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A divulgação do PIB do segundo trimestre conta várias histórias sobre o país. Desde 2020 o crescimento supera as estimativas. Não está sendo diferente agora. Pelo quinto ano consecutivo, as boas surpresas nos dados do IBGE sugerem um voo de cruzeiro na casa dos 3,0%.

Erros sistemáticos são um sinal de que algo mudou e o passado deixou de ser uma referência segura para o futuro. E a história diferente no Brasil pós-pandemia pode estar na combinação de reformas econômicas com a força do setor exportador.

É possível que as amplas mudanças nas regras econômicas feitas entre 2016 e 2021 estejam produzindo efeitos positivos sobre a capacidade de o país crescer. Foram alterações capazes de atrair investimentos, reduzir o risco da economia e trazer maior estabilidade.

As reformas mostram que o país tem sido capaz de enfrentar suas crises e avançar. O novo desenho do sistema tributário poderá reforçar este quadro, melhorando o ambiente de negócios e favorecendo o crescimento.

O setor exportador também tem sido um destaque. O volume de exportações e importações como proporção do PIB mudou de patamar e reflete tanto o aumento da produção de petróleo quanto a elevada produtividade do agronegócio.

Questões conjunturais ajudam. O primeiro semestre foi favorecido por estímulos fiscais e monetários, além de níveis historicamente baixos de desemprego. O resultado é um ritmo de crescimento da renda que segue o padrão observado durante o último ciclo de commodities, permitindo sustentar a confiança de empresários e consumidores.

Somados, estes fatores não apenas fazem com que o crescimento seja mais forte, mas também mais resistente a choques. Mesmo com eventos climáticos frequentes e um quadro de menor crescimento global, o desempenho da economia continua surpreendendo.

Com uma economia mais forte e resiliente, outros riscos podem ser descartados, como as crises políticas e financeiras que costumam acompanhar as recessões. Este bom desempenho será importante a partir de agora. Com uma economia mais robusta, o país poderá enfrentar melhor seus desafios, que é controlar a inflação e a dívida pública.

Com preferências políticas por mais despesa, espaço limitado para aumento da carga tributária, dificuldade em mudar a estrutura de gastos do Estado, incentivos para expansão fiscal dados pela competição eleitoral e fragilidade das regras fiscais, o endividamento do Estado deve manter sua trajetória de alta. O resultado será juros elevados, crédito mais caro e menor espaço para avanço do consumo e do investimento. A boa notícia é que, pelo menos, o ponto de partida será melhor.

(Análise por Roberto Padovani)

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo (Análise)

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