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A demanda global por energia é predominantemente atendida em 80% por combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) e 20% por outras fontes, sendo 16% renováveis (energia solar, energia eólica e biomassa) e apenas 4% de origem nuclear.

Esse cenário evidencia o desafio de uma transição energética que equilibre três pilares essenciais da sustentabilidade: viabilidade econômica, segurança de fornecimento e redução de impactos ambientais.

O Brasil tem uma posição privilegiada, pois 40% de sua demanda energética total, que engloba não apenas eletricidade, é suprida por fontes renováveis, enquanto os 60% restantes provêm de outras fontes, entre elas a energia nuclear, que representa apenas 2%.

No entanto, essa vantagem pode diminuir se não forem feitas escolhas adequadas. O potencial hidrelétrico do país está próximo da exaustão e a viabilidade de novas usinas está restrita à opção a fio dersquo;água (geração que utiliza o fluxo de água de um rio para movimentar turbinas e produzir eletricidade).

Além disso, assim como outras fontes renováveis, as hidrelétricas apresentam desafios de intermitência, o que dificulta a previsibilidade e a estabilidade do sistema, exigindo alternativas para garantir a continuidade do abastecimento.

É essencial analisar e equilibrar cuidadosamente todas as alternativas disponíveis, buscando estruturar um mix que otimize o nível de sustentabilidade de nossa matriz e os desafios que o Brasil precisará equacionar.

A geração eólica é sempre localizada e exige altos investimentos em infraestrutura de transmissão, enquanto a solar enfrenta restrições noturnas e variações diárias de irradiação. São fontes imprescindíveis para o Brasil, mas não para geração contínua.

Também se fala no hidrogênio, mas os estudos de balanço energético e custos ainda precisam ser aperfeiçoados para se avaliar a real contribuição dessa opção como fonte de geração de energia.

Responsável por 10% da eletricidade mundial, a energia nuclear é uma fonte confiável. Parece pouco, mas, considerando os cerca de 400 reatores nucleares operando atualmente, é um montante expressivo a ser atribuído a uma única fonte.

É preciso dizer ainda que, em termos de sustentabilidade, a geração nuclear é a que menos emite CO2 mesmo se comparada à solar, considerando todo o ciclo da cadeia produtiva. Também é a fonte com menor impacto ambiental, tomando-se como parâmetro a proporção entre a quantidade de Kwh gerada e a área útil ocupada pela usina.

Em termos de segurança, o conceito de "deathprint" emdash;indicador de fatalidades por milhão de Gigawatt-hora (mGWh) gerado ao longo da cadeia produtivaemdash; coloca a energia nuclear entre as menos letais, com cerca de 90 mortes por mGWh, principalmente por acidentes de trabalho nas indústrias do ciclo do combustível.

Em comparação, o carvão apresenta aproximadamente 100 mil óbitos por mGWh, devido a problemas respiratórios, enquanto hidrelétricas registram cerca de 1.400, eólica têm 150 e solar 440 mortes por mGWh.

São números desconfortáveis, mas é importante mencioná-los com a máxima transparência para uma avaliação criteriosa dos riscos e benefícios de cada fonte de energia, visando uma transição sustentável e segura para o futuro do nosso país.

(Opinião por Francisco Rondinelli Júnior)

Fonte/Veículo: Folha de São Paulo (Opinião)

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