Pacote do governo passa por mudança no reajuste do salário mínimo
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Ainda não há dados atualizados do governo sobre o estrago que a falta de chuvas e as queimadas provocaram no agronegócio, sobretudo nas culturas perenes endash; aquelas lavouras que demoram vários anos para ter a primeira safra, como café, laranja e cana.
Mas a Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) informa que 100 mil hectares plantados com cana-de-açúcar foram queimados em duas semanas até 4 de setembro, a maior parte no Estado de São Paulo. O prejuízo calculado é de R$ 800 milhões.
eldquo;O cenário de clima seco e de falta de chuvas pode ter reflexos na safra futura, mas é cedo para fazer previsõeserdquo;, diz José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana.
A consultoria Datagro estima que a safra de cana 2024/25 atinja 593 milhões de toneladas, ante projeção inicial de 602 milhões de toneladas.
A seca e os incêndios já mudaram o patamar de preços do açúcar no mercado internacional. Nas últimas três semanas, o preço do produto teve valorização na faixa de 5%.
Apesar disso, Bruno Wanderlei
de Freitas, economista e sócio da consultoria, diz que não há escassez de açúcar. Nesta safra, o Brasil deve produzir 39,3 milhões de toneladas, 7,3% abaixo do ano passado. Ainda assim, será uma grande safra, na sua avaliação.
Em relação ao etanol, Freitas acredita que as cotações vão continuar com
tendência de alta. Neste ano, devido às queimadas, a perspectiva é de uma entressafra prolongada. As usinas, provavelmente, vão encerrar a moagem da cana em meados de outubro e retomar a atividade só em março ou abril de 2025. eldquo;A tendência é de que o preço do etanol perca competitividade nesse período.erdquo;
Na laranja, os pomares, que já sentiam as perdas com a doença do greening, agora enfrentam os efeitos da falta de chuvas. eldquo;Há regiões que convivem com a estiagem desde o fim de marçoerdquo;, conta o presidente da Associação Brasileira de Citros de Mesa (ABCM), Carlos Lucatto.
Em maio, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), associação mantida pelos citricultores e pela indústria do suco de laranja, projetava que a safra atual (2024/25) do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro seria de 232,38 milhões de caixas. Com a estiagem, acaba de reduzir a expectativa de produção em 7%, para 215,78 milhões de caixas.
Se a estimativa se confirmar, será uma safra quase 30% menor do que a do ano anterior.
Também é a menor safra de laranja em 35 anos, desde 1989, quando foram produzidos 214 milhões de caixas, segundo o Fundecitrus. A escassez do produto fez o preço da laranja in natura disparar. A caixa (40,8 quilos), que custava R$ 50 na roça no ano passado, este ano chega a R$ 120.
Apesar disso, o produtor Antonio Carlos Simonetti diz que é uma ilusão achar que os produtores estejam ganhando dinheiro com os preços altos, já que a produtividade dos pomares está muito baixa. eldquo;A estiagem é mais preocupante do que o greening (praga que ataca as plantações de laranja)erdquo;, diz. eldquo;Esta é a pior safra que já tivemos, nunca vi um cenário tão preocupante: seca, altas
temperaturas e déficit hídrico.erdquo;
Na cafeicultura, a seca também preocupa. A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em maio, apontava produção em 2024 de 58,81 milhões de sacas. É um volume 6,8% maior do que a safra de 2023.
Desde então houve muitas ondas de calor e falta de chuvas. A colheita terminou em agosto. Apesar de não ter dados oficiais atualizados, Renato Garcia Ribeiro, pesquisador e analista de café do Cepea, acredita que o volume colhido foi menor do que o inicialmente previsto.
Ele reitera a sua preocupação em relação à safra que será colhida em 2025. Como o café é uma cultura bianual, com um ano de produção baixa e o seguinte de produção cheia, a safra de 2025 poderá ser duplamente prejudicada: será naturalmente um ano de baixa produção e ainda vai carregar os efeitos da falta de chuvas na época de florada da planta.
Desde o terceiro trimestre do ano passado até o início deste mês, a cotação do café robusta ao produtor vendido no Espírito Santo, por exemplo, cresceu 119,7%, segundo dados do Cepea. No mesmo período, o preço do café tipo arábica subiu 85,2%.
Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), lembra que faz quatro anos que o mercado de café vem sendo afetado por problemas climáticos de todos os tipos: geadas, excesso de chuvas e secas.Produtoreldquo;
Apesar de as queimadas não terem atingindo significativamente o parque cafeeiro nacional, essas ocorrências, combinadas com perspectiva de manutenção do clima seco nos próximos meses, geram insegurança m relação à produção. eldquo;Tudo isso faz com que o mercado internacional e nacional reajam e os preços aumentem.erdquo; ebull;
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
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