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Fontes renováveis estão longe de ameaçar combustíveis fósseis

Apesar do apelo dos ativistas ambientais, a Petrobras pretende ampliar seus investimentos na exploração de petróleo. Segundo o presidente da empresa, Jean Paul Prates (foto), o poço na costa do Amapá, na região conhecida como Margem Equatorial, começará a ser perfurado no primeiro semestre de 2024. Prates também confirmou que a petrolífera foi autorizada a operar dois blocos da Bacia Potiguar, na costa do Rio Grande do Norte. A transição energética é urgente e necessária, mas ela esbarra num dilema incontornável: é muito mais caro e, portanto, menos lucrativo, investir em fontes renováveis. Enquanto essa lógica funcionar, os combustíveis fósseis continuarão a ser a prioridade número 1 das companhias de energia endash; seja a Petrobras ou qualquer outra. Nos relatórios de sustentabilidade, a defesa do meio ambiente costuma aparecer como um valor inegociável. Na realidade do dia a dia, contudo, a história pode ser bem diferente.

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Mais pressão sobre o petróleo russo

Guerras são ganhas e perdidas nos campos de batalha. Mas as finanças públicas desempenham um papel fundamental em determinar aquilo de que os combatentes podem dispor. Isto é particularmente verdade no caso de uma guerra longa, que é o que a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia já se tornou. Ao recusar incluir o financiamento para a Ucrânia como parte do recente acordo para evitar uma paralisação do governo, o Congresso dos EUA enviou um sinal de encorajamento ao presidente russo, Vladimir Putin. Entretanto, o aumento dos preços globais do petróleo (atualmente acima dos US$ 90 por barril) desde julho está proporcionando novas receitas Para continuar a leitura, clique aqui.

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Relator da Reforma Tributária discute incentivo a montadoras atrelado à transição verde

O relator da Reforma Tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), estuda incluir em seu texto a previsão de incentivos tributários para montadoras automotivas de forma atrelada à inovação tecnológica e à transição energética. Segundo ele, parlamentares, estados e o governo federal têm feito sugestões sobre o tema. O debate é feito enquanto o grupo Stellantis emdash;que reúne as marcas Jeep, Fiat, Citroën, Peugeot e RAMemdash; tem chances de ver seus benefícios no Nordeste, previstos para terminarem em 2025, prorrogados por meio da Reforma Tributária. A possibilidade despertou a fúria dos concorrentes, que não veem justificativa para incentivos a fabricantes já estabelecidas. "O governo federal está conversando conosco, mas nós estamos construindo um texto que a gente espera poder chegar a um consenso", afirmou Braga na terça-feira (10). "O que eu defendo é que isso [incentivo para a indústria automotiva] seja para inovação tecnológica, transição energética, descarbonização. E que tenha, obviamente, limitações e travas", disse o senador. A discussão atrai o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), interessado em assegurar benefícios para a chinesa BYD após uma negociação para a empresa desembarcar na Bahia. A avaliação é que aprovar a PEC sem essa medida poderia comprometer o acerto, gerar insegurança jurídica e deixar o Brasil "desmoralizado" com a China. No caso da BYD, as concorrentes têm uma avaliação mais branda porque reconhecem que a empresa é uma entrante no mercado brasileiro e ainda tem como diferencial a inovação tecnológica dos carros elétricos. Os regimes automotivos para o Nordeste foram criados em 1997. O principal benefício do programa é a redução de 75% no valor a ser pago em Imposto de Renda. Os incentivos regionais para o setor já foram alvo de análise de um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a Reforma Tributária feito a pedido de Braga, que promete usar o documento para subsidiar as decisões. O relatório afirma que benefícios a montadoras que se instalaram no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste geraram um efeito reduzido e limitado. Entre os casos analisados pelo TCU, está justamente a instalação da fábrica da atual Stellantis em 2015 na região de Goiana, em Pernambuco. Para fazer o levantamento, o órgão mediu a evolução de indicadores como PIB (Produto Interno Bruto) per capita e proporção de pessoal ocupado. Para o órgão, houve um impacto significativo da instalação da fábrica na região imediata dos municípios de Goiana e Timbaúba (44 quilômetros distantes um do outro), mas não na chamada Região Intermediária de Recife (que engloba 71 municípios, inclusive os dois). Ainda de acordo com o estudo, foram gerados 11.258 empregos até 2019 pela instalação da fábrica. Como a renúncia fiscal para o projeto foi de R$ 4,6 bilhões em 2019, o TCU conclui que a política representou um custo mensal de R$ 34,4 mil para cada emprego. Os técnicos afirmam que a medida é muito mais cara do que outras políticas públicas emdash;como o Bolsa Família, que paga ao menos R$ 600 ao mês para os beneficiários. O benefício às montadoras é apenas um dos exemplos reunidos pelo documento, que conclui serem necessários aprimoramentos legais na política de incentivos tributários no país emdash;como a criação de regras de avaliação periódica dos impactos econômicos e sociais das medidas. O relatório do TCU afirma ainda que as leis que criaram os benefícios regionais não trazem nenhuma demonstração de como os incentivos vão ajudar no cumprimento do objetivo emdash;por exemplo, deixam de detalhar quais os problemas enfrentados, além de suas causas ou efeitos. "Constatou-se também que a União não sabe que resultados quer atingir com as PADR [programas de incentivo regional], pois essas políticas não dispõem de objetivos, metas, indicadores e prazos concretos, cujos atingimentos sinalizem com segurança que as causas de um problema público são tratadas", afirma o documento. Assim, conclui o TCU, as políticas "não estão alicerçadas em teoria clara, nem em modelo lógico que explique como as políticas tratarão um problema público, ao menor custo possível". A Stellantis disse que respeita o relatório do TCU, mas questiona o foco no período desde 2015. "O relatório poderia ter sido mais abrangente e coberto períodos até maiores. Ele é muito focado na Stellantis", avaliou o diretor de comunicação corporativa da empresa, Fabrício Biondo. A Stellantis é a maior empresa ainda instalada no Nordeste fruindo do benefício. Outro grupo multinacional que chegou a se instalar na Bahia para ter acesso ao mesmo programa foi a Ford, que construiu uma fábrica em Camaçari (BA) emdash;parada desde 2021. Biondo contrastou os achados do TCU com outro estudo, produzido pela consultoria Ceplan e pago pela Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco). O documento aponta ter havido "fortes impactos tradicionais (no PIB, na renda, no emprego, na educação básica...)". Além disso, conclui que a instalação da companhia em Pernambuco foi um agente de inovação graças às "relações que estabeleceu, entre outras, com as principais universidades locais". O executivo da montadora questiona também os números do TCU quanto ao número de empregos gerados. Isso porque, para ele, é necessário levar em conta também os postos criados a partir da instalação do polo da companhia em Pernambuco. Nesse cálculo, prosseguiu Biondo, foram 16 mil colaboradores diretos e 60 mil se incluídos os postos indiretos.

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Seca nos rios derruba arrecadação de ICMS no Amazonas

A severa estiagem que atinge a região não deverá deixar terra arrasada apenas na paisagem e na vida animal da região. A economia e a máquina pública do governo também sofrerão, imediamente, os efeitos da mudança extrema do clima na Amazônia. Ontem, o governador Wilson Lima (União) recebeu informação de sua equipe econômica de que a arrecadação do Estado, em ICMS, começou a cair. A causa, explicaram técnicos da Sefaz, foi a queda na venda de combustíveis em decorrência da vazante que praticamente parou o transporte fluvial para a maioria dos municípios. O problema é que é da venda de gasolina e diesel que sai grande parte da receita que compõe o orçamento do Amazonas, que este ano já havia perdido mais de R$ 1 bilhão. Cenário pode ser ainda pior A informação foi dada pelo governador Wilson Lima em coletiva de imprensa para anunciar o envio de mais gente e viaturas para combater incêndios florestais em Autazes (AM). Contudo, ele disse ainda não ter os dados completos. Mas a perda de receita não deve ficar apenas na queda da venda de combustíveis. O governador prevê um impacto ainda maior na economia do Estado. Assim sendo, ele prevê, por exemplo, recuo nas atividades do comércio e da indústria como consequência da vazante dos rios. Nesse caso, Wilson cita o transporte fluvial de cargas. Com a baixa profundidade dos rios, navios de grandes calados, informou, já estão suspendendo viagens. Ontem, reportagem do BNC mostrou o tamanho desse problema. Imediatamente, ele deverá atingir as entregas de bens do Polo Industrial de Manaus para a black friday, umas das principais agendas de vendas anunais do PIM.

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Com negócio bilionário, Exxon aposta que EUA não se moverão contra combustíveis fósseis

A Exxon Mobil anunciou nesta quarta-feira (11) a aquisição da Pioneer Natural Resources por US$ 59,5 bilhões, aprofundando sua dependência na produção de combustíveis fósseis, mesmo quando muitos formuladores de políticas globais estão cada vez mais preocupados com as mudanças climáticas e a relutância da indústria do petróleo em fazer a transição para energia mais limpa. A Exxon passou décadas investindo em projetos ao redor do mundo, mas o acordo concentraria seu futuro perto de sua base em Houston, com a maior parte de sua produção de petróleo no Texas e ao longo da costa da Guiana. Ao concentrar suas operações perto de casa, a Exxon está efetivamente apostando que a política energética dos EUA não se moverá significativamente contra os combustíveis fósseis, mesmo enquanto a administração de Joe Biden incentiva as montadoras a adotarem veículos elétricos e as empresas de serviços públicos a fazerem a transição para energia renovável. Os executivos da Exxon disseram que, além de produzir mais combustíveis fósseis, a empresa está construindo um novo negócio que capturará dióxido de carbono de locais industriais e enterrará o gás de efeito estufa no solo. A tecnologia para fazer isso ainda está em estágio inicial e não foi usada com sucesso em grande escala. "Estamos reforçando nossas organizações e capacidades", disse Darren Woods, diretor-presidente da Exxon. A empresa combinada geraria valor "muito acima do que qualquer uma das empresas seria capaz de fazer de forma independente", acrescentou. O foco do acordo estava "em aproveitar o melhor de ambas as organizações", disse ele. A produção de petróleo nos Estados Unidos atingiu um recorde de cerca de 13 milhões de barris por dia, cerca de 13% do mercado global, mas o crescimento diminuiu nos últimos anos. Apesar de uma onda de consolidação entre as empresas de petróleo e gás e dos preços mais altos do petróleo após a invasão russa da Ucrânia no ano passado, os produtores têm mais dificuldade em encontrar novos locais para perfurar. O acordo da Pioneer é um sinal de que agora é mais fácil adquirir um produtor de petróleo do que perfurar em uma nova localização. A Exxon, uma potência de refino e petroquímica, precisa de muito mais petróleo e gás para transformar em gasolina, diesel, plásticos, gás natural liquefeito, produtos químicos e outros produtos. Grande parte desse petróleo e gás provavelmente virá da bacia do Permiano, o campo de petróleo e gás mais produtivo dos EUA, que se estende pelo Texas e Novo México, e onde a Pioneer é uma grande participante. O terminal Golden Pass de US$ 10 bilhões da Exxon, perto da fronteira entre Texas e Louisiana, está programado para começar a enviar gás natural liquefeito para o resto do mundo no próximo ano. O gás sobe com o petróleo da bacia do Permiano, tornando a bacia ainda mais valiosa para as exportações, à medida que a Europa reduz sua dependência do gás russo. O acordo da Pioneer seria a maior aquisição da Exxon desde a compra da Mobil em 1999. É maior do que a aquisição de US$ 30 bilhões da empresa de energia natural XTO Energy em 2010, que acabou se revelando um investimento problemático para a Exxon quando os preços do gás natural despencaram dos níveis elevados que prevaleciam quando a XTO foi adquirida. Ao comprar a Pioneer agora, com o preço de referência do petróleo dos EUA em torno de US$ 83 por barril, a Exxon está contando com a manutenção de preços relativamente elevados nos próximos anos. A Exxon tem sido cuidadosa nos últimos anos em investir de forma moderada, ao mesmo tempo em que aumentou seus dividendos e comprou mais ações de sua própria empresa. A aquisição da Pioneer adicionaria produção, uma grande mudança em sua estratégia. A aquisição tornaria a Exxon a principal atuante na bacia do Permiano, superando de longe a Chevron, sua maior concorrente. A empresa combina os 850.000 acres da Pioneer com os 570.000 acres da Exxon no Permiano, tornando-se detentora de um dos maiores estoques de petróleo e gás subdesenvolvidos do mundo. Desde que o acordo receba aprovação regulatória, a produção da Exxon na bacia mais do que dobraria, atingindo 1,3 milhão de barris de petróleo e gás por dia, segundo a empresa. A combinação das terras das empresas permitiria que o grupo perfurasse poços mais longos para atingir camadas mais profundas de recursos de xisto na bacia. As empresas afirmaram que poderiam esticar algumas perfurações laterais por até quatro milhas. Os campos de xisto exigem perfuração constante de novos poços, pois a produção se esgota após alguns anos. À medida que a produção de petróleo recua, a produção de gás natural a partir dos poços aumenta, prometendo tornar o Permiano uma fonte importante de gás por décadas. Especialistas em energia observaram que o acordo destacou uma grande mudança na visão da indústria sobre a perfuração de xisto ao longo da última década. "Nos primeiros dias da revolução do fracking, as grandes petrolíferas não estavam especialmente interessadas em entrar no Permiano ou em outras áreas de xisto", disse Bernard Weinstein, economista da Southern Methodist University em Dallas. "Elas estavam mais interessadas na perfuração em águas profundas e no trabalho na costa da África. Isso realmente mudou". Algumas grandes empresas petrolíferas europeias, que geralmente se movimentaram mais rapidamente em direção à energia renovável do que as empresas dos EUA, evitaram o Permiano nos últimos anos ou venderam suas participações na região. Em uma chamada com repórteres, Woods disse que a Exxon e a Pioneer trabalhariam juntas para reduzir as emissões. "Enquanto o mundo precisar de petróleo e gás", ele disse, "as empresas trabalharão para ter operações mais eficientes, eficazes e responsáveis". Os ambientalistas foram críticos do acordo. "A Exxon deveria estar avançando em direção à energia limpa, como solar e eólica", disse Dan Becker, diretor da campanha de transporte climaticamente seguro no Center for Biological Diversity. "Em vez disso, eles estão apostando no petróleo sujo e na produção no Permiano, o que está drenando os suprimentos de água limitados na região".

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Diretora do FMI diz ser cedo para prever impacto econômico de conflito

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que ainda é cedo para apontar quais serão os prováveis impactos econômicos para a economia mundial do atual confronto militar entre Israel e o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza, no Oriente Médio, eldquo;Estamos acompanhando muito de perto a forma como a situação evolui. Especialmente, como ela está afetando os mercados petrolíferos, mas ainda é muito cedo para dizer [algo] em termos de [potenciais] impactos econômicoserdquo;, declarou Georgieva a jornalistas que estão acompanhando a reunião anual do FMI, que acontece em Marrakech, no Marrocos. o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participa do evento. Destacando que vários países têm sido afetados por catástrofes naturais, como o próprio Marrocos, onde, em setembro, um terremoto matou milhares de pessoas, e também por guerras eldquo;que causam perdas trágicas de vidas civis e um enorme sofrimentoerdquo;, Georgieva disse que o mundo, eldquo;ainda enfraquecido pelo baixo crescimento econômicoerdquo; global, passa por eldquo;choques graves que estão se tornando o novo normalerdquo;. eldquo;Esta é uma nova nuvem no horizonte já não mais ensolarado da economia mundial. Uma nova nuvem desnecessária e que escurece o horizonteerdquo;, acrescentou a diretora-geral do FMI, lembrando que, em virtude do confronto entre Israel e Hamas, os preços do petróleo vêm flutuando nos mercados internacionais. eldquo;Vimos alguns altos e baixos nos preços do petróleo [ao longo da semana], como reação dos mercados. Estamos monitorando isso de perto.erdquo; Conflito No último sábado (7), o Hamas, grupo islâmico de resistência ao avanço israelense sobre o território palestino e que controla a Faixa de Gaza, deflagrou o mais ousado ataque contra o território israelense em décadas, atingindo civis e militares indistintamente, pela terra e pelos céus. A ofensiva provocou uma severa reação militar de Israel, que passou a bombardear ininterruptamente a Faixa de Gaza endash; um estreito pedaço de terra de cerca de 41 quilômetros de comprimento por 10 quilômetros de largura, banhada pelo Mar Mediterrâneo, onde vivem cerca de 2,2 milhões de palestinos. Em seis dias de conflito, as autoridades palestinas afirmam já ter contabilizado ao menos 1.417 mortos em Gaza. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 340 mil moradores de Gaza já tiveram que deixar suas casas e comunidades. Israel, por sua vez, garante que mais de 1,3 mil pessoas de várias nacionalidades já morreram em consequência do ataque inicial do Hamas e dos mísseis que o grupo palestino continua lançando contra comunidades israelenses próximas à fronteira. eldquo;Qual é a nossa reação a isso? É de cortar o coração ver civis inocentes morrendo. Um ataque de um lugar a outro e que causa reciprocidade na resposta e quem paga o preço? É o inocente quem paga o preçoerdquo;, concluiu a diretora-geral do FMI.

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