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Diante de indicadores e projeções menos favoráveis para a economia brasileira, sobretudo na área fiscal, o resultado da balança comercial de 2024 trouxe algum alento. O saldo positivo de US$ 74,6 bilhões, ainda que 24,6% inferior ao registrado em 2023, reiterou em seus detalhes o vigor do comércio do Brasil com o exterior.

Quedas do superávit comercial são comuns quando há aquecimento da demanda interna impulsionada por gastos públicos, como ocorre no Brasil.

Divulgados na segunda-feira (6) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os dados expuseram um quadro incomum. A tradicional pedra angular da exportação do país, a agropecuária, tombou 11% com o declínio dos preços internacionais.

Não há dúvidas sobre tal impacto na queda de 0,8% nas exportações nacionais em relação a 2023. Entretanto o total de US$ 337 bilhões em embarques jamais teria sido alcançado não fossem os surpreendentes desempenhos da indústria de transformação e do setor petroleiro.

Em declínio há duas décadas, as vendas de veículos, motores e outros itens industriais somaram US$ 181,9 bilhões, maior valor da série histórica iniciada em 1997.

O petróleo, que segue em evolução desde 2016, superou a soja e o minério de ferro como o principal produto exportado pelo Brasil. Foram vendidos US$ 44,8 bilhões em barris.

Mesmo que os embarques de grãos e minérios venham a se recuperar em valor neste e nos próximos anos, nada indica recuo nas vendas petroleiras. Também esperam-se bons resultados da indústria de transformação.

Houve expansão de 9% das importações, que somaram US$ 262,5 bilhões em 2024. Os desembarques tiveram significativo peso no aumento de 3,3% na corrente de comércio e contribuíram para a produção e a exportação da indústria.

Ainda que as aquisições desse setor tenham resultado em um déficit setorial de US$ 56,8 bilhões, é inquestionável sua guinada para uma maior integração às cadeias internacionais de valor. O movimento era há muito esperado e trará ganhos para a economia como um todo.

Mesmo que não tenha aliviado as contas externas como em 2023, quando exibiu um vigoroso superávit de US$ 99 bilhões, a balança comercial do ano passado sinaliza tendências positivas a serem observadas neste 2025.

Não há dúvidas, entretanto, de que o ano trará maiores desafios, a começar pelo ímpeto protecionista da Casa Branca sob o comando de Donald Trump.

(Editorial - O que a Folha pensa)

Fonte/Veículo: Folha de São Paulo (Opinião)

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