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Depois de o dólar fechar a R$ 5,06, o Banco Central anunciou na noite desta segunda-feira (1º) sua primeira intervenção no câmbio desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A ação se dará por meio de um leilão adicional de até 20 mil contratos de swap cambial, o equivalente a US$ 1 bilhão. O objetivo do BC é prover proteção contra variações excessivas do dólar em relação ao real (hedge cambial) e liquidez ao mercado doméstico.

Em nota, o BC disse que vai atuar "com vistas à manutenção do funcionamento regular do mercado de câmbio" diante dos efeitos gerados pelo resgate do título de NTN-A3 (Nota do Tesouro Nacional, subsérie A3), previsto para o dia 15 de abril.

A compra de contrato de swap pela autoridade monetária funciona como injeção de dólares no mercado futuro e quem compra está protegido em caso de desvalorização do real.

É um instrumento usado pelo Banco Central para evitar disfunção no mercado de câmbio, assegurando que haja oferta para atender a um aumento de procura pela moeda estrangeira.

O leilão de swap cambial é uma forma de a autoridade monetária dar saída aos investidores, como se abrisse uma porta alternativa em uma festa lotada, exemplificam economistas.

Os contratos ofertados pelo BC possuem dois vencimentos: 2 de janeiro de 2025 e 1º de abril de 2025. Em valores atuais, os papeis de NTN-A3 equivalem a cerca de US$ 3,7 bilhões.

"Serão aceitos no máximo até 20 mil contratos a serem distribuídos a critério do Banco Central do Brasil, entre os vencimentos acima mencionados", diz a autoridade monetária.

O BC acolherá as propostas das instituições financeiras (limitadas a cinco por instituição) entre 12h30 e 12h40, e o resultado da oferta pública será divulgado após a apuração realizada pela autarquia.

Após a divulgação do resultado, a autoridade monetária enviará à B3 a relação das instituições contempladas, a quantidade de contratos aceita para cada uma e a taxa de juros apurada no leilão.

Mais cedo, entre 11h30 e 11h40, o BC vai realizar o leilão tradicional de até 16 mil contratos emdash;equivalente a US$ 800 milhõesemdash; em rolagem de instrumentos existentes no mercado.

Nesta segunda (1º), o dólar subiu 0,88% e terminou a sessão cotado a R$ 5,058, acompanhando a forte alta dos títulos do Tesouro americano, os chamados "Treasuries", em dia de ajustes após o feriado de Páscoa.

O mercado foi impactado, ainda, pela baixa liquidez da sessão em dia de feriado na Europa. Na Bolsa brasileira, o Ibovespa emdash;o principal índice de ações do paísemdash; caiu 0,87%, fechando o pregão aos 126.990 pontos. No ano, o indicador acumula queda de 4,53%.

Em 2023, o BC não realizou leilões extras de dólar diante de um cenário de baixa volatilidade do real e de forte fluxo comercial emdash;o que caracterizou a menor intervenção da autoridade monetária desde a adoção do regime de câmbio flutuante no país, em 1999.

Nas projeções para este ano, os economistas consideram que a volatilidade do câmbio no Brasil dependerá da condução da política de juros do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) e de riscos geopolíticos no cenário global.

No ambiente doméstico, a trajetória das contas públicas é a principal preocupação dos economistas.

Em 28 de dezembro de 2023, a moeda americana fechou em R$ 4,85. Desde então, tem registrado trajetória de alta. No acumulado do ano, subiu 4,25%. Nesta segunda, o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,06 emdash;maior cotação do ano.

As últimas intervenções foram feitas em 2022. Em abril daquele ano, o BC vendeu US$ 500 milhões em um leilão extraordinário de 10 mil contratos de swap cambial tradicional.

Todos os contratos ofertados foram vendidos, sendo 3.250 com vencimento em 1º de dezembro de 2022 e 6.750 para 3 de abril de 2023. Também houve leilão adicional em maio.

Na época, o dólar seguia em níveis elevados, entre outros motivos, por causa da perspectiva de um aumento de juros mais agressivo por parte do Fed.

Fonte/Veículo: Folha de S.Paulo

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