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A Petrobras negou, neste sábado (6), que o pagamento de dividendos extraordinários tenha sido tema de pauta de reunião do conselho de administração da companhia. O encontro ocorreu nesta sexta (5).

Alvo de processo de fritura, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, não participou da reunião. Um conselheiro disse à Folha que foram tratados apenas assuntos formais, sem importância estratégica.

No turbilhão de notícias sobre Prates pela qual atravessa a empresa, a Petrobras emitiu um comunicado ao mercado. "Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados", afirmou a petroleira.

Procurada, a assessoria de imprensa da Petrobras disse que não comenta a participação de nenhum conselheiro da estatal em reuniões. Segundo a empresa, Prates tinha reuniões no horário do encontro.

A estatal passa por uma crise de imagem que afeta o preço das ações desde que a empresa divulgou os resultados financeiros de 2023. Na ocasião, anunciou a retenção de 100% dos dividendos extraordinários.

No início de março, a Petrobras destinou R$ 43,9 bilhões do lucro remanescente do exercício de 2023 para suas reservas, distribuindo apenas os dividendos ordinários no quatro trimestre.

Com isso, a companhia paga dividendos totais de R$ 72,4 bilhões, sendo que o mercado esperava um valor na casa dos R$ 90 bilhões.

Desde o dia 7 de março, a ação preferencial (que dá preferência na distribuição dos dividendos) da estatal caiu 52%, com acionistas desconfiados de uma intervenção do governo nas decisões da petroleira, e de uma mudança de estatuto para redirecionar os dividendos para investir em projetos de expansão que fogem da finalidade atual da companhia.

A Folha mostrou que a cúpula da petroleira vê hoje uma crise fabricada por uma ala do governo para minar a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Prates, na disputa pelo controle da maior empresa brasileira.

A avaliação na Petrobras é que o recuo na retenção dos dividendos emdash;agora o governo estuda pagá-losemdash; em meio à queda das ações após rumores da saída de Prates comprova a tese da fabricação deliberada de uma crise.

Prates não está disposto a entregar o cargo e, em sua defesa, assessores destacam mudanças promovidas pelo executivo na política de preços dos combustíveis e na política de dividendos, que atenderam a anseios do governo sem grandes impactos nas ações.

Agora, com o mercado desconfiado das intenções do governo na Petrobras, houve uma forte reação com impacto sobre o preço das ações.

A fritura de Prates ganhou força nesta semana após entrevista do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à Folha, com críticas à abstenção do presidente da Petrobras na proposta de retenção dos dividendos extraordinários sobre o lucro de 2023.

Uma pessoa próxima do ministro disse à reportagem que tem aliados de Lula no Planalto e pessoas próximas do governo que quer ver Prates fora do comando da Petrobras, inclusive o próprio Silveira.

Na quinta-feira (4), começaram a circular em Brasília rumores sobre troca no comando da estatal, com a substituição de Prates pelo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante.

O chefe do banco ligou para Prates para dizer que foi sondado por Lula para assumir a presidência da petroleira e prestou-lhe solidariedade.

O presidente Lula deixou seus ministros que têm relação com a pauta de sobreaviso para uma possível reunião neste fim de semana. A sucessão no comando da estatal pode estar na pauta do encontro.

Já em outro comunicado ao mercado divulgado nesta sexta, a Petrobras disse que "não tem conhecimento de qualquer decisão de substituição do atual CEO da companhia, Jean Paul Prates".

Fonte/Veículo: Folha de São Paulo

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