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No rastro da crise do Pix, da indigesta inflação dos alimentos e da pesquisa Quaest mostrando que, pela primeira vez, o índice de aprovação da gestão Lula é menor do que o de desaprovação, vem aí... o ácido e imprevisível debate sobre preço dos combustíveis. É mais um terreno pantanoso e difícil de atravessar para qualquer governo, ainda mais quando as coisas já não andam uma maravilha.
Falar em aumento do custo da comida na mesa, da inflação em geral e dos consequentes juros em alta, é falar também, automaticamente, do preço dos combustíveis, que têm um peso enorme na composição de preços finais e na inflação. E mais: na popularidade dos governantes.
O presidente Lula se reuniu já nesta segunda-feira com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para ter uma visão panorâmica do problema e tentar um equilíbrio entre política e economia, que é sempre difícil, particularmente no Lula 3.
No meu bairro, em Brasília, a gasolina comum estava em R$ 5,85 e pulou para R$ 6,39. Na Bahia de Rui Costa, o gás de cozinha, que sai da Petrobras a R$ 36,00, chega ao consumidor a R$ 108,00. Nos dois casos, é um peso imenso para os consumidores, sejam pessoas físicas, particularmente das classes B e C, sejam produtores rurais, fábricas, empresas de ônibus, lojistas.
eldquo;É um problema graveerdquo;, diz Costa, lembrando que a Petrobras só decretou um aumento de combustíveis em 2024, no primeiro semestre, e frentistas, luz, água, IPTU... não tiveram um aumento tão avassalador que justifique disparada de preço na bomba. eldquo;A Petrobras não era monopolista no varejo, mas servia como parâmetro, referência, e hoje?erdquo;, diz ele. E continua: eldquo;Se a boca de jacaré entre preço da Petrobras e preço da bomba aumenta, é porque o setor amplia a margem de lucroerdquo;.
É mais um fio da navalha para o governo, que perdeu a guerra para as fake news do Pix, está se enrolando com preços de alimentos e vive espremido entre mercado e PT. O mundo veio abaixo com o escorregão de Costa sobre eldquo;conjunto de intervençõeserdquo; para alimentos. O que acontecerá se houver algum tipo de intervenção na política de preços da Petrobras? Aumentar preços gera gritaria, mas segurar artificialmente remete à era Dilma Rousseff.
Sim, vai ter de ter aumento de combustíveis, assim como o governo tem de dar um jeito de conter a inflação de alimentos. Mas como conciliar os interesses da sociedade, produtores, mercado, PT, Centrão? Com explicações pragmáticas e realistas? Nas redes e na oposição, o que menos interessa é pragmatismo e realidade. Ganha quem tem mais seguidores e manipula mais rápido e melhor... a versão.
(Opinião por Eliane Cantanhêde)
Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo (Opinião)
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