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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, buscou nesta semana apoio da bancada do PT no Senado a sua permanência no cargo e discutiu o cenário da companhia sob o atual comando do conselho de administração, com quem tem tido uma série de embates.
De acordo com relatos feitos à Folha, ele e membros do partido tiveram um jantar na última terça-feira (16) em Brasília e expressaram o desejo de que o conselho endash;instância máxima de decisões da companhiaendash; tivesse à frente um nome mais ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A visão é compartilhada por correligionários de fora do Senado.
Os comentários no encontro têm como pano de fundo as disputas de poder pelo comando da Petrobras e são feitos a poucos dias da assembleia geral da empresa, marcada para o dia 25. No evento, os acionistas escolherão justamente a nova composição do conselho.
O colegiado é atualmente comandado por Pietro Mendes, secretário do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) endash;com quem Prates tem tido divergências. Mendes é presidente do conselho desde abril de 2023 e, apesar da contrariedade da direção da estatal, já foi indicado pelo governo para um novo mandato (até agosto de 2026).
Membros do governo chegaram a afirmar nas últimas semanas que veem a permanência de Mendes no comando do conselho como um fator que inviabilizaria a continuidade de Prates, devido ao nível das diferenças entre os dois.
Aliados de Prates reconhecem que a diretoria da empresa já chegou a expressar o desejo por um nome mais alinhado a Lula no comando do conselho, mas negam que isso seja uma pauta hoje ou que o executivo esteja articulando pela saída de Mendes. Eles argumentam que, a poucos dias da assembleia de acionistas, seria muito difícil uma substituição dos nomes apresentados pelo governo para a votação (lista que inclui Mendes).
Apesar disso, uma troca no conselho endash;mesmo depois da aprovação dos nomes em assembleia geralendash; não seria impossível caso o governo se convença de que essa seria uma boa saída (em geral, o caminho adotado no mercado é a renúncia do conselheiro e a convocação de nova assembleia para escolher um substituto).
De acordo com participantes do jantar, Prates está preocupado com sua situação e aproveitou o encontro para fazer a defesa de seu desempenho no comando executivo da empresa. Ele citou números da estatal, como os 40 mil trabalhadores no setor naval, mencionou a valorização das ações da empresa na comparação com a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e lembrou dos recordes de produção de petróleo da companhia.
Os parlamentares expressaram que Prates tem apoio deles para continuar no comando da estatal e possui envergadura suficiente para o cargo.
Apesar do suporte, petistas disseram que ele, como presidente da Petrobras, é também um ator político e precisa se atentar a algumas sutilezas. Prates também foi aconselhado a conversar com Lula para que seja desfeita a imagem de que o executivo tenha dado um ultimato ao presidente da República para definir seu futuro na companhia.
Sobre esse último ponto, Prates fez questão de negar que quisesse dar um ultimato a Lula, explicando que não tentava pressionar o presidente da República quando buscou se encontrar com ele. Parlamentares dizem estar convencidos de que ele não está fazendo intrigas sobre o comando da empresa.
Segundo relatos, os senadores também deram dicas ao executivo para que ele ajustasse o comportamento com o presidente da República. Um dos participantes disse que Lula não esquece os pedidos que faz aos auxiliares e costuma seguir cobrando até ser atendido, mesmo meses depois.
Prates liderou a bancada PT no Senado durante o governo Bolsonaro e foi colega de mandato da maior parte do grupo que estava presente. Dos oito senadores petistas, apenas Fabiano Contarato (ES) e Teresa Leitão (PE) estavam fora de Brasília e não foram ao jantar. O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso, também participou, apesar de ainda não ter se filiado ao partido.
Enquanto isso, desafetos de Prates monitoram os passos do executivo e até suspeitam que ele tenha prometido cargos na estatal ao Congresso em troca de apoio político. Procurados, aliados de Prates, incluindo parlamentares, negaram que esse ponto tenha feito parte de conversas.
Neste mês, movimentos do Congresso já surtiram efeito para abrandar a fritura de Prates. Conforme mostrou a Folha, Silveira fez afagos públicos no executivo após ter tido conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ex-presidente da Casa, também saiu em defesa do petista.
Mesmo após os acenos, no entanto, aliados de Lula continuaram vendo a permanência de Prates em risco e alguns são mais taxativos ao considerarem a queda irreversível. Integrantes do Executivo lembram que o atual presidente da estatal se desgastou com o mandatário em diferentes ocasiões e afirmam que uma troca na empresa seria apenas uma questão de tempo.
Fonte/Veículo: Folha de São Paulo
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