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Desde que assumiu a liderança da Vibra (ex-BR Distribuidora) em fevereiro de 2023, Ernesto Pousada vem equilibrando o desafio de investir em combustíveis fósseis e em fontes renováveis. De um lado, mira no agronegócio, destinando R$ 250 milhões ao reforço de infraestrutura para as regiões Centro-Oeste e Norte, além da ampliação da fábrica de lubrificantes em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Em paralelo, foca em fontes renováveis, como o combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio e biometano, enquanto estuda novos projetos por meio da Comerc, empresa de energia solar na qual a Vibra acabou de chegar a 100% das ações após comprar fatia remanescente de 50% da empresa.

emdash; A transição energética só vai acontecer a partir do crescimento e da geração de valor no nosso negócio fóssil enquanto ele existir emdash; afirma Pousada.

Mas novos desafios se aproximam: a partir de 2029, a Vibra terá que iniciar o processo de mudança de nome nos postos devido a um acordo com a Petrobras, desvinculando-se da marca que historicamente esteve atrelada à estatal.

emdash; Hoje, temos uma ótima relação emdash; diz Pousada.

A Vibra tem 8 mil postos no país. Qual é a estratégia de crescimento?

O negócio de distribuição de combustíveis ainda vai existir por muitos e muitos anos no Brasil.

É o que move o país e nós vamos continuar investindo. Temos algumas estratégias de investimento, como no agronegócio. Essa é uma vertical importante, e o consumo de energia vai crescer muito em direção ao Centro-Oeste e ao Norte do país.

Estamos fazendo investimentos em infraestrutura e logística da ordem de R$ 150 milhões nessas regiões. Com a seca do Amazonas, há três meses estamos desenvolvendo um plano detalhado de como levar energia.

O que a empresa está fazendo para crescer no agronegócio?

Acabamos de inaugurar uma base em Santarém, no Pará, para receber navios de importação de diesel e abastecer o agronegócio de maneira bem competitiva. Estamos investindo no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso. Queremos ter uma presença cada vez mais relevante no agronegócio. Estamos lançando novos produtos, como um lubrificante que melhora a performance dos equipamentos agrícolas. Temos um novo diretor que tem 22 anos de atuação no agronegócio.

Esses novos produtos estão recebendo investimentos?

Lubrificantes (a Vibra é dona da Lubrax) são fundamentais. Até o fim do ano vamos aumentar em 50% a produção na unidade em Duque de Caxias. É um investimento superior a R$ 100 milhões. Quando estiver completa, será a quinta maior do mundo. Vai produzir cerca de 500 milhões de litros. E isso é para que possamos crescer.

Além da fábrica de lubrificantes, há outros projetos?

Estamos ampliando as nossas bases. Estamos olhando também para a América do Sul. Temos uma exportação muito pequena. Vamos crescer na Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia e Peru. Temos cerca de 18% de participação de mercado em lubrificantes.

Quando falamos dos combustíveis, há hoje uma discussão sobre o peso das importações e a segurança no abastecimento. Como é feito esse trabalho na Vibra?

Nossa principal parceira e fornecedora de produtos é a Petrobras. Se você me perguntar qual é a nossa estratégia, a resposta é Petrobras. Temos um relacionamento de longa data com eles. Somos o maior cliente da Petrobras e entendemos que essa é uma relação de sucesso para os dois lados.

Queremos continuar expandindo essa parceria com a Petrobras. Eventuais novos produtos que eles lançarem na transição energética, nós queremos ser um dos canais de distribuição. Somos ainda os maiores em termos de infraestrutura logística para importação de produtos.

Como a Vibra trabalha para equilibrar a relação entre a Petrobras, com sua nova política de preços, e os importadores?

Procuramos nos manter competitivos no mercado e fazer uma equalização de preços entre a Petrobras e a importação. Em diferentes momentos, essas variáveis estão em situações diferentes, mas não muito.

Como está a conversa com a Petrobras sobre o uso da marca BR nos postos?

Temos um contrato que é válido até 2029 com a Petrobras, e, a partir de 2029, temos seis anos para fazer o debranding completo.

Hoje, temos uma ótima relação com a Petrobras. Essas empresas eram unidas umbilicalmente até pouco tempo atrás. Hoje não há muita discussão sobre esse assunto.

Por que a Vibra vem investindo em projetos de energia renovável?

A Comerc possui hoje um parque de geração de energia de cerca de 2,1 gigawatts. Queremos continuar crescendo na área de energia renovável e estamos trabalhando para buscar novos projetos. Estamos analisando internamente possibilidades em hidrogênio. Em 2030 ou 2035, o hidrogênio começará a ter um lugar na matriz energética brasileira, sem dúvida alguma.

Estamos fazendo apostas e buscando parcerias estratégicas no SAF, que é o combustível sustentável de aviação. Ninguém domina totalmente a tecnologia. Temos 50% da Zeg Biogás, que opera planta em São Paulo, está finalizando unidade em Minas Gerais e está com um projeto no Nordeste.

E qual é o desafio para buscar essas oportunidades em renováveis?

A transição energética só vai acontecer a partir do crescimento e geração de valor no nosso negócio fóssil enquanto ele existir. Só vamos crescer em energia renovável com projetos que tragam retornos para os nossos acionistas. Não é crescimento pelo crescimento. Como o Brasil ainda vai crescer bastante em energia fóssil, continuaremos direcionando a maior parte dos nossos investimentos para o nosso negócio atual, e a transição acontecerá gradualmente.

Fonte/Veículo: O Globo

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