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MME diz que abastecimento de combustíveis e funcionamento de refinarias estão garantidos

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou em nota oficial na noite deste domingo que o abastecimento nacional de combustíveis e o funcionamento normal de refinarias, terminais e bases de distribuição estão garantidos, em meio a preocupações de segurança após invasões coordenadas das sedes dos Três Poderes em Brasília. eldquo;O Ministério de Minas e Energia (MME), em articulação com as entidades vinculadas, tem garantido a normalidade do abastecimento nacional de combustíveis e o funcionamento adequado de refinarias, terminais e bases de distribuição. Além de monitorar o status de protestos nessas estruturas, seguimos atentos e em articulação com outras Pastas e Estados para assegurar o suprimentoerdquo;, afirmou. Mais cedo, fontes disseram à Reuters que a Petrobras estava intensificando a segurança em suas refinarias, em uma medida de cautela após receber ameaças de ataque contra instalações, incluindo as refinarias Reduc e Repar. A estatal disse em comunicado que todos os seus ativos e refinarias estão operando normalmente. (Reuters)

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Governo articula aprovação de Prates como interino na Petrobras e tem 4 dos 6 votos exigidos

Dias após indicar o nome de Jean-Paul Prates à presidência da Petrobras, o novo governo já articula sua aprovação como interino junto ao atual conselho de administração da estatal. As conversas com os atuais conselheiros acontecem em paralelo à checagem dos documentos e do currículo de Prates pela área de conformidade da estatal. O objetivo é que Prates, cujo mandato no Senado termina neste ano, assuma o quanto antes o comando da estatal para só depois ser confirmado no cargo em caráter permanente por meio de uma assembleia geral extraordinária de acionistas (AGE). Capaz de reformar o conselho, a realização de uma AGE é mais demorada em função da checagem de mais nomes pela empresa e do rito de convocação, que envolve acionistas estrangeiros e exige intervalo de no mínimo 30 dias. O senador tem dito que todo o trâmite deve acabar nas duas próximas semanas, mas fonte familiarizada com o processo afirma que deve levar até a virada de janeiro para fevereiro. eldquo;De toda forma, as coisas vão acontecer mais rápido do que uma parte do mercado esperaerdquo;, diz a fonte. Esse prazo, cerca de 30 dias, coincide com a expectativa de um conselheiro da Petrobras que falou ao Broadcast na condição de anonimato. Dinâmica dos votos Para que Prates seja aprovado pelo Conselho de Administração, é necessária a maioria simples de votos, ou seja, seis dos dez votos ora existentes no colegiado, uma vez que o 11º conselheiro, o ex-presidente da empresa Caio Paes de Andrade, renunciou ao cargo esta semana para assumir uma secretaria no governo de São Paulo. Pessoa do entorno de Prates afirma que o ex-senador já conta com votos de quatro conselheiros, cuja opinião só mudaria na hipótese de o comitê de pessoas da Petrobras apontar irregularidade clara na indicação. Bastariam, portanto, mais duas posições favoráveis. O Broadcast apurou que os votos favoráveis de momento viriam da representante dos funcionários no conselho, Rosângela Buzanelli, e de três dos quatro conselheiros minoritários interessados em encerrar as incertezas do mercado sobre o futuro comando da empresa. Procurada, Buzanelli não respondeu. Outros conselheiros disseram aguardar a checagem do nome pela companhia. Mas para estes, além do entendimento de que o controle da União vai se impor, pesaria o fato de Prates ser um nome técnico do setor de óleo e gás, o que a companhia não via há anos e, ao mesmo tempo, político moderado. A formação atual do CA da Petrobras envolve cinco conselheiros majoritários, aqueles indicados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), quatro minoritários e a representante dos funcionários. Para chegar a seis votos, portanto, pelo menos um votos terá de vir de conselheiro indicado pelo antigo governo. Em caso de empate, prevalece o voto de minerva do presidente do CA, o advogado Gileno Gurjão Barreto. No entanto, este cenário é considerado improvável. Representantes do novo governo já têm conversas iniciadas com alguns desses cinco conselheiros indicados pelo governo Bolsonaro, que assumiram posição na administração da Petrobras em agosto de 2022. Além de Gurjão Barreto, estão nesse núcleo o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano, a também procuradora da Fazenda, Iêda Cagni, o advogado Edison Garcia e o ex-secretário executivo da Casa Civil, Jonathas de Castro, ligado ao chefe da pasta no antigo governo, Ciro Nogueira (PP). Segundo uma fonte, parte deles teria interesse em permanecer no CA da Petrobras e não faria óbice à indicação de Prates. Há, também, o entendimento de que alguns são servidores públicos federais e, mesmo que não permaneçam no colegiado, não têm interesse em contrariar o novo governo. O horizonte, portanto, estaria aberto à Prates, que tende a ser aprovado por placar elástico. Aval da governança Embora a articulação política em torno de Prates esteja avançada, há toda uma burocracia interna na Petrobras a ser cumprida. Após o recebimento do nome pela Petrobras, o que ocorreu na terça-feira, 3, técnicos da área de conformidade começaram a elaborar relatórios, os chamados eldquo;background checkserdquo; de gestão e integridade, processo que pode levar de 5 a 20 dias. Uma vez prontos, os documentos são enviados ao Conselho de Administração, onde são analisados por um subgrupo, o Comitê de Elegibilidade (Celeg), que têm oito dias prorrogáveis para emitir um parecer. Só então a indicação é apreciada em reunião com todos os membros do conselho. Todos esses prazos, observa um conselheiro, podem ser esticados pela necessidade de pareceres jurídicos relacionados a aspectos específicos da indicação. Impedimentos eventuais Antes mesmo da confirmação do nome, já pairavam dúvidas sobre possíveis impedimentos a Prates previstos na Lei das Estatais. Isso porque ele foi suplente de candidato ao Senado nas últimas eleições e a lei veda a entrada nas estatais de lideranças partidárias ou pessoas que tenham trabalhado em campanha eleitoral nos últimos três anos. O grupo de Prates minimiza a questão sob o argumento de que o eldquo;espírito do legisladorerdquo; não impõe vedação ao caso específico. A tese coaduna com a interpretação de advogados que atuam em assuntos relacionados à Petrobras. Outro possível entrave, que emergiu esta semana, é a participação do ex-senador em três empresas, das quais pelo menos duas, a Carcará Petróleo e a Bioconsultants, têm relação direta com o setor de energia. Em nota, Prates disse que vai se desligar dessas empresas por exercício de transparência, mas vai manter a terceira, a Singleton Participações Imobiliárias, usada para gestão de patrimônio. No passado recente, negócios próprios de executivos indicados à Petrobras não foram entraves decisivos para sua aprovação à companhia. A governança da Petrobras costuma apenas recomendar eldquo;providênciaserdquo; para que essas empresas se abstenham formalmente de prestar serviços à estatal e suas participações societárias, bem como fornecedores e concorrentes.

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Preço da gasolina sobe 3,2% e volta a ficar acima de R$ 5 na primeira semana do ano, diz ANP

O preço médio do litro da gasolina voltou a ficar acima do patamar dos R$ 5 na primeira semana de 2023, mesmo após a decisão do governo federal de prorrogar a isenção de tributos federais sobre combustíveis. Entre os dias 1º e 7 de janeiro, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro da gasolina custou R$ 5,12 nos postos de abastecimento do País, um aumento de 3,2% ante dos R$ 4,96 cobrados pelo litro do insumo na semana imediatamente anterior. Esta é a segunda semana seguida de alta no preço da gasolina, após cinco quedas seguidas entre o fim de novembro e o Natal, quando uma redução nos preços de refinaria da Petrobras (-6,1% em 9 de dezembro) e quedas no preço do etanol anidro, que compõe 27% da mistura da gasolina, puxaram o preço final do combustível para baixo. Essa dinâmica se inverteu nas duas últimas semanas. Os efeitos da redução da Petrobras no preço final se esgotaram e o etanol anidro voltou a subir nas usinas paulistas, com alta acumulada de 4,2% nas usinas paulistas nas duas últimas semanas de 2022, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura da USP (Cepea/Esalq-USP). Outro fator que pressionou o preço da gasolina foram os quatro aumentos praticados pela Refinaria de Mataripe no preço do insumo a distribuidores, que se intensificaram após a virada do ano. A unidade da Acelen, empresa com participação do fundo Mubadala, alinha seus preços semanalmente à paridade de importação e responde por cerca de 14% do mercado nacional de derivados e atende sobretudo à região Nordeste. Segundo a ANP, essa região registrou o segundo maior aumento semanal por região nos preços ao consumidor final, 3,77%. A maior alta regional na comparação entre esta semana e a anterior, 4,31%, aconteceu no Norte do País. A principal refinaria que atende a região, a Refinaria de Manaus, ex-Petrobras, teve a venda ao grupo Atem concluída no fim de novembro. Na região Sudeste, informou a ANP, o aumento no preço final da gasolina foi de 3,68%, seguido do Sul (2,40%) e Centro-Oeste (0,99%). Lateralmente, pesou ainda o fato de 11 estados terem aprovado aumentos de até 4% em suas alíquotas de ICMS sobre combustíveis em dezembro. A medida seguiu recomendação do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz) para atenuar perdas de arrecadação. O imposto estadual havia sido rebaixado a no máximo 18% em todo o País em junho de 2022 por meio de uma lei complementar articulada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) junto ao Congresso Nacional para frear a inflação. Ainda assim, o preço da gasolina nos postos do País subiu 25% em 2022 e 14,2% nos quatro anos do governo Bolsonaro, mostram os números da ANP. Diesel S10 Já o diesel S10 viu o preço médio do litro subir 2% ou R$ 0,13 esta semana, para R$ 6,51 ante R$ 6,38 na última semana de 2022. Essa alta reverte um movimento de sete semanas de queda nos preços do diesel S10. À exceção da alta do etanol anidro, os outros fatores que pressionam a gasolina também valem para o diesel. A última baixa no preço do insumo pela Petrobras em suas refinarias, de 8,1%, também aconteceu em 9 de dezembro e não tem mais efeito sobre o preço final. GLP Na contramão, o gás liquefeito de petróleo (GLP) ou o gás de cozinha, amplamente consumido pela população, experimentou leve queda de 0,1% no preço ao consumidor. Entre 1º e 7 de janeiro, o botijão de 13 quilos do insumo custou, em média, R$ 108,50 ante R$ 108,64 na semana imediatamente anterior. Esta é a quarta semana seguida de queda no preço do botijão ao consumidor final. Esse produto, que vem alternando altas e quedas nos últimos meses, tem caído nas últimas semanas, possivelmente, devido a um rescaldo de reajuste da Petrobras para baixo em suas refinarias. Há cinco semanas atrás, a estatal reduziu em 9,7% o preço do GLP comercializado a distribuidores em suas unidades.

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Combustível limpo: novo método é capaz de produzir hidrogênio a partir da água com energia solar

O hidrogênio é um combustível poderoso e limpo. Sua queima na presença de oxigênio libera energia na forma de calor capaz de mover carros e navios e cozinhar nossa comida. Além disso, o hidrogênio tem uma enorme vantagem: sua queima na presença de oxigênio produz água, a mais inofensiva molécula que podemos liberar na atmosfera. Mas se é tão bom por que não é mais usado? A razão é bem conhecida: produzir hidrogênio em larga escala é difícil e caro. A grande novidade é que agora foi descoberto um método capaz de produzir hidrogênio a partir da água usando energia solar, e com uma eficiência de mais de 9%. Quando as escolas no Brasil ainda tinham aulas práticas de química, todos os alunos aprendiam a produzir hidrogênio e oxigênio a partir da água. Para isso basta colocar água com sal em um vidro, ligar um fio de cobre ou platina em cada polo de uma pilha e colocar as pontas dos fios na água. Logo borbulhas de hidrogênio se formam em um polo e borbulhas de oxigênio aparecem no outro polo. Nesse aparato simples, a energia da corrente elétrica separa os átomos de oxigênio e hidrogênio presentes numa molécula de água (lembrem-se que a água é formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio). E se você usar uma célula fotoelétrica em vez de uma pilha para produzir a corrente elétrica, é possível quebrar a molécula de água usando luz solar. Método Faz décadas que os químicos vêm tentando transformar esse aparato simples em algo capaz de produzir hidrogênio em larga escala e com um custo baixo. O fato é que ainda não tiveram sucesso. As razões são bem conhecidas, mas difíceis de explicar aqui. Esse processo é chamado de fotoeletroquímico, pois usa energia solar (foto) para produzir a eletricidade (eletro) que provoca a reação química (químico) e que separa o hidrogênio do oxigênio da água. Nos últimos anos, os cientistas têm trabalhado no desenvolvimento de um outro método chamado fotocatálise. Nesse método, é usado um catalisador (uma molécula que facilita a quebra da molécula de água separando o oxigênio e o hidrogênio, mas que não se altera e não é consumida) e luz solar. O aparelho é extremamente simples: um frasco fechado, transparente, com o catalisador preso no fundo, onde é colocada a água. Esse frasco é iluminado diretamente pela luz solar, concentrada no frasco por uma lente. E pronto, o catalisador faz com que a energia solar quebre a molécula de água separando o oxigênio do hidrogênio que são liberados na forma de gás e são facilmente separados. É quase como se você fervesse a água, mas no caso da fervura o gás liberado é vapor de água (nesse caso a molécula de água está intacta com o oxigênio ligado ao hidrogênio). Na fotocatálise, o gás liberado é uma mistura de hidrogênio e oxigênio, duas moléculas distintas. Parece e de fato é simples. O segredo todo está no catalisador, a molécula que permite que a reação funcione. Dezenas de grupos de cientistas, faz anos, vêm tentando produzir um catalisador que permita que essa reação ocorra de forma rápida e eficiente. Agora, finalmente, esse catalisador foi descoberto. O catalisador é composto por nano fios organizados em forma cristalina do composto indium gallium nitride (InGaN)/gallium nitride (GaN). Essa molécula complicada é sintetizada diretamente sobre uma folha de silício. É essa folha, com esses fios finíssimos organizados em colunas, que é colocada no fundo do frasco de vidro e recoberta com água. Esse catalisador de certa forma prende as moléculas de água e absorve a luz solar fazendo com que a energia da luz seja usada para romper a molécula de água, separando o oxigênio do hidrogênio. Somente uma parte do espectro da luz é usada na reação, mas a parte infravermelha ajuda a manter o frasco a 70 graus Celsius, a temperatura ideal para que a reação ocorra. As bolhas de gases se desprendendo do catalisador são facilmente visíveis. O mais impressionante é que esse sistema funciona por tempo indeterminado sem consumir o catalisador, contanto que seja adicionada mais água e que a luz solar continue a incidir sobre o frasco. O sistema pode usar água de torneira, água do mar ou água destilada e tem uma eficiência de 9,2% (9,2% da energia solar incidente é recuperada na forma de hidrogênio). O próximo passo será aumentar o sistema de modo a produzir quantidades comerciais de hidrogênio e oxigênio. Caso os cientistas tenham sucesso nessa etapa, é possível imaginar que a humanidade poderá usar luz e água para produzir um combustível que, ao ser queimado, produzirá água. Um ciclo totalmente limpo do ponto de vista ambiental. Imagine um carro que se mova usando hidrogênio produzido a partir de água e luz solar e que emita pelo escapamento somente água. Agora é esperar e torcer para que essa descoberta científica seja convertida em uma tecnologia que possa ser consumida por toda a humanidade.

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Petrobras diz que refinarias de petróleo funcionam normalmente, apesar de ameaças golpistas

A Petrobras afirmou em nota que suas refinarias funcionam normalmente neste domingo, 8. A informação foi divulgada depois do anúncio feito por golpistas que atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) de que bloqueariam as refinarias de petróleo. O objetivo de eventual ataque às plantas da estatal é provocar a suspensão no abastecimento de combustíveis. abrindo caminho para um suposto golpe militar. No sábado, 7, apesar das negativas da estatal, um grupo de bolsonaristas se manifestou na porta da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP). Segundo o Estadão apurou, não houve invasão. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que se articula com a área de inteligência e segurança da Petrobras. A ideia é evitar que os extremistas repitam, contra as refinarias, os atos de vandalismo ocorridos em Brasília neste domingo, segundo a entidade. Rio Em mensagem à qual o Estadão/Broadcast teve acesso, extremistas convocaram eldquo;uma grande concentração com destino à Refinaria Duque de Caxias (Reduc)erdquo;. O encontro está marcado para 1h30 da madrugada desta segunda, 9. A previsão é que cheguem ao local às 2h. Trata-se de uma das maiores unidades de refino da empresa. A planta fica em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio. O objetivo da ação é impedir a saída de caminhões de combustível da Reduc. A distribuição da refinaria, porém, é feita por oleodutos diretamente para as distribuidoras. Uma parte pequena da carga é transportada por veículos-tanque. O governo do Rio anunciou que o policiamento na unidade da Petrobras seria reforçado. A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que o comando do 15° BPM, em Duque de Caxias, reforçou o policiamento na região da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), com o apoio do BPChoque. eldquo;A Polícia Militar está atenta a todo tipo de movimentação, incluindo a região central da cidade do Rio e arredores, bem como nas principais vias de acesso à regiãoerdquo;, disse a PM, em nota. Até o momento, a estatal não informou as providências que está tomando para proteger a unidade. Limitou-se a dizer que eldquo;todas as refinarias estão funcionando normalmente.erdquo; SP Em São Paulo, bolsonaristas ocuparam a frente do principal terminal de carga e descarga de combustíveis da Refinaria Transpetro, da Petrobras, em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo. O grupo chegou a postar imagens de uma barreira com pneus e galhos fechando o acesso, mas a Polícia Militar informou que eles foram convencidos a retirar o material sem atear fogo. O terminal de Barueri recebe, armazena e transfere os derivados de petróleo e álcool procedentes de outras refinarias para abastecer os postos de combustível. O terminal estava fechado e deve reabrir na manhã desta segunda-feira, 9. Além de caminhoneiros, apoiadores em carros e caminhonetes com bandeiras do Brasil engrossavam a manifestação. Houve também protesto em frente à Refinaria Henrique Lage (Revap), da Petrobras, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior paulista. Durante todo o domingo, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro usaram as redes sociais para convencer participantes do ato a eldquo;fechar a refinariaerdquo; e eldquo;parar o País por falta de combustível. Até o fim da tarde, segundo a PM, não houve incidentes. Do mesmo modo houve movimentação de bolsonaristas nos acessos à Refinaria de Paulínia (Replan), também no interior. A Polícia Militar informou que não havia concentração de veículos no local, mas descolocou viaturas para acompanhar uma eventual manifestação. Além de São Paulo e Rio, apenas Canoas, no Rio Grande do Sul, registrou ato de bolsonaristas. Eles se posicionam em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) desde a noite de sábado, 7. A Brigada Militar do Estado e a Polícia Rodoviária Federal mantêm viaturas no local para evitar o bloqueio dos portões.

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Plano para manter refinarias com Petrobras esbarra no Cade e PT estuda alternativa

O futuro presidente da Petrobras, senador Jean Paul Prates (PT-RN), avalia a possibilidade de romper um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para manter seis refinarias sob comando da petroleira. Os danos, no entanto, podem ser tão elevados que alternativas passaram a ser estudadas. Uma das saídas analisadas pelos envolvidos nas discussões é vender as refinarias abrangidas pelo acordo firmado com o Cade há mais de três anos para, com o dinheiro arrecadado, outras unidades serem construídas. Durante a transição, o PT chegou a pedir para a Petrobras parar com o plano de desinvestimento. Sob essa ótica, o fim do acordo com o Cade passou a ser a única forma de cumprir a promessa de campanha de Lula de ampliar a produção local de combustíveis para forçar a queda de preço, especialmente da gasolina e do diesel. No entanto, se levar o plano adiante, a Petrobras voltará a responder a um processo sancionador que ficou suspenso com a assinatura do acordo com o Cade. As chances de a petroleira ser condenada por suposto abuso de poder econômico sã o grandes emdash;motivo que a levou ao acordo no início do governo Jair Bolsonaro (PL). A multa, especulam os técnicos do tribunal, pode ser muito elevada, e o desgaste na imagem da companhia, incomensurável. Em contrapartida, há uma saída, segundo pessoas que acompanham as discussões no governo: seguir com a venda das seis refinarias restantes, conforme o combinado com o Cade, e usar os valores arrecadados para financiar a construção de novas unidades na mesma região. Além de cumprir o acordo e aumentar os investimentos no setor, como deseja o governo, a medida também ampliaria a concorrência no setor. Isso porque as empresas que compraram esses ativos se tornaram monopolistas regionais e estariam vendendo combustível mais caro para clientes da própria região, que não têm outra alternativa para adquirir o produto. Essas refinarias, no entanto, afirmam que essa situação só ocorre porque estão sendo obrigadas a comprar o insumo da própria Petrobras, que cobra mais caro. As importações, ainda segundo essas empresas, tornaram-se penosas diante da escassez do petróleo no mundo durante a pandemia, o que as tornou reféns da estatal. Desde setembro de 2022, o Cade investiga a questão e a Petrobras está na mira. O órgão quer saber se a estatal prioriza suas refinarias com preços mais baixos emdash;o que configuraria discriminação. ANTECEDENTES O acordo entre Cade e Petrobras foi firmado em 2019 e impôs a venda de oito das 13 refinarias da estatal, o que reduziria a participação da companhia no mercado a cerca de 50%. Hoje ela detém 98% do mercado, segundo o Cade. O plano de desinvestimento deveria ter sido concluído em 2021. No entanto, até o momento, somente duas refinarias tiveram sua venda completamente concretizada, uma no Amazonas e outra na Bahia. A venda de uma terceira, no Ceará, será analisada pelo tribunal do Cade depois de o conselheiro Victor Fernandes discordar da decisão da SG (Superintendência Geral) do órgão, que autorizou a venda. A SG instrui os processos que são julgados pelo plenário. Diante da demora em se desfazer das refinarias, a Petrobras teve que pedir mais prazo para o Cade para cumprir o acordo, o que foi concedido. REVISÃO DO ACORDO Tecnicamente, não é possível rever os termos do acordo. Politicamente, o tribunal também não quer abrir qualquer tipo de exceção porque isso enfraqueceria o que se considera ser um importante instrumento de coibição de práticas abusivas de mercado. Pelos chamados TCCs (Termos de Cessação de Conduta), a empresa recolhe uma contribuição pecuniária e se compromete a pôr fim às práticas consideradas abusivas. Em troca, o processo sancionador a que ela respondia fica suspenso. Assinado, esse acordo entra em vigor e passa a ser monitorado pelo Cade. Caso haja descumprimento, ele é cancelado e o processo volta a tramitar no tribunal até ir a julgamento. No caso das refinarias da Petrobras, o processo foi movido por denúncia feita pela Abicom, a associação de importadores de combustível. Eles afirmaram que a empresa vendia combustível a preços muito mais baixos do que a média praticada em outros países emdash;a chamada paridade internacional. Essa diferença é que vem mantendo distorções de preços, tornando o combustível da Petrobras mais barato do que o da concorrência. Embora distribuidoras concorrentes da estatal tenham discordado da tese de que a concentração elevada (98%) levava a Petrobras a ser monopolista, a área técnica do Cade viu elementos que sustentaram a abertura do processo e que levaram, segundo técnicos envolvidos, à condenação à época. Atualmente, esse assunto ganhou conotação política com a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de derrubar preços de combustíveis por meio da redução de impostos, medida que foi encampada pelo Congresso e que poderia ajudar na reeleição do mandatário emdash;que, mesmo assim, foi derrotado por Lula. O petista, que inicialmente criticou a medida de viés eleitoreiro, decidiu manter a redução de impostos por mais dois meses até que a política de preços da Petrobras seja revista. O futuro presidente da companhia, Jean Paul Prates, afirmou recentemente que não pretende fazer uma intervenção, mas ao mesmo tempo deixou claro que defende mexer na política de preços quanto à chamada paridade de importação. Para ele, não faz sentido falar em paridade de importação quando o combustível está sendo produzido no país. Em sinal de que está atento aos problemas enfrentados pelo novo governo, o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, pediu para que a SG abrisse uma investigação para apurar se postos subiram abusivamente o preço dos combustíveis na virada do ano. A medida vai em linha com o que fez o ministro da Justiça, Flavio Dino, de enviar um ofício questionando distribuidoras de combustível sobre o assunto. Cordeiro chegou ao Cade em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), por indicação do senador Ciro Nogueira (PP). Desde então, ele já foi conselheiro e superintendente-geral. Ocupará a presidência da autarquia até 2025.

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