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A Auren Energia, empresa controlada pelo grupo Votorantim e pelo fundo canadense CCP Investments, anunciou ontem a aquisição da geradora AES Brasil, após dois meses de negociações. Com o aquisição, a companhia se torna a terceira maior geradora de energia do País, com 8,8 gigawatts de capacidade, e se consolida como a maior comercializadora.
A receita líquida das empresas combinadas será de cerca de R$ 9,6 bilhões (com base nos balanços de 2023), um aumento de 55% sobre o faturamento anual da Auren, informou a geradora em comunicado. O Ebitda (sigla em inglês para lucro operacional, antes do pagamento de juros, impostos, depreciações e amortizações) passará de R$ 1,8 bilhão para R$ 3,5 bilhões.
De acordo com o comunicado, os acionistas da AES Brasil eldquo;terão três opções para a conclusão da transação: a conversão quase total de suas ações em papéis da empresa combinada, a conversão de suas ações em caixa e uma opção intermediáriaerdquo;.
A relação de troca ficou estabelecida em 0,762 ação da AES Brasil para cada ação da Auren.
Além da americana AES Corp., que detém 47,3% do capital, os demais acionistas da AES Brasil são BNDESPar, com 7%, e o investidor Luiz Barsi Filho, com 5%. O restante dos papéis, cerca de 40,7% do total, está pulverizado no mercado. A empresa, que nasceu como AES Tietê, em 1999, é listada no Novo Mercado da B3.
Única empresa a fazer uma proposta firme pela AES, num primeiro momento considerada abaixo das expectativas pela controladora americana, a Auren melhorou sua oferta no decorrer do último mês. Segundo informações de mercado, a Auren enfrentou concorrência da francesa TotalEnergies e da chinesa CTG.
A Auren informou ainda que a empresa resultante da combinação dos negócios terá 39 ativos operacionais e em construção. Criada e listada no Novo Mercado há pouco mais de dois anos, a Auren ficará, em capacidade de geração, atrás somente da Eletrobras e da Engie. Atualmente, a empresa tem em operação 3,1 GW, entre geração hidrelétrica e eólica, além de parques solares em fase final de construção.
A aquisição da AES Brasil adiciona à Auren um portfólio de ativos com capacidade instalada de 5,2 GW, sendo metade (2,66 GW) produzida por 12 usinas hidrelétricas em São
Paulo, 2,2 GW de nove por parques eólicos no Nordeste e 328 MW de dois complexos solares paulistas. A empresa informa ter ainda um conjunto de projetos a ser desenvolvido da ordem de 4 GW em geração de energia eólica e solar.
SINERGIAS. De acordo com a Auren, ainda, a combinação de ativos cria oportunidades de captura de sinergias relevantes, estimadas em R$ 1,2 bilhão, decorrentes da otimização de processos corporativos, com menos despesas administrativas, além de sinergias financeiras e operacionais.
eldquo;Desde a criação da Auren, em março de 2022, analisamos detalhadamente o mercado em busca de oportunidades de crescimento por meio de fusões e aquisições. Das mais de duas dezenas de processos que a companhia avaliou neste período, nenhum apresentou tanta sinergia, alinhamento estratégico e potencial transformacional para a Auren quanto a AES Brasilerdquo;, disse Fabio Zanfelice, CEO da Auren, em comunicado.
A transação terá de ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), e a expectativa é de que seja concluída ainda no segundo semestre.
A transação resolve o maior problema da AES Brasil, que no final de março tinha uma dívida líquida de R$ 9,25 bilhões. Assim, vendendo a subsidiária brasileira, a controladora AES Corp. tira de seu balanço um passivo de quase US$ 2 bilhões endash; mesmo com 47,3% das ações da AES Brasil, a companhia americana consolida 100% do endividamento em seu balanço global.
A origem do endividamento da subsidiária brasileira foi a busca de capital para seu plano de investimentos, acelerado a partir de 2017. A maior parte vem da emissão de debêntures.
DUAS FRENTES. A AES Brasil tem 25 ativos de geração de energia instalados ou em implantação. Em 2023, teve receita líquida de R$ 3,4 bilhões, com EBITDA de R$ 1,7 bilhão.
Na área de comercialização, a Aurem contabiliza 4,1 GW médios de energia vendida ao mercado, equivalente a mais de 5% do consumo total do País. eldquo;Com a transação, a Auren terá um parque gerador com uma das melhores e mais diversificadas combinações de fontes renováveis do País, com a distribuição de capacidade em geração hidrelétrica (54%), geração eólica (36%) e geração solar (10%)erdquo;, informou a empresa no comunicado.
Procuradas, AES Brasil e Auren não comentaram a operação, que foi finalizada ontem no início da noite, após três dias de intensas negociações.
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
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