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Hidrogênio será o combustível da próxima década, diz presidente da Eletrobras

eldquo;O combustível da próxima década muito provavelmente será o hidrogênio. E o hidrogênio que mais será valorizado no mundo é o verdeerdquo;, declarou nesta terça (25/10) Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras. Durante um evento sobre fretes verdes nesta manhã, o executivo disse que a matriz elétrica predominantemente renovável do Brasil coloca o país em posição de vantagem para produção do combustível a partir da eletrólise. O hidrogênio verde é produzido a partir de um processo que usa água e eletricidade renovável para separar a molécula de H2. A matriz elétrica brasileira hoje tem cerca de 186 GW, dos quais 155,6 GW, ou 83%, vem de fontes renováveis endash; hidrelétrica, eólica, solar e biomassa. O potencial, no entanto, é muito maior. Segundo Ferreira Júnior, só na eólica onshore, o potencial de geração chega a 400 GW. eldquo;Na solar, não é possível nem calcularerdquo;, diz. eldquo;Temos reservatórios, temos as linhas de transmissão instaladas e vamos aproveitar uma parte desse reservatório para colocar solar flutuante e criar as usinas do futuro, que são as usinas híbridaserdquo;, conta. eldquo;Essa geração solar pode alimentar os processos de eletrólise e nós teremos o hidrogênio verde mais barato do mundoerdquo;, completa. Atração de investimentos eldquo;Boa parte da solução dos nossos problemas está ligada à capacidade de atrair investimentoserdquo;. Ferreira Júnior afirma que a privatização e restruturação da Eletrobras fez o valor da empresa saltar de R$ 9 bilhões em 2016 para R$ 105 bilhões hoje, e a capacidade de investimento está em mais de R$ 12 bi. eldquo;Nós criamos uma corporação que vai ser, em cinco anos ou menos, a maior empresa de energia renovável do mundoerdquo;. Hidrogênio no Amazonas Subsidiária de Eletrobras, a Eletronorte anunciou no final de setembro a seleção de cinco propostas para o programa que vai destinar R$ 12 milhões ao financiamento de pesquisas de desenvolvimento na Usina Hidrelétrica de Balbina, localizada no estado do Amazonas. Com apoio do Senai, os projetos de inovação industrial irão explorar o potencial amazonense na produção de hidrogênio verde, com foco na aplicação de energia solar. Os selecionados irão aproveitar placas solares e recursos naturais da região para a produção do H2V, complementando o fornecimento hídrico da usina. Inaugurada em 1989, a hidrelétrica de Balbina é uma das menos eficientes do Brasil em termos de área inundada para cada megawatt gerado emdash; a barragem tem capacidade instalada de 250 megawatts e inunda uma área de 2.360 quilômetros quadrados. A hidrelétrica já foi responsável por 80% da energia gerada para Manaus e hoje cobre 17%.

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Pressionada pelo governo, Petrobras segura reajuste no preço dos combustíveis antes do 2º turno

Por pressão do governo Jair Bolsonaro (PL), a Petrobras tem segurado os reajustes nos preços dos combustíveis às vésperas da eleição, mesmo com os valores nacionais abaixo do mercado internacional. Por conta dessa defasagem, há uma pressão interna dentro da empresa para aumentar os preços, o que só deve ocorrer após as eleições. A estatal já vende gasolina nas refinarias abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI) há seis semanas e o diesel há quatro, de acordo com dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O PPI é a política de preços da Petrobras, que aplica no mercado interno o preço do barril de petróleo e do dólar. De acordo com relatório de terça-feira do CBIE, a gasolina da estatal estava 12,27% ou R$ 0,46 por litro mais barata que os preços internacionais. O diesel segue 14,13% ou R$ 0,80 por litro abaixo do PPI. Na média da semana passada, a defasagem da gasolina ficou em 8,03% e, a do diesel, 13,55%. Diante desses números, técnicos da estatal e parte da diretoria afirmam que já seria necessário reajustar os preços. O governo, porém, tem pressionado para evitar um aumento de preços antes do segundo turno das eleições, marcado para domingo. O Conselho de Administração da empresa se reúne nesta quarta-feira, mas não deve haver nenhuma deliberação sobre o assunto nesta semana. Os conselheiros vão receber uma espécie de prestação de contas sobre a situação no mercado de derivados de petróleo, que segue marcado pela defasagem nos preços do diesel e da gasolina em relação às cotações no exterior. Petróleo acima de US$ 90 o barril A pressão dentro da Petrobras para um reajuste aumentou desde que o petróleo voltou a subir no mercado externo. O governo tem atuado para barrar essa alta. Este mês os preços do barril no mercado externo ultrapassaram US$ 95 em 7 de outubro, depois de terem atingido US$ 82 em setembro. Nesta terça, o barril encerrou o dia cotado a US$ 92,61. Sob a presidência de Caio Paes de Andrade, foram quatro reduções seguidas na gasolina e três no diesel até o início de setembro, quando os preços internacionais dos derivados mudaram. Andrade assumiu a Petrobras em junho, após a queda de três presidentes por conta do preço dos combustíveis emdash; o executivo foi nomeado justamente com a eldquo;missãoerdquo; de segurar os reajustes e reduzir os preços. Entre julho e setembro, houve uma queda no preço do barril do petróleo, o que permitiu à estatal acelerar às reduções nos preços dos combustíveis, às vésperas do período eleitoral. Essa velocidade não é vista agora, quando o barril está custando mais. O último corte da companhia no diesel ocorreu em 19 de setembro, quando o combustível passou a ser vendido a R$ 4,89 o litro, em média, nas refinarias. A gasolina está desde 1º de setembro sem alterações nos preços e, desde então, vem sendo vendida a R$ 3,28 o litro na refinaria. Neste mês, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges, afirmou que a atuação da estatal está dentro dos limites da sua política de preços, e reconheceu que a companhia reduziu preços em velocidade maior do que considera para elevar preço. Como o GLOBO mostrou neste mês, a diretoria da Petrobras costumava citar o prazo de 15 dias como uma referência para incorporar, nos preços praticados no país, a volatilidade das cotações no exterior. O argumento era de que variações diárias nem sempre seriam repassadas para os preços do Brasil, mas só depois que a cotação do petróleo se sustentasse num patamar superior emdash; e o prazo para essa análise seria de duas semanas. Procurada, a Petrobras não se manifestou.

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Uso de combustíveis fósseis dificulta futuro saudável do planeta

A dependência de combustíveis fósseis, os maiores produtores de gases de efeito estufa, que impulsionam as mudanças climáticas, está agravando os impactos à saúde em todo o mundo, segundo um relatório publicado na revista The Lancet. "Nosso relatório deste ano revela que estamos em um momento crítico. Vemos como as mudanças climáticas estão causando graves impactos à saúde em todo o mundo, enquanto a persistente dependência global de combustíveis fósseis agrava esses danos em meio a várias crises globais, mantendo as famílias vulneráveis a mercados voláteis de combustíveis fósseis, expostos à pobreza energética e níveis perigosos de ar poluição", disse, em comunicado, Marina Romanello, diretora executiva da Lancet Countdown, iniciativa de monitoramento da Universidad College London. O sétimo relatório do grupo traz contribuições de 99 especialistas de 51 instituições, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O trabalho apresenta 43 indicadores que incluem métricas novas e aprimoradas sobre o impacto da temperatura extrema na insegurança alimentar, na poluição do ar doméstico e no alinhamento da indústria de combustíveis fósseis com um futuro saudável. "Com o mundo em turbulência, governos e empresas têm a oportunidade de colocar a saúde no centro de uma resposta alinhada a essas crises simultâneas e proporcionar um futuro saudável e seguro para todos", disse Romanello. Os dados do relatório de 2022 sugerem que, em curto prazo, as mudanças climáticas estão afetando todos os pilares da segurança alimentar. O aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos ameaçam o rendimento das culturas, reduzindo diretamente o tempo de cultivo de alimentos como milho (9,3 dias), trigo (seis dias) e arroz (1,7). "O calor extremo foi associado a mais 98 milhões de pessoas relatando insegurança alimentar moderada a grave em 103 países em 2020, comparado a 2010. Em média, 29% a mais da área terrestre global foi afetada por seca extrema anualmente entre 2012 e 2021, do que entre 1951 e 1960, colocando as pessoas em risco de insegurança hídrica e alimentar", diz o artigo. Além disso, a exposição ao calor extremo afeta diretamente a saúde, piorando condições como doenças cardiovasculares e respiratórias e provocando insolação, interferências adversas na gestação, piora dos padrões de sono, saúde mental precária e aumento da mortalidade relacionada a lesões. Também impacta indiretamente, limitando a capacidade das pessoas de trabalhar e se exercitar, lembram os autores. Em comparação com o período de 1986 a 2005, crianças menores de 1 ano vivenciaram, coletivamente, 600 milhões de dias a mais de ondas de calor (4,4 dias a mais por criança) entre 2012 e 2021. As mortes relacionadas às altas temperaturas aumentaram 68% entre 2017 e 2021, em comparação com 2000 a 2004. Já a exposição humana a dias com risco muito alto de incêndio elevou em 61% dos países de 2001-2004 a 2018-2021.

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Cade proíbe acordos de exclusividade da Ambev em SP, RJ e outras cidades

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) proibiu a Ambev de firmar novos contratos de exclusividade ou renovar acordos já existentes para a venda de cerveja com bares e restaurantes em bairros do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre outros municípios. A decisão atinge áreas específicas. Em São Paulo, a decisão cobre a Zona Central (centro expandido, Centro Histórico, Vila Mariana, Pinheiros, Mooca, Lapa, Sé, República, Itaim Bibi e Ipiranga), e, no Rio de Janeiro, a Zona Sul, Barra e Recreio. A Ambev e, neste caso, também a concorrente Heineken estão proibidas de assinar e renovar contratos de exclusividade no Distrito Federal endash; no Plano Piloto, Lago Sul, Lago Norte e adjacências. Além disso, foi determinado que, até o fim do ano, a Ambev e a Heineken não poderão celebrar ou renovar acordos com bares e restaurantes em partes de Maceió, Salvador, Fortaleza, Recife e o município de Lauro de Freitas (BA). Para a Ambev, a proibição vale ainda para Campinas e o município de Campos do Jordão (SP). Em nota, a Ambev afirmou que segue com o eldquo;compromisso de manter um ambiente concorrencial justo, respeitando a legislação concorrencial brasileira e as práticas de mercadoerdquo;. MUDANÇAS. Em setembro, o Cade havia proibido a Ambev de firmar novos contratos de exclusividade para a venda de cerveja até o fim da Copa do Mundo, que termina em 18 de dezembro. Na mesma decisão, o órgão determinou que a empresa e a Heineken só poderiam renovar ou substituir contratos já existentes até o limite de 20% do número de bares, restaurantes e casas de shows de determinado bairro ou município, o que teria de ser informado ao Cade periodicamente. Desde então, as empresas apresentaram dados a respeito dos acordos já existentes e também reclamaram da dificuldade de monitoramento da decisão anterior. O Cade acatou em parte o pedido das empresas, o que levou à mudança apresentada ontem, que passou a considerar a proibição por região, mas acabou estendendo o prazo para além da Copa do Mundo. ebull;

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Recorde, arrecadação de impostos chega a R$ 166,2 bi em setembro

A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 166,287 bilhões em setembro, novo recorde para o mês. O resultado representou um aumento real (descontada a inflação) de 4,07% na comparação com setembro do ano passado, quando o recolhimento de tributos somou R$ 149,102 bilhões. Em relação a agosto deste ano, porém, houve queda real de 3,22% no resultado. A Receita apurou crescimento real de 9,85% na arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) na comparação com o mesmo mês do ano passado. Também houve um avanço real de 86,41% na arrecadação do IR Pessoa Física endash; Capital, em razão do peso da Selic nos recolhimentos sobre rendimentos de fundos e títulos de renda fixa. Por outro lado, as reduções de alíquotas do IPI, além do Pis/cofins e Cide sobre combustíveis, diminuíram o recolhimento nessas fontes. As desonerações totais concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 102,959 bilhões entre janeiro e setembro, ante R$ 71,772 bilhões em 2021. Apenas no mês passado, as desonerações totalizaram R$ 11,817 bilhões, mais do que o dobro do registrado em setembro do ano passado (R$ 5,669 bilhões). Ainda que as desonerações promovidas pelo governo federal tenham impactado o montante arrecadado, o resultado positivo se deu por um somatório do ritmo de atividade econômica com a inflação, avalia o economista-chefe da Pezco, Helcio Takeda. eldquo;A arrecadação poderia ter sido até maior se não fossem as renúncias promovidas pelo governo. A combinação entre atividade e inflação mais do que compensou as desonerações implantadaserdquo;, avalia Takeda, que percebe influências dos rendimentos provenientes do mercado de trabalho e também dos rendimentos de capital, refletindo a alta dos juros, com a renda fixa voltando a ganhar preferência nos portfólios. O economista-chefe da AZ Quest, Alexandre Manoel, também avalia que o resultado da arrecadação em setembro mostrou novamente os impulsos do mercado de trabalho aquecido e do aumento de preços de commodities. eldquo;O número veio na mesma direção que vinha no começo do ano, com um mercado de trabalho mais forte, que cria uma receita previdenciária grande, e a CSLL forte, vindo das empresas exportadoras de commoditieserdquo;, afirma Manoel. ebull; O Estado de S.Paulo Volkswagen, Volvo e Scania entram no negócio de aluguel de caminhões A oferta de caminhões para locação dobrou de tamanho neste ano, acompanhando o aumento da demanda, e chamou a atenção das fabricantes. Uma após a outra, elas estão criando empresas próprias para disputar esse filão. Nos últimos três meses, três montadoras endash; Volkswagen, Volvo e Scania endash; anunciaram divisões para atuar no aluguel de pesados. Randon e Gerdau fizeram uma parceria com a mesma finalidade, e Mercedes-benz e Iveco também avaliam a entrada no segmento. Até pouco tempo atrás disponível apenas nas locadoras, a frota de caminhões para locação subiu de 15,8 mil unidades, em 2021, para 34,1 mil neste ano (até setembro), segundo dados da Associação Brasileira das Locadoras (Abla). As montadoras não divulgaram ainda quantos veículos serão ofertados para locação, e nenhuma quis fazer uma simulação de comparativo de preços alegando que há muitas variáveis que precisam ser levadas em consideração no cálculo. Elas vão disputar mercado com empresas especializadas como Vamos, Localiza e Ouro Verde. Seguindo a mesma tendência dos automóveis, em que consumidores veem vantagens em alugar um veículo em vez de ter sua posse, grandes frotistas começam a entender que é melhor focar na distribuição de produtos e deixar a administração da frota para terceiros. A locação de caminhões já é um grande negócio em países da Europa eldquo;e deve crescer muito no Brasil nos próximos anoserdquo;, avalia Paulo Miguel Junior, conselheiro gestor da Abla. Segundo o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), Roberto Cortes, com a pandemia muitas empresas encontraram dificuldades em obter crédito para a compra de caminhões e estão optando pelo aluguel. Em agosto, o grupo lançou o VW Truck Rental, serviço em parceria com o banco da marca endash; o Volkswagen Financial Services endash;, tornando-se a primeira montadora a entrar nesse negócio no País. SERVIÇOS INCLUÍDOS. A VWCO oferece contratos de 30 a 60 meses que incluem, entre outros itens, serviços de gestão de manutenções preventivas ou corretivas nas revendas da marca, seguro, sistema de telemetria, gestão de multas, documentação, pagamento de IPVA e carroceria. Miguel Junior avalia que a entrada das montadoras no ramo de locação vai ajudar esse mercado a crescer ainda mais. Ele destaca que uma das vantagens das fabricantes em relação às locadoras será justamente a oferta de serviços, especialmente de manutenção, nas próprias revendas das marcas. Locadoras também oferecem esse serviço, mas não necessariamente feito por revendas autorizadas. A Locadora Volvo, divisão criada no mês passado, vai operar na locação de caminhões, ônibus e equipamentos de construção, com prazos de 24 a 60 meses. A entrada da empresa no ramo, segundo José Olimpio Francisco, diretor de desenvolvimento de mercado da Volvo Financial Services, visa a atender a uma nova demanda. eldquo;Observamos uma tendência de locação de bens no transporte de cargas e logística em setores da indústria, agronegócio, mineração, construção e florestalerdquo;, diz Francisco. Segundo ele, dados do Renavam mostram que, em 2018, os emplacamentos de caminhões para locadoras representavam menos de 3% do total de veículos entregues. Já neste ano, o volume acumulado até agosto chega a 11%. Em mercados mais maduros, como EUA e Europa, a participação pode variar de 15% a 25% do total de caminhões que entram em circulação. Segundo ele, uma das vantagens é fazer a locação de acordo com a sazonalidade das operações das empresas ou para suprir projetos específicos, utilizando veículos novos que serão devolvidos ao fim do contrato. Outro benefício, na visão da Volvo, é a não necessidade de investimento em ativos. O locatário assume as parcelas mensais e pode alocar os pagamentos como despesa em seu balanço. CAMINHÕES MAIS CAROS. O movimento ocorre num momento em que há uma mudança nas regras de emissões e consumo nos veículos pesados, lembra Flávia Spadafora, responsável pela área automotiva da consultoria KPMG. A partir de janeiro, os novos veículos terão de cumprir metas mais rígidas, o que exigiu a adoção de novas tecnologias que vão encarecer os preços entre 15% e 20%. Divulgada por KPMG, SAE Brasil (que reúne engenheiros automotivos) e pela editora Autodata, uma pesquisa recente mostra que 45% de potenciais compradores de caminhões dizem ver a locação como alternativa. Entre as vantagens consideradas mais importantes pelos que responderam a pesquisa, 33% citaram o maior fluxo de caixa e capital disponível para outros investimentos; 23,1%, a gestão de manutenção, documentação e multas; 19,8%, não ter preocupação com desmobilização e venda de ativos; 15,7%, benefícios fiscais e tributários; e 7,4%, outros fatores. Na semana passada, foi a vez de a Scania anunciar a criação da Scania Locação, que iniciará operações em janeiro e será administrada pela própria fabricante. Além dos caminhões Euro 6, a frota para aluguel terá veículos movidos a gás natural e/ou biometano. Silvio Munhoz, diretor-geral das Operações Comerciais da Scania, afirma que a locação não vai substituir as vendas dos novos, mas expandir o perfil de operação da marca. eldquo;Começamos a perceber uma tendência de aceitação pelo aluguel de caminhões, mudando um pouco o perfil conservador do transporte brasileiroerdquo;, diz Munhoz. Também com contratos de 24 a 60 meses, a locação incluirá pacote de serviços de conectividade e monitoramento, programas de manutenção e assistência técnica 24 horas. A frota para locação subiu de 15,8 mil unidades, em 2021, para 34,1 mil neste ano até setembro EM PREPARAÇÃO. A Randon, fabricante de carretas, freios e suspensões, e a Gerdau criaram em setembro uma joint venture para entrar no segmento de locação de caminhões e equipamentos. A nova empresa, ainda sem nome, receberá investimentos de R$ 250 milhões até 2024. O vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-benz, Roberto Leoncini, diz estar discutindo com a rede de lojistas e com o banco da marca quando e como o grupo poderá entrar na locação. Em sua opinião, os modelos que estão sendo lançados eldquo;são pouco atrativoserdquo;. Outra fabricante que oferecerá serviço de aluguel, mas ainda não definiu a data, é a Iveco. ebull;

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Brasil sob risco de 'mexicanização'

As projeções de crescimento econômico para o Brasil são desanimadoras no médio prazo. Hoje, a previsão de uma parte considerável dos analistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance cerca de 2% nos próximos anos. Se os números se confirmarem, a economia brasileira enfrentará um cenário que poderá lembrar o do México, um país que tem dificuldade para superar uma baixa taxa de crescimento, embora tenha contas públicas em ordem e não colha problemas no setor externo. A trajetória de eldquo;mexicanizaçãoerdquo; do crescimento do Brasil só virá, claro, se o próximo governo não resolver a questão fiscal. A definição sobre o que ocupará o lugar do teto de gastos é a principal dúvida entre os economistas. Sem uma clareza em relação ao rumo das contas públicas, a economia brasileira pode enfrentar um cenário de aumento de incerteza, piorando a expectativa de desempenho do PIB e, portanto, longe de qualquer comparação com o México. eldquo;O México é um país que está com o fiscal bem controlado, não tem déficit nas contas externas, e a relação entre a dívida e o PIB é muito baixa, está em 60% do PIB. Talvez seja até aonde o Brasil queira chegarerdquo;, afirma Fabio Akira, economista-chefe da Blueline Asset. eldquo;O López Obrador (Andrés Manuel López Obrador, presidente do México) tem atitudes de um presidente de esquerda, tem políticas setoriais, mas ele não ameaçou a estabilidade macroeconômica.erdquo; Assim como o Brasil, o México tem problemas de baixa produtividade, o que impede um desempenho econômico mais robusto e indica que há uma agenda parecida para os dois países. São necessárias reformas estruturais para que as duas economias acelerem o crescimento do PIB. ebull; Os economistas dizem que o PIB potencial do Brasil endash; ou seja, aquilo que a economia pode crescer sem gerar desequilíbrios, como inflação e entraves no setor externo endash; é hoje de 2%. Superar essa faixa vai exigir que o País imponha uma ampla gama de medidas para melhorar a produtividade. As reformas se tornaram ainda mais importantes, porque o Brasil não conta mais com o bônus demográfico. Nos anos 2000, o País conseguiu acelerar o crescimento com a incorporação de milhões de pessoas ao mercado de trabalho. eldquo;Nos últimos anos, o Brasil até colheu avanços na sua agenda de reformas, com a aprovação das mudanças nas regras previdenciárias e a criação do marco do saneamento. Mas também viu retrocessos. O que tem mais chamado a atenção é o retrocesso democráticoerdquo;, afirma Braulio Borges, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas. eldquo;Esse crescimento de 2% ao ano é o que cabe nesse contexto em que a gente avançou muito em alguns aspectos, mas retrocedeu em outros.erdquo; Entre as reformas importantes apontadas pelos analistas, estão a tributária, a administrativa, para modernizar o serviço público e o avanço na integração do Brasil com a economia mundial, além da melhora da qualidade do ensino. eldquo;Se essas reformas não forem feitas, estamos condenados a continuar com esse pibinho, com esse crescimento medíocreerdquo;, diz Alberto Ramos, diretor do grupo de estudos macroeconômicos para América Latina do Goldman Sachs. O PREÇO PAGO. Na prática, um país que cresce tão pouco não consegue fazer com que sua população enriqueça. Neste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB per capita do Brasil, medido em Paridade do Poder de Compra (portanto, desconsiderando o efeito do câmbio), será de US$ 17,7 mil, abaixo do observado no México (US$ 22,4 mil) e em outros países latino-americanos, como Argentina (US$ 26 mil), Chile (US$ 28,9 mil) e Colômbia (US$ 18,7 mil). Nos EUA, a renda média vai encerrar o ano em US$ 75,2 mil. O PIB per capita é um importante termômetro de riqueza dos países. Ele cresce nos momentos em que a atividade econômica supera o ritmo de avanço da população. No limite, um cenário de baixo crescimento longo, diz Braulio, pode alimentar um círculo vicioso de instabilidade política. eldquo;As pessoas começam a questionar o que faz com que os ganhos de renda e bem-estar sejam tão lentos. Isso pode criar mais retrocesso democrático. É preocupante esse cenário.erdquo; BRASIL E MÉXICO. As projeções do FMI endash; divulgadas neste mês endash; indicam que as duas economias devem ter desempenho parecido nos próximos anos. Em 2023, o crescimento dos países deve ficar em 1% para, em seguida, subir a 2% até 2027. eldquo;Um detalhe é que o crescimento do México tem menos volatilidade. Olha o que aconteceu com o PIB do Brasil entre 2015 e 2019: a média foi negativa. No mesmo período, a média de crescimento do México não foi brilhante, mas ficou em torno de 2%erdquo;, diz Fabio Akira, economista-chefe da Blueline Asset. eldquo;E volatilidade no crescimento faz diferença para o bem-estar social e o planejamento de longo prazo.erdquo; Ramos acrescenta: eldquo;Tal como o Brasil, o caminho das pedras (do México) para encontrar um crescimento mais elevado passa por reformas estruturais, reformas que alavanquem investimentos e um marco regulatório que atraia o investidor em vez de assustá-loerdquo;. ebull;

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