Fecombustíveis recebe Prêmio Atena 2024
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (28) ser improvável que a inflação global diminua sem que haja recuo nos preços do setor de serviços. A preocupação de investidores com a volatilidade de preços vem crescendo no mundo todo, principalmente devido à corrida presidencial dos Estados Unidos.
"A inflação de serviços ainda é muito alta em todos os lugares, tanto em mercados emergentes quanto em economias avançadas. É muito difícil pensar que o risco de inflação vai atingir a meta a menos que a inflação de serviços, em algum momento, diminua. E isso não está acontecendo na maioria dos lugares", disse em evento organizado pelo Deutsche Bank, em Londres.
Nesta segunda, os economistas ouvidos pelo Banco Central subiram novamente a previsão para a inflação brasileira neste ano. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve terminar 2024 em 4,55%, aumento de 0,05 ponto percentual em relação à última semana, de acordo com o boletim Focus.
Campos Neto apresentou projeções para os gastos governamentais tanto em caso de vitória de Trump quanto da democrata Kamala Harris. Em ambos os casos, o presidente do BC acredita que haverá expansão fiscal. Ainda assim, ele disse acreditar que a economia americana terá um "pouso suave".
Segundo a Reuters, os chefes de bancos centrais de vários países estão preocupados com os possíveis impactos de um retorno de Donald Trump ao poder. Entre as preocupações, está o potencial do republicano de revirar o sistema financeiro global com aumentos de tarifas, trilhões de dólares a mais em emissão de dívidas e uma reversão do trabalho de combate à mudança climática em favor de mais produção de energia a partir de combustíveis fósseis.
"É incrível que por muito tempo eu costumava falar sobre questões fiscais e não havia muita ressonância com outros bancos centrais ou formuladores de políticas. Mas cada vez mais vemos que muitas dessas reuniões internacionais são cada vez mais sobre questões fiscais. Então, no caso da eleição nos EUA, acho que há uma questão fiscal muito relevante porque, independentemente de serem os democratas ou os republicanos, quando você analisa e tenta desmembrar as diferentes propostas, ambas são expansionistas no aspecto fiscal", disse Campos Neto nesta segunda.
CHOQUE FISCAL POSITIVO DO GOVERNO LULA PODE ALIVIAR JUROS, DIZ CAMPOS NETO
Ele também afirmou que as alterações fiscais prometidas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as próximas semanas podem influenciar positivamente a política monetária do Brasil se o Executivo conseguir passar boas impressões para o mercado. O petista critica frequentemente a decisão de Campos Neto e diretores do BC por taxas de juros mais altas.
"Se [o governo] conseguir produzir um choque positivo, acho que isso poderia reverter as expectativas", afirmou.
O anúncio fiscal, disse, não tem relação mecânica com a política monetária, mas tem potencial de afetar prêmios de risco, taxas longas de juros e câmbio. Segundo Campos Neto, o aumento do prêmio de risco está relacionado à expectativa fiscal de investidores.
"Provavelmente, [esse processo] tem duas etapas: a primeira foi a mudança na meta fiscal e as pessoas acreditando que estava cada vez mais difícil atingir o número fiscal. A segunda foi uma percepção de que a qualidade dos dados e a transparência estavam piorando", afirmou.
"Quando olho para o prêmio de risco e para o fiscal, mesmo levando em conta o fato de que tivemos algumas mensagens que poderiam ter causado a percepção de menos transparência, acho que o preço está exagerado. Mas não é função do Banco Central lutar contra ou desafiar o mercado", acrescentou.
Fonte/Veículo: Folha de São Paulo
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