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Abicom defende monofasia da nafta e investimentos em infraestrutura de combustíveis

O Congresso precisa avançar no debate sobre a tributação da nafta, insumo usado na produção de gasolina, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Abicom emdash; entidade que representa importadores de combustíveis emdash;, em entrevista ao estúdio eixos durante o Fórum Nacional Energético, nesta quarta-feira (17/9). Assista na íntegra acima. Segundo Araújo, a cobrança inadequada desse produto cria distorções de mercado e afeta a concorrência. eldquo;A nafta, eu diria que é um produto concorrente da gasolina (ehellip;) e se ele tem uma tributação inadequada ou um uso inadequado, ele acaba impactando nas operações de comercializaçãoerdquo;, disse. Ele defendeu que a legislação avance na implementação da monofasia e em mecanismos de controle mais rigorosos sobre as importações. eldquo;Fico torcendo para que de fato entre aí a monofasia e que tenha um controle mais efetivo dos ingressos aí das importações de naftaerdquo;, afirmou. Araújo alertou que a combinação de impostos elevados e margens estreitas no setor de combustíveis estimula fraudes, sonegação e adulteração de produtos. Ao citar a operação Carbono Oculto, que identificou irregularidades com metanol e nafta, ele defendeu que ANP, Polícia Federal e secretarias de Fazenda intensifiquem a fiscalização para garantir concorrência justa. Investimentos em infraestrutura Apesar das dificuldades, Araújo avalia que o cenário atual também abre espaço para aportes. Ele citou custos elevados com filas de navios e demurrages (taxas por sobre-estadia) nos portos, que podem chegar a US$ 45 mil por dia. eldquo;São custos elevadíssimos que, no final do dia, eles são repassados na cadeia e o consumidor, no final, pagaerdquo;, afirmou. Confira os destaques da conversa com o presidente da Abicom: Tributação da nafta como fator de distorção no mercado de combustíveis; Defesa da monofasia e de controles mais rígidos sobre importações; Relação entre carga tributária elevada, margens estreitas e incentivo a fraudes; Relevância das operações da PF e ANP contra adulterações e sonegação; Gargalos logísticos e custos com longas filas de espera em portos brasileiros; Perspectivas de novos investimentos para ampliação da infraestrutura de combustíveis.

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FPA trabalha pela aprovação de medidas de combate à fraude em combustíveis

A bancada do agro realizou reunião nesta terça-feira (16), na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sobre a pauta em discussão no Congresso Nacional de combate à fraude e adulteração de combustíveis no Brasil, em razão da Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal. Foram identificados crimes de lavagem de dinheiro, fraude e sonegação fiscal no setor de combustíveis, com envolvimento de fintechs, postos, distribuidoras, propriedades rurais e usinas. Participou da reunião o diretor da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Pietro Mendes. O vice-presidente da FPA na Câmara, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), disse que o objetivo é fortalecer a fiscalização do mercado de combustíveis, com apoio da Frente Parlamentar do Etanol e da Frente Parlamentar do Biodiesel, presididas pelos deputados Zé Vitor (PL-MG) e Alceu Moreira (MDB-RS), respectivamente. eldquo;É um comum acordo que vem desencadeando uma série de atividades para combater a fraude e a adulteração de combustíveis. Isso, desde a aprovação do Combustível do Futuro, tem sido feito de forma relevante. Na mesma esteira, temos o trabalho da ANP, que restabeleceu o monitoramento de combustíveis e tem nos ajudado sobremaneira na fiscalizaçãoerdquo;, disse. Jardim enfatizou que o Congresso precisa atuar para reforçar a estrutura da ANP e, consequentemente, ampliar a fiscalização em todo o país. eldquo;Temos um pacote de medidas essenciais que vão na linha do que foi descoberto na operação Carbono Oculto e já enviamos a relação de projetos para que a urgência seja votada. Estamos confiantes de que os textos irão tramitarerdquo;, afirmou. Pietro Mendes destacou que a agência colaborou com as investigações e subsidiou eldquo;boa parteerdquo; da operação realizada pela polícia. Segundo ele, a ANP teve participação ativa na identificação dos esquemas envolvendo metanol que entravam pelo Porto de Paranaguá. eldquo;É uma operação que exige articulação com diversas entidades e nós temos como colaborar com o apoio, por exemplo, da FPA. Apesar disso, estamos preocupados com o orçamento do ano que vem e precisamos aumentar esses valores. Recebemos R$ 35 milhões este ano com o trabalho realizado pela bancada do agro, que impediu esse contingenciamento, mas o reforço em 2026 precisa acontecer para mantermos a fiscalização.erdquo; Tramitam no Congresso Nacional diversos projetos que fortalecem a capacidade de fiscalização da ANP e combatem práticas ilícitas no setor. Entre eles estão o PLP 125/2022, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que trata dos direitos e deveres dos contribuintes e pode coibir a atuação de devedores contumazes; o PLP 109/2025, do deputado Alceu Moreira, que autoriza o acesso da ANP a dados da Receita Federal, como número da nota fiscal, quantidade, preço, produto, transportador, emitente e destinatário, para ampliar a assertividade da fiscalização; e o PL 399/2025, relatado pelo deputado Arnaldo Jardim, que prevê penalidades mais severas para a comercialização de combustíveis e biocombustíveis fora das especificações e para o descumprimento das metas do Renovabio. Também se destacam o PL 1482/2019, do deputado Juninho do Pneu (União-RJ), que tipifica os crimes de furto e roubo de combustíveis, já aprovado na Câmara dos Deputados, e o PLP 108/2025, sob relatoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM), que trata da tributação monofásica da nafta para evitar a evasão fiscal. MP 1303/2025 Os parlamentares também debateram pontos centrais da Medida Provisória (MP) 1303/2025, sobre a tributação de aplicações financeiras e redefine alíquotas do Imposto de Renda para diferentes tipos de investidores emdash; pessoas físicas, jurídicas e estrangeiros. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), reforçou que a bancada é contrária a qualquer tipo de tributação, mas avaliou que a votação em plenário será determinante para definir os pontos em debate. A MP perde a validade no dia 10 de outubro de 2025. eldquo;Estamos cientes do nosso papel, mas certos de fazer uma contenção de danos, caso seja necessário. Seremos contra as taxações e seguiremos trabalhando nisso. Agora, precisamos ter a certeza de quando a MP será votada para colocar a estratégia em prática. Apresentamos diversos pontos ao Ministério da Fazenda para que não se perca a atratividade das Letras de Créditoerdquo;, disse. Jardim reafirmou o posicionamento da FPA contrário às taxações e ressaltou que o governo se mostra aberto ao diálogo. A medida deve ser analisada na próxima semana no plenário da Câmara dos Deputados.

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O que o 'boom' do etanol de milho representa para o biocombustível da cana?

O crescimento da produção de etanol no Brasil está cada vez mais atrelado ao milho, contrariando uma lógica que perdurou por anos no país. 2025 marca 100 anos do início da produção comercial do etanol de cana e 50 anos do Proálcool, programa do governo que incentivou de forma intensa a produção para reduzir a dependência do petróleo. Atualmente, o mercado crescente do etanol de milho representa 25% da produção anual do etanol brasileiro. Nos próximos 10 anos, algumas estimativas mais otimistas apontam que esse número pode ser de 50%. Para a StoneX, esse número deve ser de 40% em 2035. Em entrevista recente, o CEO da FS, maior produtora do biocombustível a partir do milho, disse que o custo para o milho é até 40% mais barato quando comparado com a cana-de-açúcar. Segundo ele, isso se dá pela flexibilidade da matéria-prima. Recentemente, a Petrobras (PETR4) manifestou interesse em retornar para o mercado de etanol, mas descartou oficialmente o interesse de se tornar uma parceira da Raízen (RAIZ4), que produz exclusivamente etanol de cana, enquanto a holding Cosan (CSAN3) busca um parceiro estratégico para capitalizar a subsidiária, que segue com seus esforços em direção a desalavancagem. Isso, por si só, já indica uma preferência pelo biocombustível feito a partir do milho por parte da estatal. Durante evento do Bradesco BBI, em setembro do ano passado, o até então CEO da Raízen, Ricardo Mussa, disse que eldquo;se pudesse voltar há uns 5 anos, teria comprado o pessoal do etanol de milhoerdquo;. O consultor da Datagro e considerado um dos principais especialistas do Brasil no mercado de açúcar e etanol, Plinio Nastari, reforça que não há no momento nenhum projeto para uma nova usina de etanol de cana no país. A cana vai virar só açúcar? Ricardo Mussa, em entrevista ao Money Times em abril, ressaltou que o negócio do etanol de milho é complementar ao da cana. Para ele, é um mérito o Brasil expandir a produção de biocombustíveis a partir do milho, já que o país tem conseguido baratear o grão com o avanço da tecnologia, garantindo maior oferta de fontes renováveis. Num bate-papo recente, Mussa destacou o avanço expressivo da produtividade do milho nos últimos 20 anos, algo que não foi acompanhado pela cana-de-açúcar, e que ainda conta com espaço para crescer em produtividade. eldquo;Eu acho que o dinheiro é tão caro no Brasil que é difícil você fazer Pesquisa e Desenvolvimento (Peamp;D). Lá na Raízen, havia muitos projetos de etanol de segunda geração (E2G) e biometano, mas é difícil, por esse alto custo de capital, fazer apostas de longo prazo, o greenfield que a gente chama. Acho que a China fez isso como ninguém nos últimos 30 anoserdquo;. Segundo Marcelo Di Bonifácio, analista de açúcar e etanol na StoneX, em entrevista ao Money Times, a indústria e até mesmo a Petrobras, divergem do tamanho desse mercado no futuro, principalmente porque a estatal se distanciou bastante de investimentos no biocombustível. eldquo;Em 10 anos, a produção de etanol de milho vai dobrar, saindo de 10 para 20 bilhões de litros. A reação imediata é que os preços vão cair, com muita oferta e players no mercado. A demanda tende a crescer muito no longo prazo, estimulada por reforma tributária monofásica do ICMS, novos investimentos em infraestrutura logísticas e de abastecimento e maior expectativa de consumo de etanolerdquo;. Na visão do analista, é muito provável que haja uma tendência de um mix mais açucareiro por parte das usinas nos próximos anos, principalmente por conta dos investimentos já realizados pelas empresas em logística, seja para terminais locais e portuários. eldquo;A cana vai tender para um mix mais açucareiro, algo normal no final das contas, e pensando num consumo que deve crescer nos próximos anos. A expectativa é de abertura de novos mercados. A África é um grande potencial para consumo de açúcarerdquo;. Os efeitos para o mercado de carnes O avanço do etanol de milho também tem impactos positivos diretos na cadeia de alimentação animal, já que a produção do combustível gera coprodutos de alto valor agregado, entre eles o DDG (Grãos Secos de Destilaria) e o DDGS (Grãos Secos de Destilaria com Solúveis), que contam com ainda mais proteína. Durante evento do BTG Pactual em maio, o executive chairman e fundador da 3tentos (TTEN3), Luiz Dumoncel, traçou paralelos entre o rebanho do Brasil e EUA, ressaltando que temos muita ineficiência, mas que isso também se traduz em oportunidades. eldquo;O Brasil conta com 220 milhões de cabeças de gado, temos o maior rebanho comercial do mundo, e produzimos a mesma quantidade de carne por ano que os EUA, que conta com 94 milhões de cabeças. E aí entra o farelo de soja e principalmente o DDG (grãos secos de destilaria), onde nós vamos realizar esse avanço para crescer em produçãoerdquo;, disse. No novo ciclo de investimentos da 3tentos, anunciado em janeiro de 2024, está previsto a implementação de uma planta de etanol e DDG em Porto Alegre do Norte (MT) Segundo a consultoria Datagro, o subproduto pode cobrir até 40% dos custos que as usinas têm com a compra de milho. De acordo com Raphael Bulascoschi, analista de milho na StoneX, um dos maiores mercados de consumo do DDG é a China, qque, historicamente, sempre importou o produto dos EUA. eldquo;Porém, em novembro de 2024 vimos uma sinalização, confirmada em maio deste ano, de uma autorização do governo chinês para a importação de DDG vindo do Brasil. A expectativa que o primeiro carregamento de DDG com destino à China aconteça nos próximos meseserdquo;. O excesso de DDG e o grande espaço para exportação A partir do crescimento do etanol de milho, e por consequência, de seus subprodutos, a expectativa é de um excesso de DDG no mercado doméstico brasileiro, o que pode ser até um fator de pressão de preços. eldquo;O DDG compete com farelo de soja e a expectativa é de termos também um excesso do farelo por conta da lei do Combustível do Futuro. Com isso, é muito importante que o governo brasileiro busque novos mercados para exportação dos produtos. A abertura da China foi um movimento muito importante para o setorerdquo;, explica Bulascoschi. Nos EUA, conforme o setor de milho foi se consolidando, o DDG deixou de ter uma forte correlação com o farelo de soja e passou a ter uma correlação maior com o preço do milho. eldquo;Podemos ver o mesmo movimento aquierdquo;. O analista da StoneX ressalta que o DDG tem uma aplicação limitada na dieta de diversos animais, com maior aplicação para bovinos. eldquo;Os bovinos podem ter até 30% da sua alimentação baseada em DDG, um volume altíssimo. Frangos e suínos chegam até 15%, com 10% para galinhas poedeiras. Com isso, o mercado de ração animal vai continuar bastante concentrado em grãos, no milho, principalmente. Esse avanço do DDG não significa uma mudança significativa na dinâmica do mercado de carneserdquo;.

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CCJ do Senado aprova relatório que regulamenta reforma tributária

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou, nesta quarta-feira (17), o texto do relatório complementar sobre a regulamentação da reforma tributária, que tem como relator o senador Eduardo Braga (MDB-AM). O projeto de lei complementar 108/2024 detalha como o Poder Público vai cobrar e decidir sobre controvérsias do futuro Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), tributo que unificará os atuais ICMS (estadual) e ISS (municipal). O texto estabelece também procedimentos para criação e funcionamento do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (CGIBS) e novas diretrizes para o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Com a aprovação pela CCJ, o texto atualizado segue agora para apreciação em caráter de urgência em plenário, onde precisará de 41 votos dos 81 senadores endash; número que corresponde à maioria absoluta da Casa. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Braga destaca, entre os pontos previstos no relatório aprovado, a fixação gradual das alíquotas para bebidas açucaradas. eldquo;Além disso, o texto inclui taxistas, mototaxistas e frentistas na categoria de microempreendedores individuais, visando simplificar o acesso a benefícios e obrigações fiscaiserdquo;, acrescentou o relator, que acolheu 96 das 149 emendas apresentadas à matéria. Segundo o senador, a versão final do relatório contou com contribuições das secretarias de finanças estaduais e municipais. As contribuições dos setores produtivos já haviam sido contemplados na regulamentação anterior. "Nós estamos fazendo uma reforma para o benefício da economia brasileira na competitividade, na segurança jurídica, na transparência em uma série de questõeserdquo;, disse.

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Petróleo recua após três altas seguidas em meio a decisão do Fed e sanções à Rússia

O petróleo fechou em queda nesta quarta-feira, 17, devolvendo parte dos ganhos após três sessões consecutivas de alta. Investidores de energia acompanharam a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e a queda acentuada nos estoques dos Estados Unidos, além de iminentes sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia. O petróleo WTI para outubro, negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex), registrou baixa de 0,73% (US$ 0,47), a US$ 64,05 o barril, enquanto o Brent para novembro, negociado na Intercontinental Exchange de Londres (ICE), cedeu 0,76% (US$ 0,52), a US$ 67,95 o barril. O dólar reagiu com volatilidade ante os principais pares no exterior na sequência da decisão do Fed, após subir mais cedo pressionando o petróleo e outras commodities durante a maior parte da sessão. Os preços do óleo chegaram a rondar a estabilidade, em reação à queda inesperada de 9,285 milhões de barris nos estoques dos EUA na semana passada. Analistas observam que os riscos de oferta relacionados ao possível aumento de sanções do Ocidente contra a Rússia falharam em manter impulso sustentado para os preços do petróleo. Na terça à tarde, a presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE, Ursula von der Leyen, anunciou que apresentará o 19º pacote de sanções em breve, visando criptomoedas, bancos e energia russa, mas sem detalhar um prazo. O Rabobank observa que acelerar a independência da Europa da energia oferecida pela Rússia terá um impacto mais significativo sobre os preços do gás natural do que sobre os preços do petróleo, tendo em vista a eldquo;disponibilidade limitada de fontes alternativaserdquo;. Em relatório, o Bank of America (BofA) avalia que o mercado global de petróleo terá um superávit de oferta em 2025, conforme o crescimento da produção supere o ritmo da demanda. O banco americano projeta que os preços do Brent devem ficar em uma média de US$ 67 o barril neste ano, enquanto os do WTI devem atingir US$ 64 o barril, antes de subirem para US$ 70 o barril e US$ 66 o barril em 2026, respectivamente. *Com informações da Dow Jones Newswires (Estadão Conteúdo)

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Petrobras pode voltar à distribuição de gás de cozinha

Em agosto, o conselho de administração da Petrobras aprovou o retorno da estatal ao mercado de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha ou botijão. Como parte de seu plano estratégico, a estatal planeja integrar essa operação com outros negócios no Brasil e no exterior, além de oferecer soluções de baixo carbono aos clientes. Atualmente, a Petrobras produz o GLP, mas a revenda é feita por distribuidoras privadas. A empresa deixou esse mercado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), quando vendeu a operação da Liquigás. Ainda não está definido se a Petrobras voltará com venda direta ao consumidor emdash; incluindo entrega de botijões emdash; ou se atuará apenas como distribuidora, competindo com empresas privadas que hoje compram o gás da estatal para revenda. O g1 preparou seis perguntas e respostas para entender os planos da empresa e os possíveis impactos no preço do gás de cozinha. 1. Por que a Petrobras quer voltar ao mercado de distribuição de gás? Segundo comunicado oficial, a Petrobras busca eldquo;atuar em negócios rentáveis e em parcerias nas atividades de distribuição, respeitando as disposições contratuais vigenteserdquo;. A empresa destacou que a inclusão dessa medida em seu Plano Estratégico ainda está em fase inicial, tratada como algo eldquo;embrionárioerdquo; e em estudo. Coincidência ou não, a decisão surge em um momento em que o governo federal emdash; acionista controlador da estatal emdash; tem demonstrado insatisfação com o valor do botijão no país. Em maio, durante a inauguração de uma obra da transposição do Rio São Francisco, na Paraíba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas aos preços do gás. Para o estrategista Max Bohm, da Nomos Investimentos, a decisão causa preocupação no mercado por ser interpretada como eldquo;um passo político, mais do que econômicoerdquo;. eldquo;A primeira reação é negativa, porque a Petrobras deveria focar em negócios de maior rentabilidade, como o pré-sal. Essa retomada gera receio de que decisões estratégicas da empresa passem a ter peso político, algo que já prejudicou a estatal em gestões anterioreserdquo;, disse. 2. Como era a atuação da Petrobras na distribuição de gás antes? Até 2020, a Petrobras participava da distribuição de gás de cozinha por meio da Liquigás e de combustíveis líquidos pela BR Distribuidora (hoje Vibra). A Liquigás emdash; responsável pelo envasamento, distribuição e comercialização do GLP em todo o país emdash; foi privatizada por cerca de R$ 4 bilhões. O consórcio comprador foi formado por Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás. Na época, o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, justificou a venda da Liquigás como parte da estratégia de reduzir dívidas, e concentrar esforços na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. Mesmo sendo lucrativa, a distribuição de gás gerava retornos mais baixos que a exploração para a Petrobras. A expectativa era que o pré-sal gerasse lucros muito superiores com o mesmo nível de investimento, explica Bruno Benassi, da Monte Bravo. A Liquigás tinha presença em todos os estados, com 23 centros de operação, cerca de 4,8 mil revendedores autorizados e 21,4% de participação no mercado emdash; o que equivalia a um em cada cinco botijões vendidos. Na época, o mercado considerou o negócio positivo tanto para a Copagaz quanto para a Petrobras, que buscava acelerar seu programa de desinvestimentos e focar na produção de petróleo. Além disso, a venda da Liquigás integrava o programa de privatizações do governo Bolsonaro, voltado à redução da participação do Estado em empresas públicas. 3. O botijão pode ficar mais barato? Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sociais (Ibeps), acredita que os preços podem diminuir. Ele discorda, inclusive, da análise majoritária no mercado de que a distribuição de GLP teria margens mais estreitas. O especialista cita um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que revela que, entre 2020 e 2023, as margens líquidas das distribuidoras de gás de cozinha cresceram 188%, bem acima da inflação. eldquo;Com a volta da Petrobras, há espaço para reduzir margens e trazer alívio ao consumidor. Mas isso depende se a estatal vai priorizar resultado financeiro ou bem-estar econômicoerdquo;, disse. Por outo lado, Benassi, da Monte Bravo, pondera que é possível reduzir o preço final, mas essa medida impactaria diretamente a rentabilidade da empresa. eldquo;Quanto menor o preço do botijão, menor será a margem da operação. A equação não é simples: reduzir preços pode agradar consumidores, mas compromete o retorno do investimentoerdquo;, afirma. Em relatório divulgado logo após o anúncio da Petrobras, analistas do Citi afirmaram que o retorno da empresa ao mercado de GLP é viável, mas deve ocorrer de forma gradual e custosa. O cenário mais provável seria a compra da Vibra ou de outro distribuidor relevante. Vale lembrar que a empresa também foi vendida pela Petrobras em 2019. Mas há barreiras contratuais emdash; como a licença da marca BR concedida à Vibra e a cláusula de não concorrência vigente até 2029 emdash;, que limitariam a velocidade com que a Petrobras poderia retomar completamente suas operações no setor de gás de cozinha. Segundo o Citi, essa iniciativa demandaria um desembolso estimado em US$ 7 bilhões (aproximadamente R$ 38 bilhões), um investimento elevado mesmo para a estatal. 4. Como é formado o preço do botijão de gás? Atualmente, o preço médio do botijão de 13 kg no Brasil é de R$ 107,82, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizado entre 7 e 13 de setembro. Além do custo de produção, o preço inclui impostos e as margens de lucro da distribuição e revenda. De acordo com dados da ANP, em 2022, quatro empresas concentravam 88,3% do mercado de distribuição de GLP no Brasil. A Copa Energia liderava o setor com 23,81% de participação; A Ultragaz ocupava a segunda posição, com 22,51%; A Nacional Gás era a terceira, com 21,55%; e Supergasbras, em quarto lugar, com 21,02%. 5. O que diz o setor de distribuição de GLP? O anúncio da Petrobras surpreendeu distribuidoras e revendedoras de gás, mas, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), não representa uma ameaça significativa à concorrência no setor. eldquo;Qualquer novo entrante que se submeta às mesmas regras do mercado é bem-vindo. O período em que a Liquigás fazia parte do setor foi considerado saudável para todoserdquo;, afirma o presidente do sindicato, Sérgio Bandeira de Mello. No entanto, ele acredita que a entrada da Petrobras provavelmente terá impacto limitado sobre a concorrência ou os preços. Segundo Bandeira, a principal forma de reduzir custos é aumentar a eficiência logística, por exemplo: otimizar rotas de entrega; usar georreferenciamento e telemetria para planejar abastecimentos; investir em inovação. 6. Como a entrada da Petrobras pode impactar a competitividade? Sérgio Bandeira destaca que, apesar da concentração, o setor continua competitivo para novos participantes. eldquo;Qualquer novo agente altera a dinâmica do mercado. A disputa é semelhante à de água mineral ou refrigerantes, com forte briga por pontos de venda e espaçoerdquo;, avalia o analista. Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, acrescenta que o efeito sobre a competição dependerá do modelo de atuação que a Petrobras escolher. eldquo;Se ela voltar apenas como distribuidora, deve disputar margens com concorrentes privados. Mas se avançar para a venda direta ao consumidor, com frota própria e pontos de revenda, pode mudar radicalmente o mercadoerdquo;, disse.

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