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Puxado pelo setor de serviços, o Produto Interno Bruto (PIB) acelerou e cresceu 0,8% no primeiro trimestre, na comparação com os últimos três meses de 2023, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. Em relação ao primeiro trimestre de 2023, o avanço chegou a 2,5%.

Pela leitura dos analistas, a atividade começou o ano mais forte do que o previsto, sobretudo em janeiro e fevereiro. No fim de 2023, o nível de atividade dava sinais de fraqueza. O IBGE revisou o desempenho do PIB no último trimestre do ano passado endash; houve uma queda de 0,1% (o número anterior era de estabilidade).

eldquo;É um crescimento um pouco melhor do que a gente estava imaginando (na virada do ano)erdquo;, disse Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências, sobre o desempenho observado nos primeiros meses do ano.

Os economistas já vinham ajustando as previsões para o PIB de 2024 ao longo do primeiro trimestre. No primeiro relatório Focus do ano, por exemplo, os analistas consultados pelo Banco Central estimavam um crescimento de 1,59%. No divulgado na última segunda-feira, a projeção já estava em 2,05%. eldquo;Foi um resultado bom (do primeiro trimestre)erdquo;, disse Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.

Olhando o resultado do trimestre pelo lado da oferta, o setor de serviços cresceu 1,4%, puxado pelo comércio, que teve alta de 3%. A indústria encolheu 0,1%. Tradicionalmente com resultados positivos concentrados no início do ano, a agropecuária avançou 11,3%.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 1,5% e foi beneficiado pela força do mercado de trabalho endash; com baixo desemprego e aumento da renda endash;, e pelos impulsos fiscais, como o pagamento dos precatórios, além do reajuste real do salário mínimo.

eldquo;Em grandes números, no ano passado houve um aumento dos gastos públicos na casa de R$ 200 bilhões. Neste ano, o incremento está na faixa de R$ 100 bilhõeserdquo;, diz Alessandra. Só o pagamento de precatórios representou um crescimento adicional de 0,2 ponto porcentual nesses gastos entre janeiro e março, de acordo com a Tendências. Ao todo, R$ 40 bilhões dessa conta foram para o consumo.

CENÁRIO FUTURO.

Apesar do bom início de ano, o desempenho da economia deve ser afetado pela tragédia no Rio Grande do Sul. Uma análise ainda preliminar da Tendências indica que o impacto das enchentes no Estado deve tirar 0,3 ponto do PIB brasileiro em 2024. eldquo;Para o ano, estamos com uma projeção de (alta do PIB) de 1,8%. Se fosse apenas pelos dados do primeiro trimestre, revisaríamos o PIB positivamente, mas resolvemos não fazer a revisão por causa dos efeitos da tragédiaerdquo;, diz Alessandra.

Um outro entrave para o crescimento tem a ver com os juros, que tendem a seguir num patamar mais elevado do que o esperado no início de 2024. eldquo;Os dados de abril até foram positivos, mas, como tem a questão do Rio Grande do Sul, maio e junho serão afetados. Com esses problemas e juros mais altos do que imaginávamos, o cenário é de um PIB de 2% (em 2024)erdquo;, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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