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Dez dias depois de assumir oficialmente a presidência do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo deve apresentar hoje uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elencando as razões para a inflação ter ficado acima do teto da meta em 2024.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano passado será divulgado hoje pelo IBGE, e a previsão é de superar o teto da meta, que é de 4,5%. A carta também vai mencionar o que fez emdash; e o que fará emdash; o Banco Central para colocar a alta de preços dentro da meta.
O centro da meta é 3% no acumulado entre janeiro e dezembro, com tolerância de 1,5 ponto para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%). A previsão do BC e de analistas é de 4,9%. Nesse caso, a lei manda o presidente do BC enviar ao ministro da Fazenda uma carta com explicações.
Atualmente, a Selic (taxa básica de juros) está em 12,25% ao ano, e o BC já indicou duas novas altas de 1 ponto percentual para janeiro e março, levando a taxa para 14,25%, o mesmo patamar do pico da crise do governo Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016. A taxa de juros é o principal instrumento do BC para conter a inflação.
Galípolo não foi presidente do BC ao longo de 2024, mas era o diretor de Política Monetária, a principal pasta do órgão, antes de substituir Roberto Campos Neto.
O indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ainda escrever uma segunda carta neste ano. Essa avaliação é baseada nas projeções oficiais no cenário de referência do BC para a inflação, divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do BC.
A partir deste ano o sistema de verificação das metas passa a ser contínuo, em vez de no fechamento de cada ano calendário. Será considerada que a meta foi descumprida quando o IPCA acumulado em 12 meses desviar-se por seis meses consecutivos do intervalo de tolerância. A meta atualmente é de 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.
Segundo as projeções do BC, o IPCA deve romper o limite superior pelo menos até o fim do terceiro trimestre de 2025, quando a estimativa é de 5,1%. Ou seja, a partir do início do novo sistema, a inflação vai ficar ao menos nove meses fora do alvo a ser perseguido.
Nesse caso, Galípolo, como chefe da autoridade monetária, terá de se dirigir ao ministro da Fazenda em carta aberta após o IPCA de junho para explicar as causas do descumprimento, apontar as medidas necessárias para a convergência inflacionária e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito. O novo sistema ainda prevê que será necessária nova carta se a inflação não voltar à meta no prazo estabelecido.
Ainda que o BC volte a cumprir a meta no fim do ano, contudo, ainda não há visibilidade sobre quando a inflação voltaria à meta de 3,0% nas projeções oficiais. No RTI, a última estimativa é para o segundo trimestre de 2027, em que o cenário de referência aponta para um IPCA de 3,2%.
Fonte/Veículo: O Globo
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