Carro flex faz 20 anos: fez diferença para você?
Há alguns dias, a Volkswagen mandou um release comemorando os 20 anos do lançamento comercial do carro flex: o Gol foi o primeiro modelo a ser vendido com a possibilidade de ser abastecido com gasolina, etanol ou os dois combustíveis misturados em qualquer proporção. A marca alemã até aproveitou para refazer uma foto clássica dos dois bicos de bomba abastecendo o carro ao mesmo tempo endash; a atual feita com um Polo Track. Muitos mitos foram criados ao longo dessas duas décadas a respeito do funcionamento do carro flex, enquanto a tecnologia foi evoluindo. Quem se lembra do famigerado eldquo;tanquinho de partida a frioerdquo;, que se tornou obsoleto há alguns anos? Mas a principal pergunta é: o carro fex fez diferença na sua vida como motorista/consumidor? Antes vamos relembrar, muito superficialmente, a história do etanol no Brasil. Lançado como elsquo;solução brasileiraersquo; à crise do petróleo na década de 1970, o combustível, por muitos anos chamado de álcool, garantiria a soberania nacional com a não-dependência do combustível fóssil. Os carros a álcool foram evoluindo, problemas técnicos foram sendo resolvidos, carros a álcool dominando o mercadoehellip; Até que no fim da década de 1980, vraaau!!!! Ficou melhor vender açúcar no exterior do que combustível no mercado interno. Milhares de donos de carros a álcool desesperados! Kits de conversão para a gasolina começaram a ser vendidos, ninguém mais confiava no derivado da cana para abastecer seus automóveis. Dito isso tudo, para chegar ao ponto no qual o carro flex, aquele que usar qualquer dos dois combustíveis, surgiu como a solução para que o consumidor não ficasse refém das sazonalidades do mercado produtor de etanol. Aliás, um breve parênteses. Você sabe por que todo mundo passou a chamar álcool de etanol? Mera questão comercial. Em 2009, a ANP (agência que regula o comércio de combustíveis no Brasil) determinou por meio da resolução Resolução ANP Nº 9, de 01/4/2009, que todos os postos adotassem etanol como nomemclatura padrão internacional para promover o biocombustível brasileiro. Mas e aí? Tudo isso valeu a pena? Você abastece com etanol ou gasolina? Faz contas para saber o consumo com gasolina, com etanol e calcula qual é vantajoso ou ainda se apoia na defasada regra dos 70%? Se você eldquo;botar reparoerdquo; (como diz aqui em Beagá), o preço do etanol tá sempre caminhando ali junto com o da gasolina. Ele nunca foi realmente vantajoso. Há muito tempo eu só abasteço com gasolina, até mesmo pela facilidade de ir menos ao posto, já que a autonomia com ela é maior. E nem vou levantar outras questões aqui, como mitos criados de que o etanol é um combustível ruim endash; espalhado por alguns elsquo;influencersersquo; que consideram estatística apenas o que eles vêem pela frente. Pois éehellip; Etanol: combustível do futuro E para o desespero dos haters, o combustível verde pode voltar a ser protagonista na mobilidade do Brasil nesta revolução que estamos vivendo, essa transição para alternativas menos poluentes. O etanol também pode ser o protagonista do retorno do carro popular. Apuração do jornalista Eduardo Sodré, de A Folha de S. Paulo, coloca o combustível como um atrativo para posicionar modelos de entrada em uma faixa de tributação diferenciada, com a expectativa de termos modelos 0 km por até R$ 10 mil a menos em relação aos valores praticados hoje. Assim, teríamos o retorno dos carros 100% a álcool. Recente pesquisa feita pela Stellantis aponta que no ciclo todo, o álcool combustível é menos poluente do que um carro elétrico. Assim, os chamados híbridos leves flex seriam protagonistas. Dessa forma, o Brasil estaria inserido no contexto do combate aos gases poluentes com uma alternativa mais barata em relação aos carros elétricos. Declarações de executivos do grupo deixam claro que esse é o caminho que eles pretendem seguir por aqui. Por fim, uma terceira alternativa, é o uso do etanol para gerar hidrogênio. Dessa forma, o Brasil resolveria um dos grandes problemas desse combustível, que seria a criação de uma rede de distribuição, afina, todo posto brasileiro tem álcool disponível. Nissan, Volkswagen e,agora, Toyota têm estudos nessa área.