Ano:
Mês:
article

Comissão do Senado aprova desoneração da folha de 17 setores da economia até 2027

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (24), o projeto que prorroga, até 2027, a desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia. Por acordo, os senadores aprovaram requerimento de urgência para discutir a proposta no plenário principal da Casa, com a previsão de votação em separado de uma das mudanças feitas pela Câmara dos Deputados (veja mais abaixo). À TV Globo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que pretende colocar a proposta em votação no plenário na sessão desta quarta-feira (25). Pacheco já disse ser favorável à prorrogação da desoneração. O atual modelo perderá validade em dezembro deste ano. A proposta prevê que a desoneração passe a valer por mais quatro anos emdash; até 31 de dezembro de 2027. A medida impacta empresas que contratam diretamente 8,9 milhões de pessoas, além de outros milhões de postos de trabalho indiretos. Segundo o texto, podem alterar o regime de tributação os seguintes setores: industrial: couro, calçados, confecções, têxtil, proteína animal, máquinas e equipamentos serviços: tecnologia da informação, tecnologia da informação e comunicação, call center e comunicação transportes: rodoviário de cargas, rodoviário de passageiros urbano e metroferroviário construção: construção civil e pesada No parecer aprovado, o relator, senador Angelo Coronel (PSD-BA), rejeitou todas as mudanças feitas pela Câmara durante a discussão da proposta, em agosto. Nesta terça, no entanto, a pedido de Ciro Nogueira (PP-PI), ele ensaiou incorporar uma das alterações feitas pelos deputados, que permitia reduzir a tributação de empresas de transporte rodoviário coletivo. Com a possibilidade de um pedido de vista (adiamento da votação), Angelo Coronel recuou. Em acordo costurado pelo autor original da proposta, senador Efraim Filho (União Brasil-PB), os membros da comissão decidiram aprovar o parecer original do relator emdash; excluindo regimentalmente a hipótese de vista emdash; e levar a discussão ao plenário principal do Senado. No plenário, Ciro deverá apresentar destaque para votação em separado do trecho que trata das empresas de transporte rodoviário coletivo. A intenção é aprovar a mudança feita pela Câmara, que reduz para 1% a alíquota de contribuição previdenciária paga pelas empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo. Efraim Filho e o presidente da comissão, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), queriam que o texto fosse votado no plenário já nesta terça. Folha dos municípios Além de permitir a redução de tributos em empresas privadas, o texto aprovado pela CAE também reduz de 20% para 8% a alíquota da contribuição previdenciária paga por pequenos municípios. A regra será válida para cidades com menos de 142.633 habitantes e que não recebem cota reserva do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Segundo estimativas, a medida deve atingir mais de 3 mil municípios, representando uma perda de arrecadação anual de R$ 9 bilhões pelo governo federal. Em agosto, a Câmara estendeu a desoneração da folha para todos os municípios. No parecer aprovado, Angelo Coronel rejeitou a mudança. Desoneração Uma lei de 1991 determina que as empresas paguem, de forma mensal, o valor de 20% sobre os salários dos empregados, com ou sem carteira assinada. Esse dinheiro que o governo arrecada vai para as áreas da seguridade social emdash; previdência, assistência social e saúde. Com o projeto, as empresas ficam autorizadas a substituir esse pagamento por uma tributação sobre a receita bruta, que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o serviço prestado. Essa possibilidade, segundo a proposta, valerá até 31 de dezembro de 2027. Na prática, as companhias pagam um valor menor do imposto e, a partir do alívio nas contas, conseguem contratar mais funcionários. A lei atualmente em vigor prevê que a desoneração vai valer somente até o fim de 2023. Por isso, o projeto para adiar a medida foi apresentado pelo senador Efraim Filho (União-PB). O Movimento Desonera Brasil, que reúne instituições que representam os setores estratégicos para a economia, aponta os seguintes impactos da proposta: a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), de 2018 a 2022, os setores que permaneceram com a folha desonerada tiveram um crescimento de empregos da ordem de 15,5%, enquanto os que tiveram a folha reonerada cresceram apenas 6,8% no mesmo período. Houve também aumento dos salários dos trabalhadores de áreas que contaram com o benefício segundo o Desonera Brasil, caso não houvesse a desoneração da folha nesses anos, os 17 setores teriam deixado de gerar 1,62 milhão de empregos formais e os salários de seus trabalhadores seriam menores, diminuiria R$294,00 em média o movimento estimou que a ausência do modelo levaria a uma perda de arrecadação de contribuições de empresas e empregados ao INSS de 13,2 bilhões de reais em 2022 a manutenção dos postos de trabalho também garante continuidade do pagamento de salários, da capacidade de consumo e da realização de investimentos

article

Reforma Tributária: texto do relator Eduardo Braga será apresentado hoje no Senado

O relatório da Reforma Tributária no Senado foi finalizado ontem, após acordo entre o Ministério da Fazenda e o relator Eduardo Braga (MDB-AM) em torno do valor do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), que vai compensar estados e municípios por possíveis perdas de arrecadação. O texto será apresentado hoje pelo senador e a previsão é votá-lo no início de novembro. Aliados do ministro Fernando Haddad afirmaram ao GLOBO que ele propôs, nas últimas conversas, valores entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões por ano para o fundo regional. A definição de um novo valor para o fundo era um dos principais entraves para a votação da proposta. No projeto aprovado na Câmara dos Deputados, o montante acordado entre o então relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e a Fazenda era de R$ 40 bilhões. No texto, o fundo começa a ser abastecido em 2029 com R$ 8 bilhões e vai subindo até chegar a R$ 40 bilhões ao ano em 2033 emdash; valor que é atualizado pelo IPCA. O formato de abastecimento deve se manter. Critério de divisão No Senado, Braga já havia demonstrado a intenção de aumentar o valor. As negociações, então, se intensificaram nas últimas semanas, com uma reunião decisiva entre Braga e Haddad nesta semana. O valor final definido pelo relator, porém, ainda não foi divulgado oficialmente. Mais interferência, menos dividendos: entenda o temor de investidores que derrubou ações da Petrobras O ministro Fernando Haddad se reuniu ontem com governadores do Nordeste, entre eles João Azevêdo (PSB), da Paraíba, e tratou dos avanços no texto da Reforma Tributária. De acordo com o governador, Haddad sinalizou que o relatório deve trazer um cálculo misto para distribuição do montante do FDR: 70% dos recursos devem ser entregues para estados e municípios conforme o PIB per capita invertido emdash; ou seja, entes federativos mais pobres teriam preferência no pagamento. Outros 30% seriam pagos conforme o índice populacional, beneficiando estados mais populosos. emdash; O ministro Haddad disse que há uma proposta dessa divisão ser 70% e 30%. Desde que haja aumento no valor do fundo, é aceitável emdash; disse Azevêdo. Na Reforma Tributária, a cobrança de impostos será feita no destino, ou seja, onde os produtos e serviços são consumidos. Hoje, essa cobrança é feita na origem, onde são produzidos. Dessa forma, os estados vão perder uma das maiores formas de incentivo à instalação de empresas e criação de empregos: a isenção ou redução de tributos. Isso daria fim à chamada eldquo;guerra fiscalerdquo;. No entanto, os estados perdem um instrumento de política de desenvolvimento. O fundo regional visa a substituir esses incentivos, transferindo recursos diretos para os estados para que eles possam promover a atividade produtiva. elsquo;Boa surpresaersquo; O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quer votar a reforma em novembro. O texto volta para a Câmara por conta das alterações. Haddad acredita ser possível concluir esse processo ainda neste ano. Perguntado ontem sobre o valor do fundo, ele disse que os governadores terão eldquo;uma boa surpresaerdquo; quando conhecerem o parecer de Braga. emdash; Os governadores terão uma boa surpresa. Fechamos com Eduardo Braga, que deve entregar o relatório amanhã (hoje). Ele recebeu a resposta da Fazenda e ficou positivamente surpreso com nossa disposição em negociar emdash; afirmou o ministro ontem, ao deixar a Fazenda.

article

Brasil vai ultrapassar marca de 4 milhões de barris de petróleo produzidos por dia em 2025, diz ANP

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, disse que o Brasil vai ultrapassar a marca de produção de 4 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) em 2025. Hoje, o País produz, em média, mais de 3,5 milhões de bpd. eldquo;Já em 2025 deveremos ultrapassar 4 milhões de barris por dia de produção de petróleo. São mais de US$ 90 bilhões investidos em cinco anos. Mais 20 plataformas entrando em produção até 2027eamp;Prime;, disse na abertura da OTC Brasil, que acontece esta semana no Rio de Janeiro. Saboia afirmou que o crescimento na produção virá não só da curva ascendente do pré-sal, como do processo de recuperação de campos maduros, protagonizado pelas petroleiras independentes. Ele alertou, porém, que será preciso partir para novas fronteiras exploratórias a fim de evitar o declínio da produção nacional a partir de 2030. Saboia não fez menção, mas se referia, principalmente, à Margem Equatorial, onde o setor enfrenta a resistência do Ibama para emitir licenças ambientais. Outra fronteira que voltou à baila recentemente, inclusive listada para leilão no 4º Ciclo da Oferta Permanente da ANP, é a Bacia de Pelotas, no litoral do Rio Grande do Sul. eldquo;Sem atividade exploratória em novas fronteiras, podemos ver a nossa produção decair a partir de 2030. É preciso ter em mente a importância estratégica da decisão que temos de tomar em relação a novas fronteiras, e com brevidadeerdquo;, disse.

article

Demanda global de petróleo, carvão e gás atingirá o pico em 2030, diz Agência de Energia

Há mais de um século, o apetite mundial por combustíveis fósseis vem se expandindo incessantemente, enquanto a humanidade continua queimando quantidades maiores de carvão, petróleo e gás natural quase todos os anos para abastecer casas, carros e fábricas. Mas uma mudança notável pode estar próxima. A principal agência de energia do mundo prevê agora que a demanda global por petróleo, gás natural e carvão atingirá seu pico em 2030, em parte por conta das políticas que os países já adotaram para promover formas mais limpas de energia e transporte. Um pico no uso de combustíveis fósseis não será suficiente para deter o aquecimento global, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu World Energy Outlook, um relatório de 354 páginas sobre as tendências globais de energia publicado nesta terça-feira, 24. Para isso, as emissões de carvão, petróleo e gás precisariam cair para quase zero. Mas uma transformação radical do cenário energético global está em andamento. Até 2030, poderá haver 10 vezes mais veículos elétricos nas ruas do que há hoje, segundo o relatório. As fontes de energia renováveis, como a solar, a eólica e a hidrelétrica, poderão fornecer 50% da eletricidade mundial, em comparação com os 30% atuais. As bombas de calor (equipamento que transfere calor de uma fonte fria para uma fonte quente) e outros sistemas de aquecimento elétrico poderiam superar os fornos a gás e a óleo. O investimento global em parques eólicos offshore (no mar) poderia superar o investimento em usinas de carvão e gás. Se tudo isso se concretizar, a demanda de petróleo e gás provavelmente se estabilizará em níveis ligeiramente superiores aos atuais nas próximas três décadas, expandindo-se nos países em desenvolvimento e diminuindo nas economias avançadas. A demanda por carvão, o mais sujo dos combustíveis fósseis, começaria a diminuir, embora pudesse flutuar ano a ano se, por exemplo, as usinas de carvão precisassem funcionar com mais frequência durante ondas de calor ou secas. eldquo;A transição para a energia limpa está ocorrendo em todo o mundo e é imparávelerdquo;, disse Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia. eldquo;Não é uma questão de elsquo;seersquo;, é apenas uma questão de elsquo;quandoersquo; - e quanto mais cedo, melhor para todos nós.erdquo; A previsão da agência de um pico na demanda de combustíveis fósseis até 2030 gerou controvérsia. Depois que Birol sugeriu essa possibilidade pela primeira vez em setembro, o cartel de petróleo Opep alertou que tais previsões eram altamente incertas e poderiam levar países e empresas a subinvestir na perfuração de petróleo e gás. Se a demanda por combustíveis fósseis não caísse como esperado, disse o cartel, a falta de oferta poderia levar a um eldquo;caos energéticoerdquo;. A Opep publicou sua própria perspectiva no ano passado, projetando que a demanda global por petróleo e gás natural continuaria aumentando até 2045. As previsões sobre as tendências globais de energia são notoriamente difíceis, e a Agência Internacional de Energia já se enganou antes. Em 2016, a agência sugeriu que a demanda da China por carvão havia atingido seu pico, mas o uso de carvão posteriormente atingiu novos níveis. Por outro lado, a agência já havia subestimado o rápido crescimento de tecnologias mais limpas, como a energia solar. O relatório deste ano afirma que a China desempenhará um papel extraordinário na determinação do futuro energético do mundo. O país é responsável por metade do uso global de carvão e impulsionou dois terços do crescimento da demanda mundial de petróleo na última década. Mas o apetite da China por aço e cimento pode estar se estabilizando, segundo o relatório, o que prejudicaria a demanda por combustíveis fósseis. As previsões da agência poderiam mudar se os países alterassem suas políticas energéticas. Por exemplo, a projeção atual é de que os carros elétricos representem 50% das novas vendas nos Estados Unidos até 2030, graças aos incentivos fiscais da Lei de Redução da Inflação. Mas vários candidatos republicanos à presidência, incluindo o ex-presidente Donald Trump, querem acabar com esses incentivos. Um platô na demanda global de petróleo e gás pode fazer com que os preços da energia se tornem mais voláteis no curto prazo, disse Jason Bordoff, diretor fundador do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia. eldquo;Obviamente, o setor de petróleo passou por períodos de alta e baixa no passado, mas sempre ficou claro que a demanda continuaria a aumentar no longo prazoerdquo;, disse Bordoff. eldquo;Agora há muito mais incerteza quanto ao que acontecerá.erdquo; Mesmo que a demanda por combustíveis fósseis atinja o pico nesta década, o mundo ainda precisará de políticas climáticas muito mais rigorosas para evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5 grau Celsius, uma meta que muitos líderes mundiais endossaram para diminuir o risco de perturbações climáticas catastróficas. Em um relatório no mês passado, a AIE delineou algumas possibilidades, incluindo a proibição de carros movidos a gasolina e mais investimentos em redes elétricas e tecnologias como energia nuclear ou hidrogênio limpo. eldquo;Um pico na demanda de combustíveis fósseis seria significativo, mas para atingir nossas metas climáticas seria necessário um declínio acentuado em uma escala e ritmo que ainda não vimoserdquo;, disse Bordoff.

article

Lula sanciona compensação a Estados por perdas com ICMS e veta trecho que cria obrigação à União

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta terça-feira, 24, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 136, que trata do acordo feito pelo governo federal com os Estados para compensar perdas com a arrecadação do ICMS no ano passado. Ele barrou trecho que criaria nova obrigação para a União. A sanção foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). O dispositivo prevê uma compensação de R$ 27 bilhões da União para os Estados e o Distrito Federal por conta da mudança do ICMS sobre combustíveis e reduz gastos com o piso da Saúde este ano. O projeto prevê uma antecipação de R$ 10 bilhões dos recursos a Estados e municípios decorrentes da compensação das perdas com a arrecadação do ICMS no ano passado, seja por repasses diretos do Tesouro ou abatimento de dívidas. O valor seria pago em 2024. O texto também determina que a União faça um repasse extra de R$ 2,3 bilhões ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e outro de R$ 1,6 bilhão para o Fundo de Participação dos Estados (FPE). O trecho vetado obrigaria a União a compensar municípios caso Estados não fizessem os repasses devidos relativos à nova receita ou enviassem recursos dessa fonte para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e serviços de saúde. O projeto era uma das prioridades do Congresso. Deputados e senadores vinham sendo pressionados por governadores e prefeitos que reclamavam da falta de recursos para governar. eldquo;Vamos assegurar que nenhum município perderá nada de arrecadação em relação a 2022. Isso significa que vamos garantir aos municípios a mesma quantidade de dinheiroerdquo;, disse Lula, em vídeo publicado no X, antigo Twitter. eldquo;Aos Estados, vamos garantir a recomposição das perdas de arrecadação dos meses de julho e agosto de 2023eamp;Prime;, acrescentou. A sanção, conforme classificou o presidente, eldquo;demonstra compromisso do governo federal em continuar promovendo crescimento da economia, equilibrar a distribuição de recursos e aliviar as dificuldades fiscais dos municípios e Estadoserdquo;. O projeto foi aprovado no Senado no início de outubro e não teve nenhuma alteração em relação ao aprovado na Câmara dos Deputados.

article

Aquisições de Chevron e Exxon mostram 'corrida armamentista' por petróleo

As duas maiores empresas de petróleo dos Estados Unidos iniciaram uma corrida para garantir reservas de petróleo para as próximas décadas, fechando transações multibilionárias para adquirir locais de produção promissores, apesar das previsões de que a demanda atingirá o pico até 2030. A Chevron anunciou na segunda-feira (23) sua maior aquisição de todos os tempos: um acordo de US$ 53 bilhões com a operadora americana Hess, dando-lhe uma posição na produção de petróleo na costa da Guiana, a descoberta mais significativa da indústria na última década. O acordo foi fechado menos de duas semanas depois que a ExxonMobil, a outra gigante americana do setor, revelou uma aquisição de US$ 60 bilhões da Pioneer Natural Resources, a maior operadora do campo de petróleo mais prolífico do mundo, a Bacia do Permiano, no Texas e Novo México (ambos nos EUA). Os dois acordos estão em uma escala raramente vista desde as megafusões do final dos anos 1990 e início dos anos 2000 emdash;BP-Amoco, Exxon-Mobil e Chevron-Texacoemdash; que formaram as gigantes modernas. Analistas e negociadores de acordos dizem que mais fusões provavelmente ocorrerão em breve, à medida que outras empresas busquem ganhar importância e garantir os melhores locais de perfuração restantes na tentativa de produzir barris com o menor custo. É uma aposta na longevidade da demanda por combustíveis fósseis em um momento em que órgãos como a AIE (Agência Internacional de Energia) preveem que a demanda atingirá o pico antes de 2030. "Vivemos no mundo real e temos que alocar capital para atender às demandas do mundo real", avaliou o CEO da Chevron, Mike Wirth, em uma entrevista recente ao Financial Times, prevendo que a demanda por petróleo "continuará a crescer até 2030 e além". Em todo o mundo, foram anunciados US$ 254 bilhões em acordos de fusões e aquisições no setor de petróleo e gás neste ano, de acordo com a LSEG, o maior total até o momento desde 2014. "É uma corrida armamentista", disse um negociador de acordos envolvido na recente onda de fusões da área. "Na maioria dos setores, o acordo um não necessariamente leva ao acordo dois e ao acordo três. Acredito que, neste caso, levará, porque o tempo é essencial e os dois maiores jogadores já fizeram suas aquisições". Analistas afirmam que uma das fusões mais atraentes poderá ser entre BP e Shell, embora tenham alertado que vários obstáculos se colocam no caminho de qualquer acordo desse tipo e que não têm conhecimento de tais discussões. Grandes produtores independentes em regiões abundantes de xisto nos Estados Unidos também podem buscar a combinação ou aquisição de concorrentes menores. A BP e a Shell, com sede no Reino Unido, reclamaram que suas avaliações ficaram para trás em relação à Exxon e Chevron, acreditando que isso se deve em parte à maior pressão sobre as empresas de energia na Europa para adotar a transição para energia limpaemdash; incluindo suas incertezas. As gigantes petrolíferas dos EUA adotaram uma postura mais agressiva em relação à produção futura de petróleo, apesar dos crescentes esforços para descarbonizar a economia global. Nem a Exxon nem a Chevron migraram para energias renováveis, como eólica e solar, preferindo "moléculas em vez de elétrons", nas palavras de Wirth. Isso contrasta com seus concorrentes europeus, cujo impulso verde pode dificultar um acordo significativo de petróleo. "As grandes empresas europeias traçaram um caminho muito diferente quando se trata do futuro da demanda por petróleo, então seria uma grande mudança para a BP ou a Shell fazerem um grande acordo de petróleo e gás agora", avaliou Alex Beeker, analista da Wood Mackenzie. No entanto, um analista de um banco de investimento com sede em Londres, que pediu para não ser identificado, disse que a BP e a Shell correm o risco de ficarem para trás. "Já havia uma lacuna de avaliação [em relação às gigantes dos EUA], mas com esses acordos recentes, a lacuna de produção também está se tornando mais evidente, o que aumentará a pressão sobre as duas empresas para encontrar uma solução", disse o analista. Combustíveis fósseis x descarbonização Mas eles também alertaram que o momento pode não ser adequado para um acordo. Embora alguns analistas acreditem que a BP possa parecer propensa a uma aquisição, dada a queda de seu preço das ações e a renúncia do CEO Bernard Looney no mês passado, a Shell pode não estar no melhor momento para agir. O CEO da Shell, Wael Sawan, assumiu o cargo em 1º de janeiro deste ano, e embora seu foco na lucratividade e na produção de petróleo e gás tenha rapidamente conquistado muitos investidores, eles acreditam que fusões podem ser uma aposta muito ousada tão cedo em seu mandato. Arjun Murti, analista da empresa de consultoria e investimento em energia Veriten, com sede em Houston, afirmou que uma fusão entre BP e Shell poderia ser "lógica". "Você precisa de tamanho e escala para competir e eles podem ver a ExxonMobil e a Chevron ficando maiores com seus acordos recentes", disse Murti, que é conhecido por ter previsto o preço do barril de petróleo acima de US$ 100 em 2008, quando era analista de ações do Goldman Sachs. "Eles estão correndo o risco de ficarem para trás, então uma fusão poderia fazer muito sentido se eles puderem lidar com quaisquer preocupações antitruste, especialmente porque as principais empresas europeias estão, sem dúvida, em uma situação difícil devido à pressão crescente que enfrentam em relação às mudanças climáticas." A BP disse que não comentaria "especulações". A Shell se recusou a comentar. Murti comentou que as outras principais empresas europeias, a francesa TotalEnergies e a italiana Eni, também estariam avaliando alternativas, mas alertou que as pressões nacionais tornariam qualquer grande acordo mais desafiador: a Eni é 30% de propriedade do governo italiano, enquanto a TotalEnergies, embora não seja mais estatal, continua próxima do governo francês. Entre as especialistas em exploração e produção de xisto dos EUA, os analistas disseram que as empresas maiores restantes buscariam se unir para ganhar importância e se tornar um alvo atraente para uma aquisição de uma gigante no futuro. Negociadores disseram que grupos como Occidental Petroleum, ConocoPhilips e Marathon Oil poderiam ser os próximos da lista. "De forma alguma as (movimentações da) Exxon ou a Chevron acabaram", disse Andrew Dittmar, analista da Enverus. "[Mas] vimos suas movimentações para essa onda específica. Acho que damos um passo atrás e vemos algumas dessas empresas independentes se consolidando entre si no resto de 2023 e 2024." Wirth disse na segunda-feira (23) que o setor de xisto estava "pronto" para novos negócios. "Quando e onde é mais difícil prever, mas vimos algumas transações e talvez veremos outras", disse ele. Mas ele insistiu que o anúncio da Chevron não foi influenciado por negociações em outros lugares. "Essas discussões começaram e estavam em andamento muito antes do anúncio ou dos rumores da transação Exxon-Pioneer", disse Wirth ao FT. "Estávamos trabalhando nisso independentemente disso (negociação da Exxon) e o movimento teria acontecido mesmo se aquilo não tivesse acontecido." No entanto, o acordo acirrará ainda mais a disputa entre Exxon e a Chevron, deixando ambas controlando conjuntamente o bloco de Stabroek na costa da Guiana, no qual a Hess tinha uma participação de 30% e a Exxon mantém uma participação operacional de 45%. Stabroek é a maior descoberta de petróleo da última década e tem potencial para produzir até 1,5 milhão de barris de petróleo por dia quando atingir a produção total. Peter McNally, analista da Third Bridge, disse que ela era "o maior prêmio" no portfólio da Hess. Poucos ativos com perspectivas semelhantes existem em qualquer lugar do mundo, afirmaram os analistas, deixando concorrentes otimistas em relação à demanda futura em busca das melhores perspectivas restantes antes que sejam adquiridas por outros. "Quando a demanda por petróleo se mostrar muito mais resiliente do que a sabedoria convencional de hoje sugere, esperamos que essas aquisições sejam vistas como oportunas", afirmou Clay Seigle, analista da Rapidan Energy em Houston.

Como posso te ajudar?