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Com contratos de fornecimento de biometano para grandes multinacionais no Brasil, como Ambev, Saint Gobain e Lersquo;Oreal, nas operações dessas empresas no Rio de Janeiro e São Paulo, o Grupo Urca Energia endash; que controla a Gás Verde endash; vê oportunidades para atender esses mesmos clientes em outros estados.

eldquo;Ambev, L elsquo;Oreal, Saint Gobain, todos eles estão endereçando esse tema com a gente, em uma estratégia nacional. Hoje, estamos em sete estados e eles estão insistindo para avançarmos em parceria com eles, para expandir essa solução para todos os estados onde estamoserdquo;, disse Maurício Carvalho, diretor executivo da companhia, durante conversa com jornalistas nesta terça (12/3).

A companhia, além da Gás Verde, controla a Eva Energia, Urca Trading e Urca Gás, e atua no Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso.

Segundo Carvalho, apesar de não haver planos concretos de internacionalização da Gás Verde, as empresas parceiras também têm demonstrado interesse em replicar o uso do biometano para descarbonizar suas atividades nas suas instalações fora do Brasil.

eldquo;Já identificamos a oportunidade, mas não engajamos, porque antes de conquistar o mundo, temos que conquistar o Brasil primeiroerdquo;, pontuou o executivo.

eldquo;Inclusive, em várias ocasiões, eles estão pedindo para expandir internacionalmente com eles, ir para países onde eles estão, onde estão com dificuldade de solução, nos procurando para internacionalizar a nossa empresaerdquo;, completou.

Tayane Vieira, head de Negócios ESG da Urca Energia, explica que essas companhias enfrentam dificuldades em reduzir suas emissões de carbono no exterior, e buscam por soluções mais rápidas que permitam que elas alcancem seus objetivos de emissões líquidas zero.

eldquo;As metas de descarbonização dessas multinacionais são globais e estão cada vez mais próximas. Algumas empresas têm diminuído de 2040 para 2030, por exemplo. Tem uma corrida por soluções fáceis e efetivas para atender essas metas a tempoerdquo;, explica Tayane.

Projetos pelo Brasil

Carvalho conta que atualmente a Urca está desenvolvendo 16 projetos, entre instalações para clientes e novas plantas pelo país.

Entre os já concluídos está o da Ambev, que conseguiu reduzir em quase 90% suas emissões na fábrica de Cachoeiras de Macacu (RJ), com a adoção do biometano pela Gás Verde.

Já o grupo de construção Saint-Gobain espera reduzir as emissões de CO2 em 870 toneladas por ano com a substituição do consumo de combustíveis fósseis por biometano em processos produtivos e frotas leves e pesadas, na planta da Quartzolit em Queimados (RJ).

A empresa tem meta de neutralidade climática até 2050 e firmou ainda um Memorando de Entendimento (MoU) com a Gás Verde, visando a ampliação da distribuição de biometano para mais unidades do grupo. A próxima planta prevista é a Saint-Gobain Canalização em Barra Mansa (RJ).

A Gás Verde também possui contrato de fornecimento de 3,6 milhões de m3 (cerca de 10 mil m3/dia) de biometano, para abastecer 100% da frota dedicada do Grupo Lersquo;Oréal, em substituição do gás natural veicular (GNV). O abastecimento ocorrerá no centro de distribuição da companhia de cosméticos, em Jarinu (SP)

A Lersquo;Oréal tem a meta de reduzir em 94% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na operação dedicada, em comparação a 2021. A companhia pretende cortar em 50% as emissões totais de CO2 até 2030 no transporte, ante 2016.

Além do biometano, a Urca Energia aposta na produção de gás carbônico (CO2) verde, a partir de biometano proveniente de resíduos orgânicos de um aterro sanitário em Seropédica, no Rio de Janeiro. Com investimento esperado de R$ 45 milhões, a usina faz parte da alocação de R$ 1,2 bilhão na Gás Verde.

eldquo;É uma produção também que pode ser usada na indústria alimentícia. Estamos construindo a primeira planta de CO2 verde a partir do resíduo do sódio urbano no Brasil. Estamos fazendo a planta e acreditamos que no início do ano que vem vai estar operandoerdquo;, explica Carvalho.

Para o futuro, o executivo não descarta a possibilidade de utilização do CO2 verde para produção de combustível sustentável de aviação (SAF).

eldquo;Ainda não estamos focados no SAF, mas será uma próxima fronteira para a gente, sem dúvida nenhumaerdquo;.

Descarbonização do transporte

Tayane defende que o biometano deve ser entendido como alternativa na substituição do diesel em veículos pesados, como forma do Brasil cumprir suas metas de redução de emissões, em linha com o Acordo de Paris.

eldquo;Nosso consumo de diesel no país hoje, de 57 bilhões de litros, é um consumo muito relevante, se não endereçarmos pelo menos uma parte disso, vai ser muito difícil atingirmos a meta que é atingir o 1 ,5°Cerdquo;.

Segundo ela, há um potencial gigantesco de produção de biometano a partir de resíduos sólidos urbanos que hoje somam mais de 30 milhões de toneladas por ano dispostos de forma inadequada.

eldquo;Tem um potencial aqui de 3 mil lixões a céu aberto, que emitem mais de 27 milhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera por ano. Então, é uma janela de oportunidade muito grandeerdquo;.

Mauricio Carvalho também chama atenção para a questão da dependência da importação no caso do diesel.

eldquo;Temos que focar na substituição do diesel pelo biometano. Hoje, o Brasil é dependente da importação do diesel. Não tem nenhum ângulo que a gente olhe que não seja vantajoso pegar o lixo e transformar em combustívelerdquo;.

Na avaliação do executivo, a eletrificação dos transportes leves e pesados endash; como vem ocorrendo em vários países do mundo endash; não é adequada à realidade brasileira, que possui uma vocação natural para o etanol e biometano, como formas de descarbonização.

eldquo;Determinados países vão ter mais vocação para o elétrico, mas acreditamos que no Brasil não é. A solução do elétrico, no Brasil, na nossa opinião, está restrita a grandes cidades e a uma determinada faixa da populaçãoerdquo;

Na visão do executivo, a descarbonização da frota brasileira passa pelo etanol para os veículos leves e biometano e gás natural fóssil para os pesados.

Fonte/Veículo: EPBR

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