Ano:
Mês:
article

Após veto do Ibama na Foz do Amazonas, Petrobras pode explorar petróleo na Guiana, diz Prates

Após a decisão do Ibama de não conceder licença para que a Petrobras inicie a perfuração do primeiro poço na bacia da Foz do Amazonas para pesquisar reservas de petróleo, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou que considera investir na exploração de áreas da chamada Margem Equatorial que pertencem à Guiana e ao Suriname. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Prates afirmou que ainda fará esforços para obter a licença do Ibama para os planos na Foz do Amazonas, mas informou que já tem um plano de desmobilização da sonda e dos equipamentos mobilizados pela companhia para a região, o que o Ministério de Minas e Energia pediu que seja adiado. No entanto, o executivo indicou ao Estadão que a empresa pode participar de prospecções na Guiana e no Suriname, países que também têm áreas com potencial petrolífero na chamada Margem Equatorial. A produção de petróleo na Guiana tem chamado a atenção das petroleiras no mundo por seu rápido crescimento e lucratividade. eldquo;Nós temos a possibilidade de voltar a nos internacionalizar um pouco em relação à Guiana, em relação a outros lugares. Talvez, diante da impossibilidade de furar na foz (do Rio Amazonas), a gente possa testar alguma coisa na Guiana e Suriname. A pena é que lá a gente vai ser mais um, a qui a gente é a estatal do pedaço, é a host company a anfitriã. Por enquanto é só uma ideia, uma conversa internaerdquo;, afirmou Prates. A declaração confirma os sinais de que a Petrobras pretende participar de leilões de áreas de petróleo na Guiana, conforme publicou hoje O GLOBO. Segundo informações de fontes da estatal, a companhia brasileira comprou dados sísmicos da região antes da rodada de licitações de 14 blocos preparada pela Guiana, cuja data final de apresentação de propostas vai até 15 de julho. O leilão ocorrerá no modelo de partilha, como é feito no pré-sal do Brasil, no qual parte dos ganhos vai para o caixa do governo. Procurada, a Petrobras não comentou. A exploração de petróleo na Margem Equatorial, faixa costeira no norte da América do Sul voltada para o Caribe, provocou na Guiana um dos maiores avanços econômicos recentes no mundo. O pequeno país encravado no extremo norte do continente trocou o posto de um dos mais pobres por uma das maiores rendas per capita da América do Sul em menos de uma década, com projeções de ultrapassar a Venezuela como maior produtor sul-americano em breve. A exploração de petróleo na Margem Equatorial, faixa costeira no norte da América do Sul voltada para o Caribe, provocou na Guiana um dos maiores avanços econômicos recentes no mundo. O pequeno país encravado no extremo norte do continente trocou o posto de um dos mais pobres por uma das maiores rendas per capita da América do Sul em menos de uma década, com projeções de ultrapassar a Venezuela como maior produtor sul-americano em breve. Na noite de ontem, a Petrobras disse que exercerá seu direito de apresentar um pedido de reconsideração ao Ibama até o dia 24. Segundo a estatal, o objetivo eldquo;é demonstrar o atendimento de todas as exigências reiteradamente apresentadas pelo órgão licenciador federal no curso do processo de licenciamento.erdquo; A empresa disse ainda que vai manter a sonda e toda a estrutura na Foz do Amazonas, como foi pedido pelo ministro de Minas e Energia, até o dia 29 deste mês. Após esse período, se não houver uma definição do Ibama, a companhia vai desmobilizar as estruturas. S e for mantido o veto do Ibama, a exploração de petróleo em toda a região será comprometida, avaliam especialistas. Isso pode forçar a Petrobras a adotar um caminho parecido ao trilhado pelos franceses: explorar petróleo em países vizinhos, sem eldquo;mancharerdquo; a agenda ambiental nacional. Ao proibir a exploração de petróleo em seus territórios emdash; incluindo a Guiana Francesa emdash; por questões ambientais, a França empurrou sua principal petroleira para projetos no Suriname, onde, apesar da expectativa de existência de poços de petróleo volumosos, até o momento as prospecções indicam maior potencial para gás natural. S e for mantido o veto do Ibama, a exploração de petróleo em toda a região será comprometida, avaliam especialistas. Isso pode forçar a Petrobras a adotar um caminho parecido ao trilhado pelos franceses: explorar petróleo em países vizinhos, sem eldquo;mancharerdquo; a agenda ambiental nacional. Ao proibir a exploração de petróleo em seus territórios emdash; incluindo a Guiana Francesa emdash; por questões ambientais, a França empurrou sua principal petroleira para projetos no Suriname, onde, apesar da expectativa de existência de poços de petróleo volumosos, até o momento as prospecções indicam maior potencial para gás natural. A decisão do Ibama desencadeou tensões política em Brasília. De acordo com aliados do presidente Lula, assuntos de governo que envolvem a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a quem o Ibama está subordinado, são tratados diretamente por Lula, pela relação sensível que ela tem com o presidente. Lula e Marina se reaproximaram na campanha eleitoral, após mais de uma década separados. O então presidenciável aceitou incluir no programa de governo uma série de propostas ambientais de Marina, incluindo uma visão transversal capaz de submeter projetos de impacto econômico ao crivo ambiental. Em 2008, Marina deixou o governo e, mais tarde, o PT, por discordâncias com Lula sobre questões ambientais. O principal ponto de atrito foi o licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Recentemente, ela disse ver os riscos ambientais da Margem Equatorial da mesma forma como olhou para Belo Monte. Aliados de Marina não veem espaço para pressões internas sobre ela. Os motivos apresentados são os de que o parecer do Ibama foi totalmente baseado em critérios técnicos, o que não abriria margem para questionamentos, e que Lula tem se empenhado em fazer defesa enfática sobre a proteção do meio ambiente em suas viagens internacionais. Já Marina tem evitado se pronunciar sobre o tema, para evitar acusações de interferência no órgão de fiscalização ambiental. Na última quarta-feira, à GloboNews, disse que o tema era eldquo;muito complexoerdquo;, mas que o Ibama tomava decisões estritamente técnicas. Sobre a tensão nos bastidores, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou ao GLOBO que não recebeu ligação de nenhum político pressionando-o a reverter o veto ao licenciamento ambiental. Segundo ele, a Petrobras não conseguiu comprovar a viabilidade ambiental do projeto: emdash; Foi uma decisão técnica. O Ibama pediu oito vezes complementação para tentar encontrar uma saída, e a Petrobras não conseguiu demonstrar viabilidade disso.

article

Combustíveis: STF pauta proposta de compensação da União de R$ 27 bi a estados

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou o julgamento relacionado à homologação da complementação do acordo firmado entre estados e União sobre o valor global da compensação em relação às perdas de arrecadação com ICMS dos combustíveis. O acordo será analisado em plenário virtual de 26 de maio a 2 de junho. Trata-se do valor de R$ 26,9 bilhões anunciado em 10 de março por Fernando Haddad (Fazenda). O acordo é negociado nos autos da ADPF 984 e da ADI 7191, ambas de relatoria de Mendes. O valor a ser compensado aos estados pela União não ficou resolvido no acordo de dezembro de 2022 e, na época, ficou previsto prazo de 120 dias para se chegar a um consenso. Em 10 de março, Haddad anunciou que o governo e os estados fecharam acordo de R$ 26,9 bilhões para a compensação das perdas de arrecadação com a mudança nas alíquotas do ICMS. O valor é inferior ao pedido inicialmente pelos estados, que pleiteavam R$ 45 bilhões. O julgamento em plenário virtual significa mais uma etapa rumo ao encerramento da disputa travada entre estados e União a partir da edição das leis complementares 192/22 e 194/22, que alteraram a tributação sobre combustíveis no país. Entenda o caso Por meio da ADI 7191, os estados questionam dispositivos da Lei Complementar 192/22. Essa lei definiu, por exemplo, o regime de incidência monofásica para o ICMS sobre combustíveis e determinou que as alíquotas devem ser uniformes e ad rem (alíquota fixa por unidade de medida, no caso o litro). Os estados argumentam que a norma federal fere o pacto federativo e a autonomia dos entes subnacionais ao alterar a sistemática de cobrança do ICMS. Já por meio da ADPF 984, a União busca limitar a alíquota do ICMS sobre combustíveis, nos 26 estados e no Distrito Federal, à prevista para as operações em geral. Como relator, Gilmar Mendes, no entanto, propôs uma negociação entre União e estados. A proposta é que, com um consenso, o caso possa ser resolvido com a proposição de alterações nas leis complementares no Congresso Nacional, e não pela via judicial Em 14 de dezembro, o STF homologou a primeira parte do acordo. Entre os principais itens aprovados está a manutenção da essencialidade para o diesel, gás natural e gás de cozinha, o que deve garantir que esses itens terão um teto máximo de alíquota de ICMS a ser cumprido pelos estados. Assim, a alíquota para esses produtos não pode ser maior do que a praticada pelos estados sobre as operações em geral. Na prática, essa alíquota varia de 17% a 18%, a depender do ente federativo. A gasolina ficou de fora porque saiu vitorioso o discurso dos estados de que esse combustível fóssil não é essencial, e considerá-lo como tal privilegiaria apenas classes sociais mais abastadas e que têm carros. Ou seja, para a gasolina, a alíquota de ICMS pode ser superior à geral. Outro ponto do acordo é o reconhecimento da União de que os estados e o Distrito Federal irão escolher se adotam alíquota eldquo;ad remerdquo; (alíquota fixa por unidade de produto) ou eldquo;ad valoremerdquo; (por valor do item, como ocorre atualmente), por meio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão ligado ao Ministério da Economia e que reúne secretários de fazenda de todas as unidades da federação. Pela Lei Complementar 192/2022, ficou estabelecido que a alíquota seria eldquo;ad remerdquo;. O imbróglio referente às compensações da União aos estados pela perda de arrecadação com as alterações legislativas, no entanto, não foi decidido na ocasião.

article

Incertezas sobre dívida dos EUA influenciam fechamento do petróleo

Os contratos futuros de petróleo registraram queda, nesta sexta-feira. A commodity chegou a ser apoiada pelo dólar fraco, mas não teve impulso, ainda em meio a dúvidas sobre a demanda futura, no atual contexto de aperto monetário para conter a inflação e consequente piora na atividade. A pressão do G7 para conter o preço do petróleo vindo da Rússia também esteve em foco. O WTI para julho fechou em baixa de 0,35% (US$ 0,25), em US$ 71,69 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês caiu 0,37% (US$ 0,28), a US$ 75,58 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, o WTI avançou 2,36% e o Brent teve alta de 1,90%. No câmbio, o dólar recuou ante outras moedas fortes, o que tende a apoiar o apetite pelo óleo, já que neste caso os contratos ficam mais baratos para os detentores das demais divisas. Já na frente geopolítica, o G7 endureceu sanções contra a Rússia, prometendo um cerco para evitar medidas que tentem burlar a pressão sobre Moscou por causa da guerra na Ucrânia. O grupo ainda condenou as ameaças russas de recorrer a armas nucleares. Na avaliação da Oanda, o petróleo vinha tendo uma semana mais positiva, com melhora na perspectiva econômica dos EUA ante a chance de acordo para elevar o teto da dívida do governo federal. Ela aponta, porém, que ainda não há certezas sobre o tema, o que passou a influir negativamente nos contratos hoje. A Oanda ainda interpretou que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, abriu caminho para manutenção dos juros em junho, em declarações hoje, o que tende a apoiar o petróleo. Powell, porém, também se mostrou preocupado com a inflação ainda distante da meta e ressaltou que as decisões serão tomadas a cada reunião, a depender dos dados. De qualquer modo, a Oanda vê os contratos presos a uma faixa em pouco mais de US$ 70 o barril até haver mais evidência de um acordo no teto da dívida e que a inflação não acelerará mais.

article

Fornecimento de petróleo não será afetado por teto de preço mais rígido, diz IEA

A Agência Internacional de Energia (IEA) não espera que as medidas do G7 para combater evasões dos limites de preço de energia russa mudem a situação de oferta de petróleo bruto e derivados, o disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol. O G7, a União Européia e a Austrália concordaram em impor um teto de preço de 60 dólares por barril para o petróleo bruto transportado por via marítima da Rússia e também estabelecer um limite máximo de preço para os produtos petrolíferos russos de forma a privar Moscou de receitas por conta da invasão da Ucrânia. O G7 intensificará os esforços para combater a evasão dos limites "enquanto evita efeitos de transbordamento e mantém o fornecimento global de energia", disse o grupo no sábado, sem dar detalhes, durante sua reunião anual de líderes. A IEA, que fornece análises e auxilia o G7 no assunto energia, não vê a aplicação dos limites de preço afetando o suprimento global de petróleo e combustível, disse Birol à Reuters em entrevista durante a cúpula. "Qualquer mudança significativa nos mercados como sempre vão refletir em nossas análises, em nossos relatórios, mas por enquanto não vejo razão para mudar nossa visão", afirmou. (Reuters)

article

ANP: gasolina cai apenas 0,5% na terceira semana de maio, apesar de redução da Petrobras

Apesar das quedas expressivas da gasolina, diesel e gás de cozinha realizadas pela Petrobras no início desta semana, os preços desses combustíveis resistem em ceder nos postos de abastecimento. O valor médio da gasolina caiu apenas 0,5% nos postos, diante da baixa de 12,6% nas refinarias da estatal, enquanto o diesel foi o que mais teve impacto: um recuo de 1,9% na semana de 14 a 20 de maio, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já o gás de cozinha, cuja queda foi ainda mais expressiva nas refinarias, de 21,6%, cedeu apenas 0,1%, com preço médio de R$ 108,72, sendo o botijão mais caro encontrado a R$ 155 e o mais barato, a R$ 70. O preço médio da gasolina nos postos ficou em R$ 5,46 o litro, com a cotação mais alta de R$ 7,30 e a mais baixa, de R$ 4,39. O diesel registrou preço médio de R$ 5,46 o litro, com o maior valor de R$ 8,49 e o mais menor, de R$ 4,59. Gasolina mais vantajosa O etanol ficou competitivo em relação à gasolina no Amazonas e em Mato Grosso na semana entre 14 e 20 de maio. No restante dos Estados e no Distrito Federal, continuava mais vantajoso abastecer o carro com gasolina. Conforme levantamento da ANP compilado pelo AE-Taxas, no período, na média dos postos pesquisados no País, o etanol está com paridade de 73,08% ante a gasolina, portanto desfavorável em comparação com o derivado do petróleo. No Amazonas, a paridade estava em 69,97%. Em Mato Grosso, em 68,18%. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado.

article

Para quem produz como a Petrobras, fazer eólica no mar é brincar de playmobil, diz Prates

No comando da Petrobras há menos de quatro meses, o ex-senador Jean Paul Prates tem o ambicioso plano de mudar a cara da estatal e recuperar o tempo perdido na corrida pela transição energética. Na mesma semana em que anunciou uma nova estratégia comercial, reduziu significativamente o preço dos combustíveis e viu frustrada a sua intenção de explorar a Margem Equatorial, ele recebeu a equipe do Estadão/Broadcast para uma entrevista. Prates deixa claro que os tempos são outros na empresa e revela planos de ter todas as refinarias produzindo biocombustíveis e hidrogênio em, no máximo, três décadas. Fora o interesse de entrar na entrada na geração eólica offshore. eldquo;Para nós, fazer eólica no mar é brincar de playmobilerdquo;, compara. O executivo deixa em aberto também a possibilidade de voltar a investir no exterior. Veja a seguir os principais pontos da entrevista: Quais são os planos da Petrobras para os parques eólicos offshore? A gente, daqui a 30 anos, vai ser uma empresa de quê? Do que eu imagino, vai ter parque offshore porque você é uma offshore company, então, para nós, fazer eólica no mar é brincar de playmobil. Para quem faz uma sonda, uma FPSO (navio-plataforma) dessas enormes, que fica parada lá produzindo em milhões de poços profundos, agora também injetando carbono direto no subsolo marinho, fazer eólica offshore é um passeio. É possível a empresa explorar essa fonte também fora do Brasil? Pode ser. Eu não acho que seria necessário, mas pode ser sim, não como operador, mas como sócio de alguém para ver uma operação, ter o dia a dia. Eu tenho experiência de transitar do petróleo para eólica e posso dizer que o setor elétrico é muito mais simples que o setor de petróleo. Nos contratos, nos negócios, na tecnologia, na operação, na fabricação e na discussão regulatória. O setor elétrico é mais fácil de trabalhar, e arrisco dizer, até que há uma certa ingenuidade do ponto de vista da preparação dos agentes econômicos. É um setor que está aprendendo a voar voando, tipo filhote de passarinho mesmo, sendo jogado fora do ninho. Com o processo de venda das refinarias suspenso, como vê o futuro das refinarias da Petrobras? De repente você vai para o desafio de produzir óleo vegetal, totalmente inconcebível. Biodiesel eu conheço, mas botar óleo vegetal e do outro lado sair diesel, especificado como diesel, e sem ser perecível como é o diesel R, quem pensava nisso? Mas isso vai estar no futuro? Vai, daqui a 30 anos, certamente, todas as nossas estruturas de refino vão estar processando óleo vegetal em diesel não perecível. A Petrobras tem planos de produzir hidrogênio? A Petrobras vai estar no hidrogênio? Tem que estar. A primeira transição você procura o que está mais próximo de você. Geração de energia elétrica vai puxar você para o lado da energização também. O hidrogênio é o equivalente ao gás, você tem a experiência toda do gás. Tanto é que o marco regulatório do hidrogênio que eu deixei lá pronto (no Senado), basicamente só faz isso, coloca o hidrogênio embaixo da jurisdição da ANP e usa a logística do gás natural. E como a Petrobras imagina que vai ser a comercialização desse hidrogênio? Daqui a pouco você está falando de um downstream, em vez de simplesmente, como querem muitos, comprar a BR (Distribuidora, hoje Vibra) do nada e sair fazendo tudo do mesmo. Tem que pensar como chegar próximo ao consumidor do futuro, meu filho ou o filho do meu filho. O cara lá na frente não vai nem ter carro, o carro vai ser compartilhado, tem o veículo autônomo, vai trocar bateria e não abastecer. Será que eu entro na Bolívia e começo a usar minha experiência em exploração e produção para explorar outra coisa, o lítio, ou será que começo a pensar em gás hélio? Em outras coisas? Tudo isso vai estar na diretoria de Transição Energética, lá dentro tem uma subdivisão em gerências. Uma vai tratar de novas tecnologias, outra vai acertar offshore eólico, outra que vai acertar hidrogênio, umas que já estão mais decididas e outras que ainda vão ser estudadas. O Ministério de Minas e Energia está ajudando a Petrobras? Como é a relação com a Petrobras? Volta e meia sai uma nota na imprensa dizendo que a sua relação com o ministro não é boa. Não é verdade, isso é uma intriga enorme. Quando houve a questão do Conselho (de Administração), surgiu esse boato de que a gente não se dava bem, e na verdade a gente se dá muito bem, porque a gente esteve junto no Senado. Foi um momento muito complicado, inclusive a minha própria relatoria no projeto dos combustíveis foi feita em conjunto com o Alexandre (Silveira, ministro de Minas e Energia) e o Rodrigo Pacheco, assim como com o Davi Alcolumbre, que são justamente os aliados na aproximação do governo com partidos, tanto o PSD como o União Brasil. A gente sempre teve uma relação muito boa. Mas surgiram rumores de que as indicações do ministro para o Conselho de Administração foram impostas. Como foi isso? Na questão do Conselho, o que aconteceu foi: o presidente (Lula) tinha me pedido para mandar não só a lista dos diretores, que ele me deu liberdade total, sem a ingerência de ninguém, por isso a gente teve possibilidade de trazer gente da casa, respeitar o plano de sucessão, como também o Conselho. Na semana em que fui entregar a lista da diretoria, ele perguntou sobre os nomes do Conselho de Administração. E pediu uns nomes. Depois disso, na semana seguinte, depois de três semanas, ele recebeu os partidos de alguma forma, e disse: elsquo;Olha, o pessoal está falando aqui do conselho, eu disse tudo bem, a gente tem que abrir aqui uns espaçosersquo;, e aí vazou a primeira lista. Depois, apareceu outra lista com os nomes do ministério, e aí começaram a falar que um atropelou o outro, um quer brigar com o outro. Mas não tem nada disso não, a gente se entende bem. Então a Petrobras tem recebido apoio do ministro? O Alexandre tem uma missão muito difícil. Se a minha é difícil, a dele também. Talvez a dele seja até maior, porque ali são três segmentos da economia pesadíssimos: petróleo e gás, energia elétrica endash; com todas as outras fontes e o imbróglio da Eletrobras endash; e mineração. No que a Petrobras puder colaborar, ajudar, trabalhar em função do que ela tem possibilidade de análise, de projetos, a Petrobras vai se engajar nisso. Até porque, como ela está em transição energética, está em pelo menos dois desses bolos, se é que não vai pro terceiro por conta do lítio. Ela (Petrobras) está no maior de todos que é o petróleo, mas já transita no setor elétrico quando vende gás, termoelétricas, e vai ter parques eólicos. E até na mineração, talvez, mais cedo ou mais tarde. A gente entende de geologia brasileira e sul-americana como ninguém, então é natural que use isso em algum momento. É amanhã? É depois de amanhã? Não, talvez daqui a cinco, dez anos. Esta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que pode haver outra redução de preços do diesel e da gasolina em julho, como forma de reduzir o impacto da volta do ICMS. O senhor confirma? Pode ter em junho ou julho. A gente conversou com ele, mas isso não é certo. A gente não deixou gordura para queimar com imposto, nada disso não. A gente vai ver o movimento, se pode haver um pouco mais de espaço, se houver redução de preço (do petróleo). Lembre-se de que, apesar da gente se livrar do PPI, que é paridade de importação, a gente não baniu a referência internacional. Chegando lá, se a gente puder, vai reduzir, porque isso nos interessa como vendedor, quando ocorrer a reoneração do ICMS. Como assim? Foi a solução simplista que o governo anterior deu à questão dos preços. Se você quer baixar preço de vestuário para o brasileiro, é só baixar a alíquota do imposto. Se quiser abaixar o preço da comida, é só baixar o imposto. Governar assim, nós mesmos nos juntamos aqui e a gente governa, vai ser super popular, mas no dia seguinte não tem dinheiro para fazer nada. Foi o que Bolsonaro fez. Depois de ter ferrado com os governadores e ter sido derrotado, a bomba relógio ficou. O que o senhor pode dizer então dessa nova política de preços da empresa anunciada nesta semana? Como vai funcionar? O pessoal fica repetindo essa lenga-lenga de que eu vou regionalizar os preços. Não é isso. O objetivo não é regionalizar por regionalizar, porque naturalmente eles já são regionalizados. É por área de influência das refinarias, em um raio de influência em que ela atua de forma mais eficiente do que qualquer outra fonte. Isso é ruim para o Brasil? Não. Isso me obriga a praticar o preço do importado? Não, absolutamente não. Ah, mas (o PPI) era mais previsível... Sim, mas era o pior preço para o brasileiro. Eu sou obrigado a fazer o pior preço para o brasileiro para agradar o cara que quer saber o dia que vai subir o preço? Quem era a favor do fim do PPI gostou, e quem era do mercado e temia o fim do PPI também gostou. Quem não gostou é quem está do outro lado e comprou uma refinaria e vai ter que competir com a Petrobras agora. Qual a vantagem então da nova estratégia de preços? Meu preço vai volatilizar bem menos. Não é melhor do que eu ficar dizendo que amanhã vai ter aumento, depois de 24h cair de novo, depois subir de novo e cair de novo? No ano Pedro Parente 1 (ex-presidente da Petrobras, que implantou o PPI) houve 118 ajustes de preços. Isso é previsibilidade? Isso é uma fórmula boa? Não é. Durante dois anos (2017/2018) foram mais de 250 ajustes e o preço ficou 10% acima do PPI. Nem o PPI os caras conseguiram cumprir com esse monte de ajustes, quase em tempo real. Isso era útil? Não era útil. Depois viram que estavam errados, mas não revogaram o PPI. Mas também tampouco o praticaram. Ficou um jogo de me engana que eu gosto: nem aplicavam o PPI, nem revogavam o PPI. O que a gente fez? Simplesmente tirou o bode da sala, se é por falta de tirar o PPI, nós tiramos. E a nova estratégia da empresa, como funciona na prática, como vai ser formado o preço? Vai ser o melhor preço para eu não perder e o cliente não ir embora. O meu preço mínimo é o preço que eu vou embora da negociação. (...) Até para comprar numa feira é assim. O preço que você está disposto a pagar é o preço que o cara está disposto a vender, entre uma coisa e outra, tem um intervalo, e essa é a negociação que a gente recuperou o poder de fazer. Antes, não podia mais, porque tinha que acertar o preço sempre no máximo, que é o PPI, e o PPI o que é? É o meu concorrente. Mas muita gente disse que não gostou da mudança, que ficou menos transparente... Quem era a favor do fim do PPI gostou, e quem era do mercado e temia o fim do PPI também gostou. Quem não gostou é quem está do outro lado e comprou uma refinaria e vai ter que competir com a Petrobras agora. Não vai ter mais a proteção do PPI. E, eventualmente, algum outro importador que vai dizer: elsquo;Poxa, eu tinha um preço garantido e agora não tenho maisersquo;. Não existe falta de transparência, porque o sistema é visível.

Como posso te ajudar?