvalorização do real, há avanço no preço", diz Rossetti. De acordo com a StoneX, mais de 60% dos produtos do esmagamento da soja são exportados. Assim, um dólar alto também afeta o preço do óleo de soja.
O milho, outra commodity, tem cenário semelhante. É improvável que o aumento da produção de etanol a partir dessa matéria-prima tenha causado o aumento nos preços do alimento, já que o Brasil segue com estoques anuais de milho confortáveis endash;sinal de que a produção ainda é maior do que a soma de consumo local e exportação. No entanto, o estoque vem caindo ano a ano e já é o menor ao menos desde a safra 2018-2019, segundo a StoneX.
"A alta recente do milho está muito relacionada ao mercado internacional. Há um equilíbrio de oferta e demanda no mundo todo. Não falta milho, mas a gente teve a produção e consumo sendo mais equilibrados; antes a produção estava acima do consumo", diz Ana Luiza Lodi, também analista de mercado da StoneX.
"Essa discussão de combustível versus alimento tende a ocorrer em momentos de alta de preço, mas atualmente no Brasil a gente consegue atender tanto a ração quanto o combustível sem faltar milho. Se a gente tivesse oferta menor com quebra de safra teríamos maior competição, mas como a produção de milho cresce não estamos vemos falta", acrescenta.
Fonte/Veículo: Folha de S.Paulo
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