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Sergio Caetano, diretor Financeiro da Petrobras, afirmou, durante teleconferência de resultados do primeiro trimestre deste ano com analistas, que a empresa não prevê reajustes nos preços dos combustíveis. A nova estratégia comercial de preços da estatal está completando um ano.

-- Estamos monitorando o cenário para ver se haverá mudança estrutural nas condições. E ainda não notamos essas mudanças. Faz um ano que lançamos a estratégia comercial de preços, que não é uma política de preços, pois ela trata ainda de abastecimento e logística -- disse Caetano.

Ontem, a estatal anunciou que seu lucro líquido no primeiro trimestre deste ano ficou em R$ 23,7 bilhões, valor 37,9% menor em relação aos R$ 38,156 bilhões obtidos nos primeiros três meses do ano passado. Segundo a companhia, o resultado foi influenciado pela queda nas vendas de combustíveis no mercado interno e a desvalorização do real frente ao dólar.

Claudio Schlosser, diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, lembrou ainda que as cotações internacionais vêm mostrando muita variação, com o preço do barril oscilando dos US$ 83 a US$ 84 e chegando a picos de US$ 93.

-- Mas existe um suporte aos US$ 80 (por barril), que é gerado pela tensão geopolítica ou por cortes dos produtores da Opep+ (os maiores produtores do mundo, com os países do Oriente Médio). Os combustíveis têm outros substitutos, como o etanol e o diesel russo. E outro fator é que não estamos repassando a volatilidade -- explicou Schlosser, lembrando que os últimos reajustes ocorreram em outubro na gasolina, quando houve queda no preço, e em dezembro, com recuo no diesel.

Vendas fracas

Caetano lembrou ainda que o resultado veio dentro do planejado pela companhia. Ele, no entanto, citou que as vendas de combustíveis são sazonalmente mais fracas no primeiro trimestre. Citou também o aumento da safra do etanol, que impactou a gasolina, o avanço do biodiesel na mistura do diesel e a importação do diesel russo.

--Houve cenário ainda adverso na margem do diesel, que caiu 26%. Aproveitamos para fazer paradas programadas, e a produção estabelecida no plano de negócios vai ser mantida. A empresa segue saudável e robusta. A Petrobras está entre as duas maiores entregadoras de resultado do mundo -- disse Cateano.

--Jean Paul Prates, em mensagem gravada aos analistas, voltou a destacar a disciplina de capital da estatal e a saúde financeira da empresa. Houve redução de 1,2% no nível de endividamento bruto no fim do trimestre, para US$ 61,84 bilhões. A dívida financeira ficou em US$ 27,7 bilhões, menor nível desde 2010.

-Mantemos geração de caixa consistente para garantir os investimentos. O primeiro trimestre é mais fraco em volumes de venda por conta de sazonalidade e aproveitamos para fazer paradas programadas nas refinarias. Ainda sim, o fator de utilização chegou a 92%, sete pontos acima de um ano atrás. Esse aumento no nível de processamento ocorre com aumento de geração de valor e segurança -- destacou Prates.

Dividendos extraordinários

A estatal informou ainda que aprovou a distribuição de R$ 13,45 bilhões em dividendos relativos ao período. Esse valor também foi menos que o esperado por bancos, que estimavam valor de R$ 15,4 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, quando a empresa alterou a regra de distribuição dos ganhos a acionistas, a queda foi de 45%. Além da distribuição de dividendos de R$ 13,45 bilhões, a estatal informou ainda que recomprou um total de R$ 1,1 bilhão em ações ao longo do primeiro trimestre.

-- Anunciamos a recompra de 157 milhões de ações e já recompramos 130 milhões. Esse programa acaba em agosto. E vamos fazer uma nova proposta para fazer novas recompras, mas isso será analisado ainda pelo Conselho -- disse Caetano.

Perguntado sobre os dividendos extraordinários, Caetano voltou a falar que o Conselho de Administração vai analisar esse ano quando distribuir metade dos R$ 43, 9 bilhões de recursos referentes ao exercício do ano passado.

-- O Conselho vai analisar nesse exercício, e os recursos podem ser pagos esse ano ou no início do ano que vem -- afirmou Caetano.

Segundo a Petrobras, no primeiro trimestre deste ano, o resultado financeiro foi negativo em R$ 9,6 bilhões por conta do câmbio. A queda nas vendas dos derivados de petróleo no mercado interno nos primeiros três meses do ano foi de 2,9%, para 1,648 milhão de barris por dia, na comparação com o mesmo período de 2023. Além das vendas menores, a estatal destacou ainda a redução da margem do diesel emdash; o preço dos derivados registrou queda média por barril de 16,3% no trimestre emdash; e recuo nas exportações, especialmente de gasolina.

O resultado menor ocorreu mesmo diante de uma pequena elevação do preço do petróleo no mercado internacional. Segundo a estatal em seu balanço, o valor médio do barril do Brent, referência no mercado internacional, subiu 2,4%, de US$ 81,27 no primeiro trimestre de 2023, para US$ 83,24 no primeiro trimestre deste ano.

Assim, a receita de vendas chegou a R$ 117,721 bilhões no primeiro trimestre de 2024, valor 15,4% menor em relação aos R$ 139 bilhões do mesmo período do ano passado. Os investimentos somaram US$ 3,043 bilhões no trimestre, alta de 22,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta foi influenciada pelas atividades do pré-sal da Bacia de Santos e na Bacia de Campos.

Fonte/Veículo: O Globo

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