Sem acordo, Senado suspende votação de PLP sobre devedor contumaz
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O embargo da União Europeia a importações de petróleo e derivados da Rússia amplia a crise no mercado global de diesel e o setor já discute a necessidade de um protocolo para garantir o abastecimento no início do segundo semestre.
Distribuidoras, importadores e órgãos estatais têm se reunido nos últimos dias para analisar alternativas. O governo diz que os estoques atuais duram 38 dias sem depender de importações, mas há preocupação com eventuais rupturas no suprimento, por problemas em refinarias nacionais ou no exterior.
Por isso, distribuidoras de combustíveis pedem a implantação de um protocolo de crise semelhante ao vigente no período da greve dos caminhoneiros de 2018, quando todo o setor se reunia para planejar o abastecimento do combustível.
Naquela época, a preocupação era com o abastecimento durante a paralisação e com a recomposição rápida dos estoques após a greve, que deixou postos sem combustíveis por todo o país.
Agora, a ideia é planejar importações com antecedência, para manter os estoques em níveis adequados. O preço já não é mais um motivo de preocupação, afirmou um executivo ouvido pela Folha, diante da perspectiva de falta do produto.
Como em 2018, esse protocolo contaria com fiscalização do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
A crise de abastecimento de diesel é global, reflexo das restrições às importações vindas da Rússia e ao aumento do consumo para geração de energia na Europa, que vem sofrendo também com cortes no fornecimento de gás.
O Brasil depende de importações para abastecer um quarto do consumo interno do combustível e o setor já vinha experimentando dificuldades tanto com a redução da oferta quanto com a elevada defasagem dos preços internos em relação ao mercado internacional.
"Soubemos de distribuidoras grandes que foram ao mercado e viram redução do número de propostas. Eram 10 e agora vem 1", diz o consultor Aurélio Amaral, ex-diretor da ANP. "E não compra no balcão, são contratos de 30 a 60 dias de antecedência."
Ele ressalta que os estoques globais dos chamados destilados médios, categoria que inclui diesel e querosene de aviação, atingiram o menor patamar desde 2008, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia). Os Estados Unidos têm o menor volume de estoques de diesel em 17 anos.
Com o mercado mundial apertado, é maior o risco de falta de produtos por problemas pontuais, como por exemplo a parada de refinarias nos Estados Unidos durante a temporada de furacões na região do Golfo do México, que concentra boa parte da capacidade de refino naquele país.
A ANP vem se reunindo com empresas do setor para avaliar o cenário. Há também um grupo de trabalho no MME (Ministério de Minas e Energia), que se reúne semanalmente para discutir o tema. Até o momento, porém, nenhuma proposta foi anunciada.
PRODUTORES DE BIODIESEL PROPÕEM AUMENTO NA MISTURA PARA 14%
Os produtores brasileiros de biodiesel propõem um aumento na mistura ao diesel vendido nos postos, hoje em 10%. A proposta atual prevê o aumento para 12% já em junho e depois uma alta gradual até chegar em 14% em setembro.
O governo teme impactos no preço do diesel, que já está em patamar recorde. A Petrobras calcula, por exemplo, que o preço médio do biodiesel entregue hoje às distribuidoras seja de R$ 7,40 por litro, enquanto o diesel de petróleo sai das refinarias, em média, a R$ 4,90 por litro.
Juan Diego Ferréz, presidente do conselho da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), diz que o impacto da adição de dois pontos percentuais à mistura ficaria entre R$ 0,05 e R$ 0,06 por litro. "Mais caro é faltar diesel, imagina o produtor não ter diesel para sua lavoura", defende.
Segundo ele, o setor tem estoques suficientes para atender ao aumento da mistura já em junho e, com sinalização de que o percentual será ampliado, tem tempo para aumentar a produção nos meses seguintes. Para ler esta notícia, clique aqui.
Fonte/Veículo: Folha de S.Paulo
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