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Investimento em gás natural não é necessário no Brasil, diz Banco Mundial

O Banco Mundial desaconselha o plano de ofertar em leilões a geração de 8 GW (gigawatts) de energia térmica a gás, prevista pela lei 14.182/2021, que abriu o capital da Eletrobras. O governo federal prepara uma MP (medida provisória) sobre o tema. "Os 8 GW adicionais de capacidade de gás não são necessários, mesmo com maior escassez de água", afirma um estudo do órgão publicado nesta quinta (4). "Renunciar aos 8 GW adicionais de capacidade do gás representaria uma economia para o Brasil de 20% em custos do sistema elétrico no cenário convencional, que cairia de R$ 374 bilhões para R$ 250 bilhões", calcula o Banco Mundial, em uma projeção de custos para o ano de 2050. O Brasil tem apostado no aumento do uso da energia térmica emdash;que é movida a combustíveis fósseis e contribui para o aquecimento globalemdash; para evitar o desabastecimento energético em cenários de escassez hídrica. O estudo, no entanto, propõe que o investimento se volte às energias renováveis, especialmente as eólicas onshore e offshore (em terra e na costa marítima). O custo de investir em energias renováveis sairia apenas 2,5% maior do que o gasto no cenário convencional sob estresse hídrico: R$ 442 bilhões contra R$ 431 bilhões, de acordo com modelos matemáticos do estudo, que soma custos de investimento, geração, transmissão e operação e também de déficit. Intitulado Relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o Brasil, o estudo compõe uma série inédita do Banco Mundial com diagnósticos e recomendações sobre a transição para uma economia de baixo carbono em diversos países. O documento enfatiza que o Brasil deve aproveitar o que chama de "condições excepcionais do país" para descarbonizar o sistema energético, o que apoiaria a descarbonização de outros setores da economia, elevando a competitividade brasileira. "O Brasil tem um potencial fantástico para energia solar e eólica, não encontramos isso em qualquer país. Mas é claro que estamos falando do custo no longo prazo. A energia renovável é barata na geração, mas você ainda precisa investir. Essa é a pergunta que o relatório deixa: como financiar essa transição?", disse à Folha Stephane Hallegatte, consultor sênior de mudanças climáticas do Banco Mundial e um dos autores do relatório. Um caminho possível para o financiamento é o redirecionamento de subsídios. "No setor agrícola, isso pode ser feito vinculando o acesso ao crédito subsidiado à adoção de uma agricultura inteligente em relação ao clima", sugere o estudo. "Outros subsídios que poderiam ser reaproveitados incluem aqueles disponíveis para a indústria de carne bovina, de aproximadamente R$ 12,3 bilhões entre 2008 e 2017", aponta. "Os subsídios para geração de energia à base de carvão, que totalizaram quase R$ 1 bilhão em 2020, poderiam ser redirecionados para apoiar a transição energética." Por outro lado, o estudo reconhece que as reservas offshore de petróleo e gás brasileiras permanecerão competitivas nos mercados globais nas próximas décadas, tornando-se um risco apenas no longo prazo, com a possível queda da demanda global. "Custos de produção relativamente baixos significam que a produção de combustíveis fósseis no Brasil e suas receitas devem aumentar no médio prazo", diz o relatório sobre o cenário de exportação, ponderando que as fontes renováveis são mais baratas para suprir a demanda interna. Segundo Hallegate, a análise aborda duas questões. "Uma é como suprir a necessidade de energia do país; outra é: se você tem recursos fósseis, o que você faz com ele?", diz. "Há países dispostos a gastar muito dinheiro com gás porque só têm essa opção. Você pode vender o gás a preços altos para os países que já estão presos a essa opção ou você pode se trancar nessa opção também", avalia. Em um diagnóstico amplo, o relatório traz apontamentos sobre os setores de energia, indústria, transporte e agricultura e também para o combate ao desmatamento, em análises sobre reformas estruturais, medidas de aumento da produtividade e políticas econômicas e setoriais. "Os investimentos adicionais necessários para a ação climática representam aproximadamente 1% do PIB anual do Brasil", afirma o estudo. O relatório ainda elenca entre as oportunidades de investimento o ganho de produtividade agrícola somado ao combate ao desmatamento; a reindustrialização; e os aportes em cadeias de valor inovadoras, como a geração de hidrogênio verde para exportação e a mineração para fabricação de componentes de veículos elétricos. O estudo também aponta a necessidade de políticas públicas para adaptação climática, de modo a impedir que os desastres ambientais aumentem as desigualdades sociais. "Os choques climáticos podem levar de 800 mil a 3 milhões de brasileiros à pobreza extrema já em 2030. É crucial que o Brasil acelere seus investimentos rumo a um crescimento resiliente e de baixo carbono", afirma Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil.

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Quando a queda do petróleo no exterior reduzirá o preço de combustíveis?

O petróleo enfrenta uma nova curva de quedas nas últimas semanas, acumulando desvalorização de 15% nos últimos 30 dias, no caso do barril do tipo Brent. Com a estimativa de que a commodity pode manter as baixas, é possível que os preços dos combustíveis também caiam. A queda nas bombas, no entanto, não deve acontecer de forma imediata, conforme explica Gustavo Gomes, especialista de Renda Variável e sócio e da Acqua Vero. eldquo;Na cadeia de produção existe um prazo de maturação por conta de reservas financeiras e de petróleo, o que acaba postergando os impactoserdquo;, diz. Assim, não há um prazo certo dos preços, para que o consumidor final observe uma redução dos preços, como também não é possível saber quanto da desvalorização será repassada até chegar às bombas, podendo ser bem abaixo da redução vista nos contratos futuros de petróleo. Uma eventual queda, no entanto, pode atingir também o etanol. Apesar de o combustível não ser um derivado do petróleo, seu preço acompanha os movimentos da commodity. O objetivo é que o litro do etanol não fique muito mais barato do que a gasolina. A oscilação dos dois combustíveis, porém, não deve ocorrer exatamente nas mesmas proporções. É o que explica Brendon Rodrigues, head de inovação e portfólio da ValeCard. eldquo;Normalmente existe uma vantagem periódica de preço entre a utilização de um ou outro a depender do momento, por isso orientamos sempre a realização do cálculo entre custo e consumoerdquo;, explica Rodrigues.

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Ultrapar lidera altas do Ibovespa com ganho de 12% e resultados acima do esperado no 1º tri

Após divulgar balanço que mostrou queda anual de 41% no lucro do primeiro trimestre, as ações ordinárias (ON, com direito a voto em assembleias) da Ultrapar lideraram as altas no Ibovespa, o principal índice acionário na B3, nesta quinta-feira (4). Na avaliação dos analistas, os resultados vieram acima do esperado, apesar de alguns sinais que exigem atenção. Os papéis avançaram 11,81% e encerraram o pregão negociados a R$ 16,19. A controladora da Ipiranga, da Ultragaz e da Ultracargo, lucrou R$ 274 milhões no primeiro trimestre, queda de 41% em comparação com o mesmo período do ano passado. A receita líquida atingiu R$ 30,5 bilhões, recuo de 10%. Para o Citi, as margens melhores no Ipiranga e números positivos nas operações da Ultragaz e Ultracargo foram os destaques do balanço. Os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Alves Atie escrevem que o Ebitda ajustado de R$ 1 bilhão foi quase 30% maior que o esperado por efeitos de créditos tributários e melhor resultado financeiro. Operacionalmente, as margens da rede Ipiranga chegaram a R$ 99 por metro cúbico, acima da projeção de R$ 79 por metro cúbico, com maior volume de vendas compensando parcialmente as perdas com estoques. As iniciativas de ganhos de eficiência que a companhia vêm realizando deram resultado na Ultragaz e na Ultracargo, com as duas unidades de negócio aumentando eficiência e margens, além de melhor mix de vendas. eldquo;Mesmo com o cenário adverso na distribuição de combustíveis afetando negativamente a performance da Ipiranga, temos visão positiva sobre a estratégia da Ultrapar eldquo;, comenta o banco. O Citi tem recomendação de compra para Ultrapar, com preço-alvo em R$ 19,50. O Goldman Sachs também destaca que desempenho da Ultragaz impulsionou os resultados da Ultrapar no primeiro trimestre, com o crescimento de cerca de 73% na margem Ebitda por tonelada nessa divisão da companhia. A expansão no Ebitda ajustado da Ultragaz foi resultado das iniciativas de aumento de eficiência e produtividade, repasse de inflação e melhor mix de vendas, comenta o banco. Já sobre a Ipiranga, o banco aponta como as perdas de estoque e as maiores despesas resultaram em uma queda anual de 11% no Ebitda ajustado por metro cúbico. Ainda assim, a empresa reconheceu um ambiente comercial mais favorável no primeiro trimestre, com as margens avançando 89%. Por fim, a Ultracargo reportou um Ebitda Ajustado 25% do que o apresentado um ano antes, refletindo maior ocupação de capacidade, reajustes contratuais e ganhos de eficiência, comenta o Goldman Sachs. O banco mantém a indicação de compra para as ações da Ultrapar, com preço-alvo de R$ 15,90. Já o Credit Suisse destaca que apesar dos resultados da Ultrapar no primeiro trimestre totalmente contrários às expectativas, com desempenho de receitas e lucros robusto e geração de caixa fraca, os resultados podem não ser sustentáveis. Os analistas Regis Cardoso, Marcelo Gumiero e Henrique Simões escrevem que o Ebitda de R$ 1 bilhão foi 27% acima das estimativas, por conta de melhor desempenho operacional em todas as unidades de negócios, em especial na Ipiranga. eldquo;A Ultrapar conseguiu superar nossas baixas expectativas, mas ainda não são resultados particularmente fortes em termos absolutoserdquo;, afirma o banco. Eles dizem que investidores precisam manter a cautela sobre usar esse balanço como novo normal. Eles notam que a diferença entre as estimativas e os resultados de fato aconteceu após a Ipiranga ter perdas com estoques menores que o esperado ou as margens da unidade que foram melhores. No lado negativo, a dívida líquida da Ultrapar aumentou no primeiro trimestre após ela registrar fluxo de caixa negativo, com uma dinâmica de capital de giro ruim no período. O Credit Suisse tem recomendação neutra para Ultrapar, com preço-alvo em R$ 14.

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'Novo pré-sal' ameaçado: diretor diz que Petrobras está 'otimista' quanto a posicionamento do Ibama

A Petrobras espera que o Ibama se posicione sobre o pedido para iniciar testes preparatórios para a esperada campanha exploratória da Margem Equatorial, que abrange uma área do Amapá até o Rio Grande do Norte, nas próximas semanas. A demora por um desfecho tem gerado críticas de diferentes lados da indústria e que apontam para uma decisão política e também determinante para o futuro do setor de óleo e gás no Brasil em meio à expectativa de desaceleração da produção do pré-sal até 2030. Chamada nos bastidores de eldquo;novo pré-salerdquo;, a área desperta grande expectativa em toda a cadeia e esteve no centro dos debates da Offshore Technology Conference (OTC), maior evento da indústria de exploração de petróleo e gás no mar, que acontece em Houston (EUA), nesta semana, devido ao sucesso visto nos países vizinhos. Na Guiana, mais de 10 bilhões de barris de petróleo já foram descobertos. Do lado brasileiro, a chamada Margem Equatorial é formada por cinco bacias: Foz do Amazonas, Potiguar, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará. eldquo;Como a gente está em um momento de se obter ou não o direito de fazer um teste, o que é necessário antes da licença, então, a temperatura acaba ficando um pouco alta naturalmente porque está na hora de uma decisãoerdquo;, diz o diretor de exploração e produção da Petrobras, Joelson Mendes, em entrevista ao Estadão/Broadcast. De acordo com ele, não há um prazo definido para o Ibama se posicionar. eldquo;A gente tem expectativas de que essa resposta seja nas próximas semanaserdquo;, afirma o diretor da Petrobras, que se diz eldquo;otimistaerdquo; em relação ao tema. Mendes acrescenta que a companhia está disponível para responder aos questionamentos do Ibama, como tem feito recentemente, e fazer tudo o que é necessário para obter o aval ambiental para explorar a Margem Equatorial. Dentre as principais dúvidas do órgão, estão questionamentos técnicos e, principalmente, como a produção na área poderia afetar a comunidade local. Mendes afirma, porém, que isso ainda não está em debate no momento. eldquo;Quando a gente faz uma descoberta, se a gente for muito rápido vai levar seis, oito anos para desenvolver. O processo de desenvolvimento da produção na indústria do petróleo é lento. Hoje, o que a Petrobras está querendo saber é se tem petróleo ali ou nãoerdquo;, explica o diretor da Petrobras. eldquo;Como desenvolveríamos na hipótese de haver é uma outra questão, um outro processo de licenciamento.erdquo; Em parecer obtido pelo Estadão/Broadcast, dez analistas do Ibama defendem rejeitar o pedido da Petrobras para realizar testes na Margem Equatorial, sob a justificativa de forte impacto na região. O pedido de licenciamento ambiental foi iniciado pela britânica BP no passado e foi continuado pela estatal brasileira. Mendes diz que a Petrobras já perfurou mais de mil poços em águas profundas ou ultraprofundas, sem causar nenhum problema ambiental, nem pequeno, muito menos, de grande porte. Além disso, afirma que desde o acidente da BP, nos Estados Unidos, em 2010, um dos piores desastres ambientais, o setor de óleo e gás evoluiu muito no que chama de eldquo;capacidade de respostaerdquo; e que a Petrobras está alinhada às maiores empresas do mundo. eldquo;A Petrobras opera há mais de 30 anos em terra (onshore) no Amazonas e também entendemos que podemos fazer isso no mar. Nós já perfuramos mais de mil poços no Brasil em lâminas de águas profundas ou ultraprofundas, sem nenhum problema, nada, zeroerdquo;, afirma. eldquo;Estamos cada vez mais preparados para não deixar acontecer.erdquo; elsquo;Novo pré-salersquo; ameaçado: técnicos do Ibama recomendam barrar projeto da Petrobras no Amazonas Para o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Rodolfo Henrique de Saboia, a decisão de explorar ou não a Margem Equatorial é uma eldquo;questão estratégicaerdquo; para o País e não uma eldquo;mera decisão técnicaerdquo;. Além do potencial da região, que é eldquo;enormeerdquo;, o Brasil precisa encontrar novas fronteiras energéticas considerando que o pré-sal vai engrenar em uma trajetória de desaceleração até 2030, alerta. Como no setor de óleo e gás, os projetos são de longo prazo, a decisão, de explorar ou não o potencial da Margem Equatorial, tem de ser tomada agora. eldquo;É um potencial enorme (na Margem Equatorial) e que a gente simplesmente pode estar deixando de transformar em riqueza para uma região tão carente de investimento e que vai se beneficiar delaerdquo;, diz Saboia. eldquo;O que eu acho é que a gente tem que enfrentar a decisão. Decidir, olhar, ouvir todos os atores envolvidos e uma decisão política a ser tomada a respeito.erdquo; O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, afirma que está otimista em relação ao futuro posicionamento do Ibama sobre a Margem Equatorial, evidenciando que se trata apenas de um eldquo;poço exploratórioerdquo; para saber se há realmente petróleo, como no lado da Guiana, em um cenário de declínio das reservas de petróleo no Brasil. eldquo;Todos os dias, à meia-noite, o Brasil produz 3,5 milhões de barris de petróleo, com eficiência, cuidado operacional e muita responsabilidade ambientalerdquo;, diz. O diretor-presidente da Enauta, Décio Oddone, reforçou o coro de críticas à pressão ambiental em torno da Margem Equatorial, durante a OTC. eldquo;É uma decisão política no nível mais altoerdquo;, afirmou, a uma plateia de investidores estrangeiros e atores do setor, também chamando atenção para a necessidade de se explorar novas fronteiras na indústria visto que a produção do pré-sal, tido como muitos ainda como um elsquo;bilhete premiadoersquo;, está em vias de desacelerar à frente. Segundo Mendes, da Petrobras, caso o Ibama rejeite o pedido da Petrobras para iniciar um teste na Margem Equatorial, a companhia seguirá com o seu planejamento de exploração, mas em um local diferente. O eldquo;plano Berdquo; prevê a migração dos trabalhos para outro ponto da região, mais precisamente na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, onde a estatal brasileira prevê dois poços. São eles Pitu Oeste e Anhanga. eldquo;O nosso planejamento é fazer um investimento de US$ 2,9 bilhões na Margem Equatorial nos próximos cinco anos. Estamos falando de uma região inteiraerdquo;, conclui.

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Petrobras inicia estudos para voltar a construir navios no Brasil

A Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de transportes, anunciou nesta quinta-feira (4) a criação de um grupo de trabalho com prazo de 60 dias para definir um novo programa de construção de navios em estaleiros brasileiros. A retomada da indústria naval é uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fomentou em seus primeiros mandatos investimentos bilionários em estaleiros que depois viraram alvo da Operação Lava Jato. Em sua primeira entrevista após a assumir a empresa, o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que o grupo de trabalho vai definir qual é a demanda da Petrobras por navios, quais os estaleiros têm capacidade de construí-los e quais são os custos. "O Brasil tem pressa, precisamos gerar emprego no país", afirmou o executivo. "Mas tem um detalhe importante a frisar: nós vamos construir navios no Brasil, mas não será a qualquer preço e a qualquer prazo." Bacci foi diretor do FMM (Fundo de Marinha Mercante) durante governos petistas e depois liderou o sindicato patronal dos estaleiros brasileiros, até ser convidado a presidir a Transpetro pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Ele diz que esteve no TCU (Tribunal de Contas da União) e na CGU (Controladoria-Geral da União) para convidá-los a acompanhar o novo programa de compra de navios desde o início. "Temos que ter parâmetros para construir navios no Brasil sem termos problemas." Os principais gargalos para uma eventual retomada do setor, afirmou, são tornar estaleiros aptos a tomar encomendas, a modernização das instalações e a requalificação da mão de obra, que se perdeu nos anos sem novos contratos. Segundo Bacci, a CGU está disposta a conversar com grupos econômicos que ainda não fizeram acordos de leniência após a Lava Jato para que possam voltar a ter contratos com a Petrobras. "Precisamos superar isso", defendeu. O presidente da Transpetro alega que, mesmo que fique mais caro construir no país, o programa seria justificado pela geração de empregos e impostos com as obras nos estaleiros nacionais, argumento semelhante ao usado para defender os primeiros programas petistas para o setor. . Durante os primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Transpetro lançou dois programas de encomendas no país, com um total de 49 navios e 20 comboios hidroviários, que motivaram a reativação e abertura de novos estaleiros. Ao fim do governo Dilma Rousseff, havia navios e comboios encalhados em canteiros de obras e novos estaleiros, como o EAS (Estaleiro Atlântico Sul), estrela do programa localizado em Pernambuco, entraram em recuperação judicial. À Operação Lava Jato, executivos confessaram o pagamento de propinas em troca de contratos. O então presidente da Transpetro, o ex-senador Sergio Machado, foi preso e fez colaboração premiada que entregou gravações de conversas com dirigentes do PMDB (hoje MDB). Atualmente, a frota da Transpetro é composta por 26 navios construídos no país, que operam no transporte de petróleo e combustíveis. A Petrobras completa suas necessidades com embarcações afretadas no exterior. Bacci espera que o governo priorize os investimentos na compra de novos navios para substitui parte da frota afretada, mas admite que o processo será longo. "Não será daqui a seis meses", afirmou. "Mas não tenho a menor dúvida de que vamos superar as barreiras e que antes de terminar esse governo Lula, vamos ter navios da Transpetro sendo entregues." Ele disse ainda que a empresa reavaliará sua estrutura de dutos e terminais para identificar oportunidades de investimentos e que estuda novo concurso para a contratação de pessoal, em uma guinada em relação aos planos de fatiamento da empresa pelo governo Jair Bolsonaro (PL). No último governo, a ideia era passar à iniciativa privada parte dos terminais e dutos da companhia, em pacotes de venda de refinarias da Petrobras. "A Transpetro não será privatizada", disse Bacci nesta quinta.

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Programa federal para mercado de gás pode criar mercado para Transpetro, diz Bacci

A Transpetro vai analisar necessidades de investimentos em dutos e terminais. O foco será melhorar a qualidade do atendimento, segundo Sérgio Bacci, novo presidente da subsidiária de logística da Petrobras. Além disso, a companhia pode participar dos esforços do programa Gás para Empregar, anunciado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para fomentar o mercado de gás nacional, citou o executivo. eldquo;Se houver a decisão de construir novos dutos, por quem quer que seja, podemos fazer a operação e manutenção. Seria, inclusive, importante que participássemos, porque isso nos dá mais receitaerdquo;, disse. Hoje, a operação de dutos e terminais responde por 75% das receitas da Transpetro, sendo os outros 25% da operação de navios. eldquo;A companhia hoje não tem problemas de caixaerdquo;, destacou. Bacci concedeu sua primeira coletiva no cargo, nesta quinta (4/5). Informou que a Transpetro buscou órgãos de controle federal para avaliar a situação de estaleiros impedidos de contratar com a companhia, em razão das condenações pelos desdobramentos da operação Lava Jato. eldquo;O processo que o país passou nesses últimos anos ajudou a construir uma governança para evitar problemas no futuroerdquo;, comentou a respeito das irregularidades em contratações no passado. Ele deixou claro que o Brasil voltará a construir navios para a Transpetro. R$ 95 bi em investimentos, estima EPE O programa Gás Para Empregar, anunciado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pode atrair investimentos de até R$ 94,6 bilhões até 2032, segundo projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A expectativa do governo é de que os valores possam ser empregados principalmente em unidades de fertilizantes nitrogenados e outros químicos (R$ 39,3 bilhões), gasodutos de transporte de gás natural (R$ 25 bilhões), unidades de processamento (R$ 15,4 bilhões) e em rotas de escoamento offshore (R$ 14,9 bilhões). eldquo;Seria gás mais barato para a costa e, com isso, viabilizar o crescimento e a questão da segurança alimentar. [O programa] reduz a dependência de 85% para 10% da importação de fertilizantes se a gente conseguir uma comercialização de 10 milhões de BTU ao dia, por exemploerdquo;, explicou o secretário de Petróleo e Gás, Pietro Mendes. Mendes já tinha afirmado em outro momento que as indústrias química e de fertilizantes serão, de fato, incluídos como setores prioritários do Gás para Empregar emdash; mas que ainda está em discussão se a oferta seria restrita a esses segmentos. São resultados esperados para o programa que cria um formato para troca (swap) do óleo da União por volumes adicionais de gás natural disponíveis para comercialização por meio da Pré-sal Petróleo SA (PPSA). A proposta também prevê a possibilidade de desconto do custo em óleo dos valores investidos pelas operadoras em infraestrutura que incentivem a maior oferta de gás natural. É uma forma de tornar mais robusta para o Congresso Nacional e para o restante do governo federal a proposta de Silveira que acena para indústria de fertilizantes. Os pilares do Gás para Empregar: elevar os volumes de gás natural da União disponíveis para comercialização por meio da PPSA; com reconhecimento de custos pelo regime de partilha; e oferta de gás natural em leilões de longo prazo, viabilizando a expansão da infraestrutura. Inicialmente, o MME apresentou ao governo uma minuta de medida provisória para fazer as alterações legais necessárias: autorizar o swap e o reconhecimento de custos. O programa deve ser proposto por meio de projeto de lei e contar com detalhes adicionais. Efeitos na arrecadação Dentro dos valores esperados, a EPE também fez projeções de aumentos de arrecadação emdash; considerados dados sensíveis para os parlamentares que têm ligações com governadores e prefeituras em suas bases eleitorais. Lideranças políticas da base do governo já tinham questionado, de forma reservada ao político epbr, a preocupação de que a troca de contratos de óleo da União pudessem ter impacto na arrecadação final do Fundo Social do Pré-Sal. A estimativa é de que o programa para o gás poderia contribuir com R$ 23,3 bilhões de royalties emdash; divididos entre União, estados e municípios endash;, além de R$ 18,6 bilhões em PIS/Cofins e R$ 14,1 bilhões em ICMS. Significa um acréscimo de R$ 75 bilhões no resultado final do PIB e poderia gerar até 325 mil novos empregos, ainda de acordo com os dados trazidos pelo governo. O estudo foi feito a pedido do secretário-executivo do MME, Efrain Cruz, que pediu dados para embasar o programa já anunciado pelo ministro Alexandre Silveira em março emdash; mas que ainda não foi editado pelo Executivo. As informações foram apresentadas nesta quarta (3/5) durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia com a presença do ministro e dos secretários da pasta.

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