Ano:
Mês:
article

Alíquota integral de tributos sobre combustíveis volta a valer em julho, diz secretário

O governo Lula (PT) prevê retomar a cobrança integral de tributos federais sobre gasolina e etanol a partir do fim de junho, disse nesta terça-feira (30) o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Uma MP (medida provisória) editada no fim de fevereiro prorrogou por quatro meses a desoneração parcial sobre esses combustíveis, prazo que se encerra em 30 de junho. "Findo o prazo da transição, passa a vigorar a alíquota integral de reoneração", disse o secretário em entrevista coletiva. Segundo ele, a conjuntura atual, com redução nos preços do petróleo no mercado internacional e um "câmbio menos tensionado", permite que o governo suba mais um degrau na cobrança dos tributos sobre os combustíveis. "As medidas estão postas", afirmou Ceron. Mesmo que haja algum impacto sobre os preços, ele avalia que o alívio nos demais fatores pode balancear o efeito da retomada dos tributos. Se concretizada, a cobrança pode gerar um reforço de caixa de R$ 22,3 bilhões. Em um de seus primeiros atos após a posse, o governo Lula renovou a desoneração dos combustíveis implementada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Inicialmente, o benefício valeria por dois meses, no caso de gasolina e etanol, e até o fim do ano, no caso de diesel e gás de cozinha. No fim de fevereiro, a equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) sofreu forte pressão, inclusive do PT, para renovar a desoneração. A solução foi uma espécie de meio-termo, com retomada parcial da cobrança durante um período de quatro meses, que se encerra ao fim de junho. Sob as regras atuais, a tributação de gasolina e etanol será retomada integralmente a partir de 1º de julho. Para compensar a perda de R$ 6,6 bilhões com a reoneração apenas parcial dos combustíveis entre março e junho, Haddad anunciou um imposto sobre exportações de petróleo, que também seria temporário. "Não há nenhuma intenção de alterar ou renovar imposto sobre exportação", disse Ceron. O secretário afirmou ainda que o governo segue discutindo as medidas para compensar a redução de alíquotas de impostos sobre automóveis vendidos por até R$ 120 mil. O Executivo quer incentivar a compra desses carros como forma de impulsionar o consumo em um momento de desaceleração da atividade econômica. Para isso, a intenção é reduzir as cobranças de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e PIS/Cofins sobre as vendas, bem como as de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre financiamentos. Ceron evitou dar detalhes sobre as tratativas, mas ressaltou que Haddad já sinalizou com uma duração de "3 ou 4 meses" do programa. O impacto para as contas públicas vai depender do desenho final, mas ele confirmou que há cenários em que o custo fica entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, e outros em que a fatura pode ser "um pouco maior". Como mostrou a Folha, os cálculos internos do governo indicam um impacto de até R$ 990 milhões, caso o incentivo seja adotado por sete meses emdash;até o fim do ano. Segundo o secretário do Tesouro, o governo tem discutido soluções de compensação integral dos valores, embora a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) dispense a adoção de medidas nesse sentido para impostos regulatórios (como IPI e IOF). "O objetivo é a compensação plena, para que não tenha alteração no resultado fiscal", disse.

article

Conheça o novo combustível que pode mudar o futuro dos carros no Brasil

O futuro é constantemente debatido. Seja por representantes do governo, ou entidades privadas. Porém, uma coisa é certa: a sustentabilidade é um dos pilares mais consistentes que se deve ser no amanhã. Por isso, muito se fala em carro elétrico e novas formas de reduzir o uso de produtos poluentes. Porém, um novo combustível tem sido tema de reuniões políticas, e claro, entre montadoras também. Hidrogênio verde: como este novo combustível pode mudar o futuro dos carros no Brasil Nada de gasolina ou outros derivados de combustíveis fósseis. Porém, o futuro também não será feito exclusivamente de carros elétricos, uma vez que modelos desta categoria ainda enfrentam diversas dificuldades, como o preço elevado, por exemplo. Desta forma, muito tem se falado em um novo produto, um novo combustível que pode mudar o cenário no País, o hidrogênio verde. Em razão de sua dimensão continental e particularidades regionais, o Brasil apresenta um enorme potencial para a produção de hidrogênio verde, gerado a partir de fontes renováveis e com o aproveitamento de biomassa e a instalação de parques de energia eólica e solar, entre outras. A avaliação é dos especialistas que participaram da audiência pública na Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, presidida pelo senador Cid Gomes (PDT-CE), que aconteceu no último dia 17. Instalada em abril, a comissão foi criada para debater, no prazo de dois anos, políticas públicas sobre hidrogênio verde, de modo a fomentar o ganho em escala dessa tecnologia de geração de energia limpa e avaliar políticas públicas que fomentem a tecnologia do combustível, gerado por energia renovável ou por energia de baixo carbono. Mercado interno Ao longo do debate, Cid Gomes apontou a importância estratégica no desenvolvimento do hidrogênio verde e defendeu o aprimoramento de pesquisas no setor. eldquo;A gente tem que pensar objetivamente no mercado interno. O mercado externo será garantidor dos investimentos iniciais. Em sete anos, a União Europeia terá 55% da matriz energética local de origem renovável e, em 2050, terá 100%. Para atingir essas metas, irão importar hidrogênio verde.erdquo; Afirmou. Ele também ressaltou que eldquo;O Brasil tem um mercado potencial, e o desenvolvimento das tecnologias vai contribuir muito mais rápido do que a gente imagina. O hidrogênio, ao longo desses próximos anos, evoluirá. O hidrogênio é componente da água, é o gás que mais facilmente se une a outro. O que tem que fazer para torná-lo puro envolve diversos processos.erdquo; O senador Fernando Dueire (MDB-PE), por sua vez, defendeu o fortalecimento de bases tecnológicas como forma de favorecer a eficiência com diminuição de custos, além da formação de capital humano especializado, planejamento energético e cooperação internacional em favor do hidrogênio verde. Capacidade de produção Chefe geral da Embrapa Agroenergia, o professor Alexandre Alonso Alves destacou que várias iniciativas têm surgido na Região Nordeste para a produção de hidrogênio verde. Ele destacou ainda que todas as regiões brasileiras possuem capacidade instalada de produção de biogás, cujos resíduos podem ser usados como um vetor para a geração do eldquo;combustível do futuroerdquo; e ainda para a produção de fertilizantes. eldquo;Ou seja, produção de fertilizantes a partir do biogás, a partir do resíduo do próprio setor agrícola. O Brasil importa mais de 85% de fertilizante para a produção agrícola. O Brasil tem quantidade fabulosa de biomassa de origem florestal que, eventualmente, pode ser utilizada para produção de combustíveis sintéticos e hidrogênio verdeerdquo;, afirmou. Etanol não deve ser esquecido Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Thiago Lopes ressaltou que o Brasil tem potencial para produzir ampla gama de hidrogênios, mas, particularmente, contribuir com alguns tipos de combustíveis que são especiais, sobretudo em termos de valor. Ele também defendeu a retenção de cérebros no Brasil e a formação de capital humano especializado para o desenvolvimento do hidrogênio verde. eldquo;Temos também a peculiaridade de poder contribuir com emissões negativas de carbono a partir do etanol. O etanol tem condições de descarbonizar, reduzir as emissões na ponta, aliado a emissões negativas na produção. O Brasil tem potencial para desempenhar um papel geopolítico mundial significativo, pagando uma dívida histórica que temos, com as emissões de gás de efeito estufa.erdquo; O professor Paulo Emílio de Miranda, do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe/UFRJ, destacou que existe compatibilidade total entre o veículo a hidrogênio e a motorização elétrica, o que reforça a importância futura do combustível. eldquo;O hidrogênio já é produzido, armazenado, transportado e utilizado em larga escala. São mais de 100 milhões de toneladas por ano, e o Brasil contribui com cerca de 1% disso atualmente. Esse hidrogênio produzido hoje é utilizado majoritariamente no mesmo local.erdquo; No entanto, ele explica que em 2050, o mundo deverá produzir cerca de 540 milhões de toneladas de hidrogênio, e 75% desse volume será mercantil, produzido num lugar e consumido em outra localidade. Dessa forma, hidrogênio vai permitir o acoplamento de setores energéticos que hoje são estanques; tanto vai poder ser utilizado onde hoje são utilizados combustíveis convencionais como no setor que hoje usa eletricidade. Então haverá interconexão entre setores que vai incentivar o desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogênio no Brasil e no mundo. Combustíveis sintéticos Coordenador-geral de Tecnologias Setoriais da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) e representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o engenheiro agrônomo Rafael Silva destacou o lançamento pelo governo, em 2007, do plano de ação em favor do hidrogênio verde, assim como de chamadas públicas mais recentes para o desenvolvimento desse combustível e de combustíveis sintéticos. Já pró-reitor da Universidade Federal do Ceará, engenheiro civil Augusto Teixeira de Albuquerque, detalhou projeto desenvolvido no Porto de Pecém, que abriga um parque tecnológico destinado à produção de hidrogênio verde: eldquo;O tema do hidrogênio verde por vezes é tratado por certo ceticismo, pois tudo que envolve risco tecnológico envolve pioneirismo. Hoje os Estados Unidos e a China dominam quase todo o segmento. Ficou muito claro que a contribuição do hidrogênio verde na transição energética é muito promissora, mas, para ser efetivada essa tecnologia, ainda é necessário [esforço], e a comunidade brasileira está preparada para esse desafio.erdquo; Novo combustível também deve beneficiar outros setores da economia O diretor técnico da Braspell Bioenergia, Afonso Bertucci, defendeu investimentos para a produção de hidrogênio verde. eldquo;Temos que aumentar o plantio florestal de forma que leve renda ao campo para garantir suprimento de energia. Temos que fazer agora a parceria com produtores rurais para produção de hidrogênio, o plantio integrado com atividade agrícola e pecuária. Temos que achar solução economicamente viável para o produtor ganhar dinheiro. [O hidrogênio verde] favorece a mineração, a siderúrgica,erdquo; afirmou. Representante da Petrobras, Alex Sandro Gasparetto afirmou que as iniciativas desenvolvidas no centro de pesquisa da empresa buscam a produção de hidrogênio sustentável. A Petrobras, segundo ele, é hoje a maior produtora e consumidora de hidrogênio classificado como cinza (produzido a partir de gás natural). Os segmentos priorizados no plano de negócios para o período 2023-2027 incluem energia eólica offshore, hidrogênio, captura de carbono e biorefino.

article

Petróleo cai 4% com preocupações sobre teto da dívida dos EUA e negociações da Opep+

Os preços do petróleo caíram mais de 4% nesta terça-feira devido a preocupações com a tramitação no Congresso do acordo sobre o teto da dívida dos Estados Unidos e diante de sinais divergentes dos principais produtores da commodity. O petróleo Brent caiu 3,53 dólares, ou 4,6%, a 73,54 dólares o barril. O petróleo nos EUA (WTI) caiu 3,21 dólares, ou 4,4%, para 69,46 dólares o barril, após não ser negociado na segunda-feira em função de feriado. Alguns congressistas republicanos de extrema direita disseram que podem se opor ao acordo para aumentar o teto da dívida dos EUA, país que é o maior consumidor de petróleo do mundo. O presidente Joe Biden e o líder republicano no Congresso, Kevin McCarthy, no entanto, permaneceram otimistas de que o acordo será aprovado. Biden e McCarthy fecharam no fim de semana um acordo que precisa ser aprovado pelo Congresso antes de 5 de junho. Isso porque o Departamento do Tesouro disse que o país não será capaz de cumprir suas obrigações financeiras a partir de 5 de junho, caso um acordo não seja aprovado. Um potencial calote deve pesar nos mercados financeiros. McCarthy pediu nesta terça-feira aos membros de seu partido que apoiem o acordo. eldquo;O grande elefante na sala é o drama contínuo sobre o teto da dívidaerdquo;, disse Phil Flynn, analista do Price Futures Group. eldquo;Até conseguirmos os votos, o mercado estará no limite.erdquo; O prazo da dívida quase coincide com a reunião de 4 de junho da Opep+ emdash; Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, incluindo a Rússia. Há incerteza no mercado sobre um potencial novo corte na produção, já que a queda nos preços vêm pesando no mercado. (Reuters)

article

Vibra cria vice-presidência de energia renovável e ESG

A Vibra anunciou nesta terça-feira (30/5) a criação de uma vice-presidência de Energia Renovável e ESG. A função será exercida por Clarissa Sadock, que renunciou ao cargo de CEO da AES Brasil. Ela assume em agosto, com mandato de dois anos. O conselho de administração da companhia também elegeu Augusto Ribeiro para o cargo de vice-presidente executivo de Finanças, Compras e RI, com prazo de gestão de 2 dois anos, a partir de 3 de julho de 2023. eldquo;Ao criar essa Vice-Presidência, a Vibra entende que estará reforçando o foco necessário à consolidação dos seus negócios em energias renováveis, acelerando a captura de sinergias e a integração da Companhia com as diversas Joint-Ventures estabelecidas recentemente, visando materializar a estratégia de posicionamento frente aos desafios da transição energética e exigências crescentes dos padrões de ESGerdquo;, disse o comunicado da empresa. Clarissa Sadock é formada em Ciências Econômicas, pós-graduada em Finanças pela COPPEAD/UFR. Trabalhou mais de 18 anos no Grupo AES. A economista entrou para a empresa no fim de 2004, como Diretora de Relações Institucionais, e foi CFO da AES Tietê antes de assumir o comando da AES Brasil em janeiro de 2021. Augusto Ribeiro é formado em Engenharia Mecânica e possui mestrado em Engenharia Mecânica pela UFSC, além de pós-graduação em Finanças Corporativas pela FGV e MBA Executivo na University of Pittsburgh endash; USA. Em 25 anos de atuação, esteve em posições-chave em várias empresas, destacando-se em áreas como Controladoria, Finanças, Administração e Relações com investidores. Vinha atuando como CFO do PicPay desde 2021 e, antes disso, foi também CEO da Iochpe-Maxion e CFO da BRF Foods. A Vibra também anunciou a criação da vice-presidência, não estatutária, de Gente e Tecnologia, com vigência a partir de 1º de julho de 2023. Serão extintas as atuais Vice-Presidência de Gente e Gestão e Vice-Presidência de TI e Digital. Essa área será liderada por Aspen Andersen, atual Vice-Presidente de TI e Digital, que tem 22 anos de experiência e está na empresa desde 2003, tendo ocupado diversas posições gerenciais.

article

Diesel e gasolina recuam nas bombas após cortes da Petrobras, diz ValeCard

Os preços de diesel, gasolina e etanol recuaram nos postos do Brasil na quarta semana de maio, após cortes realizados pela Petrobras (PETR4) na venda de seus produtos nas refinarias, apontou levantamento da ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas. O preço médio do litro do diesel S-10, o mais usado no Brasil, recuou 3,67% nos postos entre 22 e 28 de maio versus a semana anterior, para 5,427 reais o litro, segundo o levantamento, feito com base em transações realizadas em mais de 25 mil estabelecimentos em todos os Estados do país. O valor médio da gasolina nos postos, por sua vez, caiu 3,26% na semana passada em comparação com a semana anterior para 5,463 reais o litro. A Petrobras anunciou neste mês uma nova estratégia comercial, que deixou de seguir a paridade de preços de importação e buscará menos volatilidade. A gasolina vendida nas refinarias da Petrobras foi reduzida em 0,40 real o litro, ou 12,6%, e o diesel teve um corte de 0,44 real o litro, ou quase 13%, informou a empresa na ocasião. eldquo;A partir da nova política de preços divulgada pela Petrobras, seguimos com queda no diesel devido ao repasse do varejo dos preços praticados pelas refinariaserdquo;, disse Brendon Rodrigues, Head de inovação e portfólio na ValeCard. No caso da gasolina, foi a terceira semana consecutiva de queda, também sob influência de um recuo do preço do etanol anidro nas usinas produtoras, segundo Rodrigues. O especialista alertou ainda que, nas próximas semanas, os consumidores poderão lidar com uma variação nos preços, pois a partir de 1º de junho haverá um aumento no valor do ICMS sobre a gasolina e o etanol. A ValeCard citou que, segundo o indicador CEPEA/ESALQ, o preço do etanol anidro, que compõe 27% da gasolina comum vendida no Brasil, nas usinas produtoras de São Paulo caiu 13,58% desde o dia 1º de maio. Já o preço médio do etanol hidratado, concorrente direto da gasolina nas bombas, sofreu um recuo de 3,49% na quarta semana de maio, ante a semana anterior, a 3,894 reais o litro. eldquo;Essa foi a terceira semana seguida de queda nos preços do etanol hidratado, o que se explica pelo repasse gradual da redução desse combustível nas usinas produtoraserdquo;, disse Rodrigues. eldquo;Entre os dias 1º e 19 de maio, as usinas produtoras de São Paulo reduziram em 17,93% o preço do litro de etanol hidratadoerdquo;. Os dados, segundo a ValeCard, são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq e mostram que os preços do etanol hidratado nas usinas de SP mantiveram-se em queda nas três primeiras semanas de maio. Entretanto, na última semana houve um aumento de 2,69%.(Reuters)

article

Mercado de cartões de crédito segue dominado por 'bancões' apesar da competição maior

Apesar do aumento da competição e do número de cartões de crédito nos últimos anos, o mercado continua dominado pelos cinco grandes bancos, concluiu o Banco Central, segundo o boxe Perfil de utilização de cartões de crédito no Brasil, do Relatório de Economia Bancária divulgado há pouco. O documento completo será publicado no dia 6 de junho, às 8h. Segundo o BC, com a entrada de novos players no segmento de cartões pós-pago, e o consequente aumento da competição, uma parcela significativa da população brasileira passou a ter acesso a um ou mais cartões de crédito. Mas, independentemente do número de vínculos, o saldo devedor fica concentrado nos cinco grandes bancos, com mais de 60% em qualquer cenário. Em junho de 2022, a quantidade de cartões de crédito (190,8 milhões) representava quase o dobro da população economicamente ativa no Brasil (107,4 milhões), segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estatísticas do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Com base no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR), o BC identificou que 84,7 milhões de clientes possuíam saldo devedor maior que zero em junho de 2022, um número 30,9% maior ante o mesmo mês de 2019 (64,7 milhões). O crescimento do mercado foi impulsionado principalmente pela atuação das instituições predominantemente digitais, que, no período analisado, aumentaram em 27,6 milhões de indivíduos suas bases de usuários. Esse grupo também apresentou o maior crescimento do saldo devedor dos clientes entre junho de 2019 e de 2022, de 292,3%. Segundo o BC, a expansão do mercado de cartões de crédito se refletiu no aumento de vínculos por usuário no período, embora a fatia que mantém saldo devedor em apenas uma instituição emissora é a maior (54% em 2022, contra 62% em 2019), seguido por dois vínculos (25% em 2022, contra 24% em 2019). Aqueles que têm três ou mais vínculos representam 22% do total, contra 14% antes. Maior endividamento No boxe, o BC busca avaliar se usuários que utilizam um número maior de cartões de crédito com diferentes emissores, ou que tenham cartões com determinado grupo de emissores, possuem maior uso de linhas de crédito onerosas. eldquo;O maior acesso a cartões de crédito, embora positivo do ponto de vista da inclusão financeira, também merece atenção por seu potencial de aumentar o nível de endividamento das famíliaserdquo;, diz o documento, citando que o crédito rotativo é uma das operações com maiores taxas de inadimplência e custo no mercado. Após a análise, o BC considerou que o aumento do saldo devedor médio e do limite utilizado, à medida que cresce o número de vínculos, indica que provavelmente existe uma busca por mais limite para gastos por parte de usuários com cartões em um número maior de instituições. Além disso, há indícios de que o acesso a um maior número de cartões com emissores diferentes tende a aumentar o saldo médio em modalidades sujeitas à cobrança de juros, em que se destaca o crédito rotativo, cujas taxas de juros são elevadas. Com 4 vínculos, o porcentual das modalidades à vista e parcelado por lojista, sem característica de crédito, cai para 68%, de 71% com um vínculo. Com 4 vínculos, é de 66%. Mas o BC destaca que o porcentual do rotativo e do rotativo não migrado (para o parcelado com juros, conforme a regra de transferência após 30 dias), gira entre 17% e 20% independentemente do número de vínculos. As taxas exorbitantes do rotativo estão na mira do governo, que criou um grupo de trabalho junto com os bancos e o BC para pensar em soluções. Como mostrou o Estadão/Broadcast na semana passada, uma das opções na mesa, segundo fontes, é acabar de vez com a modalidade. Emissores Quando a análise é feita por grupo de emissores de cartões, o BC avaliou que o endividamento oneroso no cartão é significativamente maior no segmento de bancos privados pequenos e médios e financeiras, independentemente do número de vínculos do usuário. eldquo;Esse resultado está em linha com o perfil de atuação desse grupo, que tem como prática comum a realização de empréstimo pessoal com cobrança das parcelas na fatura do cartão.erdquo; Em lado oposto, está o segmento dos bancos cooperativos e cooperativas singulares, com percentual de utilização do cartão nas modalidades sujeitas à cobrança de juros bem menor que os demais grupos.

Como posso te ajudar?