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Como a disputa política por indicações de diretores afeta o funcionamento das agências reguladoras

As 12 agências reguladoras federais responsáveis por regular e fiscalizar diversos setores da economia têm mais da metade das diretorias desocupadas ou com vagas a abrir em 2025. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast mostra que 23 das 60 posições estão ocupadas por diretores ou conselheiros substitutos ou, em alguns casos, com cadeiras vazias. Há ainda oito vagas que serão abertas em 2025 e que já estão sendo cobiçadas por congressistas. As agências reguladoras são essenciais para garantir o bom funcionamento dos serviços públicos e, ao mesmo tempo, atrair investidores para setores estratégicos. São elas as responsáveis por garantir a qualidade dos serviços, proteger os interesses dos consumidores e promover a concorrência. Ao regular os setores, dão mais previsibilidade para quem for colocar dinheiro em projetos e concessões públicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou ao Congresso, no fim do ano passado, um pacote com 14 indicações para as agências reguladoras. Há, no entanto, outras nove vagas que permanecem abertas e para as quais Lula ainda não apontou quem serão os novos diretores ou conselheiros. Ao longo dos anos, as agências reguladoras enfrentaram diversos desafios. Um dos principais foi o corte de verbas, que comprometeu sua atuação e reduziu a capacidade de fiscalização eminus; problema que se manifestou inclusive nos dois primeiros mandatos do presidente Lula. Outro fator crônico é a recorrente indicação política para os cargos de diretoria, o que muitas vezes fragiliza a autonomia e a eficácia dessas instituições. Isso coloca em xeque as decisões das agências, que precisam ser autônomas e independentes. As indicações para agências reguladoras são disputadas entre governo e Congresso pelo fato de essas autarquias estabelecerem uma série de regras para regular os setores da economia. Parlamentares com influências em algumas esferas, como transportes rodoviários, planos de saúde ou energia elétrica, por exemplo, costumam pleitear ao Palácio do Planalto essas indicações. Na prática, essas escolhas servem como uma barganha para o governo ter uma base de apoio mais sólida no Congresso. Apesar de Lula já ter encaminhado 14 nomes para a avaliação do Senado, as indicações estão emperradas. Senadores ouvidos pelo Estadão/Broadcast dizem que o motivo para isso é uma disputa nos bastidores entre o Ministério de Minas e Energia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em torno das indicações para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Procurados, MME e Alcolumbre não se manifestaram. Impasse com Alcolumbre Alcolumbre e Lula viajaram à Rússia e à China na semana passada. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que está no centro da disputa pelas indicações à ANM e à Aneel, também acompanhou a comitiva presidencial. Aliados do presidente da República disseram à reportagem terem aconselhado Lula a resolver o imbróglio quanto antes para fazer com que a pauta no Senado seja destravada. O presidente da Casa Alta do Congresso tenta emplacar duas indicações na Aneel (uma já está vaga e a outra abrirá neste mês) e duas na ANP (as duas já estão vazias). Alcolumbre já conseguiu eldquo;rebaixarerdquo; o indicado de Silveira para a diretoria-geral da ANP. Pietro Mendes, atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, era o nome mais cotado para a diretoria-geral, mas acabou preterido por Artur Watt Neto, indicado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). O presidente do Senado tenta a retirada de vez do nome de Mendes para emplacar um indicado na ANP. No caso da Aneel, o nome de Gentil Nogueira, atual secretário Nacional de Energia Elétrica, é o escolhido pelo Ministério de Minas e Energia com o apoio de Silveira. A cúpula do Congresso, no entanto, tem trabalhado pela escolha de Rômulo Gobbi do Amaral, advogado da Casa Alta do Congresso e assessor do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Willamy Frota, ex-presidente da Amazonas Energia e ex-diretor da Eletronorte, que conta com o apoio de Eduardo Braga (MDB-AM), de acordo com pessoas ouvidas pela reportagem. A ocupação das diretorias das agências reguladoras por substitutos causa irritação em congressistas, que acusam o Palácio do Planalto de colocar diretores interinos para votar conforme os interesses do governo nas agências. O Estadão/Broadcast apurou que as reclamações dos senadores sobre essa prática tem crescido cada vez mais e feito com que os pleitos pelas indicações às agências tenham ganhado força nas últimas semanas. Especialistas apontam prejuízos Para especialistas, o elevado número de diretorias ocupadas por interinos ou mantidas vagas compromete a efetividade do trabalho regulatório. Segundo Alketa Peci, coordenadora acadêmica do Mestrado Profissional em Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e pesquisadora da área de agências reguladoras, o excesso de interinidades tende a reforçar a presença de quadros técnicos, em detrimento da diversidade de perfis, especialmente de profissionais oriundos do mercado e da política. eldquo;Quando há muitos interinos, prevalece a visão interna e técnica, mas corre-se o risco de se perder a perspectiva do mercado e da política. Há quem defenda que apenas o corpo técnico deveria ocupar esses cargos, mas sou contra. É fundamental haver diversidadeerdquo;, afirmou. A ocupação das diretorias das agências reguladoras por substitutos causa irritação em congressistas, que acusam o Palácio do Planalto de colocar diretores interinos para votar conforme os interesses do governo nas agências. O Estadão/Broadcast apurou que as reclamações dos senadores sobre essa prática tem crescido cada vez mais e feito com que os pleitos pelas indicações às agências tenham ganhado força nas últimas semanas. Especialistas apontam prejuízos Para especialistas, o elevado número de diretorias ocupadas por interinos ou mantidas vagas compromete a efetividade do trabalho regulatório. Segundo Alketa Peci, coordenadora acadêmica do Mestrado Profissional em Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e pesquisadora da área de agências reguladoras, o excesso de interinidades tende a reforçar a presença de quadros técnicos, em detrimento da diversidade de perfis, especialmente de profissionais oriundos do mercado e da política. eldquo;Quando há muitos interinos, prevalece a visão interna e técnica, mas corre-se o risco de se perder a perspectiva do mercado e da política. Há quem defenda que apenas o corpo técnico deveria ocupar esses cargos, mas sou contra. É fundamental haver diversidadeerdquo;, afirmou. eldquo;Um conselho 100% político não é bom também. Quanto maior diversidade na diretoria, melhor é para tomar decisão, porque traz todas as visõeserdquo;, completou. Peci afirmou, ainda, que a dificuldade de o governo chegar a um entendimento com o Congresso sobre as indicações para as agências eldquo;é mais um dos sintomas do presidencialismo de coalizãoerdquo;. Segundo ela, eldquo;todos os políticos tiveram desconfortos com as agênciaserdquo;, mas nos últimos tempos houve um desgaste maior. eldquo;O que vivemos nos últimos anos é o desgaste das moedas de troca do presidencialismo de coalizão. As indicações às agências entraram no bolo de negociação. Esses cargos às vezes são mais cobiçados que os de políticoserdquo;, afirmou. eldquo;Esse fenômeno foi muito comum no governo Dilma (Rousseff). Isso reflete a dificuldade de negociação com o Congressoerdquo;, reforçou. O presidente da Associação Brasileira das Agências Reguladoras (Abar), Vinicius Benevides, por sua vez, ressaltou que as interinidades nas agências têm eldquo;impactos tanto institucionais quanto para a economiaerdquo;. eldquo;Ficamos com autonomia um pouco comprometida, os diretores substitutos são servidores de carreira e não passam por sabatina e aprovação do Senado. Ou seja, tem menos respaldo político e institucional, o que compromete a independência da agênciaerdquo;, afirmou. Eke ressaltou que eldquo;empresas e agentes do setor, podem questionar futuramente a legitimidade de decisõeserdquo; tomadas por diretores interinos. eldquo;Há prejuízo também na tomada de decisões estratégicas. Algumas matérias precisam de quórum completo para serem votadas. Há risco de decisões conservadoras ou protelatórias por diretores interinos, que tendem a adotar postura conservadora para evitar conflitoserdquo;, argumentou. Benevides argumentou que ter segurança jurídica no ambiente regulatório é um dos principais pontos analisados por investidores. eldquo;Para investir no Brasil, é preciso avaliar se há um mercado atrativo, como está o ambiente político eminus; se os Poderes funcionam adequadamenteeminus; e também o ambiente regulatório, ou seja, a atuação das agências responsáveis por definir as regras. Esses três elementos formam um triângulo. Quando há insegurança jurídica nesse terceiro ponto, a fragilidade das agências reguladoras passa a ser uma preocupaçãoerdquo;, completou.

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Haddad defende pesquisa na Margem Equatorial em paralelo à redução no uso do petróleo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a pesquisa sobre as reservas de petróleo na Margem Equatorial, mas disse que uma eventual descoberta e extração da commodity na região deve ocorrer em paralelo à redução do uso do petróleo na matriz energética. As declarações foram dadas em entrevista ao programa Cidades e Soluções, da GloboNews, transmitida na noite deste sábado, 17. eldquo;Em primeiro lugar, temos que, o quanto antes, prescindir do petróleo. A humanidade precisa prescindir do petróleo. Não temos condição de usar petróleo sem emitir o carbono. Você queimou o petróleo, vai para a atmosferaerdquo;, disse o ministro. eldquo;Isso se faz com investimento em fontes alternativas, e o Brasil lidera esse processo há décadas.erdquo; eldquo;Saber o que tem na Margem Equatorial é importante. O Brasil precisa saber o que tem lá, até porque não está sozinho nisso. A Margem é muito extensa, transcende o território nacional. Sou a favor da pesquisa. Temos de conferir o que tem lá. Agora, o petróleo que eventualmente possa estar lá não pode ser pretexto para atrasarmos a nossa transiçãoerdquo;, afirmou. A Margem Equatorial é uma fronteira exploratória de petróleo situada acima dos Estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Ela compreende cinco bacias de petróleo: Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. A estimativa oficial é de que a região possua mais de 30 bilhões de barris de petróleo. A Petrobras tem interesse em explorar petróleo na região. A presidente da empresa, Magda Chambriard, disse na quinta-feira, 15, que a última exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a exploração de petróleo na Margem Equatorial foi atendida em março e que a estatal enviou uma nova carta para o órgão com um pedido de autorização para a licença pré-operacional. Segundo a presidente da Petrobras, caso aprovada, a perfuração da Margem Equatorial ocorrerá em águas profundas, a 540 quilômetros de distância da Foz do Amazonas.

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Setor de combustíveis estima que pelo menos 941 postos estejam sob domínio de facções

O setor de combustível tem pelo menos 941 postos de gasolina sob algum domínio de facções criminosas. De acordo com dados obtidos pelo R7, São Paulo é o estado mais crítico, com 290 postos influenciados ou dirigidos pelo crime organizado; a unidade federativa é seguida por Goiás (163), Rio de Janeiro (146) e Bahia (103) (veja dados abaixo). Os dados são de levantamento feito pelo setor e compartilhado com a reportagem. Para mapear os postos, a pesquisa considerou diversos fatores, como relação de agentes com participações societárias, uso de laranjas e relações entre postos e redes. Hoje, o Brasil tem cerca de 42 mil postos de combustível. A análise revela que os dirigentes e responsáveis por esses postos de gasolina estariam envolvidos em lavagem de dinheiro e envolvimento em operações policiais, além de muitos terem histórico prisional. O especialista em segurança pública Welliton Caixeta Maciel explica que a infiltração do crime organizado no setor não é algo novo. eldquo;Remonta ao final dos anos 1990. O que observamos é uma adaptação da criminalidade às oportunidades que parecem mais propícias para expansão do domínio e fortalecimento das facções criminosas, como PCC, Comando Vermelho e Família do Norteerdquo;, diz. Para Maciel, a eldquo;escolha do setor de combustíveis por essas facções tem relação a precariedade da fiscalização e com a potencialidade da ampliação da ramificação do crime organizado e sua interiorização pelo país por meio dos postos de combustíveis, além, é claro, do fornecimento de estrutura para lavagem de dinheiro e outros crimes, cooptação de membros e outros fatoreserdquo;. Ele lembra que o desbaratamento de esquemas em fraude em licitações e contratos públicos por facções da região Sudeste, fez com que elas buscassem mais domínios. eldquo;O que observamos, portanto, é uma expansão mais infiltrada do crime organizado em setores de interesse do Estado, nessa longa disputa por território e poder, com uma certa conivência disfarçada de atores do crime e do próprio Estado. A situação é gravíssima, pois o fortalecimento dessas facções tem reflexos sérios dentro e fora do sistema prisional, na economia local onde esses postos de combustíveis estão localizados e em toda a sociedade brasileiraerdquo;, observa. Na avaliação do especialista, as tentativas de sufocamento do domínio de facções criminais têm feito com que elas se reorganizem e repensem suas formas de atuação, eldquo;não mais apenas focado no tráfico de drogas, cigarros e armas de fogo, mas também na venda de combustívelerdquo;. eldquo;Ainda assim, é imprescindível a atuação das instituições do sistema de justiça no enfrentamento e combate ao crime organizado, com investigações sérias, processamento e punição de envolvidos nesse tipo de criminalidade. Da mesma forma importante, é preciso ajustar o modelo de fiscalização, pois a complexidade de normas fiscais possibilita que essas facções explorem de forma ilícita o setor de combustíveiserdquo;, lamenta. Número superestimado Em entrevista ao R7, no entanto, o secretário de Segurança Pública do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Mário Sarrubbo, avaliou que o cenário é grave, mas que o número não chega a ser tão alto como mostra o levantamento. Questionado sobre qual a influência das facções criminosas no setor, contudo, o titular da pasta não informou um número estimado pelo ministério. eldquo;Temos que tomar alguns cuidados com esses números. Há uma tradição em inflar esses números e pode passar a sensação de que o problema é maior do que ele realmente éerdquo;, disse. O secretário confessou, contudo, que eldquo;o valor de mercado das grandes empresas e grandes distribuidoras poderia ser muito maior se não tivesse essas organizações criminosas atuando nesse contextoerdquo;. Segundo o titular da pasta, essas facções atuam em alguns pontos como: Venda de nafta como gasolina; Facilitação para importação de derivados de petróleo na Zona Franca de Manaus, usando os estímulos fiscais; Sonegação de impostos nas operações envolvendo o etanol hidratado; Não cumprimento das metas do RenovaBio; e Adulteração na mistura do biodiesel. eldquo;Isso tem prejudicado o lucro de grandes empresas em 10 a 15%. Ou seja, elas poderiam crescer muito mais em arrecadação dos impostos. Alguns números dão conta de pelo menos R$ 20 bilhões em desvio, incluindo perda de impostos, por conta dessas atividades ilícitaserdquo;, detalhou. O que está sendo feito? Sarrubbo explica que o Ministério da Justiça atua com um grupo de trabalho voltado ao combate ao crime organizado. eldquo;O primeiro tema [de discussão desse grupo] foi essa questão dos combustíveis. Essa primeira reunião ocorreu há cerca de dois meses, e já temos subgrupos trabalhando, com atuação da ANS (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Ministério de Minas e Energia, setores de combustível e outras entidadeserdquo;, disse. Segundo o secretário, a Polícia Federal e a diretoria de inteligência de diversos órgãos também atuam no combate ao crime organizado no setor. eldquo;De maneira que, a partir disso, queremos potencializar as ações que já existem no âmbito do Ministério. Temos, por exemplo, operações realizadas apenas sobre isso, como a Protetor de Fronteiras e Divisa, que acontece em todo o Brasil e integra várias polícias de vários estados para ações mais incisivas no transporte rodoviário e marítimoerdquo;, disse. O titular de Segurança Pública acrescenta, ainda, que o governo conta com a Rede Recupera, que envolve Ministério Público, receitas e a polícia para combater a lavagem de dinheiro. eldquo;Temos também a questão do transporte desse combustível. A gente conversa com as transportadoras para ter o apoio da polícia rodoviária federal e várias ações para impedir a atuação desses grupos criminososerdquo;, afirma. Cenário complexo O setor de combustível, no entanto, não enfrenta desafios apenas com a infiltração do crime organizado. Estimativas do setor chegam a calcular perdas entre R$ 13 a R$ 23 bilhões por ano em fraudes fiscais. O mercado ilegal movimentaria 13 bilhões de litros por ano, 8,7% do mercado total, quantidade de combustível suficiente para abastecer 500 milhões de carros. O economista Hugo Garbe declara que esses são recursos que evaporam por meio de esquemas como empresas de fachada, sonegação deliberada de tributos e emissões de notas fiscais falsas. eldquo;Pode parecer apenas um número contábil, mas ele representa, por exemplo, milhares de leitos hospitalares que deixam de ser financiados, escolas que não saem do papel, viaturas que não chegam às ruaserdquo;, pontua. Garbe destaca que eldquo;fraudes dessa natureza corroem a base de arrecadação pública e criam um cenário de injustiça fiscalerdquo;. eldquo;Empresas que cumprem a lei são penalizadas ao competir com outras que operam à margem do sistema. Isso gera um desequilíbrio que, no longo prazo, afeta investimentos, desestimula a formalização e, em última instância, prejudica o desenvolvimento econômico sustentávelerdquo;, detalha. O economista cita outro fenômeno preocupante: o dos chamados devedores contumazes, eldquo;empresas que fazem da inadimplência uma estratégia de negócioerdquo;. eldquo;Em abril de 2025, a dívida ativa do setor de combustíveis chegou a R$ 203 bilhões. Desse total, R$ 87 bilhões são devidos à União e outros R$ 117 bilhões aos estados. Só São Paulo e Rio de Janeiro concentram, juntos, mais de R$ 86 bilhões dessa dívidaerdquo;, cita. eldquo;Não estamos falando de empresas em dificuldades temporárias, mas de grupos que operam com clara intenção de não pagar impostos. São estruturas que abrem, faturam, sonegam, acumulam dívidas impagáveis e depois desaparecem emdash; reaparecendo com outro nome e outro CNPJ. Um ciclo que mina a capacidade do Estado de arrecadar e de investir em políticas públicaserdquo;, analisa. Ele alerta que, quando um setor inteiro normaliza a inadimplência deliberada, o efeito colateral é a contaminação do ambiente de negócios como um todo. eldquo;O recado é claro: vale mais a pena burlar o sistema do que segui-lo. E quando a regra vira exceção, quem perde é o cidadão. O impacto é real: menos dinheiro em caixa para investimentos públicos significa mais pressão sobre os contribuintes que pagam em dia, mais desigualdade na distribuição de serviços, e mais dificuldade para o Estado cumprir seu papel socialerdquo;, explica. Impacto na vida do cidadão Garbe explica que esses R$ 203 bilhões, por exemplo, eldquo;poderiam estar nas ruas em forma de mobilidade urbana, na mesa em forma de merenda escolar, ou na fila do hospital, reduzindo a espera por atendimentoerdquo;. eldquo;Quando deixamos de arrecadar por causa de fraudes e devedores que se escondem atrás de brechas jurídicas, estamos, de fato, transferindo o custo para a sociedade emdash; especialmente para os mais pobres. É preciso mudar esse cenário com seriedade. Identificar e punir o devedor contumaz não é apenas uma questão técnica, é um compromisso ético com a justiça fiscal. Da mesma forma, combater fraudes estruturadas é preservar a integridade do Estado e garantir que o jogo seja limpo para todoserdquo;, defende. Para ele, a solução passa pela modernização da fiscalização com tecnologia de rastreamento em tempo real, agilidade na cobrança da dívida ativa com inteligência jurídica e separação do devedor ocasional daquele que atua de forma sistemática. O que avalia o setor? Diante deste cenário, a reportagem foi ouvir o setor de combustível. Em entrevista com o presidente do ICL (Instituto Combustível Legal), Emerson Kapaz, ele confessou que o impacto da sonegação, das facções criminosas e dos devedores contumazes é grande no mercado de combustível. eldquo;Também temos distribuidoras que estão enfrentando dificuldades ou sendo cooptadas pelo crime organizado. E na ponta, temos [a infiltração] nos postos de gasolina. Costumamos dizer que toda a cadeia produtiva está colaborando para esse cenárioerdquo;, lamenta. Kapaz cita, por exemplo, que o ICL atua para a aprovação de um projeto de lei que impeça a prática da dívida contumaz. Hoje, há dois projetos principais no Congresso: o PLP 125/22 e o PLP 164/22. eldquo;Estamos com um trabalho muito forte para a aprovação desses projetos. Porque de uns quatro ou cinco anos para cá, esse cenário se agravou muito. O setor de combustível é um dos que têm maior tributação e quase 10% do mercado é dominado por irregularidadeserdquo;, lamenta. O presidente do ICL menciona, por exemplo, que esse cenário permite uma vantagem competitiva dos devedores contumazes e das organizações criminosas. eldquo;É uma concorrência deslealerdquo;, observa. Kapaz comenta que os principais problemas que o setor enfrenta são com a adulteração de combustíveis, bombas fraudadas, venda sem emissão de notas fiscais, roubo de cargas e dutos, e desvios em importações. A atuação desses grupos alimenta, por exemplo, a venda de combustível para o garimpo ilegal e aumenta o desmatamento. Infiltração em vários setores O diretor do Instituto Combustível Legal, Carlo Faccio, explica que houve uma mudança na atuação das facções. eldquo;Antes, eles trabalhavam pontualmente. Preferiam atuar na ponta, adquirindo novos postos de gasolina, de forma bem dispersa. Mas como eles observaram um ganho em escala e um elo para lavagem de dinheiro, eles enxergaram uma outra oportunidade, e nesse processo estão começando a adquirir elos em toda a cadeia, presentes de maneira verticalizada, o que permite que eles façam lavagens sem pagarerdquo;, observa. Para ele, é necessário atuar em duas frentes: o combate e a prevenção. eldquo;Precisamos ter um modelo tributário incorporando a caracterização do devedor contumaz e também ações corretivas e integração das informações para garantir o enfrentamento aos ilícitos. Cada elo [do setor] demanda uma atuação com ações de trabalho de inteligênciaerdquo;, finaliza.

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Grupo GBI trará de volta a marca Texaco ao RS após 17 anos

A marca Texaco, que estava fora do mercado brasileiro há quase duas décadas, está retornando ao Rio Grande do Sul pelas mãos do Grupo GBI, com sede em Bagé. A empresa, que já opera 15 postos de combustíveis no estado, anunciou que terá exclusividade para abrir revendas Texaco na Região Metropolitana e no Sul do Estado. O primeiro posto da nova rede será instalado em São Gabriel com previsão de abertura até agosto. Para Santa Maria, onde o grupo já mantém uma unidade, ainda não há cronograma definido para a chegada da nova bandeira. Segundo o presidente do Grupo GBI, Gustavo de La Barrera, a empresa planeja inaugurar 20 postos Texaco nos próximos meses. Com a expansão, o número de colaboradores deve saltar dos atuais 200 para mais de 500. Um dos destaques anunciados por La Barrera é o combustível gasolina aditivada Techron, reconhecido internacionalmente pela sua tecnologia de limpeza e desempenho. O produto é um dos diferenciais da Texaco, marca global pertencente à multinacional americana Chevron. Fundado há 14 anos, o Grupo GBI opera postos em Bagé, Santa Maria, São Gabriel, Dom Pedrito, Canoas e Eldorado do Sul. Com a nova parceria, a empresa se consolida como um dos principais agentes do setor de combustíveis no Rio Grande do Sul.

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Petróleo tem alta semanal, mas permanece sob pressão de aumento de oferta

O petróleo subiu nesta sexta-feira, registrando também a segunda semana consecutiva de ganhos com a diminuição das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, embora os preços tenham sido contidos pelas expectativas de maior oferta do Irã e da Opep+. Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam com alta de 1,4%, a US$65,41 por barril, enquanto os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate dos EUA subiram 1,4%, a US$62,49. Os contratos de referência registraram um aumento semanal de 1% e 2,4%, respectivamente. Os contratos caíram mais de 2% na sessão anterior, devido à perspectiva de um acordo nuclear com o Irã, que poderia resultar em uma flexibilização das sanções, o que poderia fazer com que o petróleo iraniano voltasse ao mercado global. eldquo;Os aumentos esperados na produção de petróleo da Opep+, juntamente com um acordo nuclear iraniano mais provável, fizeram ressurgir (expectativas baixista)erdquo;, disse Dennis Kissler, vice-presidente sênior de negociação da BOK Financial. eldquo;A curto prazo, com o arrefecimento das temperaturas geopolíticas, será necessária uma forte demanda sazonal de viagens nos próximos meses para contrabalançar os aumentos esperados na ofertaerdquo;, acrescentou Kissler. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quinta-feira que os EUA estavam se aproximando de um acordo nuclear com o Irã, com Teerã eldquo;mais ou menoserdquo; concordando com seus termos. No entanto, uma fonte familiarizada com as negociações disse que ainda havia questões a serem resolvidas. Os analistas do ING escreveram em uma nota que um acordo nuclear que suspenda as sanções permitiria que o Irã aumentasse a produção de petróleo, resultando em oferta adicional de cerca de 400.000 barris por dia. (Reuters)

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Inflação: IGP-10 tem queda inesperada em maio e recua pelo 2º mês seguido

O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) registrou queda inesperada em maio, de 0,01%, caindo pelo segundo mês seguido após o recuo de 0,22% em abril, em resultado puxado pela baixa dos preços de matérias-primas brutas, de acordo com os dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira (16). Analistas consultados pela Reuters esperavam uma alta de 0,17% na base mensal. Em 12 meses, o IGP-10 passou a subir 7,54%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral, teve queda de 0,17% em maio, depois de cair 0,47% no mês anterior. eldquo;Influenciadas pela dinâmica de preços no mercado internacional, as quedas do minério de ferro, óleo diesel e milho foram as principais contribuições para a queda do IPAerdquo;, disse Matheus Dias, economista do FGV IBRE. O relatório mostrou que em maio o minério de ferro teve queda de 1,74%, após cair 3,79% em abril; o milho em grão recuou 5,36%, ante um avanço de 11,64% em abril; e o óleo diesel teve baixa de 6,34%, após cair 1,46% no mês anterior. Na análise por grupos, a queda no IPA veio na esteira do recuo dos preços de Matéria-Primas Brutas, que tiveram deflação de 1,09% em maio, depois de cair 1,0% do mês anterior. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do índice geral, registrou a mesma taxa de abril, uma alta de 0,42%. No IPC, houve acréscimo em cinco das oito classes que compõem o índice: Saúde e Cuidados Pessoais (0,59% para 1,08%), Despesas Diversas (0,20% para 1,15%), Habitação (0,31% para 0,57%), Vestuário (0,02% para 0,66%) e Educação, Leitura e Recreação (-0,69% para -0,45%). A tarifa de eletricidade residencial e a batata-inglesa foram os itens de maior destaque para a alta do IPC, subindo 1,61% e 22,97%, respectivamente, em maio, ante as baixas de 0,74% e 0,85% no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10), por sua vez, desacelerou ligeiramente, subindo 0,43% em maio, depois de um avanço de 0,45% em abril. O IGP-10 calcula os preços ao produtor, consumidor e na construção civil entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência. (Reuter)

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