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Preço médio da gasolina e do etanol no país avançam em abril, informa Ineep

O preço médio dos combustíveis no Brasil segue em ritmo de crescimento nos últimos meses. A gasolina comum nos postos de revenda registrou mais um ligeiro avanço no valor médio aplicado na bomba, de R$ 5,74 em março, para R$ 5,80 em abril. No mesmo período, o etanol também subiu em 5,6%, e atingiu o valor médio de R$ 3,78 nos postos de todo o país. Também registrou elevação no preço médio no último mês, o diesel S10, que apresentou um leve aumento de 0,2% em abril, atingindo R$ 5,94 por litro na bomba. O Ineep avalia que os preços internacionais do petróleo se mantiveram em alta devido às tensões no Oriente Médio. Em abril, o preço do petróleo tipo Brent, no mercado internacional, subiu 5,3% e atingiu US$ 89,94, o que representa uma elevação maior que o dobro da que foi registrada no mês anterior, quando o avanço foi de 2,3%. O instituto também ressalta a forte variação do dólar em relação ao real, devido, principalmente, à insegurança no investimento em mercados emergentes, como o Brasil, por conta da política monetária mais restritiva dos EUA. Com os juros em alta no país, a pressão inflacionária aumentou ainda mais no último período analisado. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do preço da gasolina nas refinarias da Petrobras atingiu 21% no mês passado endash; o maior patamar do ano. Segundo o Ineep, é importante ressaltar que, mesmo com um cenário internacional desafiador, a estabilidade aparente é um efeito da mudança na política de preços da petrolífera em maio do ano passado. eldquo;Esta política tem exercido influência significativa sobre seus competidores, incentivando-os a manter preços mais alinhados com os praticados pela empresa líder, cada um ajustando-se conforme suas possibilidades e considerando as particularidades regionais. A incerteza quanto à duração dessa estabilidade permanece como a principal questão em abertoerdquo;, pontua, em nota,o instituto.

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Nova política de preços da Petrobras completa um ano com efeito reduzido sobre combustíveis

O fim da política de paridade de importação (PPI) na Petrobras completou um ano nesta sexta-feira, 17, e a avaliação é que houve uma redução no preço dos combustíveis, porém tímida. O destaque foi o gás de cozinha, vendido, em média, 10% abaixo da cotação do mercado internacional, segundo levantamento do Observatório Social do Petróleo (OSP), ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). A gasolina e o diesel tiveram reduções menores, em torno dos 5%. Nesses últimos 12 meses, a estatal cobrou o litro da gasolina, em média, 6% abaixo da cotação do mercado internacional, e o diesel S-10 se manteve 7% menor do que a paridade de importação. O PPI foi adotado pela Petrobras em outubro de 2016, vigorando por seis anos e meio. Essa medida foi responsável pelos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha mais altos da história do Brasil em 2022. Em maio, a estatal decretou o fim do PPI e anunciou uma nova estratégia comercial, que leva em conta o preço mínimo que a Petrobras considera vender e o preço máximo que o cliente se dispõe a pagar. No último ano em que essa política de preços (PPI) esteve em vigor, o botijão de 13 quilos de gás de cozinha nas refinarias da estatal custava 23% acima do PPI, informou o Observatório. O levantamento, com base nos dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostra que a Petrobras cobrava R$ 9,68 mais caro pelo botijão quando utilizava o PPI para calcular os preços dos combustíveis. Com o fim dessa referência, o GLP passou a ser comercializado R$ 3,68 mais barato do que a paridade de importação. Quando a gestão da Petrobras implementou uma nova estratégia de preços, em 17 de maio do ano passado, eliminou o PPI do cálculo da gasolina e do diesel, mas manteve a referência para o gás de cozinha. eldquo;Inicialmente, o preço do GLP continuou sendo guiado pelas cotações de importação, mas houve uma inversão dessa prática no final de julho e, a partir daí, o preço vem sendo mantido abaixo do PPIerdquo;, explicou o economista do OSP e do Instituto Brasileiros de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Gil Dantas. Gasolina e diesel No último ano em que o PPI esteve em vigor emdash; de 17 de maio de 2022 a 16 de maio do ano passado emdash;, a gasolina era comercializada a 2,5%, em média, abaixo da paridade de importação, enquanto o diesel custava cerca de 0,4% a menos. O observatório comparou os dois períodos e constatou que, na vigência do PPI, a gasolina da estatal custava cerca de R$ 0,08 abaixo da referência internacional, valor que caiu para R$ 0,19 após a extinção da política de paridade de importação. O preço do diesel, durante a vigência do PPI, era apenas R$ 0,03 menor do que a referência internacional. A diferença saltou para R$ 0,26 após a eliminação dessa fórmula de preços. eldquo;O levantamento demonstra que nossa exigência pelo fim do PPI era justa e correta. Com o fim desta política, houve redução concreta dos preços. Mas também revela que o abrasileiramento dos preços ainda não é realidade. A queda é muito tímidaerdquo;, disse Dantas. Segundo o secretário-geral da FNP, Adaedson Costa, a futura presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tem condição de nacionalizar de fato os preços, seja acelerando e ampliando a capacidade de refino no País, seja alterando a atual política de remuneração aos acionistas privados, marcada por dividendos recordes.

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Rio Grande do Sul: a rotina de uma distribuidora de combustíveis que não pode parar no meio do caos

O vai e vem dos barcos, ambulâncias, helicópteros e carros de bombeiros nas operações de salvamento pelas ruas alagadas nos municípios do Rio Grande do Sul depende do essencial para rodar: o combustível. Para que haja fornecimento de gasolina, diesel e etanol, a unidade da distribuidora Vibra de Canoas não pode parar, mesmo curando suas próprias cicatrizes. A sede foi invadida pela enchente que atingiu a cidade da região metropolitana. A atividade foi interrompida, pois parte do maquinário ficou embaixo de#39;água. Dois dias depois, as bombas puderam voltar a funcionar, ainda que de forma manual. Muitos funcionários também retornaram, outros demoraram um pouco mais: moradores da cidade destruída, eles perderam suas casas, suas memórias e entes queridos. O blog conversou por vídeo com três dos 84 funcionários lotados na unidade, que é a principal base de distribuição de combustíveis da empresa no estado, com atendimento a 70% dos municípios gaúchos e funcionamento 24 horas. Os operadores Silovete Machado e Moises Vissoto tiveram suas casas invadidas pela água e saíram do local com a família. A empresa os hospedou em hotéis da região, deu o apoio necessário e tempo para se recuperar. Mas eles quiseram voltar a trabalhar. -Meu filho quando me viu me arrumando me perguntou se eu ia voltar a trabalhar. Eu respondi: meu filho, a gente precisa de combustível para poder ajudar essas outras pessoas, ambulância, policial, todo o pessoal envolvido - relembrou a operadora, que está no hotel com seu marido e os dois filhos. Este foi o mesmo sentimento de Moisés: - Se a gente parar, para o estado inteiro. A vontade de trabalhar era muito grande, de querer vir ajudar para que as coisas voltassem à normalidade o mais rápido possível.No ápice do caos, o gerente da base de Canoas, Geraldo Marchesan, sabia que precisava colocar a unidade para funcionar e, ao mesmo tempo, tinha que pensar no drama dos colaboradores atingidos pela água. Dos 98 motores da distribuidora, 25 ficaram totalmente submersos com a enxurrada. Na parte da equipe, turmas de voluntários lotados no Rio e em São Paulo foram para Canoas em voos da FAB para render os funcionários gaúchos. - Acho que a gente saiu de um período extremamente crítico, que foi a parte que impactou muita gente, com a chuva e água subindo. Quando a água baixar e entendermos o tamanho do estrago na cidade, acho que esse período vai ter muito impacto emocional, psicológico para todo mundo - analisa ele. A base tem capacidade de armazenar 100 milhões de litros e não houve risco de desabastecimento, já que havia estoque. Marcelo Bragança, vice-presidente de Operações, Logística e Sourcing da Vibra, explica que a unidade agora opera em plena carga, mas a demanda está 30% abaixo do movimento normal. Além da questão logística - várias estradas destruídas - a agricultura e indústrias estão paralisadas. - A unidade de Canoas atende boa parte da economia do estado. O Rio Grande do Sul é um estado muito forte no agro, que é atendido a partir daquela base. Sem contar a questão dos serviços essenciais, como transporte urbano, hospitais, polícia, corpo de bombeiros, que são atendidas majoritariamente por essa unidade. O trabalho ali é essencial, o combustível é necessário para ter esta mobilidade dos barcos, os resgates, transporte de alimento, de remédios. Em conversa com autoridades e com a diretoria, a expectativa de Bragança é que o estado vai viver meses intensos de recuperação em maior e menor grau. Na parte corporativa, a preocupação é com o psicológico dos funcionários. - A primeira preocupação era como que garantiríamos que as pessoas estão bem mentalmente, aptas a trabalhar para aí sim botar a base para operar e dar esse apoio todo que a gente está dando para o estado? Esta é uma preocupação que temos e vamos continuar tendo, sem dúvida alguma, por alguns meses. A gente lida com um produto perigoso. Mesmo quando não tem crise, uma atenção constante é o estado mental das pessoas. O empregado não pode entrar num terminal de combustível com a cabeça pensando em outra coisa. Disponibilizamos psicólogos para acompanhá-los, sabemos que será um longo processo. Diria que para alguns a ficha ainda nem caiu completamente. O operador Moises diz que a situação está um pouco melhor, pois alugou uma casa para a família, a mulher e os três filhos, de 14, 9 e 2 anos. - Nunca imaginei que ia atingir minha casa como atingiu. Foi um pânico, um trauma muito grande, especialmente para as crianças. Agora conseguimos nos instalar e estou conseguindo vir trabalhar tranquilamente sabendo que minha família está segura. (Blog Míriam Leitão)

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Petróleo sobe e acumula ganhos na semana; Brent é cotado a US$ 83,98

O petróleo subiu nesta sexta-feira, 17, com o preço do WTI voltando a ficar acima dos US$ 80 por barril na máxima intraday pela primeira vez neste mês. A commodity chegou a oscilar perto do negativo nesta manhã, mas se consolidou em alta em meio ao enfraquecimento do dólar contra divisas desenvolvidas. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para julho fechou em alta de 1,07% (US% 0,84), a US$ 79,58 por barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para julho ganhou 0,95% (US$ 0,71), a US$ 83,98 por barril. Na semana, o WTI mais líquido teve alta de 1,69%, enquanto o Brent subiu 1,44%. O estrategista-chefe de commodities do Saxo Bank, Ole Hansen, pontua que os preços do petróleo bruto estão estabilizados na parte inferior da faixa esperada, dado que o mercado concluiu que conflitos no Oriente Médio terão impacto limitado endash; ou nulo endash; sobre a oferta. Enquanto isso, ele aponta que o pico da demanda no verão americano deverá sustentar os preços na faixa atual nos próximos meses. A Capital Economics pontua, em nota, que o mercado de petróleo deve ser cauteloso, dado que a Agência Internacional de Energia (AIE) atualizou para baixo pela segunda leitura consecutiva a sua perspectiva de crescimento da demanda global. Paralelo a isto, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem uma visão antagônica, destaca a consultoria, e segue esperando um crescimento robusto da demanda. Segundo a Capital, a AIE parece mais próxima de acertar do que a Opep. Em comentário a clientes, o gestor da Navellier Louis Navellier escreve que os riscos para uma alta do petróleo permanecem elevados, dadas as trocas de ataques a refinarias entre Rússia e Ucrânia. Ele prevê que, caso a Rússia capture a região de Karkhiv, a cotação do Brent toque US$ 100, visto que a Ucrânia provavelmente sabotará os oleodutos russos e as nações ocidentais ampliarão embargos ao petróleo russo, elevando os preços. (Estadão Conteúdo)

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Justiça nega liminar em ação que forçaria reeleição do conselho da Petrobras

O juiz federal Paulo Cezar Neves Junior da 21ª Vara Cível Federal de São Paulo negou o pedido liminar feito em uma ação civil pública (ACP) que levaria a Petrobras a convocar uma nova assembleia geral antes da confirmação de Magda Chambriard como nova presidente e conselheira. A ação foi aberta pelo deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo/SP), depois da demissão do presidente da empresa, Jean Paul Prates, e de sua renúncia ao cargo de conselheiro. A intenção da ACP era forçar a reeleição de todo o conselho, contrariando o rito em curso e, assim, postergar a transição iniciada após a saída de Prates. O Novo é um partido de oposição ao governo Lula. No X (Twitter), o Leonardo Siqueira afirmou que entrou com a ação para eldquo;destituir todo o conselho da Petrobraserdquo;. Magda Chambriard está passando pelos processos de checagem interna da governança da estatal antes de poder ser eleita em reunião do conselho endash; sem convocação de assembleia endash; para a vaga deixada por Prates. Posteriormente, a executiva deve ser confirmada no cargo em Assembleia Geral Ordinária (AGO), o que deve ocorrer em 2025. O arranjo é similar ao que permitiu com que Prates assumisse a presidência da empresa em janeiro de 2023, antes da realização da reunião de acionistas. Teses rejeitadas na negativa da liminar O parlamentar do Novo se baseou no artigo 141, da Lei das Sociedades Anônimas, que prevê a necessidade de nova eleição de todos os conselheiros eleitos pelo mecanismo do voto múltiplo quando um deles for destituído. Prates, contudo, renunciou à vaga no conselho, o que significa que não foi destituído dessa função. Na ação, Siqueira argumenta que este caso invocaria uma alternativa: eldquo;nos demais casos de vaga, não havendo suplente, a primeira assembleia-geral procederá à nova eleição de todo o conselhoerdquo;. Não implica, portanto, a convocação de assembleia extraordinária. A ação também argumentava que dois conselheiros da Petrobras teriam sido eleitos de forma ilegal, pois ocupam vagas em ministérios do governo. Seriam eles, Pietro Mendes e Rafael Dubeux. O argumento é baseado no artigo 17 da Lei das Estatais, que regula indicações de dirigentes partidários para os conselhos, que não são os casos dos dois conselheiros, e veda a indicação de ministros do governo federal, além de secretários estaduais. O presidente do conselho da Petrobras, Pietro Mendes, é secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis; Rafael Dubeux é secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda. O deputado do Novo também foi o autor das ações recentes que suspenderam os mandatos no conselho de Pietro Mendes e do ex-conselheiro Sérgio Rezende, por meio de decisões liminares, que foram revertidas pela União antes da última eleição do conselho.

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As pautas que Magda Chambriard terá pela frente no gás natural

Magda Chambriard assume Petrobras com desafios e pressões políticas a administrar no gás. Redução da reinjeção tende a voltar à pauta. Mas a nova CEO da estatal também terá de dar respostas sobre fertilizantes, Sergipe, gás da Argentina e novas fronteiras. ANP sinaliza modelo mais brando de desverticalização nas infraestruturas essenciais. 3R e Enauta encaminham fusão. Edge estreia no mercado livre. New Fortress prepara IPO para impulsionar negócios no Brasil e mais. Confira: NO COLO DA MAGDA Ter a Petrobras como aliada na redução da reinjeção de gás natural é uma das expectativas de alas do governo que miram a troca do comando da estatal como uma oportunidade de destravar pautas que não encontraram respaldo em Jean Paul Prates. Magda Chambriard assumirá a presidência da petroleira com o desafio de administrar pressões políticas por um protagonismo maior da Petrobras na busca por soluções (nenhuma delas simples) para aumentar a oferta de gás a preços competitivos para a indústria. São assuntos pendentes da gestão Prates que tendem a cair, agora, no colo da ex-diretora-geral da ANP: reduzir a reinjeção; voltar a investir em fertilizantes; viabilizar a produção de Sergipe; buscar gás na Argentina; desbravar novas fronteiras; rever compromissos com o Cade para abertura do mercadoehellip; Conforme antecipado pelo político epbr, serviço de assinatura exclusivo para empresas (teste grátis por 7 dias), Magda se reuniu esta semana com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e se mostrou aberta a buscar soluções (e investir em infraestrutura) para elevar a oferta de gás. Vem aí uma mudança de postura da estatal sobre a reinjeção? A seguir, a gas week navega por algumas das principais pautas que a nova CEO da Petrobras terá pela frente na indústria do gás. REINJEÇÃO DE VOLTA À PAUTA? O tema não é novo na trajetória política de Magda. Num passado não tão remoto, a ex-diretora-geral da ANP, vestindo o chapéu de diretora da Assessoria Fiscal da Alerj, ajudou a CPI dos Royalties (2021) a fazer oposição ao excesso de reinjeção no pré-sal endash; que, no limite, afeta a capacidade de arrecadação do Rio de Janeiro. Saiu em defesa, inclusive, da construção de um projeto estruturante de gás para o Rio: o hub de gás da Baixada Fluminense (leia na íntegra o estudo) Uma tentativa de atrair investimentos para o Rota 4B (gasoduto de escoamento até Itaguaí), associado ao desenvolvimento de mercado consumidor local baseado em condomínios industriais, plantas de fertilizantes e beneficiamento de minérios, gás-químicaehellip; Em parte, é a bandeira do gás como matéria-prima. Tema caro à Coalizão pela Competitividade Gás Natural endash; grupos empresariais liderados pela Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) que tentam emplacar junto ao governo uma política de gás a preços competitivos, em especial para fertilizantes e química. O combate aos elevados índices de reinjeção conta com a simpatia de Silveira e foi uma rotas de colisão públicas entre o ministro e Jean Paul Prates endash; que resistiu às pressões para rever os projetos do pré-sal que injetam 100% do gás. Relembrandoehellip; nos últimos anos, houve uma mudança no perfil de reinjeção do gás nos campos do pré-sal. Os FPSOs mais recentes passaram a ser planejados com capacidades cada vez maiores de produção de petróleo. Ao menos quatro das plataformas mais recentes, contratadas pela Petrobras, preveem a reinjeção total do gás e uma produção de 225 mil barris/dia endash; ante os patamares usuais, até então, de 180 mil barris/dia. CAMINHOS PARA REDUZIR A REINJEÇÃO Rever projetos já contratados é uma solução que conta com a oposição das petroleiras endash; a Petrobras, inclusive, nas gestões passadas endash; porque significa mudar os planos de desenvolvimento já aprovados que sustentaram decisões de investimentos. Os produtores argumentam que otimizar a produção de óleo resulta em mais participações governamentais para os cofres públicos. E que, por isso, não se deve falar em eldquo;desperdício de gáserdquo; com a reinjeção. Nas discussões do Gás para Empregar, a Coalizão, por exemplo, tentou pressionar para que os projetos contratados e ainda não entregues fossem revistos, para inclusão de plantas de separação de CO2. Mas há o que fazer mirando-se projetos futuros. Dentro da alçada da Petrobras, isso passa por mudanças no escopo das plataformas e mais investimentos em infraestrutura emdash; o governo espera encontrar eco em Magda. Do ponto de vista regulatório, há espaço para aprimoramentos. Como dar mais transparência nas definições das estratégias de injeção do gás, nas discussões sobre os planos de desenvolvimento dos campos endash; etapa em que são traçadas as perspectivas de oferta de gás. Há também espaço para se negociar com os agentes do mercado formas de se reduzir a reinjeção de campos já em produção, a partir da otimização da infraestrutura existente, se houver os incentivos corretos, defende a diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges. A MISSÃO NOS FERTILIZANTES Outra pauta que Magda herdará de Prates é a retomada dos investimentos em fertilizantes. Historicamente, um desafio do ponto de vista econômico, no Brasil, por exigir preços bastante competitivos para o gás natural. Destravar as fafens é uma encomenda do governo Lula 3. Pouco antes de ser demitido, Prates havia estimado ser possível estabelecer uma holding para a companhia atuar no setor de fertilizantes somente em 2025. Magda terá de acelerar o passo. E o cenário é desafiador: o projeto de Três Lagoas (MS) é uma obra abandonada; e falta chegar a uma solução para retomada das operações das unidades de Sergipe e Bahia, arrendadas à Unigel. Sob a gestão de Prates, a Petrobras avançou num acordo temporário de tolling com a empresa do setor químico, para retomar as operações, mas esbarrou em questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). Magda terá de desatar esse nó endash; politicamente sensível, caro ao ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT/BA), por envolver a geração de emprego e renda em seu estado. MAIS OFERTA, COM SERGIPE Tirar do papel o projeto de Sergipe Águas Profundas também será uma tarefa para a nova CEO da Petrobras. A estatal vem tendo dificuldades nas primeiras licitações para o afretamento das plataformas, devido em parte à inflação de custos da cadeia fornecedora. A empresa, inclusive, iniciou a análise sobre a possibilidade de optar pela construção de unidades próprias, no lugar do afretamento. O atraso do projeto, previsto para o fim da década, tem gerado queixas por parte de autoridades sergipanas endash; o senador Laércio Oliveira (PP/SE) tem sido vocal endash; e consumidores de gás que enxergam no aumento da oferta uma perspectiva de redução de preços. O projeto deve trazer até 18 milhões de m3/dia a mais para o mercado. É a principal fonte de gás novo da estatal no planejamento estratégico emdash; junto com o projeto Raia, operado pela Equinor. E A ABERTURA DO MERCADO? As sinalizações mais recentes do governo, após conclusão dos estudos do Gás para Empregar, têm sido na direção de tirar os obstáculos que o domínio da Petrobras representa, em especial no acesso às infraestruturas de escoamento e processamento. Mas qual será, afinal, o papel que a petroleira, sob nova administração, desempenhará nos planos do governo de aumentar a competitividade do gás para a indústria? Inicialmente, a proposta do governo era usar a PPSA (e não a Petrobras) como indutora da política de gás mais barato para a indústria endash; sobretudo a partir do mecanismo de swap do óleo da União nos contratos de partilha por mais gás. O plano travou, o que tende a aumentar a pressão sobre a Petrobras de Magda, para que a petroleira dê as respostas. Em seus suspiros finais, a gestão Prates anunciou uma redução nos preços do gás. Uma nova política de preços, na tentativa de frear a concorrência, sobretudo no mercado livre. Os novos agentes do mercado acompanham com atenção emdash; e receio emdash; os movimentos da Petrobras. A estatal já vinha dando sinalizações de retomada de market share: baixou preços, freou as vendas de ativos, começa a se aproximar da Argentina, para não ficar de fora das oportunidades de importação de gás de Vaca Muertaehellip; E pediu ao Cade a revisão do TCC assinado em 2019, com compromissos para abertura do mercado. O que será, por exemplo, da regra que veta a estatal de comprar gás de seus sócios na cabeça do poço? NOVAS FRONTEIRAS Chambriard também assume a Petrobras num momento em que o tema da abertura de novas fronteiras exploratórias divide o governo. A ex-diretora-geral da ANP tem partilhado da visão da indústria, que enxerga a transição energética como um processo longo e durante o qual ainda haverá consumo de combustíveis fósseis por muito tempo. Ela é uma defensora histórica da exploração e produção de óleo e gás na Margem Equatorial e foi a responsável por viabilizar a concessão de blocos na região quando foi diretora-geral da ANP. A EPE acredita que a Bacia da Foz do Amazonas tem potencial para se tornar um polo importante de produção de gás natural no futuro. Barreirinhas também tem histórico de descobertas de indícios de gás. A nova presidente da Petrobras terá a missão de executar um plano de recuperação de reservas num ambiente hostil endash; de oposição do Ministério do Meio Ambiente. E que exigirá a busca de alternativas para além da Margem Equatorial. O MME vem defendendo, por exemplo, a ampliação da exploração de gás onshore endash; tanto nas bacias mais maduras do Nordeste quanto em novas fronteiras no interior do país. Magda pode esbarrar aí em mais uma disputa com ambientalistas endash; que resistem ao desenvolvimento de áreas com potencial para gás não convencional. Também não é um tema novo na trajetória de Magda. Foi na administração dela à frente da ANP que a 12ª Rodada de Concessões, em 2013, ofertou ao mercado uma série de blocos com potencial para gás não convencional. Na ocasião, Magda dizia que o leilão seria uma espécie de eldquo;pilotoerdquo; para que o Brasil entrasse no gás não convencional. As petroleiras sofreram com moratórias e obstáculos judiciais que travaram a exploração dessas concessões. Áreas como a Bacia do São Francisco, em Minas Gerais e no Centro-Oeste, têm potencial para produção de gás natural não convencional, com reservas de tight gas. O Poço Transparente, projeto piloto para monitoramento e estudos sobre a segurança do fraturamento hidráulico no Brasil, incluído no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) no fim de 2021, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL), MAS nunca saiu do papel.

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