Ano:
Mês:
article

Rede Oxxo abandona slogan 'aberto 24 horas' e adota 'ó-quis-sô, tá sempre próximo

William (nome fictício) trabalha sob tensão. Atendente de uma loja do mercado Oxxo (lê-se ó-quis-sô) na região central de São Paulo, ele está no caixa a maior parte do tempo, enquanto outro atendente auxilia na reposição de estoque. Pela configuração da loja, a localização do caixa é muito próxima à entrada, à beira da calçada. Já aconteceu de alguém entrar e anunciar um assalto ou furtar produtos. Ele diz que o clima é tenso na maior parte do tempo, porque não há segurança. Mas para o colega que fica das 22h às 6h da manhã é muito pior: ele está sozinho na loja, que tem como slogan "Mercado aberto 24 horas por dia". A porta do estabelecimento, no caminho para a estação de metrô Marechal Deodoro, fica sempre aberta. A preocupação de William é o revés de um modelo de negócio que cresce acelerado na região metropolitana de São Paulo: o mercado Oxxo, do grupo Nós (resultado da associação entre a brasileira Raízen e a mexicana Femsa), chega ao final deste mês com 200 lojas, presentes também no interior paulista (Jundiaí, Campinas, Piracicaba e Sorocaba; nesta última, será aberto o 200º ponto de venda no próximo dia 29). Em dezembro, quando completa dois anos de operação no país, o Oxxo abre mais cinco lojas. Entre janeiro e março de 2023, no entanto, vai acelerar e promover 105 inaugurações. Fundada pela Femsa há 45 anos, para escoar no varejo o excedente da produção de bebidas, a rede Oxxo se tornou um fenômeno no mercado de proximidade na virada para os anos 2000: partiu de 800 lojas para 21 mil no México, em 22 anos. No mercado paulista, onde a rápida expansão desde o final de 2019 já rendeu até memes nas redes sociais, a empresa repete o modelo enxuto, de um único atendente na maioria das lojas, com segurança restrita a um circuito de câmeras e a uma ronda terceirizada. "Parte da nossa proposta de valor é entregar competitividade, custo-benefício para o consumidor. Isso implica uma estrutura de atendimento a mais eficiente possível, que me permita abrir três mercados em um bairro, em vez de um", disse à Folha o presidente do grupo Nós, Rodrigo Patuzzo, 46, que rechaça as questões de segurança pública como um problema para a rede. "Que mercado nunca sofreu um furto?", questiona. "A gente tem um número pequeno de roubos e furtos, sendo que 80% das ocorrências são no período diurno, como acontece em qualquer lugar do planeta, e em qualquer rede de varejo", diz ele, lembrando as 2.500 lojas Oxxo na Cidade do México. "Que novidade teríamos em vir para São Paulo?", afirma, referindo-se às dimensões e complexidades da capital mexicana, que soma cerca de 9 milhões de habitantes. A cidade de São Paulo tem pouco mais de 12 milhões. Segundo ele, houve um único caso de arrastão, há cerca de quatro meses, em uma loja da rede na capital paulista. De acordo com a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), à qual a Oxxo não é associada, 30% dos estabelecimentos registraram, em 2021, alguma ocorrência relacionada a assaltos e roubos, 78% sofreram furtos internos (dos próprios colaboradores) e 88% furtos externos (clientes). A empresa está deixando para trás o slogan que a acompanha desde a chegada ao Brasil "Oxxo endash;Mercado aberto 24 horas por dia", para adotar um novo, que ensina a pronúncia correta do nome e será mote da campanha preparada pela agência Mestiça: "Se fala e#39;Ó-quis-sôe#39; e tá sempre próximo". "Até o final do ano, todas as fachadas das nossas lojas vão receber o novo slogan", diz Patuzzo. A mudança, diz ele, não tem a ver com menos lojas trabalhando 24 horas por dia endash;hoje 20% fecham as portas às 22h. De acordo com o executivo, este percentual já estava previsto na expansão da rede no país e não está relacionado a questões de segurança. Parte dos pontos que permanecem abertos funcionam com uma "janela de segurança": o cliente chega à loja, que está com a porta semiaberta, aperta a campainha e o atendente busca, no interior do estabelecimento, o que o consumidor precisa. Tudo na fachada da loja, sob uma iluminação especial e uma câmera de segurança. "Mas isso tem menos a ver com segurança e mais com o nosso controle, já que um só funcionário costuma ficar de madrugada", diz Patuzzo. "A maior parte das lojas, que têm apenas nove meses de operação, conta com apenas um trabalhador por turno. Se o funcionário falta e não avisa, eventualmente, a loja nem abre", diz ele. O número de colaboradores por loja depende de quanto fatura o estabelecimento, explica. "Se a loja já alcançou o seu faturamento potencial e tem maior movimento, vai trabalhar com três funcionários de manhã, três à tarde e dois à noite. Se não atingiu, vamos adaptando a equipe", afirma o executivo. "Ainda estamos testando tecnologias e formatos de atendimento." REDE VAI LANÇAR APLICATIVO PARA AUMENTAR VENDAS NO DELIVERY Além do México, o Oxxo também está presente nos mercados da Colômbia, Chile e Peru. Para o Brasil, o grupo Nós tem grandes planos. "O país é o único mercado na América Latina em que se pode repetir o que foi feito no México. Ou até mais", diz Patuzzo, que prevê abrir 215 lojas no próximo ano, todas no mercado paulista. "A expansão para fora do estado de São Paulo vai ocorrer ao final dos próximos 18 meses, de preferência, na região Sudeste", afirma. Uma das maiores apostas da companhia será lançada até o final de dezembro: o aplicativo Oxxo, que permitirá novidades como o serviço de "clique e retire" (o cliente faz a compra online e retira na loja), o pagamento via Pix (que também deve começar a ser aceito nas lojas físicas), o uso de lockers (armários para guardar compras feitas online) e o delivery. "Hoje trabalhamos muito com o iFood, mas vamos expandir o serviço de entrega com a nossa própria plataforma." Outra novidade é o lançamento de um plano de fidelidade. "Tem clientes que vão à nossa loja três vezes por semana, ou seis a sete vezes por mês", diz Patuzzo. "No futuro, o plano de fidelidade da Oxxo pode se conectar ao da rede de lojas de conveniência do grupo, a Shell Select", afirma. Também está em estudo a expansão da marca própria. "Hoje, nossa marca própria está limitada ao food service, é preciso ter uma escala mínima para entrar em outras categorias." O Nós mantém a sete chaves os critérios para escolher a localização de novas lojas, baseados em inteligência artificial. Mas Patuzzo dá algumas indicações. "Temos um algoritmo que considera um número grande de variáveis, sendo 10 as mais relevantes", afirma. "Entre elas, proximidade com grandes geradores de fluxo, como metrô e terminal de ônibus. É uma influência positiva, que pode se refletir em número de transações, tíquete médio ou distribuição de venda emdash;mas não necessariamente todos estes quesitos." O executivo chama a atenção para uma investida recente da Femsa: a aquisição da rede de mercados de proximidade Valora, por US$ 1,2 bilhão (R$ 6,4 bilhões), em julho. A rede suíça conta com 2.700 lojas, e se espalha por Áustria, Alemanha e Holanda. "O grupo enxerga neste negócio um dos principais caminhos de consolidação e de crescimento internacional", afirma. O especialista em varejo Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, concorda que no modelo Oxxo não cabe investimento em segurança 24 horas. "É natural que eles calibrem onde realmente vale a pena ficar aberto 24 horas, onde tenha demanda, tráfego e seja um lugar seguro, em que a loja não fique tão vulnerável", afirma. "Caso contrário, a conta não fecha, fica inviável. É o custo Brasil." Segundo ele, o Oxxo é uma loja em que o consumidor compra poucos itens, gasta pouco, em um sortimento voltado para conveniência. "O cliente vai pela comodidade e rapidez", afirma. "Mas é um modelo que precisa de densidade e alta capilaridade, porque a logística é complicada. Só para em pé se tiver muita loja em determinada concentração geográfica", diz. Daí, portanto, o foco em São Paulo. PERFIL - GRUPO NÓS Fundação: 2019 (50% Femsa e 50% Raízen) Bandeiras: Oxxo e Shell Select Número de lojas: 200 Oxxo (próprias) e 1.241 Shell Select (próprias e franquias) Funcionários: 2.643 (administrativo e lojas próprias) Presença: São Paulo, Guarulhos, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Osasco, Campinas, Jundiaí, Piracicaba e Sorocaba (lojas Oxxo) Principais concorrentes: Carrefour Express, Hirota Express, Minuto Pão de Açúcar, Mini Mercado Extra, Dia (Oxxo); AM PM e BR Mania (Shell Select) Faturamento: R$ 147,7 milhões* *referente ao 3º trimestre de 2022 Fonte: empresa

article

Chance zero de antecipação da sucessão na Petrobras

Há uma expectativa na equipe de transição da área de Energia que o governo Bolsonaro possa enviar o nome do indicado à presidência da Petrobras ao conselho de administração da empresa ainda em dezembro emdash; que é quando se espera que já esteja público o escolhido. O objetivo é antecipar os ritos que terão que ser seguidos para que o indicado de Lula vire presidente. A chance, no entanto, disso acontecer é a mesma que existe de o Catar vencer a Copa de 2022. No Ministério das Minas e Energia e no Palácio do Planalto tal possibilidade não é levada em consideração. Só a partir de janeiro, portanto, é que o processo de sucessão se iniciará.

article

Petróleo fecha em baixa, com mercado de olho em teto de preços

Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta sessão de quarta-feira (23), pressionado pelas expectativas sobre sanções ao petróleo russo por parte do G7, que poderá anunciar um teto de preço ao óleo da Rússia, juntamente com a União Europeia. Dados sobre os estoque de petróleo nos EUA e publicação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) também orientaram os negócios nesta sessão. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para janeiro de 2023 fechou em baixa de 3,72% (US$ 3,01), a US$ US$ 77,94 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês negociado na Intercontinental Exchange (ICE) fechou em baixa de 3,34% (US$ 2,95), a US$ 85,41 o barril. A Capital Economics avalia que os preços caíram devido à preocupação da demanda à medida que aumentam as expectativas sobre o plano do G7 de criar um teto de preço do petróleo russo. Mais cedo, embaixadores da União Europeia (UE) se reuniram com o objetivo de aprovar o mecanismo de limite de preços, que segundo a Bloomberg, ficaria entre US$ 65 e US$ 70 por barril. Em paralelo, o plano da União Europeia que impõe um limite para os preços do gás natural foi criticado por lideranças da Itália e da Espanha, segundo a Reuters. De acordo com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, o plano poderá levar inclusive a commodity a um aumento de preços. Hoje, o Departamento de Energia dos EUA revelou que os estoques de petróleo no país caíram 3,69 milhões de barris, número bem acima do previsto por analistas. A ata da última reunião de política monetária do Fed destacou que, em meio à crise geopolítica, há o risco de um novo aumento de energia. Eles também observaram que uma queda no preço de commodities poderá contribuir para diminuir pressões inflacionárias.

article

Governo de SP amplia benefício de ICMS para biogás e biometano

O governo de São Paulo publicou nesta terça-feira (22) decreto que altera o regulamento de ICMS para atividades com biogás e biometano, visando fomentar o uso de combustíveis renováveis e aumentar a competitividade no mercado paulista. O decreto paulista prevê o diferimento do ICMS para operações internas com biogás e biometano quando o gás for consumido em processo de industrialização em usina geradora de energia elétrica. Neste caso, o lançamento do imposto é realizado apenas no momento em que ocorre a saída da energia do estabelecimento industrializador, permitindo maior fôlego financeiro para as empresas produtoras, afirmou o governo paulista. Com a mudança, a perspectiva é de que plantas de geração distribuída de energia movidas a biogás e biometano sejam beneficiadas, disse o presidente da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), Guilherme Chrispim. "A partir de agora, com esse benefício, a tendência é que São Paulo supere Minas Gerais até o fim de 2023 e assuma a liderança entre os Estados com maior capacidade instalada em geração própria de energia", afirmou Chrispim. Na terça, o governo paulista também assinou um acordo de cooperação com a associação Absolar, visando o aproveitamento de energia solar fotovoltaica, aquisição de energia do mercado livre, entre outros. Segundo a Absolar, São Paulo está entre os estados brasileiros com maior potência instalada de energia solar na geração própria em telhados, pequenos negócios e terrenos, cerca de 2 gigawatts (MW) em operação. (Reuters)

article

Paraná lança fundo que onera produtor rural para corrigir perdas com ICMS

Seguindo a onda de governos que apoiaram Jair Bolsonaro (PL), o governador reeleito do Paraná, Ratinho Junior, enviou um anteprojeto de lei para a Assembleia Legislativa criando um fundo que onera o produtor rural para fomentar investimentos em infraestrutura no estado. Nesta terça-feira, empresários do agronegócio invadiram a Assembleia Legislativa de Goiás contra um fundo similar lançado pelo governador Ronaldo Caiado. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também têm instrumentos parecidos que oneram os contribuintes. Preocupado em evitar movimento similar, o governo decidiu retirar o projeto para negociar com produtores. Caso seja aprovado, o Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Logística do Estado do Paraná (FDI/PR) endash;preparado pela Receita Estadual do Paranáendash; instituirá uma taxa por tonelada de determinados agropecuários em troca do diferimento do ICMS pelos empresários do setor. Ou seja, o imposto antes pago pelo comprador da mercadoria será cobrado do produtor, caso não faça a contribuição ao fundo. O projeto cria uma Unidade Fiscal Padrão sobre a tonelada dos seguintes produtos: gado bovino (42,18%, macho; 33,84%, fêmea), soja (32,66%), trigo (18,50%), milho (14,95%), mandioca (11,22%), suínos (4,78%), açúcar (1,36%), toras (0,71%) e frango (0,09%). Essa unidade será regulamentada pelo Executivo após aprovação do anteprojeto. Escapam das contribuições as transferências de mercadorias de um centro de distribuição ou processamento para outro do mesmo grupo. A exemplo de Ronaldo Caiado, Ratinho Jr, outro apoiador de Bolsonaro, não entrou no grupo dos 11 estados que ingressaram no Supremo Tribunal Federal contra a redução das alíquotas do ICMS cobrado sobre combustíveis e serviços essenciais. Embora tivessem perdas com a arrecadação do imposto sobre o combustível, serviços de água, luz e telefonia, essas perdas vinham sendo compensadas até o momento com a alta da arrecadação em outras fontes. A expectativa é que, de agora em diante, a conta vai pesar mais. Por isso, eles decidiram lançar os fundos.

article

Governo eleito diz que definição do imposto zero sobre combustíveis ficará para 2023

O senador eleito Wellington Dias (PT-PI), coordenador dos ajustes no orçamento de 2023 na equipe de transição, disse que a decisão de zerar os impostos federais sobre os combustíveis deverá ficar para 2023. Ao ser questionado sobre a manutenção do PIS/Cofins zerado sobre gasolina e óleo diesel, Dias reforçou que o assunto será tratado apenas após a posse de Lula, eleito presidente da República para um terceiro mandado a partir de janeiro. "Lula somente pode tratar após a posse! Estamos considerando isso na decisão a ser tomada em 2023", informou, em entrevista exclusiva ao g1. A proposta de orçamento enviada pelo governo Jair Bolsonaro em agosto deste ano ao Congresso Nacional prevê a manutenção, no ano que vem, das desonerações de PIS/Cofins e Cide sobre gasolina, etanol e gás veicular e de PIS/Cofins sobre diesel, gás de cozinha e querosene de aviação. O custo previsto é de R$ 52,9 bilhões endash; valor que o governo deixará de arrecadar no próximo ano caso seja mantida a desoneração dos combustíveis. No entanto, a medida provisória aprovada sobre o assunto prevê imposto zero somente até o fim deste ano. Para que a tributação siga zerada em 2023, outra MP teria de ser apresentada, conforme explicou a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal. O g1 entrou em contato com o Ministério da Economia e questionou se será enviada prorrogação do imposto zero ao Congresso, e a resposta foi que não há essa informação. Se nenhuma norma legal for editada sobre o assunto até o fim do ano, o tributo voltará a subir em 2023. Política de preços da Petrobras Dias afirmou ainda que o governo eleito deverá mudar a política atual de preços da Petrobras. Hoje, os preços que a Petrobras cobra no mercado interno variam de acordo com a cotação do petróleo no mercado externo e, consequentemente, com a taxa de câmbio. Os preços internacionais são cotados em dólar. Assim, sempre que o preço do petróleo no mundo ou a cotação do dólar no Brasil sobem, os preços dos combustíveis também sobem para o consumidor interno. O senador disse que a ideia é considerar, em vez das variações do petróleo no mercado externo e do dólar, o preço médio de refino no Brasil e também no exterior. "O preço do combustível no posto de gasolina vai considerar o preço médio do refino no Brasil e também no exterior. Hoje, somente prevê o valor no exterior", explicou o senador. Com essas alterações, em tese, o preço aos consumidores seria mais baixo do que no modelo atual emdash; o que tende a reduzir também os lucros da Petrobras. De janeiro a setembro, a empresa lucrou quase R$ 145 bilhões endash; 93% acima do mesmo período do ano passado. Na semana passada, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Wellington Dias já tinha falado sobre a estratégia de mudar a política de preços da estatal. "Ao fazer essa média [preço do refino no Brasil e no exterior], vai ter uma queda. Mas não tem lógica. Na questão do preço interno, tem de defender o interesse do Brasil [...] O Brasil vai levar em conta o custo do refino para definir qual é o preço do combustível", disse na ocasião. Integrante da equipe de transição no grupo técnico de Minas e Energia, Jean Paul Prates, senador (PT-RN), confirmou a intenção de mudar a atual política de paridade de preços da estatal. "Não é a Petrobras que baixa a política de preço de combustíveis no Brasil", afirmou. "É uma questão de política setorial, de governo", completou, dizendo que o grupo de transição vai auxiliar o novo governo. Durante as eleições, Lula defendeu "abrasileirar" o preço dos combustíveis. Subsídios aos combustíveis Ao mesmo tempo, estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), organização não governamental sem fins lucrativos, mostra que o Brasil destinou R$ 118,2 bilhões em 2021 para financiar o consumo e a produção de combustíveis fósseis emdash; valores que deixaram de entrar nos cofres públicos. Os subsídios, de uma forma geral, estão na mira da equipe de transição do governo eleito, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e também do Tribunal de Contas da União (TCU) como forma de reduzir o rombo das contas públicas no próximo ano, diante da necessidade de se aumentar os gastos sociais (Bolsa Família, saúde, educação, entre outros). Dos R$ 118,2 bilhões destinados no ano passado pelo país para financiar o consumo e a produção de combustíveis fósseis, a maior parte foi o subsídio destinado aos consumidores de gasolina e diesel. O governo federal reduziu dois tributos federais endash; o PIS/Cofins e a Cide-Combustíveis endash; cobrados do diesel e da gasolina, resultando numa renúncia fiscal de R$ 60,2 bilhões em 2021. Já o maior subsídio à produção foi o chamado Repetro, um programa que isenta de tributos a importação e produção interna de máquinas e equipamentos para a exploração de petróleo e gás. A renúncia fiscal (perda de arrecadação) desse programa foi de R$ 32,5 bilhões no ano passado. "Tais subsídios contribuem para a geração de lucros extraordinários pelas petrolíferas: a Petrobras registrou o maior lucro da história da empresa em 2021 endash; R$ 106 bilhões, em grande parte repassado para seus acionistas na forma de dividendos. Ademais, estimulam o crescimento da exploração e da exportação de petróleo, o que traz impactos climáticos negativos em âmbito globalerdquo;, diz o estudo do Inesc. Imposto zerado sobre diesel e gasolina O Inesc observou que esses subsídios vão aumentar neste ano uma vez que o governo zerou as alíquotas do PIS, da Cofins, do PIS-Importação e da Cofins importação sobre combustíveis fósseis. De janeiro a setembro deste ano, a perda de arrecadação somou R$ 14,6 bilhões. Na proposta de orçamento para 2023, o governo do presidente Jair Bolsonaro propôs que os tributos continuassem zerados. Se confirmada, a medida resultará em uma perda de arrecadação aos cofres da União de R$ 52,9 bilhões no próximo ano, segundo cálculos do Ministério da Economia. Diante do iminente aumento de gastos públicos no ano que vem, para financiar promessas de campanha como manutenção do Bolsa Família (atual Auxílio Brasil) em R$ 600, alguns analistas lembram que o eventual aumento imposto sobre combustíveis em 2023 aliviaria o rombo fiscal. Livi Gerbase, assessora política do Inesc, avaliou, por sua vez, que os subsídios sobre combustíveis são "pouco efetivos" para o controle da inflação endash;objetivo que foi anunciado neste ano pelo governo diante da alta da gasolina, consequência da guerra na Ucrânia. eldquo;O aumento dos preços [dos combustíveis] não se deve ao aumento dos impostos, mas, sim, à internalização das oscilações dos preços internacionais, tanto é que a inflação se manteve alta em 2022, mesmo com as renúncias do ano passadoerdquo;, afirmou ela. Gerbase declarou que essas benesses ao setor deveriam ser "limitadas no tempo" e "pensadas a partir das necessidades das pessoas mais pobres, pois, do jeito que estão, os subsídios só aprofundam ainda mais as desigualdades".

Como posso te ajudar?