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Brasil aumenta importação de diesel russo em 26 vezes durante Guerra da Ucrânia

Brasil importa diesel russo, hoje, mais barato que o produto dos EUA e, em alguns momentos, até mesmo que a Petrobras. A Rússia vendeu 458 milhões de litros de diesel ao Brasil no 1º trimestre, segundo a ANP. Esse volume é 26 vezes maior que as importações russas do 1º tri/2022. Além disso, é 3,7 vezes maior que todo o diesel importado da Rússia em 2022. Em um ano, a Rússia passou da 10ª para a 3ª posição entre os maiores fornecedores de diesel para o Brasil, no 1º trimestre deste ano. Apesar disso, os Estados Unidos ainda são os principais exportadores para o Brasil, mas perderam mercado para os russos. O aumento das importações de diesel russo coincidiu com o início das sanções da União Europeia aos produtos refinados da Rússia. Esse aumento reflete o pragmatismo da política externa brasileira. A seguir, a agência epbr apresenta as nuances dessa aproximação comercial entre Brasil e Rússia, dentro da geopolítica do petróleo pós-eclosão da guerra da Ucrânia. Os novos fluxos do comércio global de petróleo e derivados Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, as potências ocidentais reagiram com uma série de pacotes de sanções econômicas a Moscou. A resposta da União Europeia definiu uma curva gradual para interrupção das importações de petróleo e derivados da Rússia. Desde fevereiro, os países do bloco estão proibidos de comprar combustíveis russos. E a UE fixou também um preço-teto de US$ 100 por barril nas vendas de diesel russo, como parte de um esforço para limitar as receitas de Moscou. Com as sanções, a Rússia perdeu seu principal mercado consumidor endash; a Europa endash; e passou a buscar novos destinos para suas cargas. Para isso, no entanto, os refinadores russos tiveram que baixar seus preços. Os descontos sobre o petróleo e derivados russos atraíram o interesse de países como Índia e China, na Ásia. Segundo a SeP Global, as exportações de óleo russo para a Ásia subiram de 1,33 milhão de barris/dia em 2021 para 2,11 milhões de barris/dia em 2022 e 3,23 milhões barris/dia na média deste ano. A Rússia tem conseguido, assim, manter-se ativa no comércio global. A Agência Internacional de Energia (AIE) informou este mês que, em volume, as exportações de petróleo da Rússia atingiram, em março, os níveis mais altos desde abril de 2020 endash; período pré-guerra. As receitas russas com exportação de óleo e gás, porém, sentiram o baque: despencaram 45% no primeiro trimestre endash; reflexo da desvalorização dos preços internacionais do petróleo e dos descontos praticados sobre os barris de origem russa, em que pese os EUA venham alertando sobre uma manobra para burlar o teto de preço do petróleo da Rússia. EUA reduz substancialmente a presença na América Latina A guerra da Ucrânia redesenhou por completo a dinâmica do mercado e na América Latina não foi diferente. Atraído pelo aquecimento da demanda europeia endash; e pelos prêmios pagos por lá pelos produtos alternativos aos russos endash; os EUA deslocaram parte de sua produção (e estoques) de derivados para a UE. O Brasil passou, então, a concorrer com a Europa na atração dos barris americanos. E teve de recorrer a supridores alternativos emdash; como a Rússia. Para dimensionar a mudança dos fluxos do comércio com os EUA: as importações de diesel dos Estados Unidos recuaram 36,8% no primeiro trimestre de 2023, na comparação anual, para 1,149 bilhão de litros. É o menor patamar de importação dos EUA num primeiro trimestre desde, pelo menos, 2017 endash; início da série histórica da ANP. E, aos poucos, a entrada de produto russo começa a mexer com a precificação dos refinadores americanos. A hEDGEpoint Global Markets, empresa de inteligência de mercado, destaca que a guerra deixou cicatrizes que provavelmente não desaparecerão tão cedo em relação às rotas de exportação. eldquo;Uma delas foi a reformulação global dos fluxos de energia, com a Europa a começar a comprar quantidades recorde de produtos refinados americanos e a América Latina a comprar volumes elevados de produtos russos. Para não perder competitividade na América Latina, o desconto do diesel na Costa do Golfo dos EUA caiu abaixo das médias sazonais emdash; uma tendência que poderá persistir no futuro, à medida que as refinarias do Sul dos EUA começarem a competir com os fornecimentos pela cota de mercado na América Latinaerdquo;, cita relatório recente da hEDGEpoint Global Markets Apesar das sanções impostas pelas potências ocidentais, o Brasil não seguiu o mesmo caminho e não existe, portanto, um impeditivo, do ponto de vista legal, para o comércio com os russos. Empresas interessadas em importar diesel da Rússia, no entanto, podem esbarrar em retaliações no mercado financeiro endash; seja no processamento de pagamentos e acesso a crédito, seja por pressão de investidores institucionais. É o que faz alguns importadores tradicionais do Brasil ainda se manterem distantes dos barris russos, por ora. Diesel russo chega mais barato O CEO da Nimofast, Ramon Reis, relata que o galão de diesel russo tem chegado ao Brasil cerca de US$ 0,05 mais barato que o produto importado do Golfo do México endash; mesmo considerados os custos de frete desde as refinarias russas, mais distantes do mercado brasileiro. eldquo;E a gente vende, muitas vezes, com desconto sobre os preços da Petrobraserdquo;, afirma. A Nimofast é uma das tradings mais atuantes hoje na importação de diesel da Rússia. Reis destaca que, com opções mais restritas de consumidores, os refinadores russos têm praticado preços competitivos. Mas nada substancialmente muito abaixo da média dos preços de importação. Descontos elevados, segundo ele, são circunstanciais A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), por sua vez, estima que o galão de diesel russo pode chegar ao Brasil, em alguns casos, até US$ 0,27 mais barato que o produto importado dos EUA. O presidente da Abicom, Sergio Araujo, destaca que há uma mudança não só no perfil dos supridores de diesel para o mercado brasileiro, mas também no perfil dos compradores. Ele cita que as importações de diesel russo têm sido destinadas, sobretudo, a distribuidoras regionais emdash; que têm conseguido, com isso, ganhos de competitividade em relação às líderes de mercado. Segundo o presidente da Abicom, no entanto, ainda é cedo para fazer uma análise sobre a tendência daqui para frente, sobre a continuidade das importações russas. Ele lembra que ainda pairam dúvidas não só sobre os fluxos do mercado global, como sobre a própria dinâmica interna, dos preços da Petrobras sob a nova administração. Ramon Reis, da Nimofast, por sua vez, vê na importação de diesel russo uma oportunidade pontual que se abriu no contexto específico das mudanças dos fluxos do comércio global de derivados. Ele não acredita que a Rússia deva manter, a longo prazo, o fornecimento contínuo de volumes expressivos ao mercado brasileiro. eldquo;Não vejo [o fornecimento russo] como algo estrutural, é uma janela para um ano, dois anos. Mas haverá produtores russos que vão querer continuar no Brasil, por questão de segurança [de diversificação da carteira]erdquo;, comentou. Reis lembra que a longa distância entre Rússia e Brasil aumenta os custos de frete endash; o que, num ambiente normal de mercado, afasta a competitividade da entrada dos produtos russos nos portos brasileiros. Quem está comprando da Rússia As importações de diesel russo, hoje, são intermediadas, sobretudo, por tradings independentes. De acordo com dados da ANP, entre as empresas que pediram autorização do regulador para importar cargas de diesel da Rússia no primeiro trimestre estão: Nimofast Sul Plata Trading Copape Produtos de Petróleo Amazonia Energia Ciapetro Trading A concessão da licença não quer dizer, contudo, que as compras tenham sido efetivadas. Relação comercial com a Rússia espelha pragmatismo O aumento das importações de diesel russo coincide com o início das sanções da União Europeia, como também reflete o pragmatismo da política externa brasileira na questão da guerra da Ucrânia. As conversas para compra de diesel russo foram desenhadas ainda no governo de Jair Bolsonaro, em 2022. Em fevereiro, dias antes do início da guerra, o então presidente brasileiro prestou solidariedade a Putin em visita oficial a Moscou. Em sua busca por maior protagonismo na política internacional, Lula tem interesse em posicionar o Brasil como um mediador pela paz. O atual presidente mantém uma relação aberta com as grandes potências ocidentais e, ao mesmo tempo, faz acenos ao Oriente. No dia 16 de abril, em passagem pelos Emirados Árabes após visita à China, Lula disse que a Ucrânia tinha tanta responsabilidade quanto a Rússia na guerra endash; e que EUA e Europa incentivavam o conflito ao enviar armas ao governo ucraniano. As declarações geraram ruídos na relação diplomática com os EUA. Nesta terça (25/4), Lula calibrou o discurso, em viagem a Portugal, ao condenar a eldquo;violação da integridade territorial da Ucrâniaerdquo; pela Rússia. Em fevereiro, ele já havia classificado a invasão como eldquo;um erro histórico da Rússiaerdquo; eldquo;Tudo volta à economia. Poderíamos tentar ler nas entrelinhas, mas no final das contas tudo se resume ao preço endash; aparentemente é mais barato para o Brasil puxar o diesel russo nos últimos meses do que importar barris dos EUAerdquo;, resumiu Matt Smith, principal analista de petróleo da Kpler para as Américas, em entrevista recente ao Insider.

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Diesel cai 2,4% nos postos do Brasil em abril, aponta Ticket Log

O preço médio do diesel comum nos postos do Brasil caiu 2,40% entre 1º a 26 de abril ante março, a 6,15 reais por litro, apontou o Índice de Preços Ticket Log (IPTL) nesta terça-feira. Já o tipo S-10 fechou a 6,25 reais, configurando uma queda de 2,20% na mesma comparação. Com isso, o combustível manteve a tendência nacional de redução dos preços em 2023, marcando a quarta queda consecutiva, apesar de aumentos registrados em três Estados no último mês. "No início de abril, apenas Alagoas e Roraima haviam registrado acréscimo no preço médio do diesel. Nesse fechamento de mês, ainda que pequeno, o Pará também registrou um aumento de 0,10% no valor do tipo comum", apontou Douglas Pina, diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil, em nota. Todas as regiões registraram recuo no preço do diesel e os mais expressivos foram no Sul, onde o tipo comum baixou 2,73% e fechou a 5,62 reais em abril. Já as médias mais altas para os dois tipos de diesel foram identificadas nos postos do Norte, com o comum a 6,71 reais e o S-10, a 6,86 reais. O IPTL é um índice de preços de combustíveis levantado com base nos abastecimentos realizados nos 21 mil postos credenciados da Ticket Log, marca de gestão de frotas e soluções de mobilidade da Edenred Brasil.

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IBGE: Gasolina sobe 3,47% e responde por quase 30% da inflação em abril

O preço da gasolina subiu 3,47% em abril, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do governo, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Com isso, teve impacto de 0,17 ponto percentual (p.p.) na taxa de 0,57% do IPCA-15, ou quase 30% (2 A partir de 1º de março, o governo federal retomou a cobrança dos impostos federais para combustíveis e outros itens, como energia elétrica, que tinha suspensa em junho de 2022. E isso impactou os preços no IPCA-15, cuja coleta ocorreu entre os dias 16 de março e 13 de abril de 2023.Além disso, também houve alta nos preços do etanol (1,10%), que já tinham subido 1,96% em março. Por outro lado, óleo diesel (-2,73%) e gás veicular (-2,17%) recuaram. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Estados perdem R$ 16 bilhões de ICMS no 1º trimestre de 2023

As desonerações promovidas pelo governo federal e pelo Congresso no ano passado contribuíram para derrubar a arrecadação dos estados no primeiro trimestre de 2023. Houve recuo de 3,25% nas receitas em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com o Boletim de Arrecadação de Tributos Estaduais do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Isso representa uma perda de R$ 7 bilhões. Os dados não consideram o impacto da inflação, o que ampliaria ainda mais a perda. As receitas com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal tributo estadual, caíram 9,4% na mesma comparação, uma perda de R$ 16 bilhões. Com isso, a participação desse imposto na arrecadação total passou de 80% para 75%. A arrecadação com outros tributos emdash;como IPVA, ITCD e taxasemdash; cresceu no mesmo período. Diversos estados aumentaram a alíquota geral do ICMS para cobrir o rombo na arrecadação deixado pela redução do imposto aprovada em 2022. A maior parte dos aumentos começou a vigorar em março deste ano. As maiores quedas estão no ICMS de segmentos afetados pela desoneração realizada às vésperas das eleições presidenciais. O valor arrecadado caiu 50% nas contas de energia elétrica, 39% nos serviços de comunicação e 28% em relação aos combustíveis. Nesse último segmento, houve perda de quase R$ 10 bilhões. Houve aumento nas receitas com o mesmo tributo em relação ao comércio atacadista (+4%), varejista (+9%) e sobre serviços de transporte (+16%). Em São Paulo, por exemplo, a arrecadação desse imposto caiu 12,4% no trimestre em termos reais (com dados atualizados pela inflação). Por outro lado, houve aumento de 25% na receita do IPVA, 8,5% no ITCMD e 12% em taxas, segundo dados da Secretaria da Fazenda e Planejamento do estado. A receita tributária total encolheu 13,4%. "O conjunto de indicadores da arrecadação de março reflete um desempenho geral negativo, tanto em relação aos índices de curto prazo quanto aos indicadores de tendência", diz a Sefaz-SP. No Rio Grande do Sul, a arrecadação de ICMS caiu 17,6% em termos reais. "O resultado foi fortemente influenciado pela redução das alíquotas das chamadas elsquo;blue chipsersquo;, que compreendem os segmentos de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações", afirma a Secretaria de Fazenda do estado. Essas alíquotas foram reduzidas por decreto estadual de 30% para 25%. Posteriormente, por lei federal, passou de 25% para 17%. Parte dos recursos do ICMS é repartida com os municípios, e uma parcela da arrecadação é destinada obrigatoriamente para educação e saúde.

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Produtor aproveita gás gerado por dejetos de porcos para abastecer trator a biometano

Em 2018, o produtor rural Fábio Pimentel de Barros caminhava pelas ruas da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, em busca de uma forma de utilizar o biogás produzido na sua empresa, a SF Agropecuária, em Brasilândia (MS). A proposta era dar uma destinação econômica e sustentável aos dejetos de cerca de 80 mil suínos da propriedade. Depois de discutir o tema com duas empresas, sem sucesso, ele encontrou uma montadora que desenvolvia a tecnologia necessária. Assim se tornou o primeiro comprador no país de um trator movido a biometano. Fabricado na Inglaterra pela New Holland, que já tem outras dez propostas em andamento no país, o modelo T6 Methane Power, de 180 cv, utiliza o gás gerado a partir da decomposição de resíduos orgânicos como combustível. A SF, que além dos suínos possui 33 mil bovinos e 2.600 hectares em produção de soja e sorgo em três fazendas, abate cerca de 180 mil animais por ano. O custo elevado do combustível de origem fóssil e a evolução de equipamentos como o trator a biogás têm incentivado ações para reduzir as emissões de dióxido de carbono no campo. A máquina custa 40% mais que a movida a diesel, mas se paga com a economia diária, conforme o produtor. "A ideia do início do projeto foi ter um processo de maior sustentabilidade, e o segundo ponto foi totalmente econômico", disse Barros. "O terceiro ponto foi a estratégia de mercado, já que estamos passando por uma guerra e houve importação de diesel no Brasil." Enquanto os tratores convencionais existentes na empresa queimam, em média, 18 litros de diesel por hora de trabalho, o modelo movido 100% a biometano consome 10 m³ de gás por hora, a um custo de R$ 1 por metro cúbico, conforme o produtor rural. "Tenho de levar em conta que o gás é meu, eu já produzo. Tenho de colocar ainda o preço de produção da minha bomba, que é muito baixo. Há uma economia muito grande de diesel e abre outras possibilidades, inclusive com projeto de caminhões a biometano, não podemos ficar só em tratores", afirmou Barros. Além do preço, outras vantagens são as reduções na emissão de dióxido de carbono e outros gases e o menor custo operacional, segundo Flávio Mazetto, diretor de marketing de produto da New Holland para a América Latina. Ele afirmou que 99% do material particulado é eliminado no biometano, e que o motor movido pelo gás reduz em 90% as emissões de CO2 em relação aos motores diesel vendidos no país. "O biometano, do ponto de vista global, está na pauta de todas as descarbonizações das matrizes energéticas, principalmente da térmica, que envolve combustíveis. O Brasil importa em média 25% do consumo interno de diesel, ou seja, não é autossuficiente", disse o consultor Antonello Moscatelli, especialista em biogás e biometano. "Reduzir as emissões de metano na atmosfera em 30% até 2030 é um compromisso assumido pelo Brasil em 2020, na COP-26." Ter um trator desses, porém, não é para todos os tipos de produtores. Além de custar mais emdash;o preço varia conforme o estado, mas em média R$ 1 milhão, ante R$ 700 mil do modelo convencionalemdash;, é preciso que a propriedade receba uma série de investimentos para permitir a geração do biometano. O custo chega a R$ 2 milhões, incluindo a instalação de biodigestores, gasoduto, sistema para purificar o biogás e um posto para abastecimento. A SF Agropecuária investiu R$ 1,7 milhão, pois já tinha os biodigestores, segundo Barros, e seu ecossistema envolveu também as empresas FPT Industrial (Iveco), Sebigás Cótica e Air Liquide. Há um gasoduto subterrâneo de seis quilômetros interligando as granjas da propriedade. Moscatelli afirma que, com 5.000 suínos para gerar dejetos, é possível investir num sistema desse tipo. "Esse investimento tem um payback [prazo para o lucro cobrir o investimento] rápido, dependendo da forma como o produtor utiliza a substituição do diesel pelo biometano. A partir do momento em que passa a usar mais, consegue retorno mais rápido, o que varia de dois a quatro anos", disse Cláudio Calaça, diretor de Mercado Brasil da New Holland. A descarbonização atinge outros setores ligados ao agro. Após o governo elevar, em março, o percentual de biodiesel no diesel de 10% para 12%, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal) afirmou que a medida colocava o Brasil "definitivamente no caminho da liderança mundial da descarbonização da matriz ciclo diesel". Outra iniciativa do gênero é o Renovabio, programa criado para aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz energética.

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Governo altera prazo para comprovação de metas de CBios; será anual a partir de 2024

O Ministério de Minas e Energia publicou nesta quarta-feira decreto que estabelece que, a partir de 2024, o prazo para comprovação de metas de compras de Créditos de Descarbonização (CBios) pelas distribuidoras de combustíveis voltará a ser anual e até 31 de dezembro. O movimento foi saudado por produtores de biocombustíveis, que são os emissores dos CBios, após o governo anterior ter alongado prazos em meio a uma disparada de preços dos créditos. Com o alongamento do período em meados do ano passado, os valores dos papéis recuaram após máximas em 2022. Com o novo decreto, mantém-se, excepcionalmente, a comprovação de atendimento à meta individual referente ao ano de 2022 até 30 de setembro de 2023. E mantém-se o prazo até 31 de março de 2024 para a meta de 2023, segundo nota do ministério. Contudo, a comprovação para os anos subsequentes voltará a ser até o dia 31 de dezembro de cada ano, e não mais 31 de março. Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, "a alteração a partir de 2024 concede previsibilidade aos distribuidores que são a parte obrigada do Programa RenovaBio e respeita a segurança jurídica". O ministério disse ainda que, com essa alteração, o mercado do CBios ficará novamente sincronizado em termos de emissão, oferta e cumprimento da meta dentro do mesmo ano civil, "conferindo a previsibilidade e fortalecendo a estabilidade de regras ao fixar os prazos originais para comprovação das metas da política". A meta do programa para 2023 é evitar as emissões de 37,47 milhões de toneladas de carbono na atmosfera endash;cada CBio adquirido por distribuidora equivale a uma tonelada. O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi, disse que, com a mudança, o governo corrige "um absurdo feito no ano passado pela então gestão do MME". "As metas que a lei prevê eram anuais e foram transformadas em metas de 21 meses no ano passado. O decreto agora publicado restaura o compromisso com a sustentabilidade e o combate à mudança do clima, trazendo o prazo, a partir do próximo ano, como era estabelecido na Lei do RenovaBio", disse Gussi. O decreto ainda incluiu a reestruturação do Comitê RenovaBio, adequando-o à nova composição do governo federal, com todos os ministérios que têm interface com a política. Este movimento fortalece e dá credibilidade para o Brasil no cenário internacional, de acordo com o presidente do Conselho da Copersucar, Luís Roberto Pogetti. "Além de contribuir com o compromisso do país em reduzir pela metade as suas emissões de carbono, a decisão de manter a meta e o prazo de doze meses para comprovação foi acertada, uma vez que isso dá a segurança e previsibilidade necessária ao Programa e aos seus participantes", afirmou. Não foi possível obter imediatamente uma posição sobre o assunto de representantes de distribuidores de combustíveis. (Reuters)

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