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As conversas sobre a sucessão no Banco Central já ocorrem abertamente e envolvem o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que vem sugerindo nos bastidores que a indicação do seu sucessor ocorra o quanto antes, para que tenha mais tempo para ajudar no processo de troca de comando na instituição. O seu mandato se encerra em 31 de dezembro, e esta será a primeira transição sob o sistema de mandatos fixos no BC, iniciado em 2021. A indicação do substituto caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em conversas reservadas, Campos Neto vem defendendo que a escolha do sucessor se dê a tempo de as sabatinas no Senado ocorrerem ainda em 2024, o que colocaria como prazo limite os meses de outubro ou novembro para a indicação. Seus interlocutores, porém, dizem que ele já trabalha com um prazo maior e que quer dedicar o segundo semestre para uma transição eldquo;suave e colaborativaerdquo;.

No mercado financeiro, a troca de comando no BC é discutida desde o ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu fogo contra Campos Neto pela elevada taxa de juros (13,75% ao ano, à época). O início do ciclo de cortes, em agosto, arrefeceu as críticas, que voltaram recentemente em falas da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

O temor dos analistas não se refere tanto aos efeitos dos ataques a Campos Neto, mas à capacidade do seu sucessor de resistir às pressões do Palácio do Planalto e do PT.

O favorito na corrida à sucessão ainda é Gabriel Galípolo, economista que dirigiu o Banco Fator e que chegou à campanha eleitoral de Lula, em 2022, pelas mãos do PT endash; ele acompanhou Gleisi Hoffmann em eventos com investidores, como uma espécie de porta-voz econômico da petista.

Na montagem do governo, Galípolo acabou assumindo a posição de número 2 do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não sem antes ter sido cogitado para cargos como a presidência do BNDES. O contato direto que estabeleceu com Lula, tanto na campanha quanto no governo, o credenciou para a indicação para o cargo de diretor de Política Monetária do BC, em maio de 2023, ainda que sua trajetória profissional não tenha proximidade com a área.

Desde então, ganhou força em Brasília a análise de que fora colocado no posto por Lula justamente para a sucessão de Campos Neto. E também como um fiscal da conduta de Campos Neto endash; visto, por aliados de Lula, como um bolsonarista infiltrado. Porém, a concordância de Galípolo com decisões de Campos Neto e da diretoria do BC tem causado incômodo a setores do PT, que se perguntam como eldquo;um dos nossos homenserdquo; não se opôs publicamente ao projeto de autonomia financeira do BC, nem divergiu de posições consideradas conservadoras na condução dos juros. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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