ANP aprova mudança para evitar novo choque na tarifa da NTS
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Desde o fim da política de paridade de importação (PPI) da Petrobras, em maio do ano passado, o câmbio vinha permitindo que a estatal mantivesse os preços dos combustíveis processados nas suas refinarias praticamente estáveis. Uma ajuda extra para essa estabilidade era a inundação de diesel exportado da Rússia para o Brasil.
Com a valorização do dólar nos últimos dias e notícias de que o diesel russo estaria ficando mais caro, as contas podem começar a ficar apertadas para a estatal. Para especialistas, dificilmente haverá um repasse imediato desses custos mais altos para o consumidor.
No dia da sua posse, na quarta-feira, 19, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou que a estatal não vai perder dinheiro com a venda de combustíveis e que, se necessário, reajustaria os preços. A executiva teria o respaldo do compliance da companhia, que responsabiliza os executivos envolvidos na decisão sobre o preço emdash; a presidente e mais dois diretores emdash;, se houver perdas de receita por conta de preços mantidos artificialmente.
O mercado projeta que tanto o diesel quanto a gasolina estão sendo negociados no mercado interno por valores abaixo do praticado no Golfo do México, onde fica instalada boa parte das refinarias norte-americanas. No caso da gasolina, o problema é menor, já que a importação não chega a 5% do consumo. Já o diesel tem um déficit interno entre 20% e 30%, dependendo da época. Pelas contas dos analistas, caso a alta do produto russo seja confirmada neste momento de dólar caro, vai se formar uma eldquo;tempestade perfeitaerdquo;.
Quando vigorava a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), o preço dos derivados de petróleo nas refinarias era vinculado ao comportamento do preço do produto em dólares no mercado internacional.
Para o sócio diretor do Cbie Pedro Rodrigues, a Petrobras ia bem sem a PPI enquanto o petróleo e o câmbio estavam em queda. A alta do dólar é um teste para a nova fórmula da companhia, que leva em conta o preço mínimo que a Petrobras considera vender e o preço máximo que o cliente se dispõe a pagar.
eldquo;Tem esses momentos de tempestade perfeita. A política de preço, que não é a PPI, sempre vai bem até o preço do petróleo ou do câmbio subir. Aí começa a ter problemas: a defasagem aumenta, e há a necessidade de mexer no preço para cimaerdquo;, diz Rodrigues.
Pressão no diesel
Ele afirma que, no caso do diesel, a pressão por um aumento pode começar a surgir. Até agora, na avaliação do especialista, a manutenção dos preços não tem causado ruído pela sorte de o mercado interno estar sendo atendido pelo diesel da Rússia. eldquo;O diesel russo ajudou a Petrobras nessa política de não repassar preços. Mas, a partir do momento que o preço do diesel russo e o dólar sobem, esse prejuízo começa a crescererdquo;, diz. eldquo;Não sabemos por quanto tempo esse câmbio vai ficar (tão alto). Se for algo estrutural, acredito que pode começar a doer no bolso da Petrobras.erdquo;
Para o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o diesel russo tornou quase impossível calcular a defasagem dos preços da empresa, porque houve um deslocamento das compras em relação ao Golfo. Em abril, informa, 90% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia, segundo dados da ANP.
eldquo;Há um consenso de que existe defasagem em relação ao diesel do Golfo. Em relação ao diesel russo, não temos informação, e não tem como calcular. A chance de a paridade (da Petrobras) se aproximar mais do diesel russo não é pequenaerdquo;, afirmou Arbetman.
Mesmo assim, o analista da Ativa diz que as ações da companhia têm ignorado a defasagem de preços e se guiado mais pelo movimento do governo na estatal e os dividendos, mantendo valorização, apesar de bem menor do que no início do ano. Os papéis preferenciais chegaram a ser cotados a R$ 40 em maio. Nesta segunda-feira, 24, eram negociados em torno dos R$ 36.
Para o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Maurício Canêdo, se o câmbio se sustentar ao nível atual por um tempo prolongado, será inevitável a empresa ter perdas caso não repasse os custos para o consumidor. Na avaliação do especialista, porém, a empresa deve aguardar a estabilização da alta para tomar uma decisão.
eldquo;Não tem jeito, ela perde receita com essa defasagem, apesar de ter mecanismos internos para não descolar para sempre do preço internacional. Mas, antes, vai esperar para ver se o câmbio volta (a cair). Nenhum governo gosta de aumentar preçoserdquo;, diz Canêdo.
De acordo com a Associação Nacional dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina em relação ao mercado internacional seria de 11%, a mesma do diesel, nas refinarias do País. A porcentagem sobe para 12%, se levadas em conta só as unidades da Petrobras, que representam 80% do mercado total. Já para o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a diferença de preços da gasolina seria de 23,3%; e do diesel, de 8,13%. Na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço de paridade mostra defasagens bem menores, em torno de 1% para a gasolina e de 3% para o diesel.
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
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