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Ibama prevê impacto ambiental em nível máximo em exploração de petróleo na Foz do Amazonas

O grau de impacto ambiental do projeto de exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas, a cargo da Petrobras, atingiu escala máxima, com alta magnitude do impacto negativo, influência em biodiversidade formada por espécies ameaçadas de extinção e comprometimento de áreas ainda desconhecidas. O cálculo foi feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e é descrito em detalhes em documentos obtidos pela Folha. Parte dos relatórios foi acessada por meio da Lei de Acesso à Informação. A perfuração do chamado bloco 59, planejada pela Petrobras e pelo governo Lula (PT) para 2024, teve um grau de impacto ambiental calculado em 0,5%. A escala varia de 0 a 0,5%, conforme a legislação vigente emdash;o índice, portanto, atingiu o máximo possível. Os principais componentes do indicador emdash;magnitude dos impactos, biodiversidade, persistência dos impactos e comprometimento de área prioritáriaemdash; também foram definidos em seus valores máximos, o que levou ao índice de 0,5%. A Petrobras não respondeu aos questionamentos da reportagem. Uma tentativa anterior de exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas, abandonada pela Petrobras após acidente no local do poço, também continha uma magnitude máxima nos potenciais impactos ambientais. O índice final, porém, foi inferior ao do projeto atual: 0,28%. O bloco era o FZA-4, que fica a uma distância de 110 km a 126 km da costa. A cidade mais próxima é Oiapoque (AP). O bloco 59 está bem próximo, distante de 160 km a 179 km da costa, também na direção da cidade ao extremo norte do Amapá. O grau de impacto é calculado pelo Ibama para definição do valor a ser pago como compensação ambiental, em caso de empreendimentos de grande porte como a perfuração de um poço de petróleo. A legislação determina que uma compensação deve ser feita, com repasses de recursos a unidades de conservação federais, por exemplo. O primeiro projeto de perfuração na Foz do Amazonas, que acabou frustrado, deveria resultar no pagamento de uma compensação ambiental calculada em R$ 140 mil, dinheiro a ser revertido ao Parque Nacional do Cabo Orange, uma importante e delicada área de conservação de mangues e campos inundáveis, na região de Oiapoque. O valor foi definido a partir da multiplicação do grau de impacto emdash;0,28%emdash; e do montante a ser gasto no empreendimento, R$ 50 milhões. Reportagem publicada pela Folha em 10 de dezembro de 2023 revelou que a Petrobras protelava, até aquele momento, o pagamento da compensação ambiental, num processo que se arrastava há nove anos. Apesar do acidente ocorrido e do abandono do projeto, há a obrigação de depósito do dinheiro, para revisão do plano de manejo do Cabo Orange. O valor foi atualizado para R$ 282 mil. A compensação ambiental pela perfuração no bloco 59, obrigatória por lei, tem um valor bem superior. O Ibama definiu que esse valor é de R$ 4,3 milhões. Para chegar ao montante, o órgão ambiental levou em conta o grau de impacto calculado endash;0,5%endash; e o valor de referência do empreendimento endash;R$ 859,6 milhõesendash; informado pela Petrobras. Os pareceres do Ibama que definiram o tamanho do impacto ambiental da perfuração no bloco e o valor da compensação ambiental foram elaborados em abril de 2022. Em maio de 2023, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, acompanhou um parecer técnico do órgão e negou a concessão de licença para perfuração do poço. A Petrobras recorre contra a decisão e, em discurso alinhado ao do governo Lula, planeja prospectar petróleo nesse ponto da costa amazônica ainda em 2024. O presidente brasileiro já negou uma proposta, feita pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de abandono de novos projetos de exploração de petróleo na Amazônia, que abrange oito países integrantes de um tratado de cooperação. A postura de Lula, a favor de novos empreendimentos de combustível fóssil, contradiz metas e planos do governo de mitigação de gases de efeito estufa. Segundo o Ibama, a perfuração de poço na Foz do Amazonas tem 18 impactos negativos, dos quais 4 com alta magnitude, como alteração de comportamento de mamíferos aquáticos e tartarugas e alteração na qualidade de sedimentos em razão do descarte de cascalho. "Na área de estudo, ocorrem cinco espécies de tartarugas-marinhas, diversas espécies de aves e de espécies de mamíferos marinhos ameaçados de extinção a nível nacional e/ou global", cita o parecer que resultou no grau de impacto de 0,5%. Ainda conforme a área técnica do Ibama, impactos como introdução de espécies exóticas e contribuição para o efeito estufa com a emissão de gases se caracterizam como "negativos e irreversíveis, cujo efeito se estenderá por mais de 30 anos". Assim, o chamado índice temporalidade teve valor máximo, 4, numa escala de 0 a 4. O bloco a ser explorado está em uma área prioritária, denominada cone amazônico recortado, com uma importância "insuficientemente conhecida", segundo o parecer. O índice de comprometimento de área prioritária foi calculado, então, em 3, também valor máximo na escala de 0 a 3. No caso do projeto anterior de perfuração, no bloco FZA-4, o Ibama apontou em documento de 2011 a existência de 21 impactos negativos. "Oito se referem a impactos potenciais relacionados a eventos acidentais com derramamento de óleo, diesel e produtos químicos que podem chegar a ter consequências desastrosas, com danos severos em vários habitats sensíveis, no caso de eventuais derramamentos de grandes proporções em que o óleo atinja a costa", cita o parecer. Um acidente ocorreu em dezembro de 2011, durante atividade de perfuração no bloco, como consta em documentos do Ibama e do MPF (Ministério Público Federal) no Amapá. O episódio levou a Petrobras a abandonar o poço perfurado "depois que as fortes correntes da região causaram um acidente que culminou com perda de posição da sonda SS-52", apontou um parecer do Ibama. Um equipamento só pôde ser recolhido quatro dias depois, "devido às fortes correntezas que impediram o trabalho da equipe". "De acordo com a Petrobras, o acidente provocou um pequeno vazamento de óleo hidráulico." O projeto foi abandonado de vez em 2016. O impacto da perfuração no bloco 59 Grau de impacto ambiental: 0,5% (valor máximo na escala, que vai de 0 a 0,5%) > É calculado para definir o valor da compensação ambiental Índice de magnitude: 3 (valor máximo na escala, que oscila de 0 a 3) > É um dos componentes do grau de impacto; mede a magnitude do impacto negativo Índice de biodiversidade: 3 (valor máximo na escala, também de 0 a 3) > É outros dos componentes do grau de impacto; mede a biodiversidade antes do empreendimento Índice de comprometimento de área prioritária: 3 (valor máximo na escala, de 0 a 3) > Também compõe o grau de impacto; aponta a importância biológica de área impactada Valor da compensação ambiental: R$ 4.298.172,79 O impacto da perfuração no bloco FZA-4 Grau de impacto ambiental: 0,28% Índice de magnitude: 3 Índice de biodiversidade: 3 Índice de comprometimento de área prioritária: 2 (Ibama, ICMBio e decreto nº 6.848, de 2009)

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Petróleo fecha em alta, de olho no aumento das tensões no Oriente Médio

O petróleo fechou em alta nesta terça-feira (30), após mais uma sessão marcada por volatilidade. Além do aumento nas tensões do Oriente Médio, investidores acompanharam também a retomada das sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela e a interrupção do governo da Arábia Saudita da expansão na capacidade de produção da sua estatal. Entretanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que os preços do petróleo devem recuar neste ano. O petróleo WTI para março fechou em alta de 1,35% (US$ 1,04), a US$ 77,82 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para abril avançou 0,82% (US$ 0,67), a US$ 82,50 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O petróleo oscilou entre ganhos e perdas durante a manhã, antes de firmar alta, conforme notícias da mídia internacional sugeriram possível aperto na oferta. Hoje, a petrolífera estatal da Arábia Saudita, conhecida como Saudi Aramco, anunciou que foi orientada pelo governo a manter sua capacidade de produção de petróleo em 12 milhões de barris por dia (bpd) e cancelar planos prévios de expandir a produção para 13 milhões de bpd. Já os Estados Unidos comunicaram a retomada de sanções contra o setor de petróleo e gás da Venezuela, após o presidente Nicolás Maduro descumprir exigências americanas ao prender membros da oposição democrática e a proibir candidatos na disputa eleitoral deste ano. Ainda, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje que não irá retirar as tropas do exército israelense da Faixa de Gaza ou liberar prisioneiros palestinos, duas exigências centrais do Hamas para um novo acordo de cessar-fogo e liberação de reféns. Os comentários renovaram temores de aumento nas tensões do Oriente Médio. O Julius Baer avalia que o eldquo;impacto econômico geralerdquo; das tensões no Mar Vermelho deve permanecer eldquo;insignificanteerdquo; graças ao aumento na resiliência dos estoques, apesar do ressurgimento das preocupações com efeitos das interrupções de logística sobre os preços. O banco nota que os ataques dos Houthis se concentram em embarcações ligadas à Israel e aliados ocidentais, indicando que alguns navios ainda devem optar por circular nesta rota. eldquo;E embora mais navios com destino à Europa estejam se voltando para a rota mais longa e mais cara ao redor da África, a ampla capacidade dos estoques no Ocidente deve atenuar qualquer impacto da inflaçãoeldquo;, projeta o Julius, acrescentando que as interrupções devem ter caráter apenas temporário. Em relatório divulgado hoje, O FMI projeta que os preços de combustíveis devem cair nos próximos dois anos, mantendo o comércio global abaixo da sua média histórica. eldquo;Os preços médios do petróleo devem recuar cerca de 2,3% em 2024, enquanto os preços das commodities não combustíveis devem cair 0,9%erdquo;, previu a instituição.

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Petróleo fecha em alta, de olho no aumento das tensões no Oriente Médio

O petróleo fechou em alta nesta terça-feira (30), após mais uma sessão marcada por volatilidade. Além do aumento nas tensões do Oriente Médio, investidores acompanharam também a retomada das sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela e a interrupção do governo da Arábia Saudita da expansão na capacidade de produção da sua estatal. Entretanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que os preços do petróleo devem recuar neste ano. O petróleo WTI para março fechou em alta de 1,35% (US$ 1,04), a US$ 77,82 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para abril avançou 0,82% (US$ 0,67), a US$ 82,50 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O petróleo oscilou entre ganhos e perdas durante a manhã, antes de firmar alta, conforme notícias da mídia internacional sugeriram possível aperto na oferta. Hoje, a petrolífera estatal da Arábia Saudita, conhecida como Saudi Aramco, anunciou que foi orientada pelo governo a manter sua capacidade de produção de petróleo em 12 milhões de barris por dia (bpd) e cancelar planos prévios de expandir a produção para 13 milhões de bpd. Já os Estados Unidos comunicaram a retomada de sanções contra o setor de petróleo e gás da Venezuela, após o presidente Nicolás Maduro descumprir exigências americanas ao prender membros da oposição democrática e a proibir candidatos na disputa eleitoral deste ano. Ainda, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje que não irá retirar as tropas do exército israelense da Faixa de Gaza ou liberar prisioneiros palestinos, duas exigências centrais do Hamas para um novo acordo de cessar-fogo e liberação de reféns. Os comentários renovaram temores de aumento nas tensões do Oriente Médio. O Julius Baer avalia que o eldquo;impacto econômico geralerdquo; das tensões no Mar Vermelho deve permanecer eldquo;insignificanteerdquo; graças ao aumento na resiliência dos estoques, apesar do ressurgimento das preocupações com efeitos das interrupções de logística sobre os preços. O banco nota que os ataques dos Houthis se concentram em embarcações ligadas à Israel e aliados ocidentais, indicando que alguns navios ainda devem optar por circular nesta rota. eldquo;E embora mais navios com destino à Europa estejam se voltando para a rota mais longa e mais cara ao redor da África, a ampla capacidade dos estoques no Ocidente deve atenuar qualquer impacto da inflaçãoeldquo;, projeta o Julius, acrescentando que as interrupções devem ter caráter apenas temporário. Em relatório divulgado hoje, O FMI projeta que os preços de combustíveis devem cair nos próximos dois anos, mantendo o comércio global abaixo da sua média histórica. eldquo;Os preços médios do petróleo devem recuar cerca de 2,3% em 2024, enquanto os preços das commodities não combustíveis devem cair 0,9%erdquo;, previu a instituição.

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Importação de combustíveis pelo Brasil cai em 2023 com refino interno em capacidade máxima

O Brasil importou menos combustíveis em 2023, de acordo com análises da consultoria StoneX com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em um claro reflexo de aumento da produção interna, já que a demanda é firme. No diesel, foi importado 8,8% menos do que em 2022, com 14,71 bilhões de litros, ainda assim o segundo maior volume da série histórica. A gasolina teve volume importado 8,2% menor (4,16 bilhões de l). Apenas no mês de dezembro, foi importado 1,91 bilhão de litros de diesel pelo Brasil, possivelmente em uma antecipação de compras das refinarias antes da reoneração dos tributos federais sobre o diesel A (sem adição de biodiesel). Bruno Cordeiro, analista de energia da StoneX, explica que as menores importações de combustíveis em 2023 pelo Brasil refletem exatamente uma ampliação da produção de diesel A pelas refinarias do país, essencialmente as que são da Petrobras. Além disso, em março do ano passado, o governo decidiu elevar a mistura de biodiesel no diesel de 10% para 12%, o que também influenciou no mercado diesel, especificamente. "Temos fatores em comum ao diesel e gasolina em 2023, como o aumento da produção brasileira, principalmente por conta dos esforços da Petrobras, com refinarias na máxima capacidade. Além disso, especificamente ao diesel, tivemos a maior mistura, o que naturalmente gera menor demanda por diesel A. E, na gasolina, a paridade abaixo de 70% sobre o etanol, elevou as compras do biocombustível, que ficou mais competitivo nas bombas", destaca Cordeiro. As vendas de etanol hidratado, inclusive, saltaram cerca de 4,5% em 2023 ante 2022, e voltaram a subir depois de três anos em queda no país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "O principal motivo da redução do volume importado foi a elevação da taxa de utilização das refinarias, aumentando a produção de óleo diesel nacional de 41,78 milhões de litros para 43,90 milhões de l até novembro. O aumento do teor de biodiesel no diesel também contribuiu para redução do volume importado de diesel, aumentando o volume importado de metanol", afirma Sergio Araujo, presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) destaca que as empresas do setor entregaram às distribuidoras 7,34 bilhões de litros de biodiesel no ano passado, um recorde, e cerca de 20% acima do que o comercializado em 2022. "Estamos prontos para avançar até pelo menos B20, beneficiando no curto prazo os grandes centros urbanos sem mudança em motores e custos em novas infraestruturas de abastecimento", afirma o diretor superintendente da Aprobio, Julio Cesar Minelli. PETROBRAS DESTACA RECORDES Dados da Petrobras reiteram a análise da StoneX. A companhia aponta que a produção de diesel S-10 atingiu recorde mensal em outubro de 2023 em 2,38 bilhões de litros, superando a marca anterior de julho. As refinarias da companhia atingiram em setembro 97% de utilização pelo segundo mês consecutivo. O fator de utilização das refinarias chegou a 96% no terceiro trimestre de 2023, o melhor resultado trimestral desde 2014. Apesar disso, é consenso entre os envolvidos no mercado que o Brasil seguirá dependente da importação de parte de sua demanda. "O Brasil continuará dependente da importação do óleo diesel por muitos anos ainda. O consumo tem forte correlação com o PIB e a expectativa é de crescimento nos próximos anos. Acreditamos que as refinarias nacionais já atingiram os valores máximos nas taxas de utilização e, portanto, não deverão oferecer volumes maiores que os oferecidos em 2023", explica Araujo. A Refinaria Abreu e Lima, no litoral Sul do estado de Pernambuco, teve suas obras de ampliação retomadas neste início de 2024 depois de oito anos de paralisação. Na visão da Abicom, ela poderá elevar a produção de óleo diesel pela Petrobras. "Ela aumentará a produção de óleo diesel até 2028, mas o volume adicional não será suficiente para compensar o aumento natural da demanda deste produto", afirma o executivo da associação. MAIORES COMPRAS DA RÚSSIA Historicamente, os Estados Unidos são o principal fornecedor de diesel ao Brasil. Porém, em 2023, esse cenário mudou, com a Rússia liderando o mercado no país, com mais de 50% do total importado. O Brasil se beneficiou de desconto do diesel russo em relação a outras origens, já que devido à guerra com a Ucrânia sofreu embargo europeu a algum tempo. "A gente viu em 2023 uma mudança estrutural nas importações de diesel. A Rússia se tornou nosso principal fornecedor do combustível e, para eles, passamos a ser o segundo maior comprador, apenas atrás da Turquia, e esse cenário deve permanecer em 2024", conta Cordeiro. VENDAS DE COMBUSTÍVEIS CRESCERAM EM 2023 Apesar das menores importações de combustíveis em 2023, as vendas cresceram no último ano. Segundo dados prévios divulgados pela ANP e analisados pela StoneX, o consumo de diesel B (com mistura de biodiesel) foi recorde no país, em 65,50 bilhões de litros, 3,56% acima de 2023. No caso da gasolina C, as vendas totalizaram 46 bilhões de l no ano passado (+6,90%). A ANP trará os dados consolidados de 2023 no final deste mês. Nas análises da consultoria, o alto consumo de combustíveis fósseis no país acompanhou o positivo desempenho econômico, além de alta na produção de grãos, o que elevou a demanda por fretes na primeira metade do ano. PERSPECTIVAS PARA 2024 Para o ano de 2024, que acabou de começar, as expectativas da StoneX são de importações de diesel A ainda aquecidas, já que apesar de o país ampliar sua produção ainda é bastante dependente do refino externo com suas refinarias no limite da capacidade. Em paralelo, o consumo de diesel B, segundo a consultoria, deve saltar para um novo recorde ante 2023, para um total de 66,50 bilhões de litros. "A demanda por diesel deve crescer, mas a gente tem uma situação de novo aumento da mistura no diesel e isso deve fazer com que a gente tenha crescimento exponencial de biodiesel neste novo ano. Mesmo com esse crescimento, esperamos que o mercado consiga se equilibrar para que toda a oferta venha do mercado doméstico", explica o analista da consultoria StoneX.

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Importação de combustíveis pelo Brasil cai em 2023 com refino interno em capacidade máxima

O Brasil importou menos combustíveis em 2023, de acordo com análises da consultoria StoneX com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em um claro reflexo de aumento da produção interna, já que a demanda é firme. No diesel, foi importado 8,8% menos do que em 2022, com 14,71 bilhões de litros, ainda assim o segundo maior volume da série histórica. A gasolina teve volume importado 8,2% menor (4,16 bilhões de l). Apenas no mês de dezembro, foi importado 1,91 bilhão de litros de diesel pelo Brasil, possivelmente em uma antecipação de compras das refinarias antes da reoneração dos tributos federais sobre o diesel A (sem adição de biodiesel). Bruno Cordeiro, analista de energia da StoneX, explica que as menores importações de combustíveis em 2023 pelo Brasil refletem exatamente uma ampliação da produção de diesel A pelas refinarias do país, essencialmente as que são da Petrobras. Além disso, em março do ano passado, o governo decidiu elevar a mistura de biodiesel no diesel de 10% para 12%, o que também influenciou no mercado diesel, especificamente. "Temos fatores em comum ao diesel e gasolina em 2023, como o aumento da produção brasileira, principalmente por conta dos esforços da Petrobras, com refinarias na máxima capacidade. Além disso, especificamente ao diesel, tivemos a maior mistura, o que naturalmente gera menor demanda por diesel A. E, na gasolina, a paridade abaixo de 70% sobre o etanol, elevou as compras do biocombustível, que ficou mais competitivo nas bombas", destaca Cordeiro. As vendas de etanol hidratado, inclusive, saltaram cerca de 4,5% em 2023 ante 2022, e voltaram a subir depois de três anos em queda no país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "O principal motivo da redução do volume importado foi a elevação da taxa de utilização das refinarias, aumentando a produção de óleo diesel nacional de 41,78 milhões de litros para 43,90 milhões de l até novembro. O aumento do teor de biodiesel no diesel também contribuiu para redução do volume importado de diesel, aumentando o volume importado de metanol", afirma Sergio Araujo, presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) destaca que as empresas do setor entregaram às distribuidoras 7,34 bilhões de litros de biodiesel no ano passado, um recorde, e cerca de 20% acima do que o comercializado em 2022. "Estamos prontos para avançar até pelo menos B20, beneficiando no curto prazo os grandes centros urbanos sem mudança em motores e custos em novas infraestruturas de abastecimento", afirma o diretor superintendente da Aprobio, Julio Cesar Minelli. PETROBRAS DESTACA RECORDES Dados da Petrobras reiteram a análise da StoneX. A companhia aponta que a produção de diesel S-10 atingiu recorde mensal em outubro de 2023 em 2,38 bilhões de litros, superando a marca anterior de julho. As refinarias da companhia atingiram em setembro 97% de utilização pelo segundo mês consecutivo. O fator de utilização das refinarias chegou a 96% no terceiro trimestre de 2023, o melhor resultado trimestral desde 2014. Apesar disso, é consenso entre os envolvidos no mercado que o Brasil seguirá dependente da importação de parte de sua demanda. "O Brasil continuará dependente da importação do óleo diesel por muitos anos ainda. O consumo tem forte correlação com o PIB e a expectativa é de crescimento nos próximos anos. Acreditamos que as refinarias nacionais já atingiram os valores máximos nas taxas de utilização e, portanto, não deverão oferecer volumes maiores que os oferecidos em 2023", explica Araujo. A Refinaria Abreu e Lima, no litoral Sul do estado de Pernambuco, teve suas obras de ampliação retomadas neste início de 2024 depois de oito anos de paralisação. Na visão da Abicom, ela poderá elevar a produção de óleo diesel pela Petrobras. "Ela aumentará a produção de óleo diesel até 2028, mas o volume adicional não será suficiente para compensar o aumento natural da demanda deste produto", afirma o executivo da associação. MAIORES COMPRAS DA RÚSSIA Historicamente, os Estados Unidos são o principal fornecedor de diesel ao Brasil. Porém, em 2023, esse cenário mudou, com a Rússia liderando o mercado no país, com mais de 50% do total importado. O Brasil se beneficiou de desconto do diesel russo em relação a outras origens, já que devido à guerra com a Ucrânia sofreu embargo europeu a algum tempo. "A gente viu em 2023 uma mudança estrutural nas importações de diesel. A Rússia se tornou nosso principal fornecedor do combustível e, para eles, passamos a ser o segundo maior comprador, apenas atrás da Turquia, e esse cenário deve permanecer em 2024", conta Cordeiro. VENDAS DE COMBUSTÍVEIS CRESCERAM EM 2023 Apesar das menores importações de combustíveis em 2023, as vendas cresceram no último ano. Segundo dados prévios divulgados pela ANP e analisados pela StoneX, o consumo de diesel B (com mistura de biodiesel) foi recorde no país, em 65,50 bilhões de litros, 3,56% acima de 2023. No caso da gasolina C, as vendas totalizaram 46 bilhões de l no ano passado (+6,90%). A ANP trará os dados consolidados de 2023 no final deste mês. Nas análises da consultoria, o alto consumo de combustíveis fósseis no país acompanhou o positivo desempenho econômico, além de alta na produção de grãos, o que elevou a demanda por fretes na primeira metade do ano. PERSPECTIVAS PARA 2024 Para o ano de 2024, que acabou de começar, as expectativas da StoneX são de importações de diesel A ainda aquecidas, já que apesar de o país ampliar sua produção ainda é bastante dependente do refino externo com suas refinarias no limite da capacidade. Em paralelo, o consumo de diesel B, segundo a consultoria, deve saltar para um novo recorde ante 2023, para um total de 66,50 bilhões de litros. "A demanda por diesel deve crescer, mas a gente tem uma situação de novo aumento da mistura no diesel e isso deve fazer com que a gente tenha crescimento exponencial de biodiesel neste novo ano. Mesmo com esse crescimento, esperamos que o mercado consiga se equilibrar para que toda a oferta venha do mercado doméstico", explica o analista da consultoria StoneX.

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Diesel S-10 recua 0,65% na 2ª quinzena de janeiro, aponta Ticket Log

O diesel S-10, tipo mais comercializado no Brasil, recuou 0,65% na segunda quinzena de janeiro ante o fechamento dos primeiros quinze dias do mês, a 6,10 reais por litro, apontou levantamento nesta terça-feira do Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL). O tipo comum, por sua vez, recuou 0,33% no período, a 5,97 reais por litro, apontou a pesquisa, feita com base nos abastecimentos realizados nos 21 mil postos credenciados da Edenred Ticket Log. Em dezembro, as reduções do diesel comum e S-10 chegam a 1,16% e 1,45%, segundo o levantamento. "Esse comportamento de preço tende a mudar a partir do dia 1º de fevereiro, devido ao início da vigência das novas alíquotas do ICMS, que deve refletir em aumento no preço repassado aos motoristas", disse o diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil, Douglas Pina, em nota. (Reuters)

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