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Montadoras param fábricas por queda nas vendas e dão férias coletivas

Após dois anos de paradas forçadas por escassez de semicondutores, as montadoras voltam a interromper a produção, mas, desta vez, também por falta de consumidores. A desaceleração da atividade econômica, a inflação e os juros elevados estão frustrando a expectativa do setor e levando empresas a promoverem ajustes na produção. A partir de hoje, três grandes grupos, General Motors, Hyundai e Stellantis (dona de Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën) vão suspender linhas de produção e dar férias coletivas. O quadro de fraqueza nas vendas pode se prolongar até 2024, dizem economistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco (Depec), e novas paradas devem ocorrer. Nesta segunda-feira, a Hyundai concede férias coletivas de três semanas para os trabalhadores dos três turnos da unidade que produz os modelos HB20 e Creta em Piracicaba (SP). Na quarta-feira, a Stellantis dispensa por 20 dias os funcionários do 2.º turno da fábrica da Jeep em Goiana (PE) e, uma semana depois, os operários do 1.º e do 3.º turnos, por dez dias, período em que toda a produção dos SUVs Renegade, Compass, Commander e da picape Fiat Toro estará paralisada. A GM também suspenderá a produção da picape S10 e do SUV Trailblazer na planta de São José dos Campos (SP) de 27 de março a 13 de abril. No fim de fevereiro, a fábrica que produz modelos Peugeot e Citroën encerrou o 2.º turno em Porto Real (RJ) e antecipou a dispensa de 140 funcionários com contratos temporários. As montadoras justificam as medidas pela queda da demanda e a necessidade de adequar seus níveis de produção ao mercado atual. Em 2019, as vendas foram de 2,787 milhões de unidades endash; patamar já considerado baixo. No ano passado, esse número caiu para 2,104 milhões de unidades. As férias coletivas ao longo das próximas semanas envolvem cerca de 10 mil trabalhadores. eldquo;Ao contrário do último biênio, em que a oferta era a principal fonte de desafios da indústria automobilística, a demanda deve ser o fator-chave para o cenário de 2023-2024erdquo;, assinala o Depec, em relatório assinado pelos economistas Renan Bassoli Diniz e Myriã Bast. O setor já vinha de um desgaste. A falta de semicondutores para a produção fez com que 630 mil veículos deixassem de ser produzidos em 2021 e 2022. A escassez já é bem menor, mas ainda persiste. A Volkswagen vai parar a produção em Taubaté (SP) por dez dias a partir da próxima semana. No fim de fevereiro e início deste mês a marca já tinha paralisado as linhas de outras três unidades por falta de componentes. A fábrica da Renault no Paraná ficou inativa na semana passada pelo mesmo motivo. ebull; Setor já vinha enfrentando dificuldade por causa da falta de semicondutores em todo o mundo A melhora no fornecimento global de componentes, especialmente de semicondutores, ajudou as fabricantes de veículos a recomporem estoques. No auge da pandemia, eles caíram para volumes próximos a dez dias de vendas, e alguns automóveis chegaram a ter fila de espera de até seis meses. Já no fim de fevereiro, havia 187,4 mil carros nos pátios das fábricas e concessionárias, suficientes para 40 dias de vendas, acima da média normal, que é de 30 a 35 dias. Os preços dos carros usados, que apresentaram alta valorização no período de escassez dos novos, pararam de subir e até promoções nas vendas dos zero quilômetro, que estavam raras nos últimos meses, estão de volta. Diante desse cenário, as paradas nas fábricas visam a segurar a produção para evitar um grande acúmulo de estoques, algo que pressionaria para baixo os preços dos automóveis. eldquo;Não há outra alternativa para as empresas, pois, se não readequarem a produção para a nova realidade, vão perder muito dinheiroerdquo;, diz Fernando Trujillo, consultor da SeP Global Brasil. Segundo ele, o problema de demanda já vinha ocorrendo, mas no ano passado foi, de certa forma, eldquo;maquiadoerdquo; pela falta de chips. A recuperação das vendas prevista para este ano, na casa dos 4% pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), é pequena, e muitas montadoras continuarão fazendo ajustes. eldquo;No ano passado, não teve essa necessidade porque houve paradas por falta de chipserdquo;, diz Trujillo. OCIOSIDADE. A previsão do setor era de que boa parte dos mais de 600 mil carros que deixaram de ser produzidos nos últimos dois anos por falta de peças fosse vendida em 2023. eldquo;Isso não deve ocorrer diante da perda do poder de compra do consumidor, da inflação, do juro alto, da restrição dos bancos na liberação de crédito por causa da inadimplência e das indefinições de políticas econômicas do novo governo.erdquo; Estudo da SeP Global mostra que a indústria automotiva brasileira opera com quase 40% de ociosidade. A capacidade produtiva do setor é de 3,6 milhões de veículos ao ano, com a maioria das fábricas operando em dois turnos. Se fosse em três turnos, seria de 4,3 milhões de unidades. eldquo;Além de ajustes com férias coletivas, como já está acontecendo, é possível que ocorram demissõeserdquo;, prevê Trujillo. No início do mês, quando avisou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos sobre as férias coletivas, a General Motors demitiu cerca de 40 funcionários, segundo Renato Almeida, secretário-geral da entidade. eldquo;A empresa informou que 7 mil pedidos de carros foram cancelados e, por isso, precisaria reorganizar a produçãoerdquo;, diz Almeida. O processo foi suspenso após os funcionários ameaçarem greve e foi agendada uma reunião de negociações para 19 de abril. A abertura de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) pode ser uma das alternativas, diz ele. Várias empresas aproveitaram o fim de semana para realizar promoções e baixar estoques. As revendas Fiat ofereceram descontos de até R$ 30 mil, juro zero e tanque cheio (de diesel) por um ano endash; neste último caso para a picape Toro. A rede Hyundai ofereceu seguro gratuito e condições especiais para troca de usados por novos. Já as 42 lojas da Hyundai/Caoa deram bônus de até R$ 4 mil e juros menores.

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Posicionamento IBP -- Elevação do teor de mistura de biodiesel

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), principal entidade do setor, vem acompanhando atentamente as discussões sobre a elevação do teor da mistura de biodiesel no diesel que culminaram na recente decisão do CNPE, de fixar em 12% a participação do renovável em 2023, com incremento de um ponto percentual ao ano, atingindo 15% em 2026. Apesar do Instituto considerar que a decisão confere previsibilidade para que toda a cadeia esteja preparada para entregar o produto e programar seus investimentos, observa que a medida deve vir acompanhada da revisão urgente das especificações atuais do biodiesel, compatíveis com os novos teores, acompanhando a evolução tecnológica dos motores e as metas governamentais de redução das emissões e da abertura da importação do biodiesel, inicialmente prevista para janeiro deste ano, que além de garantir um melhor balanceamento da oferta e demanda, fomentará a competição, inovação e eficiência, com potencial impacto positivo em oferta, qualidade e preço ao consumidor. Ambas as iniciativas aguardam decisões da ANP, que já realizou consultas públicas sobre os temas. Também é necessário o enquadramento regulatório de novas e mais modernas rotas tecnológicas de produção de biocombustíveis ciclo diesel - como o diesel verde (HVO) e a parcela renovável do diesel de coprocessamento produzido nas refinarias, hoje tecnologias amplamente utilizadas em nível mundial. Estas novas rotas tecnológicas devem ser contempladas nas políticas públicas de incentivo ao avanço dos biocombustíveis como é o caso do mandato de mistura compulsória ao diesel e da elegibilidade para emissão de CBIOs, no âmbito do Programa RenovaBio. Os chamados biocombustíveis avançados apresentam maior estabilidade e são drop-in, isto é, podem ser misturados ao diesel fóssil em qualquer proporção, sem a necessidade de adaptações em infraestrutura de movimentação ou nos motores que utilizam o combustível. O incentivo à produção e ao uso desses novos combustíveis renováveis possibilitaria ao Brasil não sofrer atraso tecnológico, atingir teores superiores de redução de emissão e contribuiria de forma mais efetiva para reduzir a dependência do país em relação às importações do diesel, com estímulo ao desenvolvimento tecnológico e à criação de novas oportunidades de negócios no setor de energia renovável. O IBP reitera que está aberto ao diálogo com os órgãos públicos e demais setores ligados à produção de biocombustíveis no sentido de evoluir nas discussões técnicas, com estudos que avaliem os impactos em toda a cadeia de forma sistêmica, visando sempre promover um mercado aberto, livre e competitivo, com segurança regulatória e energética, maximizando os benefícios para toda a sociedade.

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Preço médio da gasolina e do diesel cai 0,5% na terceira semana de março, diz ANP

O efeito da volta dos impostos federais sobre gasolina no preço final do insumo já foi totalmente repassado ao consumidor. Esta semana, o preço médio do combustível nas bombas de todo o País ficou próximo à estabilidade, e apresentou queda de 0,5% para R$ 5,54 por litro, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na semana passada, o preço da gasolina nos postos chegou a R$ 5,57, o que representou uma alta acumulada de 9,6% nas duas semanas após a volta dos tributos. Ao fim das contas, o combustível saltou pouco menos de 50 centavos por litro, estabilizando na casa dos R$ 5,50 na média nacional. Em ocasiões marcadas por grande variação de preço em curto período de tempo, são comuns ajustes nos preços praticados pelos lojistas na ponta da cadeia, a fim de se adequarem à lógica concorrencial. A leve queda desta semana pode estar ligada, portanto, a esta acomodação de preços nos próprios postos de abastecimento. Isso é reforçado pelo fato de não ter havido mudança notável nos preços praticados em refinarias, sobretudo da Petrobras. O preço do etanol anidro, outro fator que poderia pressionar o preço final da gasolina por compor 27% de sua mistura, também registrou queda acumulada de 2% nas usinas paulistas nas duas últimas semanas. O levantamento é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq-USP). Os tributos federais PIS/Cofins voltaram a incidir nos preços de refinaria em 1º de março e foram repassados ao consumidor final, nas bombas, ao longo das últimas semanas, com um pico na semana passada. A alta veio apesar da redução anunciada pela Petrobras para a gasolina no mesmo dia, de 3,9% ou 13 centavos por litro em suas refinarias. Previsão Para o consumidor, a fatura da reoneração da gasolina segue mais alta que a prevista pelo governo federal. O saldo calculado pelo Ministério da Fazenda era alta próxima a R$ 0,34 no preço de refinarias, produto da volta dos impostos menos o desconto da Petrobras. Nas bombas, para o consumidor, o efeito deveria ser menor, porque a gasolina A vendida nas refinarias compõe apenas 73% da mistura da gasolina C, aquela usada nos carros - o restante é etanol anidro. A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) chegou a estimar um carregamento para as bombas de R$ 0,25 por litro vendido nos postos, bem menor, portanto, do que se verifica hoje (R$ 0,46). Na estimativa da Abicom, o preço final da gasolina saltaria, na média nacional, para a casa de R$ 5,33 por litro, contra os R$ 5,54 verificados esta semana pela ANP. Diesel O diesel S-10 também viu o preço médio cair 0,5% nos postos de todo o País entre os dias 12 e 18 de março, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O combustível está livre da reoneração até 1º de janeiro de 2024, por decisão do governo. O litro do insumo custou, em média, R$ 5,97 por litro esta semana, ante os R$ 6,00 registrados nos sete dias anteriores. A nova queda do preço do diesel S-10 ao consumidor pode ser um rescaldo da redução de 1,95%, ou R$ 0,08 por litro, no preço praticado em refinarias da Petrobras a partir de 1º de março. Embora pequeno, esse desconto da Petrobras se junta com o anterior, de 8,9%, ou R$ 0,40 por litro, válido desde 8 de fevereiro. Gás de cozinha Já o preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha experimentou aumento esta semana. O insumo vendido em botijão de 13 kg fechou a semana a um preço médio de R$ 107,69, 0,17% acima do registrado na semana anterior (R$ 107,50). O gás de cozinha vinha mantendo trajetória de quedas leves, estacionou na semana passada e agora volta a subir, ainda que próximo da estabilidade. Também nesse caso, com exceção da gasolina, os insumos federais só voltarão a incidir em 1º de janeiro de 2024.

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Operação de Ultragaz e Supergasbras tem 3ª manifestação contrária no Cade

Uma nova manifestação contrária à operação da Supergasbras e da Ultragaz, do grupo Ultra, foi enviada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). É a terceira em menos de um mês a se opor ao negócio, com alegações referentes a risco de concentração ainda maior, em um setor já concentrado. A Linkgás Tecnologia e Informação, startup carioca que presta serviços de informações de preços de gás GLP a granel e análises de contratos de fornecimento para quase 1,5 mil empresas, afirma que seus clientes eldquo;claramente se sentem ameaçadoserdquo; com a possível eldquo;criação disfarçada de um consórcioerdquo;, que dominaria alguns Estados do Brasil, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Distrito Federal. A Linkgás atende desde padarias e restaurantes até hotéis e indústrias, com consumo mensal de gás que varia de 90 quilos a 70 mil quilos. A startup recebe informações de preços de seus clientes e fornece uma análise do preço atual do gás. Em caso de preço elevado, sugere aos clientes um preço menor naquela região. Segundo a Linkgás escreveu em seu pedido, as empresas consumidoras de gás GLP a granel, eldquo;por estarem atadas a um contrato de fornecimento, normalmente de 5 anos, não têm muitas opções de escolha.erdquo; Federação de trabalhadores e Copagaz também recorreram ao Cade No início do mês, a Federação Nacional dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo (Fetramico), que representa os funcionários das empresas engarrafadoras e distribuidoras de GLP, havia entrado com pedido contrário à operação, alegando risco de criação de um cartel no setor. Em fevereiro, a Copagaz entrou com manifestação contrária no Cade chamando a operação de uma eldquo;fusão disfarçadaerdquo;. A Ultragaz e a Supergasbras formataram, em meados de 2022, um modelo de negócios no qual não há transação societária entre elas. Na prática, as companhias querem compartilhar parte de suas estruturas de armazenamento e envase de GLP, mas continuariam concorrendo entre si. Empresas afirmam que independência comercial será mantida Procuradas, a Supergasbras enviou nota na qual eldquo;reitera que o contrato de cooperação operacional em engarrafamento com a Ultragaz, prevê o aprimoramento operacional das bases de engarrafamento, mantendo a independência comercial das duas empresas.erdquo; eldquo;O contrato prevê o compartilhamento de alguns ativos operacionais do processo de engarrafamento entre as empresas, evolução em relação à prática atual. Um dos principais benefícios é proporcionar ampliação do acesso à infraestrutura em áreas onde atualmente não possuímos bases próprias, aprimorando, assim, o atendimento à populaçãoerdquo;, afirma a nota. A Ultragaz também diz que a proposta de consórcio com a Supergasbras eldquo;representa aprimoramento operacionalerdquo; do modelo atual, eldquo;que trará maior eficiência e se traduzirá em melhorias no atendimento aos clientes, assegurando o abastecimento em maior escala e, como consequência, gerando novas oportunidades ao mercado de GLP. Sendo certo de que as operações das empresas seguirão independentes.erdquo; As duas empresas afirmam que estão colaborando com o Cade.

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Petrobras: decisão de Lewandovski atropela avaliação de nomes indicados por Lula ao conselho

A decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta-feira, 16, de suspender a necessidade de quarentena para a indicação de políticos às estatais atropelou o processo de avaliação dos nomes indicados para o conselho de administração da Petrobras. Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia e professor de física Sérgio Rezende teria sido rejeitado por ser uma liderança partidária do PSB. eldquo;Em decorrência da insegurança jurídica acrescentada ao processo, (a Petrobras) solicitou ao jurídico da companhia que se manifestasse sobre os eventuais impactos prospectivos da decisãoerdquo;, disse a estatal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ressaltando que eldquo;em virtude desses fatos, para não comprometer a rigidez do processo previsto no Estatuto, o Cope/Celeg se manifestará oportunamente, quando dissipados os questionamentos decorrentes da decisão judicial mencionadaerdquo;, completou, referindo-se aos seus órgãos internos de integridade. Na última sexta-feira, 17, o Estadão/Broadcast informou que o Comitê de Pessoas (Cope) da Petrobras se reuniu na véspera e rejeitou os nomes do atual secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, e de Sérgio Rezende. A atuação simultânea de Pietro na pasta e na administração da Petrobras, empresa de capital misto, configura conflito de interesses. A empresa foi questionada pela CVM sobre a notícia, e informou à autarquia que os relatórios internos da companhia sobre as indicações servem como subsídios para a avaliação do Comitê de Pessoas e Elegibilidade (Cope/Celeg) e do Conselho de Administração nesse processo de eleição dos membros do Conselho de Administração, não sendo objeto de divulgação, inclusive em respeito à LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709/2018). A Petrobras reconheceu, na resposta à CVM, que eldquo;os relatórios internos elaborados para subsidiar as avaliações Cope/Celeg apresentam apontamentos a respeito das indicações dos Srs. Pietro Mendes, Bruno Moretti e Sergio Rezende, considerando os cargos e/ou atuações de tais indicados, tendo em vista o disposto no artigo 17, §2o, incisos I, II e IV da Lei 13.303/2016 e no Estatuto Social da Companhiaerdquo;, destacando os possíveis obstáculos para a eleição. Assembleia geral A Assembleia Geral Ordinária (AGO) que vai eleger os novos membros do Conselho de Administração da Petrobras está prevista para 27 de abril. Até lá, seguem na companhia os membros eleitos durante o governo Bolsonaro. Pietro Mendes e Sergio Rezende foram os dois primeiros dos 11 nomes enviados à Petrobras pelo MME que tiveram currículo e documentação avaliados pelo Cope. Restariam, portanto, nove nomes a serem analisados. Segundo fontes, só três contariam com o sinal verde da governança interna até o momento: a professora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, o diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Vitor Saback, e o próprio Jean Paul Prates, que já foi avaliado para assumir a presidência. Além de Mendes e Rezende, o economista Bruno Moretti também contaria com ressalvas feitas pela área técnica da Petrobras, uma vez que hoje ocupa a posição de secretário especial de Análise Governamental da Presidência da República. Os outros cinco nomes ainda não tiveram documentação completa enviada à empresa, o que inclui Eugênio Teixeira e Efrain Cruz, tendo este último sido confirmado na sexta-feira como secretário executivo do MME, o que também pode levar a ressalvas à sua eleição.

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Governo Lula estima novo estouro da inflação em 2023 e PIB menor, de 1,6%

Na primeira rodada de projeções do governo para os principais indicadores econômicos do País, o novo Ministério da Fazenda anunciou que prevê uma inflação maior e um crescimento menor da economia em 2023 endash; dado que, ainda assim, é mais otimista do que as projeções do mercado. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano passou de 4,60% para 5,31%. Para 2024, a projeção é de 3,52%. No documento, a Secretaria de Política Econômica (SPE) argumenta que a revisão foi motivada pelo aumento na projeção de preços monitorados, apenas parcialmente contrabalanceada pela desaceleração esperada na inflação de alimentação no domicílio e de bens industriais. eldquo;A partir de 2025, espera-se convergência do IPCA para a meta de 3,00%erdquo;, completou. No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 5,96% em 2023 e de 4,01% em 2024. Todas as projeções para a inflação em 2023 estão bem acima do teto da meta deste ano, de 3,25%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 1,75% a 4,75%). No caso de 2024, a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (1,50% a 4,50%). O Ministério da Fazenda também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 4,90% para 5,16%. Para 2024, a projeção é de 3,30%. Já a estimativa da Fazenda para a alta do IGP-DI em 2023 passou de 4,55% para 3,85%. Para o próximo ano, a projeção é de 3,80%. As estimativas são utilizadas na confecção do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que será divulgado na próxima quarta-feira. A subsecretária de Política Macroeconômica do Ministério da Fazenda, Raquel Nadal, disse que, apesar da projeção mais alta para a inflação deste ano, acredita que o IPCA voltará para dentro do intervalo da meta no ano que vem. Ela disse contar com uma aceleração dos preços monitorados, em grande parte por causa da decisão do governo de reonerar os preços dos combustíveis. Além disso, as contas de luz e os planos de saúde também devem ser reajustados e apresentar destaque dentro da composição da inflação. Uma parte da alta dos preços monitorados deve ser compensada com uma diminuição da inflação dos alimentação e de bens industriais, conforme a subsecretária. PIB O ministério chefiado por Fernando Haddad também reduziu o otimismo para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Mesmo assim, a pasta manteve as expectativas para o desempenho da atividade neste ano em um patamar bem superior ao do mercado. De acordo com a grade de parâmetros divulgada há pouco pela Secretaria de Política Econômica, a estimativa para a expansão da atividade em 2022 passou de 2,1% para 1,61%. A projeção anterior havia sido feita em novembro, ainda no governo passado. De acordo com o Boletim Macrofiscal, a redução de 0,49 ponto porcentual deve-se ao arrefecimento na margem dos indicadores econômicos divulgados desde o documento anterior e também aos efeitos defasados mais intensos da política monetária sobre a atividade e mercado de crédito do que o anteriormente projetado. eldquo;As perspectivas de liquidez reduzida nos EUA e em outras economias também colaboraram para a revisão da projeção anteriorerdquo;, apontou a SPE. O ministério também reduziu as projeções de crescimento da economia de 2024, de 2,50% para 2,34%. Já para 2025, o prognóstico aumentou de 2,50% para 2,76%. Para 2026, a estimativa passou de 2,2% para 2,42%. E para 2027, a projeção anunciada hoje é de 2,49%. A alta de 1,61% prevista para este ano repercute, segundo a SPE, a aceleração no setor agropecuário e o arrefecimento na Indústria e em Serviços. Para o período de 2024 a 2027, a expectativa é de crescimento médio ao ano de 2,5%. eldquo;Essa expansão se baseia nos planos de investimento e nas oportunidades que podem ser exploradas com a transição para uma economia verde e sustentávelerdquo;, salientou a SPE. A secretaria também credita a expansão às reformas que serão implementadas ainda em 2023, como fiscal e tributária, com potencial de reduzir de forma estrutural a taxa de juros no Brasil. No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram uma alta de apenas 0,89% para o PIB de 2023. Para 2024, a estimativa no Focus é de alta de 1,50%. As estimativas de mercado para os anos de 2025 e 2026 estão em 1,80% e 1,98%, respectivamente. Impacto em 2024 O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que os impactos positivos das medidas econômicas tomadas pelo governo serão mais visíveis a partir do ano que vem. eldquo;Esperamos uma aceleração do crescimento para 2024ePrime;, afirmou. Segundo ele, a grade de parâmetros apresentada tem grau de eldquo;realismo e transparênciaerdquo; bastante elevado. Mello enfatizou que todas as projeções são constantemente revisadas e que sua equipe seguirá acompanhando a trajetória da economia global e da brasileira. Crédito e juros O secretário salientou que o mercado de crédito vem registrando desde fevereiro do ano passado uma desaceleração na oferta. Assim como no caso do PIB, o secretário apontou que a alta dos juros tem sido uma das principais responsáveis por esse quadro. eldquo;A política monetária contracionista impacta o mercado de créditoerdquo;, afirmou, citando eldquo;elevadíssimoserdquo; níveis de inadimplência, principalmente das famílias. Por isso, continuou, uma das prioridades do governo é a renegociação das dívidas das famílias com o programa Desenrola. Guilherme Mello defendeu que, quanto antes começar a sinalização de redução da taxa básica de juros (Selic), mais cedo se verá o impacto no mercado de crédito e sobre a atividade. eldquo;Quanto antes for possível reduzir a Selic, melhor vai responder a economia em 2023 e 2024ePrime;, disse. O secretário disse, porém, que não cabe a ele e sua equipe julgar a política monetária. eldquo;Trouxemos fatoserdquo;, enfatizou. eldquo;É fato que a maior taxa real de juros do mundo afeta o mercado de créditoerdquo;, continuou sobre o atual nível da Selic, que hoje está em 13,75% ao ano.

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