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Com temores sobre o ritmo de recuperação da economia global, as cotações internacionais do petróleo despencaram nesta terça-feira (10) para os menores níveis em quase três anos. A Petrobras, porém, ainda deve esperar para definir corte nos preços dos combustíveis.

O petróleo tipo Brent, referência internacional de preços negociada em Londres, fechou cotado a US$ 69,19 por barril, queda de 3,69% em relação ao fechamento anterior e o menor patamar desde o fim de 2021. O WTI, negociado nos Estados Unidos, caiu 4,31%, para US$ 65,75 por barril.

Segundo analistas, o cenário reflete desconfiança sobre os rumos da economia chinesa e dados mais fracos sobre o desempenho econômico dos Estados Unidos.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu na semana passada manter cortes voluntários em sua produção até o fim do ano para tentar segurar os preços, mas o mercado vê crescimento da oferta em outras áreas do mundo, incluindo o Brasil.

Nesta terça, a própria Opep reduziu suas projeções de crescimento da demanda em 2024, citando a China como preocupação. O governo dos Estados Unidos, por sua vez, cortou sua projeção de preços tanto para 2024 quanto para 2025.

"Podemos usar o relatório da Opep como pretexto [para a queda desta terça], mas trata-se da continuação de um movimento que começou há várias semanas", afirmou Matt Smith, da consultoria Kpler. "O mercado está ajustando suas previsões com base em uma demanda fraca."

O movimento de queda nos preços, que se iniciou em maio, eliminou as defasagens dos preços dos combustíveis no Brasil, que persistiam desde o início do ano.

Na abertura do mercado desta terça, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,16 por litro acima da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). O diesel estava R$ 0,07 por litro mais caro.

Dados da Abicom indicam que a Petrobras vem vendendo a gasolina acima da paridade desde meados de agosto, mas o mercado não espera que a estatal reduza o preço neste momento. A percepção é compartilhada por fonte próxima à administração da empresa.

Desde que implantou sua nova política de preços, em maio de 2023, a estatal tem passado longos períodos sem reajustes e o prêmio obtido agora ajuda a compensar as perdas com a manutenção de preços defasados ao longo do ano, dizem as fontes.

Há, ainda, uma percepção de volatilidade no mercado que não permitiria ainda estabelecer um novo patamar para as cotações internacionais do petróleo.

A EIA (Agência de Informações em Energia) dos Estados Unidos, por exemplo, crê que o consumo está superior à demanda, o que resultará em uso de estoques nos próximos meses, empurrando as cotações novamente para a casa dos US$ 80 por barril.

"Os cortes de produção da Opep indicam que há menos óleo sendo produzido do que sendo consumido globalmente", escreveu, em relatório.

Procurada, a Petrobras disse que não antecipa decisões de reajuste . A estatal costuma dizer também que sua política de preços mitiga o repasse de volatilidades externa, "proporcionando períodos de estabilidade de preços aos nossos clientes".

Fonte/Veículo: Folha de São Paulo

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