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Vendas no varejo ficam estáveis em março, mostra IBGE; alta no primeiro trimestre é de 2,5%

Após dois meses de crescimento robusto, o volume vendido pelo comércio varejista ficou estável (0,0%) na passagem de fevereiro para março, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quarta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). eldquo;O varejo vinha de duas altas fortes, janeiro (2,7%) e fevereiro (1,0%), essa estabilidade vem depois de uma base (de comparação) altaerdquo;, apontou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Com o consumo resiliente, os indicadores econômicos antecedentes já divulgados indicam, por ora, uma elevação de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, calculou a gestora de recursos XP Investimentos. No fechamento deste ano, a projeção é de uma alta de 2,2% na atividade econômica. eldquo;O consumo pessoal continua em tendência sólida de crescimento. A renda real disponível às famílias vem crescendo em meio a um mercado de trabalho aquecido e altas transferências fiscais. Projetamos que a renda real disponível às famílias avançará cerca de 5% este ano. Além disso, as concessões de crédito têm melhorado gradualmenteerdquo;, apontou o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, em comentário. Na passagem de fevereiro para março, a estabilidade nas vendas ocorreu a despeito de o segmento farmacêutico ter sido a única atividade varejista a escapar do vermelho, com alta de 1,4%. As demais sete atividades pesquisadas registraram perdas: equipamentos de informática e comunicação (-8,7%), móveis e eletrodomésticos (-2,4%), livros e papelaria (-1,1%), combustíveis (-0,6%), vestuário e calçados (-0,4%), supermercados (-0,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (-0,1%). No varejo ampliado emdash; que inclui as atividades de material de construção, veículos e atacado alimentício emdash;, as vendas recuaram 0,3% em março ante fevereiro. O volume vendido por veículos caiu 1,4%, e em material de construção recuou 0,4%. Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem divulgação de informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. eldquo;O atacado de alimentícios também contribui um pouco para baixo, é que a gente não consegue explicitar aqui qual é esse valor, mas entra na conta do ampliadoerdquo;, acrescentou Cristiano Santos, do IBGE. No entanto, o pesquisador do IBGE reforça que a trajetória do varejo permanece positiva. O pico de vendas alcançado em fevereiro se deslocou agora para março, tornando-se o novo patamar recorde da série histórica. A pesquisa mostrou variações negativas disseminadas, mas algumas muito próximas da estabilidade, como supermercados, vestuário e outros artigos de uso pessoal e doméstico, frisou. Para ele, houve eldquo;perda de dinamismoerdquo; de fatores que influenciam o poder de consumo das famílias: enquanto as concessões de crédito e o número de trabalhadores ocupados perderam fôlego em março, a massa de salários em circulação na economia cresceu. Houve impacto também no mês da valorização do dólar ante o real, que afetou o desempenho de equipamentos de informática e comunicação. Entretanto, ele pondera que esses elementos conjunturais contribuem para uma manutenção do consumo, e não uma perda. eldquo;Mesmo com o enfraquecimento em março, as vendas seguiram em patamares elevados, sem devolver as fortes altas dos meses anterioreserdquo;, corroborou Isabela Tavares, analista da Tendências Consultoria Integrada, em relatório. Vendas crescem no trimestre As vendas do comércio varejista subiram 2,5% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, maior alta desde o segundo trimestre de 2022. No varejo ampliado, as vendas aumentaram também 2,5% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, desempenho mais acentuado desde o segundo trimestre de 2021. eldquo;Foi um trimestre forteerdquo;, resumiu Cristiano Santos, do IBGE. As vendas de bens não essenciais puxaram o bom resultado do varejo no primeiro trimestre deste ano, com destaque para segmentos que vendem itens de maior valor agregado, como móveis e eletrodomésticos e outros artigos de uso pessoal e doméstico. O setor de vestuário também figurou entre os destaques positivos no período. O volume vendido deve desacelerar no segundo trimestre, com a dissipação dos efeitos do pagamento dos precatórios, incertezas domésticas afetando a confiança dos consumidores e pressionando juros de mercado e, mais recentemente, a contabilização dos prejuízos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, enumerou Isabela Tavares, da Tendências. eldquo;No segundo semestre, as vendas devem voltar a mostrar maior dinamismo, em função da expectativa positiva para os condicionantes da demanda. O mercado de trabalho ainda aquecido e as melhores condições financeiras atuam de forma positiva ao consumo, contribuindo para que segmentos de bens duráveis mostrem melhor desempenho neste anoerdquo;, previu Tavares. Tragédia no RS terá impacto nas vendas A tragédia que assola o Rio Grande do Sul terá impacto econômico na região, mas ainda é preciso aguardar os desdobramentos da situação para conseguir mensurar os reflexos em atividades como o comércio varejista local, apontou Cristiano Santos, do IBGE. Ele explicou que a coleta de informações da pesquisa é feita de forma eletrônica. As próprias empresas enviam eletronicamente os dados sobre o desempenho de suas atividades mês a mês. O IBGE divulgou nesta quarta-feira a Pesquisa Mensal de Comércio com dados de vendas do varejo referentes a março. As informações para a próxima divulgação, referentes a abril, são enviadas pelos informantes ao instituto até o fim de maio. Segundo o pesquisador, o grosso do fluxo de envio costuma se concentrar na última semana do mês. eldquo;Na maioria das pesquisas conjunturais, esse período do mês é um período que não tem fluxo tão grande de coleta. A coleta é eletrônica, as empresas têm até o fim do mês para enviar os dadoserdquo;, contou Santos. eldquo;Esse volume é muito grande sempre na última semana do mês.erdquo; Além disso, muitas sedes de empresas investigadas, que se concentram na região Sudeste do País, costumam enviar as informações pelas suas filiais regionais, podendo responder por suas unidades locais do Rio Grande do Sul quando enviassem seus dados. Santos frisa que ainda é cedo para prever quando as condições climáticas se normalizarão no Rio Grande do Sul, ou quando a operação das empresas locais será plenamente retomada, mas espera um impacto menor de eventuais problemas na coleta nas divulgações da PMC. eldquo;Precisamos aguardar os desdobramentos, a operação das empresas, para entender o quanto isso pode impactar. Claro que, se as empresas não conseguirem até o final de maio enviar as informações necessárias, isso pode impactar o indicador referente a abrilerdquo;, disse ele. Porém, se a situação no estado não melhorar até o fim de maio, resultando num problema de ausência significativa de informações, isso será mensurado por um modelo estatístico e, mesmo que afete a divulgação referente a abril, os dados poderão ser incorporados nas revisões dos meses seguintes. eldquo;Isso é controlado estatisticamente para avaliar o impactoerdquo;, apontou Santos. eldquo;Certamente impacto efetivo, impacto econômico, vai existir. Precisamos justamente desses dados para entender como será esse impacto no comércio. Mas precisamos aguardarerdquo;, ponderou. O estado do Rio Grande do Sul tem um peso de 6,5% na formação da taxa do varejo restrito na PMC. No varejo ampliado, a fatia do estado é de 6,3%. eldquo;O peso obviamente do Rio Grande do Sul é grande, um dos maiores estados do Brasil, e tem pujança do comércioerdquo;, confirmou o pesquisador. eldquo;A metodologia prevê revisão nos dados. Caso haja uma falta de cobertura, uma cobertura a menor para o próximo mês para o Rio Grande do Sul, isso pode depois ser compensado nas revisões seguintes (na PMC).erdquo;

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ANP e Bonsucro fecham parceria para certificação de cana-de-açúcar no Brasil

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) assinou um acordo de cooperação técnica com a Bonsucro, com duração prevista de três anos, para criação de um método conjunto para os produtores de etanol de cana no Brasil que desejarem obter certificação tanto da Bonsucro quanto do RenovaBio. O objetivo da colaboração com a entidade internacional é estabelecer um procedimento unificado que descreva critérios específicos para um esquema de certificação eficiente, informou a ANP. A Bonsucro certifica produtos derivados da cana, como açúcar e etanol. A parceria não visa, contudo, modificar as disposições oficiais do RenovaBio. O acordo publicado no Diário Oficial da União, também pretende facilitar o intercâmbio de experiências e regras entre as duas certificações, para permitir a análise conjunta de dados e processos de supervisão e formação dos organismos certificadores e dos produtores. Os próximos passos incluem a formação de um grupo de especialistas por parte da ANP e da Bonsucro para criar o procedimento unificado de certificação. Posteriormente, os produtores que optarem pelas duas certificações poderão passar por um processo integrado de certificação, com auditorias simplificadas e menos custos, acredita a agência. Harmonização internacional À frente da presidência do G20 neste ano, o Brasil espera avançar nas discussões sobre harmonização de regras e certificações para a bioenergia dentro da Aliança Global pelos Biocombustíveis (GBA, na sigla em inglês). A aliança é uma iniciativa entre Brasil, Índia e Estados Unidos para ampliar o mercado global de biocombustíveis, com a adesão de Cingapura, Bangladesh, Itália, Argentina, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos. O Ministério de Relações Exteriores acredita que o Brasil poderá usar a experiência acumulada em biocombustíveis para conscientizar outros países do G20 sobre a importância da criação de critérios de sustentabilidade para produtos da bioenergia dentro da GBA.

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PL dos Biocombustíveis dá passo rumo à transição energética, mas sai atrasado ao ignorar uso do CO2

O PL dos Biocombustíveis, também chamado de PL do Combustível do Futuro, é um passo relevante rumo à transição energética do país. Porém, se aprovado no Senado como foi na Câmara, deixará uma lacuna importante no emergente segmento de eletrocombustíveis (ou combustíveis sintéticos), crítico para a descarbonização de modais como navegação marítima e aviação, no Brasil e no mundo. Trata-se de um mercado que, em 2030, ultrapassará os US$ 37 bilhões. O texto apreciado na primeira Casa legislativa trata da incorporação de biocombustíveis aos combustíveis tradicionais que, se praticada em seu nível máximo, pode levar a uma redução de 9% nas emissões do setor energético no país, segundo cálculos da Mirow eamp; Co. Aborda, ainda, a captura e estocagem de CO2 sem, entretanto, citar o seu uso, como já vem ocorrendo em dezenas de projetos mundo afora. As tecnologias de captura, estocagem e uso de CO2 são essenciais para a descarbonização, podendo reduzir em 13% as emissões globais relacionadas ao setor energético. Quem captura CO2 pode vendê-lo como matéria-prima ou emitir créditos de carbono, entre outras aplicações. Destaca-se a destinação desse gás, em especial o biogênico, para a produção de combustíveis de baixa emissão, representando um mercado altamente competitivo do qual o PL dos Biocombustíveis passa longe. E-metanol, e-gasolina, e-diesel e e-SAF, integrantes dessa categoria em demanda acelerada na Europa, são produzidos a partir de uma molécula de hidrogênio verde e outra de carbono biogênico, retirado da biomassa. Não há muitos países que obtêm o CO2 biogênico em volume escalável e a baixo custo, como o Brasil consegue, a partir da biomassa da cana e da celulose, por exemplo, produtos de que é referência global. Em vez de capturar o gás e vendê-lo para que empresas do exterior o transformem em e-combustíveis, poderia a cadeia brasileira vender o produto já acabado, com mais valor. Competitividade dos e-combustíveis Países em distintos continentes estão desenvolvendo e-combustíveis, especialmente competitivos quando aplicados no transporte pesado e de longas distâncias, como o marítimo e a aviação. Chile e Uruguai saíram na frente, na América Latina. O mercado importador, sobretudo o europeu, prefere o e-combustível ao biocombustível por não estar diretamente relacionado a terras agricultáveis e não inflacionar o preço dos alimentos. Essa condição faz do CO2 biogênico insumo estratégico para o futuro, e a indiferença da legislação em discussão pode levar o país a perder sua vantagem competitiva. Além dessa abstração, o PL dos Biocombustíveis traz desafios para sua implementação, como a baixa capacidade produtiva para biometano, SAF e diesel verde, e de infraestrutura para rastreabilidade e transporte dos biocombustíveis até os locais de mistura aos combustíveis fósseis. Para suportar a adição de biometano ao gás natural prevista no PL para 2026, o país precisará triplicar a produção diária atual, a partir de novas instalações. Gasodutos, estações de compressão e distribuição e novas concessões de rodovias terão de entrar no radar de investimentos privados para superar os desafios logísticos e operacionais dos biocombustíveis, cuja oferta é pulverizada em todo o território nacional, até chegarem aos locais de mistura. Se não houver players para essa função, corre-se o risco dos programas criados pelo PL não saírem do papel ou do preço final se tornar proibitivo ao consumidor, ameaças que podem ser diluídas por medidas como um redesenho do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para contemplar essas demandas, por exemplo. É preciso reforçar o avanço que o PL dos Biocombustíveis representa em nossa corrida para a transição energética e sua pertinência para o país, que tem uma estrutura de recursos para a biomassa única, em relação a outros competidores globais. Os desafios para sua implementação podem se tornar oportunidades. O que vai determinar essa virada são os lapsos que o texto final do projeto poderá dirimir, sob avaliação precisa e cuidadosa dos legisladores. (Este artigo expressa exclusivamente a posição dos autores e não necessariamente da instituição para a qual trabalham ou estão vinculados).

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Petróleo fecha em alta, de olho na demanda e em tensões geopolíticas

O petróleo fechou em alta nesta quarta-feira (8), após dado de estoques nos Estados Unidos renovar expectativa por demanda da commodity. Investidores ainda monitoram tensões geopolíticas no Oriente Médio. Contudo, analistas alertam que os preços podem voltar a cair. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para junho fechou em alta de 0,78% (US$ 0,61), a US$ 78,99 por barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para julho subiu 0,51% (US$ 0,42), a US$ 83,58 por barril. O petróleo começou o pregão com fortes perdas, ante temores sobre os estoques de petróleo bruto dos EUA, após pesquisa do American Petroleum Institute (API) mostrar aumento de 509 mil barris na semana passada, segundo a Reuters. No entanto, o relatório oficial do Departamento de Energia americano apontou queda de 1,362 milhão de barris no período, o que tende a sinalizar demanda pelo óleo e deu fôlego para os contratos, que inverteram sinal e firmaram ganhos. Tensões geopolíticas também continuam sendo monitoradas pelo mercado de energia. Hoje, explosões foram ouvidas na passagem de Rafah, na Faixa de Gaza, controlada por Israel. Autoridades israelenses afirmam que as negociações para um cessar-fogo continuam em andamento, mas que não veem progresso. Ainda, a Rússia atacou o setor energético e o complexo militar-industrial da Ucrânia, como retaliação a ofensivas ucranianas. Na visão do Navellier, os riscos geopolíticos passar para o segundo plano entre os catalisadores do petróleo. A Capital Economics avalia que a diminuição das preocupações sobre efeitos dos conflitos na oferta do petróleo e um aumento gradual na produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) devem pressionar os preços da commodity ao longo do ano. Cálculos da Bloomberg, utilizando informações de fontes anônimas, mostram que a Rússia cortou sua produção menos do que o prometido em abril, excedendo em 319 mil barris o limite dos cortes voluntários combinados em março com a Opep+. (E-Investidor)

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Petrobras retoma ofensiva para tentar liberar poço no Amapá ainda em 2024

A Petrobras quer retomar conversas com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) para tentar autorização para um simulado de perfuração do primeiro poço no litoral do Amapá em outubro, quando a sonda contratada para essa atividade estará disponível. A licença para a perfuração foi negada pelo Ibama há quase um ano, dando início a um embate público entre as áreas energética e ambiental do governo, que gostaria de uma avaliação mais ampla de eventuais impactos da atividade petrolífera na região, considerada ambientalmente sensível. A estatal chegou a posicionar a sonda de perfuração na área do bloco no fim do governo Jair Bolsonaro (PL), mas a mudança de governo e de orientação da área ambiental travou o processo de licenciamento. O equipamento foi, então, transferido para outras operações. A unidade perfurou dois poços no litoral do Rio Grande do Norte, também na chamada margem equatorial, hoje a principal aposta para renovar as reservas de petróleo do país e fez a primeira descoberta em águas ultraprofundas da região. Depois, foi enviada para a região Sudeste. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta terça-feira (7), que a sonda estará livre em agosto, o que levará a empresa a iniciar nova ofensiva para tentar obter a licença. "Não ficamos em cima [do Ibama] porque vinha trabalhando com a sonda." No seu parecer, o órgão ambiental citou preocupação quanto ao socorro à fauna em caso de acidente e a ausência do estudo chamado AAAS (Avaliação Ambiental de Área Sedimentar) como algumas das razões para a negativa à estatal. A Petrobras entende que já cumpriu todas as exigências feitas pelo Ibama, mas precisa do aval do órgão para iniciar o simulado, última etapa antes da perfuração oficial do poço, localizado no bloco 59 da bacia da Foz do Amazonas. "Entendo a dificuldade do Ibama, mas é uma decisão de Estado. O Estado brasileiro é quem vai definir, primeiro, se quer achar o petróleo na região", afirmou, dizendo que a Petrobras vai "trabalhar em todas as frentes" para tentar aprovar o projeto. A estatal defende que a descoberta de novas fronteiras exploratórias é fundamental para evitar que o Brasil volte a importar petróleo na próxima década e que tem condições de realizar as operações com segurança. A Petrobras tem apoio do MME (Ministério de Minas e Energia), de lideranças políticas do Amapá e de todo o setor de petróleo, mas enfrenta resistências do MMA (Ministério do Meio Ambiente) e de organizações ambientalistas. O Ibama já havia negado à Petrobras outras duas licenças para perfuração de poços na margem equatorial, ambas no litoral do Maranhão. Prates afirmou que a discussão sobre a exploração de petróleo na Amazônia é "o grande embate da transição energética no mundo". "Um país autossuficiente [na produção de petróleo], que quer manter sua reposição de reserva para não ter que voltar a importar, que busca uma fronteira distante da costa, distante do ativo ambiental potencialmente ameaçado", disse. O repórter viajou a convite da Petrobras.

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Petrobras deve levar primeiros projetos de renováveis ao conselho em breve, diz Prates

A direção da Petrobras deve levar nas próximas semanas ao conselho de administração suas primeiras propostas de investimento em energias renováveis, afirmou nesta terça-feira (7) o presidente da companhia, Jean Paul Prates. Segundo ele, as negociações com possíveis parceiros já estão avançadas, com conversas sobre compra de participação ou de projetos isolados. Os nomes dos parceiros, porém, não foram revelados. O retorno da estatal às energias renováveis é um dos focos da gestão atual. Num primeiro momento, a ideia é entrar em projetos de energia solar ou eólica em terra. A energia eólica no mar ainda depende de regulamentação no país. A empresa separou em seu planejamento estratégico US$ 11,5 bilhões para investimentos de baixo carbono, que incluem redução das emissões em suas operações atuais e a retomada das atividades em renováveis. A saída de projetos de energia limpa foi decidida durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que queria uma Petrobras mais enxuta e com foco na produção de petróleo do pré-sal. Prates afirmou que outras iniciativas da empresa nesse sentido dependem de avanço na legislação. O Congresso está discutindo leis que afetam os mercados de biocombustíveis e da geração de energia no mar. A estatal tem um projeto-piloto de eólica no mar, que será instalado no Rio Grande do Norte, mas ainda em pequena escala. A partir da aquisição dos primeiros projetos de geração solar ou eólica, a Petrobras pretende integrá-los com iniciativas de produção de hidrogênio, produto do qual a Petrobras é grande consumidora. O presidente da Petrobras afirmou ainda que a estatal quer se tornar uma grande desenvolvedora de tecnologia para geração de energia renovável, repetindo o caminho feito na exploração de petróleo em águas profundas. Esta semana, a empresa foi premiada na OTC (Offshore Technology Conference), feira do setor que acontece anualmente em Houston, pelo projeto de revitalização de campos antigos na bacia de Campos, cujo desenvolvimento levou o país à liderança da exploração de petróleo em águas profundas. Prates chegou a sugerir a incorporação, pela Petrobras, do Cepel (Centro de Pesquisas da Eletrobras), que fica perto de seu próprio centro de pesquisa, o Cenpes, no Rio de Janeiro. O Cepel foi retirado da estrutura da Eletrobras após a aprovação da companhia elétrica e sofre com falta de verbas e constantes mudanças no comando. Não há, no entanto, nenhuma negociação em curso para a incorporação à Petrobras.

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