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Presidente da Petrobras defende explorar petróleo na foz do Amazonas

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu nesta quarta-feira, em vídeo enviado ao GLOBO, um projeto da estatal que prevê a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A companhia planeja perfurar inicialmente um poço a cerca de 160 km da costa do Oiapoque (AP) e a 500 km da foz do rio Amazonas propriamente dita. O objetivo é comprovar a viabilidade econômica. emdash; A localização do primeiro poço que queremos perfurar não é no Rio Amazonas, mas em alto mar, a 500 quilômetros da foz desse rio. Para se ter uma ideia, essa é a distância equivalente entre o Rio e São Paulo. A perfuração do primeiro poço será um trabalho temporário, com duração prevista de apenas cinco meses. Em quase sete décadas de trajetória, a gente se orgulha de nunca ter registrado um vazamento ou blow out durante a atividade de perfuração em alto-mar emdash; disse o executivo. A Foz do Amazonas faz parte da Margem Equatorial, área considerada nova fronteira exploratória que vai do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte. Levando em conta o plano de negócios até 2026, a estatal estima realizar investimentos da ordem de US$ 2 bilhões para as atividades exploratórias em toda a região. A Petrobras já apresentou estudos ambientais e o plano de emergência e uma simulação de resposta a desastres aguardam aprovação do Ibama. emdash; Com os resultados da fase de investigação e perfuração, a sociedade terá o direito de saber qual é o real potencial dessa área, e a partir daí vamos aprofundar o debate sobre a continuidade ou não do projeto emdash; disse Prates. Para o chefe da Petrobras, é preciso investigar a região, sem deixar de lado os investimentos que a Petrobras já tem. Ele afirma ainda que as atividades de petróleo e gás continuarão sendo essenciais pelos próximos anos para viabilizar a transição energética, tanto do ponto de vista financeiro quanto para garantir a segurança energética do Brasil. emdash; Se formos bem sucedidos, vamos desenvolver as reservas de forma integrada a outras fontes de energia, com foco em uma agenda de transição energética segura, justa e inclusiva. Se for comprovada sua viabilidade, será um salto em direção ao futuro, uma verdadeira alavanca de novos investimentos e de oportunidades. A Petrobras tem seis blocos arrematados com Total (40%) e BP (30%) em 2013 em leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) nessa área.

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Temor sobre demanda nos EUA faz petróleo fechar dia em queda

O petróleo recuou nesta quarta-feira (29), pressionado pelo dólar forte no exterior e à medida que investidores ponderam temores sobre a demanda nos Estados Unidos. Além disso, outras notícias do setor foram monitoradas. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio fechou em queda de 0,31% (US$ 0,23), a US$ 72,97 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), registrou recuo de 0,70% (US$ 0,55), a US$ 77,59 o barrill. O petróleo iniciou a sessão ampliando ganhos recentes, após o American Petroleum Institute (API) projetar redução nos estoques da commodity nos EUA, em 6,1 milhões de barris. Os preços chegaram a expandir alta durante a manhã, quando dados oficiais apresentaram queda de 7,4 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA, segundo informou o Departamento de Energia americano. Contudo, pesou sobre a commodity os temores relacionados à demanda. Em relatório, a Capital Economics analisa que a demanda pelo petróleo deve ficar sob pressão no próximo trimestre, à medida que juros básicos altos se refletem em uma atividade econômica lenta. eldquo;Recessões nos EUA e na Europa devem conter novos ganhos de preçoserdquo;, avalia a Capital. Para o TD Securities, o Ocidente estaria eldquo;perdendo o controleerdquo; dos preços das commodities, com preços mais elevados do que o sugerido pelas eldquo;relações macroeconômicas tradicionaiserdquo;, devido a redução nos gargalos de oferta presentes durante a pandemia.

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Tecnologia desenvolvida no Brasil pode ajudar na transição para novos combustíveis

Uma tecnologia desenvolvida aqui no Brasil pode ajudar o país na transição para veículos movidos por novos combustíveis. A gestação do motor que nasceu em 2003 foi longa, começou mais de dez anos antes: o flex foi concebido para resolver um problema imediato: a falta de álcool nos postos. O que tinha ainda custava caro, porque as usinas de cana diminuíam a produção de etanol toda vez que o preço do açúcar aumentava no mercado internacional. O Proálcool, programa federal criado para driblar a crise mundial do petróleo, agonizava. Bruno Bragazza, gerente de inovação da Bosch, estava na conversa dos engenheiros que tiveram a ideia do motor flex. eldquo;Uma equipe pequena aqui da engenharia falou assim: elsquo;Poxa, mas e se a gente misturasse os dois combustíveis e o consumidor pudesse ter a opção de escolha e decidir: elsquo;ah, eu quero etanol ou eu quero abastecer com gasolinaersquo;. E foi assim que tudo começouerdquo;, conta. A linha de produção abriu espaço para criar o cérebro do novo motor, um sistema desenvolvido para identificar se é álcool, gasolina ou a mistura dos dois no tanque. A bomba de combustível, o coração do carro, também precisou de mudanças. Bem mais do que 20 anos atrás, quando o etanol ganhou escala, ninguém estava muito preocupado em usar um combustível mais limpo por causa do meio ambiente. O que contava era o preço. Por isso, quando começou a não valer mais a pena, o consumidor abandonou a ideia. Foi o flex que colocou o etanol de volta no jogo e, bem no momento em que o mundo todo pensa em como reduzir as emissões de carbono, 85% da nossa frota já roda também com álcool. Os especialistas dizem que essa tecnologia colocou o Brasil em uma posição de vanguarda. Agora, resta saber qual o próximo passo, como serão abastecidos os carros do futuro. Os pesquisadores de um laboratório da Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, respondem: com etanol, mesmo que seja para movimentar um carro elétrico. A mágica acontece dentro de uma peça, chamada microrreformador: entra etanol, sai hidrogênio, que gera eletricidade a partir de uma reação química. eldquo;O consumidor vai abastecer o veículo dele com etanol. E até mais: pode ser o etanol mais diluído em água do que nós temos hoje. E isso vai baratear o custo do etanol e aumentar o quilômetro rodado por litro de etanol que se produz hojeerdquo;, explica o professor Rubens Maciel Filho, do Laboratório de Valoração de Petróleos da Unicamp. Isso também quer dizer menos emissão de gás carbônico, além da captura do poluente durante o crescimento da cana-de-açúcar. São avanços em direção a novas fronteiras tecnológicas. No campo, a novidade é o etanol gerado a partir do milho. Ele já representa 15% de toda produção nacional, segundo a associação do setor. eldquo;A gente aproveita só um pedaço do milho para fazer etanol. A gente usa o amido. A gente consegue olhar para essa história de 20 anos e ver tudo o que já foi feito; e é muita coisa. Mas o mais interessante é o quanto isso vai alémerdquo;, diz o presidente da Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia -, Evandro Gussi. eldquo;A gente está super feliz e orgulhoso de ter feito parte desse desenvolvimento, que acabou também resolvendo uma questão que hoje está muito em pauta, que é a questão da transição energéticaerdquo;, vibra Bruno Bragazza. eldquo;A ciência trabalha assim - a ciência e tecnologia -, no sentido de vislumbrarmos soluções e aplicações para aquilo que nós não temos hoje aindaerdquo;, afirma o professor da Unicamp.

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Setor de caminhões passa por renovação de produtos, mas é impactado por juros

Após um intenso ciclo de renovação de frota registrado na virada do ano, o setor de caminhões espera por um período de acomodação dos negócios. Houve alta de 8,53% nas vendas no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano passado, com 18.040 unidades emplacadas. O resultado, contudo, é atribuído a compras realizadas em dezembro. "Se olharmos os números, vemos que o ritmo está praticamente o mesmo do ano passado. Mas a maior parte, contudo, ainda são de caminhões Euro 5 vendidos em dezembro e emplacados no início deste ano, havia muitas unidades em estoque", diz Alcides Cavalcanti, diretor-executivo de caminhões da Volvo. Euro 5 é a antiga norma de emissões, que foi substituída neste ano pela Euro 6. O novo padrão de controle de poluentes e de gás carbônico foi adotado no mercado europeu em 2016. No Brasil, equivale à oitava fase do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). A evolução tornou os caminhões mais caros, com aumentos estimados entre 10% e 20%. Por outro lado, há a melhora na eficiência energética. Roberto Cortes, presidente e CEO da VWCO (Volkswagen Caminhões e Ônibus), afirma que os novos caminhões oferecem uma melhora de 10% em produtividade devido a pontos como redução no consumo de diesel. Há também os ganhos ambientais, com redução de 80% nas emissões de NOx (óxido de nitrogênio) e de 50% na de particulados. "Diferentemente do que ocorria no passado, a questão ecológica é um fator preponderante agora. Os frotistas analisam todos os aspectos da agenda ESG", diz o executivo. Embora a maior preocupação com questões ambientais e sociais estimule a venda de veículos pesados mais eficientes, o aumento nos preços e a taxa de juros prejudicam o mercado. "O caminhão é um investimento, precisa dar um retorno muito bom, e a equação atual prejudica, [a taxa de juros] é um inibidor", diz Cortes, que está à frente da marca que mais comercializou veículos pesados ao longo de 2022. "O Finame tem hoje uma taxa muito parecida com a praticada em outras modalidades de crédito disponíveis no mercado, nós advogamos uma linha com juros menores e o Finame também para o caminhão usado." A sigla mencionada pelo presidente da VWCO se refere à Agência Especial de Financiamento Industrial, braço do BNDES que fornece crédito a setores ligados à cadeia produtiva. A proposta de Cortes é estender as taxas subsidiadas ao segmento de modelos usados para, assim, viabilizar o programa de renovação de frota. "Caminhões com mais de 30 anos já deveriam ter sido sucateados. Com o incentivo à renovação, quem tem um modelo mais antigo compraria um com 10 ou 15 anos de uso, e os donos desses modelos poderiam ir para outro, com cinco anos, por exemplo", diz o presidente da VWCO. "O momento seria agora, o governo já nos conhece." Para Alcides Cavalcanti, da Volvo, é preciso que o Governo Federal dê sinais claros sobre seus planos para os setores mais relevantes da economia. "O cenário ainda está muito turvo, o que gera uma taxa futura maior." Um desses segmentos é o agronegócio, principal cliente das fabricantes de veículos pesados. As montadoras estimam que 60% dos caminhões comercializados são usados em atividades relacionadas ao campo, incluindo a distribuição das mercadorias. "O setor agrícola vem crescendo, espera-se uma alta de 15% neste ano. O transporte rodoviário é fundamental, porque mesmo que haja uma expansão das ferrovias, é necessário transportar a produção das fazendas até os terminais, por exemplo", diz Cavalcanti. Entretanto, esse crescimento não deve se refletir na comercialização de veículos pesados. O diretor-executivo da Volvo diz que a empresa projeta uma queda de 23% nos emplacamentos de modelos com capacidade superior a 16 toneladas, nicho de atuação da empresa. Seu FH 540 é o líder desse mercado. No total, foram vendidos 97,8 mil caminhões pesados e semipesados no ano passado. Esses segmentos são responsáveis por 78,5% dos licenciamentos no setor. Os números foram mal distribuídos ao longo do ano, devido principalmente aos problemas relacionados ao fornecimento de semicondutores. As interrupções atuais nas linhas de montagem se devem à queda nas vendas. "A situação, no geral, está bem melhor, não precisamos mais parar por falta de componentes", afirma Cortes.

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Petrobras reafirma venda de ativos com contratos já assinados, apesar de pleito do governo

Apesar da pressão de sindicatos e da insistência do governo, a Petrobras manterá os processos de vendas de ativos que já tiveram contratos assinados e cujo cancelamento implicaria em altos custos para a estatal. Nesta quarta-feira (29), o MME (Ministério de Minas e Energia) pediu nova análise sobre a suspensão de vendas de ativos, alegando que o tema deveria ser analisado pela nova diretoria eleita na semana passada. A diretoria atual já havia decidido dar prosseguimento às negociações com contratos já assinados e a posição foi reforçada pelo conselho de administração em reunião nesta quarta. O colegiado, porém, disse que avaliará outros casos se a diretoria da empresa aprovar mudança na estratégia. No ofício enviado à companhia, o MME solicitou, "em razão da eleição de nova diretoria, que, mais uma vez, respeitadas as regras de governança dessa companhia e de modo a preservar os interesses nacionais", que o tema fosse retirado da pauta do conselho. São hoje cinco projetos nesta situação, incluindo campos de petróleo e a Lubnor, fábrica de lubrificantes localizada no Ceará. A suspensão dos processos é prioritária para os sindicatos de trabalhadores da companhia, que apoiaram a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e chegaram a ter representante no grupo de transição do novo governo. Na semana passada, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) realizou paralisação, com ato em frente à sede da companhia no Rio de Janeiro, contra a continuidade das negociações. Naquele dia, o conselho de administração decidiu que analisaria a decisão da diretoria nesta quarta. Nesta quarta, atos foram realizados no Rio e em frente à sede da estatal em Salvador. "Não aceitaremos que o conselho de administração bolsonarista continue insistindo no desmonte da Petrobras, que vai contra as indicações do governo eleito", disse o coordenador-geral a federação, Deyvid Bacelar. Ainda na campanha, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já prometia rever o processo de vendas de ativos da estatal, que foi acelerado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), contribuindo para a distribuição recorde de dividendos no período. Ao todo, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), as gestões bolsonaristas na estatal fecharam 64 operações, com valor total de US$ 33,9 bilhões (R$ 178 bilhões, pelo câmbio atual). Em nota, a Petrobras disse que seguirá com os processos "de forma a cumprir plenamente os direitos e as obrigações já assumidas pela companhia, com calendários e datas inclusive já definidas para ocorrer ao longo dos quatro trimestres de 2023, e, desta forma, não causar qualquer dano às partes envolvidas nas negociações, em especial à Petrobras". A Lubnor está sendo negociada com a Grepar Participações. Campos terrestres de petróleo no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo são negociados, respectivamente, com a 3R e a Seacrest. E campos marítimos no litoral capixaba são negociados com a BW. As negociações em que não houve contratos assinados seguirão em análise, disse a Petrobras. Há, hoje, 18 processos abertos ou já em negociação. Desses, 12 estão na fase vinculante, o que significa que a Petrobras já tem propostas. Nessa fase mais avançada há campos de petróleo, gasodutos, térmicas, ativos na Colômbia, direitos minerários, uma fábrica de metanol e a Pbio (Petrobras Biocombustíveis), empresa que atua em segmento que a estatal pretende retomar operações. Três refinarias que a gestão bolsonarista pretendia vender estão ainda em fase inicial de negociações emdash;são elas as unidades do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Pernambuco. O governo Lula já anunciou que pretende retomar o investimento em refino no país e deve cancelar esses processos.

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Custos caem, mas insegurança jurídica e financeira preocupa agronegócio

Os custos para o setor agrícola melhoraram um ano após a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, mas seguem altos e prejudicando a produção, também afetada pelo clima e pelo preço do óleo diesel. Além disso, agropecuaristas brasileiros afirmam enfrentar insegurança jurídica no campo com as recentes invasões de movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). As avaliações são de especialistas e associações do setor, que também pedem maior previsibilidade na liberação de financiamentos agrícolas, redução do preço do diesel e atuação do governo na intermediação de conflitos agrários. Segundo Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, os preços dos principais fertilizantes retrocederam até 70% em comparação com os patamares de junho do ano passado, período em que os valores dispararam devido ao conflito na Ucrânia. Com isso, a redução de custos, dependendo da cultura, ficará entre 7% a 12% neste ano. "Houve certo recuo de preços de algumas commodities, mas a margem para o produtor tem se mantido positiva por conta dessa redução de custos", disse Nastari. Para o especialista, o recuo em preços deve chegar ao consumidor final de grãos e proteína animal à medida que os preços das commodities recuem. "Os insumos proteicos representam o maior custo da produção de proteína animal." Não foi só a guerra, entretanto, que provocou problemas nos preços, mas também os impactos da Covid-19. Otto Schumacher, diretor da MCassab Nutrição e Saúde Animal, que tem atuação na China, lembrou que os custos para produção estão mais altos no mundo. "O questionamento que se faz é como as fábricas vão absorver esse aumento." "Do ponto de vista do nosso cliente, é um ambiente mais estável. Apesar da seca no Rio Grande do Sul e na Argentina, o relatório da [Conab Companhia Nacional de Abastecimento] e as pesquisas mostram que teremos uma boa safra neste ano novamente, o que traz um pouco menos de pressão no custo para a produção de proteína animal." Schumacher disse ainda que, no mercado doméstico, o crédito tem sido um problema. "O custo do capital de giro, as taxas de juros, pressionam muito o produtor." O pecuarista Maurício Velloso, presidente da Assocon (Associação Nacional da Pecuária Intensiva), afirmou que a política de restrições adotada na pandemia de Covid-19 provocou desorganização da produção primária em todo mundo, o que fez com que os custos de produção explodissem. "A margem do negócio pecuário tornou-se negativa nesse cenário. Entretanto, a inversão do ciclo já se mostra visível, a demanda externa é crescente e consistente, e os valores da carne ao consumidor estão competitivos." As invasões de terra feitas pelo MST neste ano também têm sido questionadas pelo agronegócio. Em março, ao visitar Rondonópolis (MT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com uma instituição que representa entidades do agro no estado e foi cobrado sobre a atuação dos sem-terra. BLOQUEIO ELEVA CUSTO O bloqueio econômico contra a Rússia fez os custos de produção subirem muito na pecuária, segundo Alcides Torres, engenheiro agrônomo e analista de mercado da Scot Consultoria, mas não só em produtos como herbicidas e inseticidas. "Por razões de clima, subiram os preços de farinha, farelos e tudo que o boi consome." Para Marcos Fava Neves, docente da USP (Universidade de São Paulo), a deflagração da guerra obrigou os países a buscar novos fornecedores e a alterar práticas cotidianas para otimizar o custo de fertilizantes, defensivos e medicamentos. "Hoje você vê a China funcionando muito bem, a Índia como uma alternativa muito importante para o mercado de insumos e princípios ativos e o setor de fertilizantes também funcionando. Há estoques em revendas e cooperativas, e o produtor também está mais eficiente no uso desses produtos." "O cenário foi muito complexo no ano passado, com os custos dos insumos muito altos, [e agora] a coisa virou e está do lado do produtor, com uma queda nos preços dos insumos. Eu também tenho expectativa de redução no valor do diesel por conta dessa queda do petróleo." Na última semana, o preço do diesel nas refinarias caiu R$ 0,18 por litro, mas o valor médio nas bombas foi apenas R$ 0,03 inferior em comparação com o período anterior. Há uma expectativa no setor de que a redução do combustível nas refinarias chegue integralmente aos postos, o que beneficiaria diretamente o agro, já que as máquinas são movidas majoritariamente pelo combustível. Já o trigo, que viu o preço disparar em março do ano passado e atingir o maior valor em 14 anos devido à guerra, não provoca o mesmo problema hoje ao mercado brasileiro, segundo Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias de Trigo). "O preço internacional do trigo voltou aos níveis do início da guerra. Rússia e Ucrânia fecharam um acordo com a ONU, então isso também foi positivo. Do ponto de vista internacional, o preço da Rússia é competitivo, abaixo do praticado na Argentina e nos Estados Unidos." O custo, porém, segue alto para os moinhos brasileiros, disse Barbosa. O cenário só não é mais preocupante porque o setor obteve a prorrogação da isenção do Imposto de Importação até o dia 31 de julho. Ucrânia e Rússia exportam cerca de 30% do trigo no mundo.

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