Selic deve subir hoje a 11,25%, e mercado já conta com novas altas
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O porcentual de famílias endividadas recuou, enquanto o de inadimplentes avançou em outubro, mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Entre as famílias de menor renda, a inadimplência alcançou 37,7%, refletindo, conforme os responsáveis pela pesquisa, o impacto dos juros elevados e das condições de crédito mais restritivas sobre o orçamento dos mais vulneráveis.
eldquo;O aumento da inadimplência, apesar da queda do endividamento, evidencia as dificuldades enfrentadas pelas famílias de menor renda para manter suas contas em dia, em um contexto de juros elevadoserdquo;, avaliou em nota o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
Segundo ele, a taxa Selic em níveis altos restringe o acesso ao crédito e dificulta a recuperação financeira, especialmente para os consumidores mais vulneráveis. Projeções da CNC indicam que o endividamento pode voltar a crescer no último trimestre de 2024, impulsionado pelas compras de fim de ano. eldquo;O crédito tem um papel fundamental no consumo, mas os juros elevados impõem restriçõeserdquo;, disse Tavares.
De acordo com a pesquisa, esse aumento de inadimplência ocorreu apesar de uma redução geral do endividamento, que recuou para 76,9%, semelhante ao nível registrado em outubro do ano passado, indicando maior cautela das famílias com o uso de crédito. De maneira geral, a inadimplência em outubro atingiu 29,3%, a maior taxa desde outubro de 2023.
Além disso, a parcela de famílias que afirmam não ter condições de quitar suas dívidas em atraso aumentou para 12,6%, o maior índice desde outubro do ano anterior, refletindo um cenário de dificuldade generalizada para os consumidores.
eldquo;A dependência de crédito em um cenário de juros elevados torna a quitação de dívidas um desafio ainda maior para as famílias mais pobreserdquo;, explicou em nota o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. eldquo;Acreditamos que, com medidas voltadas para a redução de gastos públicos, é possível abrir espaço para uma possível queda dos juros, o que traria um alívio significativo para os consumidores e para a economia como um todoerdquo;, acrescentou.
As famílias com renda acima de 10 salários mínimos conseguiram reduzir o endividamento, para 67,1%, e registraram também um dos menores índices de dívidas em atraso, com 14,3%, refletindo uma postura mais conservadora em relação ao uso do crédito. Por outro lado, o endividamento dos mais pobres foi contra a tendência e aumentou de 78,7% em outubro de 2023 para 80,8% em outubro de 2024. No mês, o aumento foi de 0,4 ponto porcentual.
O cartão de crédito continuou liderando o ranking, com 83,5% das famílias endividadas utilizando essa forma de pagamento em outubro, embora tenha apresentado uma queda em relação aos 87% no mesmo mês do ano passado.
Por outro lado, o crédito pessoal registrou aumento, passando de 9,4% em outubro de 2023 para 12% em outubro de 2024, atingindo o maior nível do ano. Segundo a CNC, esse aumento reflete uma preferência dos consumidores por modalidades de crédito com taxas mais competitivas em um cenário de juros elevados. Em contraste, o uso de cheque especial caiu para 3,6%, o menor índice desde o início deste ano.
O tempo médio de pagamento em atraso entre as famílias inadimplentes subiu para 66 dias em agosto, o maior valor do ano, refletindo a dificuldade das famílias em regularizar suas contas. A parcela média da renda comprometida com dívidas também aumentou, atingindo 29,9% no mês passado, próximo dos maiores níveis registrados ao longo do ano, o que mostra a pressão das dívidas sobre o orçamento familiar, concluiu a pesquisa.
O indicador de demanda por créditos da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) apontou que em setembro a busca por crédito reduziu 3,66%. As consultas também apresentaram queda, de 5,88%.
Segundo o presidente da CNDL, José César da Costa, um dos motivos para a queda foi o endividamento familiar e a permanência dos juros altos. eldquo;Com a taxa Selic em torno de 10,75%, o crédito fica caro, desestimulando as compras parceladas, financiamentos e a busca por novos empréstimoserdquo;, disse.
No momento da consulta realizada pelo indicador, 30,62% dos consumidores de serviços de crédito, como empréstimos e financiamentos, possuíam restrições ativas. eldquo;A taxa de inadimplência alta impõe uma limitação na capacidade de endividamento, forçando as instituições financeiras a serem mais criteriosas na concessão de crédito.
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
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