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O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, rechaçou ontem a interpretação de que suas falas recentes colocaram o BC eldquo;no cornererdquo;, mas repetiu que o Comitê de Política Monetária (Copom) eldquo;não hesitaráerdquo; em aumentar a taxa básica de juros (Selic) se for necessário.

eldquo;Na minha interpretação, posição difícil para o BC não é ter de subir juros. Posição difícil é inflação fora da meta, que é uma situação desconfortável. Subir juros é uma situação cotidiana para quem está no BCerdquo;, afirmou ele, durante evento promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Nas últimas semanas, o mercado interpretou as declarações feitas por Galípolo como uma indicação de que o Copom, que voltará a se reunir em setembro, vai elevar a

Selic endash; hoje, em 10,5%. Essa leitura foi eldquo;precificadaerdquo; nas operações do mercado futuro de juros. As declarações repercutiram ainda mais porque Galípolo é visto no mercado como o nome mais forte para substituir Roberto Campos Neto no comando do BC.

O diretor do BC frisou que suas falas sobre política monetária não iriam além do que já foi escrito na ata da última reunião do Copom (em julho) e que não representariam um eldquo;guidanceerdquo; (sinalização).

eldquo;Reafirmo todas as minhas falas dos últimos dias. Não há nenhuma modulação nas minhas falaserdquo;, afirmou Galípolo. eldquo;Dizer que balanço de risco está assimétrico não quer dizer que estabelecemos um elsquo;guidanceersquo;.erdquo;

elsquo;CHATO DA FESTAersquo;. Galípolo voltou a usar a analogia de que o BC é como eldquo;aquela pessoa chata que, no melhor da festa, pede para baixar o som e cortar as bebidaserdquo;, enfatizando que uma eventual disposição de aumentar o juro básico será guiada por critérios técnicos. Ele acrescentou que a projeção do BC de inflação de 3,2% no horizonte de 18 meses está, sim, acima da meta e que o crescimento da economia tem surpreendido.

A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.

eldquo;Não estamos torcendo para a economia parar de crescer, mas esperamos que desacelere. O crescimento tem nos surpreendido, e o BC é o chato da festa que baixa o som e corta a bebidaerdquo;, disse ele, lembrando que as comunicações da autarquia tem indicado também que o Copom continuará na dependência de dados para tomar suas decisões.

eldquo;Na minha interpretação, posição difícil para o BC não é ter de subir juros. (...) Subir juros é uma situação cotidiana para quem está no BCerdquo;

Gabriel Galípolo

Diretor do Banco Central

CÂMBIO. Galípolo também participou de evento na Fundação Getulio Vargas em São Paulo, onde disse que o BC chegou eldquo;muito próximoerdquo; de intervir no mercado de câmbio durante o período mais agudo de desvalorização do real, mas acabou optando por não fazê-lo.

eldquo;Vários diretores, inclusive eu e o presidente Roberto Campos (Neto), dissemos que só atuamos em função de alguma disfuncionalidade no mercado de câmbio, porque nós não perseguimos nenhum nível, nem patamar, de câmbioerdquo;, afirmou ele. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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