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Há mais de uma década na posição de maior importador de petróleo da Petrobras, a China repetiu o feito em 2024, mas perdeu a posição para o conjunto de países europeus no quarto trimestre do ano.

De outubro a dezembro, a estatal brasileira vendeu 508 mil barris de petróleo por dia ao exterior, dos quais 38% foram para a Europa e apenas 30% foram para a China. Como comparação, em todo o ano de 2019, o país asiático chegou a comprar 72% do total vendido pela Petrobras. A inversão, que pode se tornar mais frequente daqui para frente, só foi registrada no momento mais agudo da guerra da Ucrânia, no segundo trimestre de 2022 (Europa com 39% e China com 15%).

Corre por fora a região chamada de eldquo;Ásia exceto Chinaerdquo;, que inclui Índia e Coreia do Sul, e das exportações da Petrobras no fim de 2024 respondeu por 17%, o maior porcentual desde que os volumes por país foram abertos em balanço, a partir de 2019.

Estratégia

Embora a guerra na Ucrânia ainda sustente o rearranjo global das cargas de petróleo emdash; com cargas russas indo à Ásia, enquanto o petróleo do Oriente Médio e de regiões como Brasil passaram a suprir mais a Europa emdash;, a mudança no topo da lista de compradores da Petrobras também se deve à estratégia de diversificação da base de clientes da companhia para maximização de margens, diz o diretor de comercialização e logística, Claudio Schlosser.

eldquo;O que a gente tem feito muito na área internacional é ampliar a nossa base de clientes. Nossa cesta tem renovado praticamente 19 clientes de petróleo por ano, o que é uma evolução muito grande em relação aos níveis históricoserdquo;, diz Schlosser.

Segundo o executivo, não se trata de reduzir a exposição à China, que vai seguir como destino forte do produto da Petrobras podendo retomar a primeira posição. eldquo;A estratégia é ter o maior grau de cobertura e clientes possível. Não trabalhamos observando dependência daqui ou dali. O objetivo é que a cesta de petróleos seja monetizada da melhor maneira possível, e isso acontece quando ampliamos o interesse e a briga pelo produto vemerdquo;, afirma.

Com relação às refinarias europeias, mais exigentes quanto à qualidade do petróleo, a geopolítica de momento deu oportunidade para a Petrobras apresentar seu produto, um petróleo de densidade baixa ou média e com baixo teor de enxofre e carbono. eldquo;É um produto excepcional, com demanda, mas ainda pouco conhecido. Quando a janela se abriu, passamos a vender mais para Grécia, Itália e outros países que entraram na base de clientes com um apetite crescenteerdquo;, continua.

Índia e África

Além da Europa, Schlosser cita compradores asiáticos, sobretudo da Índia, e novos clientes africanos. Como o Estadão/Broadcast noticiou na terça-feira, 4, a Petrobras está em vias de assinar um contrato de 24 milhões de barris de óleo cru para a Bharat Petroleum Corporation, uma das quatro estatais indianas de refino. Já existem contratos com a Indian Oil Corporation (IOC) e a intenção de fornecer a outras empresas do país, que já é o terceiro maior importador de petróleo do mundo.

O executivo da Petrobras cita, também, um potencial mais forte de entrada na África, citando o fornecimento à refinaria Dangote, inaugurada em maio de 2023 na Nigéria, com capacidade para 650 mil barris por dia.

Em 2024, a Petrobras exportou uma média de 798 mil barris por dia de petróleo, 1% a menos do que em 2023. A frente de refino da própria companhia é um competidor das exportações, porque só é vendido ao exterior a parcela de óleo cru não aproveitada para fabricação de derivados pela estatal, em alta nos últimos anos.

China

Apesar da guinada à Europa, novas taxações dos Estados Unidos à China podem reforçar ainda mais o fluxo de petróleo brasileiro para a maior economia da Ásia. Até por isso, Schlosser define a redução do porcentual à China como conjuntural e não estrutural.

Em 2024, as importações totais de petróleo da China encolheram 1,9% na comparação com 2023, no que foi o primeiro declínio anual em décadas, desconsiderando a pandemia. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy, reconhece os efeitos da desaceleração da economia chinesa e do seu processo de eletrificação massiva na demanda pela commodity, mas minimiza a estatística.

Ele explica que os chineses reduziram importações, mas não consumo de petróleo, porque usaram volumes estocados, comprados em momentos de cotação mais baixa, de anos anteriores. Ardenghy lembra que 43% da matriz energética da China ainda vem do carvão mineral e que, portanto, parte importante da transição não será direta, passando pelo petróleo. Isso deve garantir a China como protagonista da pauta de exportações por eldquo;bons anoserdquo;, afirma.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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