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A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) é suspeita de utilizar empresas de maquininhas de cartão de crédito para lavagem de dinheiro e ocultar bens, segundo investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, em parceria com Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF).

A Operação Concierge, deflagrada anteontem, traz indícios de que a Yespay Soluções de Pagamentos Ltda teria sido utilizada por um dos líderes da facção endash; João Aparecido Ferraz Netto, o João Cabeludo endash; para atuar na lavagem de capitais de interesse do PCC. A empresa foi alvo de busca e apreensão em 2022, em uma operação da Polícia Civil.

O Estadão não conseguiu contato com a defesa dos citados nas operações. A I9Pay negou relação com crimes. Os Bancos Bonsucesso e Rendimento, também citados, disseram colaborar com as investigações.

DETALHAMENTO. Em 2021, Inácio Cezar Marques de Souza entrou no quadro societário da Y9pay. Ele foi citado em uma operação policial por suspeita de lavar dinheiro para João Cabeludo e usar documentos falsos. Ao entrar para a empresa, Marques de Souza depositou R$ 122 mil na conta empresarial. eldquo;Além disso, transferiu o veículo Mercedes Benz 2018/2019, avaliado em cerca de R$ 660 mil, para a empresa Smart Money Investimentos e Participações, de propriedade de Aedi Cordeiro dos Santos, provável sócio oculto de Denis Arruda na Yespay. O veículo foi apreendido nos autos da Operação Black Flag em maio de 2021, na posse de Aedierdquo;, cita relatório da Polícia Federal. A Smart é apontada como empresa de fachada fundada por Aedi Santos.

Denis Arruda é citado como líder do T10 Bank, um dos alvos da Operação Concierge, que é investigado por auxiliar pessoas físicas e jurídicas com criação de contas invisíveis para evitar rastreamento das autoridades públicas, o que permite lavagem de dinheiro e evita bloqueio de valores. O PCC é apontado como cliente do grupo. A I9Pay também é uma fintech investigada. De acordo com os dados da apuração, as empresas eram hospedadas em instituições financeiras de grande porte autorizadas pelo Banco Central (Bancos Bonsucesso e Rendimento).

Entre a Smart Money e a Cedro Preparação de Documentos e Serviços Ltda, empresa também com participação de Denis Arruda, há apenas uma transação, de R$ 225 mil, realizada em novembro de 2020, eldquo;que também pode ser pagamento pelo veículo, inclusive não há transação entre a Smart Money e Marques de Sousaerdquo;, apontam os investigadores.

Nos documentos encaminhados à Justiça, há citação de que a estreita relação entre Aedi Santos e Denis Arrruda, por empresas de fachada, tem como objetivo eldquo;operar o branqueamento de capitais para terceiros e obter lucro, ainda que seus clientes sejam integrantes da facção PCCerdquo;.

ÔNIBUS. Admar de Carvalho Martins é apresentado como um dos maiores acionistas da UPBus, de acordo com balanço apresentado em 2016. eldquo;De 2015 a 2022, enquanto a UPBus teve prejuízo na casa dos R$ 5 milhões, Admar recebeu quase R$ 15 milhões em lucros distribuídos, valores absolutamente incompatíveis com o quadroerdquo;, diz o Gaeco.

A UPBus, que está sob intervenção da Prefeitura de São Paulo desde abril, por determinação da 1.ª e da 2.ª Varas de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, também aparece na Operação Concierge como suspeita de abrir uma subconta na T10 Bank para ocultar patrimônio e, assim, evitar penhoras, considerando a dívida milionária da empresa com a União e a operação Fim da Linha, de abril.

eldquo;O fato de a UPBus possuir mais de R$ 61 milhões em débitos tributários inscritos em dívida ativa da União, justificaria a utilização dos elsquo;serviçosersquo; fornecidos pela T10 Bank, de elsquo;impenhorabilidadeersquo; de suas contas bancáriaserdquo;, diz trecho da investigação citada na decisão da juíza Valdirene Ribeiro de Souza Falcão, da 9.ª Vara Criminal Federal de Campinas, que determinou prisões, buscas e apreensões.

A UPBus é apontada como a 11.ª no ranking de maiores remetentes d T10 Bank. eldquo;Observou-se, portanto, que ao que tudo indica a subconta da UPBus no T10 Bank serviu como intermediária, quebrando a cadeia de análise do percurso dos recursoserdquo;, diz trecho do documento elaborado pelos investigadores. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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