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Petrobras pode exportar hidrogênio, diz Tolmasquim

O diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse que a estatal tem estudado o mercado de hidrogênio e que pode vender o produto para o mercado interno ou externo. eldquo;Ainda não sabemos se vamos começar pelo Brasil ou pelo exterior, vai depender dos preços do mercado e da regulaçãoerdquo;, disse em evento organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Segundo o executivo, tanto o hidrogênio verde, produzido a partir de energia limpa, quanto o hidrogênio azul, produzido a partir de combustíveis fósseis, estão no radar para se tornar produtos para que a companhia venda. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Dutra Azul: governo do Rio estuda transformar via em corredor de GNV, biometano e hidrogênio

O governo do Rio de Janeiro está desenvolvendo um plano para instalação de pontos de abastecimento de alta capacidade para criar um corredor azul de GNV, GNL, biometano e, futuramente, hidrogênio. Avalia um projeto piloto na rodovia Presidente Dutra, que liga a Região Metropolitana, Sul Fluminense e São Paulo. A ideia depois é ampliar o corredor azul entre os estados que fazem parte do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que além do Rio de Janeiro, inclui São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Os sete estados somam 70% do PIB nacional e concentram 119 milhões de habitantes. O Rio é o principal produtor de gás natural do país e a infraestrutura de abastecimento pode servir no futuro para movimentar o hidrogênio de baixo carbono, elemento promissor da descarbonização industrial. eldquo;Vamos criar uma infraestrutura, para criar a demanda e depois vir a oferta [de hidrogênio de baixo carbono]erdquo;, explica Daniel Lamassa, subsecretário adjunto de Energia do Rio de Janeiro. O governo federal, juntamente com as concessionárias de distribuição de gás canalizado do Rio e São Paulo, já tem mapeado os pontos de abastecimento na Dutra, diz Lamassa. eldquo;Devemos fazer a Dutra como um primeiro projeto piloto desse corredor azul. Já existe uma malha de GNV, e agora os postos precisam de se preparar para GNV de alta vazão, para poder abastecer os veículos pesados em um tempo mais rápido, e já deixar pronto para GNL e hidrogênioerdquo;, detalhou. Segundo ele, o subgrupo de energia do Cosud definiu como segunda iniciativa conjunta a criação de corredores azuis. A primeira iniciativa será voltada para estímulo ao biometano, com troca de regulamentação e informações de melhores práticas. Entre os pontos estudados estão benefícios no pedágio e faixas exclusivas para de veículos movidos a gás endash; GNV, GNL, biometano endash; e hidrogênio. eldquo;Não faz sentido termos um ônibus, caminhão movido a hidrogênio que só rode no estado do Rio de Janeiro. Queremos que ele possa rodar no Brasil inteiro. Esses corredores azuis vão ser vias que vão ter esse tipo de infraestruturaerdquo;, explica. Na Alerj, um projeto de lei prevê a concessão de diferimento de ICMS para a extração de minerais e outras atividades que consumirem hidrogênio verde, a a partir de biomassas ou azul. Empresas corroboram interesse na eldquo;Dutra Azulerdquo; Fabricantes de veículos e motores, como Toyota, Marcopolo e Tupy, disseram, durante a Hydrogen Expo South America, no Rio de Janeiro, na semana passada, que também olham para a possibilidade de instalação de um corredor de hidrogênio na Via Dutra, mas defendem políticas públicas e investimentos para viabilizar a compra de veículos. eldquo;A oferta de mobilidade sustentável a hidrogênio nós temos. A Toyota já tem veículo de passageiros, empilhadeiras, ônibus e futuramente também caminhões. O que não tem é infraestruturaerdquo;, disse Roberto Braun, diretor de Assuntos Governamentais e Regulamentação da Toyota do Brasil. eldquo;Precisa de políticas públicas para fomentar a instalação de pontos de recarga, começar numa pequena região e depois expandirerdquo;, completou. Recursos para compra dos veículos poderiam vir do programa de pesquisa e desenvolvimento da Aneel e do Rota 2030, defendem executivos. eldquo;Os veículos existem, mas não temos recursos de inovação no Brasil que permitam comprar os veículos (..) Precisamos ajustar o acesso a financiamento para inovaçãoerdquo;, disse Daniel Lopes, diretor da Hytron endash; empresa que desenvolve tecnologias para produção de hidrogênio. Potencial do Rio de Janeiro: gás natural e CCS Além de maior produtor de gás natural, o Rio de Janeiro é o segundo maior produtor de biogás e maior produtor de biometano do país. O estado também espera ser destaque na produção de hidrogênio azul endash; com a reforma de gás natural com captura de carbono endash; e hidrogênio verde endash; feito a partir de eletrólise com energia renovável. eldquo;O estado tem a meta de ser o maior produtor de hidrogênio verde do Brasil, mas por enquanto o foco é o hidrogênio azulerdquo;, explica Lamassa. eldquo;O hidrogênio azul, além de ser uma âncora para o gás natural, é um hidrogênio de baixo carbono, ajudando a criar mercado e abrindo as portas para o hidrogênio verdeerdquo;, defende. O estímulo à descarbonização do transporte, portanto, pode ser mais uma ferramenta de criação para demanda do gás natural e do hidrogênio produzidos no Rio de Janeiro. O governo acredita que o desenvolvimento dos dois energéticos está relacionado, uma vez que podem atender aos mesmos consumidores domésticos do Rio, São Paulo e Minas Gerais. Como combustível no transporte, e matéria-prima em indústrias, na produção de aço e fertilizantes, por exemplo.

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Governo estuda medidas para reduzir juros do cartão de crédito

Diante da alta da inadimplência, o Ministério da Fazenda vai lançar medidas para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito, mas não pensa em tabelar as taxas cobradas ou em acabar com o parcelado sem juros endash; prática largamente usada no comércio brasileiro. A garantia foi dada pelo secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Os juros do rotativo do cartão de crédito entraram no radar da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do Banco Central na esteira da pressão que parte dos consumidores e parlamentares tem feito sobre o assunto, além de integrantes do governo. Para o secretário, há uma pressão legítima da sociedade sobre o patamar atual dos juros do rotativo, que encostou em 450% ao ano em abril, o último dado disponível, ante 13,75% da Selic (a taxa básica de juros). Como resultado, a inadimplência no cartão de crédito rotativo e no parcelado atingiu o pico, e se mantém em níveis recordes nos últimos meses. Em março e abril deste ano, quase um terço (31,5%) do saldo de R$ 135,6 bilhões de crédito nessas duas modalidades estava inadimplente. É a maior taxa da série histórica mensal, iniciada em março de 2011. O cálculo foi feito, a pedido do Estadão, por Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, empresa especializada em informações financeiras. TABELAMENTO. O risco de tabelamento dos juros é a maior preocupação hoje do mercado de cartões. Segundo Barbosa Pinto, não há uma medida eldquo;mágicaerdquo; para resolver o problema, porque o mercado de cartões é complexo, com muitas tarifas que são cobradas tanto dos usuários quanto dos lojistas. Ao negar a possibilidade de tabelamento, ele afirma que a portabilidade da dívida e uma comunicação mais clara nas faturas sobre o peso dos juros estão entre as medidas em estudo pelo governo. Sem paralelo em outros países do mundo, o parcelado sem juros -- a famosas eldquo;parcelinhaerdquo; do cartão -- virou um costume no Brasil e é considerado, por alguns atores da cadeia de cartões, uma das razões para as taxas exorbitantes do rotativo. Tanto que uma das alternativas apresentadas por executivos do sistema bancário ao governo seria justamente usar a chamada tarifa de intercâmbio, paga pelos lojistas aos bancos emissores de cartões, para desestimular ou limitar as parcelas no cartão. O impacto no comércio, porém, poderia ser significativo. Outra opção na mesa seria acabar de vez com o rotativo. ebull;

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Prévia da inflação em junho fica em 0,04%, diz IBGE

A queda nos preços dos combustíveis desacelerou a prévia da inflação oficial do País em junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) saiu de uma elevação de 0,51%, em maio, para uma variação de 0,04% neste mês endash; a menor taxa mensal desde setembro de 2022, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE. Considerando apenas os meses de junho, o resultado foi o mais baixo desde 2020. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses desacelerou de 4,07% para 3,40% no período, completando, assim, 13 meses seguidos de redução e alcançando o menor patamar desde setembro de 2020. eldquo;O resultado de junho reflete dois fatos pontuais. O primeiro, e mais facilmente medido, é a redução nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha anunciada pela Petrobras no mês passado. O segundo é o programa do carro popular, cuja medida provisória foi publicada no dia 6 de junhoerdquo;, afirmou Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, em comentário. eldquo;Na nossa visão, a inflação acumulada em 12 meses atingirá seu patamar mínimo em junho, e voltará a subir a partir de julho.erdquo; O chamado índice de difusão, que mostra a proporção de itens pesquisados com aumentos de preços, recuou de 64%, em maio, para 51% na medição prévia de junho endash; eldquo;mostrando um movimento mais disseminado de arrefecimento dos preçoserdquo;, disse João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. A equipe econômica do governo defende que a redução da inflação abre espaço para o Banco Central cortar a taxa básica de juros, que está hoje em 13,75%. A próxima reunião para a avaliação da Selic está marcada para o início de agosto. VARIAÇÕES. Em junho, três dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram quedas de preços: Transportes (-0,55%), Alimentação e bebidas (-0,51%) e Artigos de residência (-0,01%). O custo da alimentação no domicílio recuou 0,81% em junho. As famílias pagaram menos pelo óleo de soja (-8,95%), frutas (-4,39%), leite longa-vida (-1,44%) e carnes (-1,13%). Após nova queda, as carnes já acumulam uma redução de preços de 4,56% no ano. Por outro lado, houve altas em junho no caso do ovo de galinha (2,04%) e do pão francês (0,72%). A alimentação fora do domicílio também subiu: 0,29%. Em transportes, os preços dos combustíveis caíram 3,75%. A gasolina recuou 3,40%, subitem de maior alívio no IPCA-15 (-0,17 ponto porcentual). Houve cortes também em óleo diesel (-8,29%), etanol (-4,89%) e gás veicular (-2,16%). ebull;

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Volkswagen suspende produção de carros no Brasil por 'estagnação do mercado'

A Volkswagen disse nesta terça-feira (27) que vai parar temporariamente a produção nas fábricas de São José dos Pinhais (PR), São Bernardo do Campo e Taubaté (SP) por conta da estagnação do mercado automotivo. O anúncio ocorre enquanto as medidas de incentivo ao carro popular adotadas pelo governo federal no início do mês ainda não se refletem no número de licenciamentos de automóveis. De acordo com dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), a média até segunda-feira (19) é de 6.285 unidades vendidas por dia. O número, que inclui veículos leves e pesados, indica uma diminuição de 20,4% na comparação com o mesmo período de maio. A Volkswagen disse que a fábrica de São José dos Pinhais (PR), onde é produzido o T-Cross, está com um turno em layoff desde o dia 5 de junho, com duração prevista entre dois e cinco meses. O outro turno estará parado entre esta segunda (26) e sexta-feira (30), em regime de banco de horas. Já na unidade de Taubaté (SP), onde são fabricados o Polo Track e o Novo Polo, os dois turnos de produção estarão interrompidos durante esta semana, também em regime de banco de horas. Na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, onde são produzidos o Novo Virtus, Novo Polo, Nivus e Saveiro, a empresa protocolou férias coletivas de dez dias para os dois turnos a partir de 10 de julho. A Volkswagen afirma que as ferramentas de flexibilização estão previstas em acordo coletivo firmado entre o Sindicato e seus funcionários. PROGRAMA DE e#39;CARRO POPULARe#39; JÁ USOU 84% DOS RECURSOS Os recursos solicitados pelas montadoras no plano que dá descontos em carros, lançado pelo governo Lula (PT), já correspondem a 84% do total disponível e chegam a R$ 420 milhões. O dado foi divulgado na última sexta-feira (23) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O valor total disponibilizado para a modalidade de veículos leves foi de R$ 500 milhões. Os descontos patrocinados pelos cofres públicos vão de R$ 2.000 a R$ 8.000, mas muitas empresas têm aplicado margens maiores por conta própria. Veja a lista completa de carros com desconto. A Fiat, do grupo Stellantis, é a montadora que mais pediu recursos do programa, com R$ 190 milhões em créditos tributários. Sozinha, ela consumiu 38% do volume de crédito tributário autorizado pelo governo. A Volkswagen solicitou R$ 60 milhões. Entre as outras montadoras que aderiram ao plano, a Peugeot Citroen pediu R$ 50 milhões, enquanto Hyundai e Renault somaram R$ 40 milhões em créditos. Também foram autorizados R$ 20 milhões para GM e R$ 10 milhões para Honda, Nissan e Toyota.

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Maioria no Copom vê corte de juros em agosto se inflação continuar caindo

A maioria do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central vê espaço para início de "processo parcimonioso" de corte de juros em agosto se a inflação continuar caindo, conforme ata publicada nesta terça-feira (27). O colegiado, no entanto, alerta que a redução da taxa básica (Selic) exige confiança e que uma flexibilização prematura pode reacelerar a inflação do país. Na sinalização de quais serão os próximos passos, houve divergência no colegiado do BC. Para um grupo minoritário mais cauteloso, ainda há dúvida sobre o impacto do aperto monetário implementado. Esses membros avaliam que é necessário observar uma melhora na percepção das expectativas de inflação mais longas e acumular mais evidências de queda de preços. Na última quarta-feira (21), o Copom manteve, em decisão unânime, a Selic no patamar de 13,75% ao ano e deixou seus próximos passos condicionados aos dados, em comunicado classificado por analistas como mais conservador. A decisão foi recebida negativamente pela equipe econômica, que interpretou o comunicado como um boicote ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em meio à cobrança de corte de juros para estimular a atividade econômica. Já a ata desta terça foi vista de forma mais positiva pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda). Segundo ele, há um consenso em relação à trajetória da Selic. "Ficou claro que nós estamos no caminho certo", disse. Para o titular da pasta econômica, a sinalização feita pelo BC em reconhecimento aos efeitos dos juros elevados e aos esforços fiscais do governo "é o mais importante". Na ata desta terça, o Copom afirma que o Brasil encontra-se em um segundo estágio no processo de desinflação, em que a velocidade da queda de preços é menor e que os núcleos de inflação (medida que busca minimizar a influência de itens de maior volatilidade) se reduzem também de forma mais lenta. O BC pondera que, embora as expectativas de inflação tenham apresentado "algum recuo", elas continuam distantes em relação às metas definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), "em parte em função do questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras". O colegiado, formado por Haddad, pela ministra do Planejamento (Simone Tebet) e pelo presidente do BC (Roberto Campos Neto), se reúne nesta quinta-feira (29) em um encontro que pode mudar os rumos da política monetária no país. Atualmente, as metas são 3,25% neste ano e 3% em 2024 e 2025, com intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O Copom voltou a dizer que o comportamento das expectativas é um aspecto fundamental na dinâmica da inflação, visto que serve de guia para a definição de reajustes de preços e salários. "Com a elevação de expectativas, há uma maior pressão para elevação de preços no período corrente e o processo inflacionário é alimentado por essas expectativas", diz. Quanto ao fiscal, o colegiado do BC vê uma redução significativa da incerteza após a apresentação e a tramitação do arcabouço fiscal. No entanto, diz que permanecem desafios para o cumprimento das metas estipuladas para o resultado primário. Neste trecho, a autoridade monetária faz um aceno ao governo ao citar que a discussão dos membros do comitê enfatizou "o comprometimento e a apresentação de medidas para a consecução de tais resultados". O Copom, porém, repetiu o alerta de que a conjuntura demanda "cautela e parcimônia" e requer "paciência e serenidade" na condução da política de juros. "O Comitê unanimemente avalia que flexibilizações do grau de aperto monetário exigem confiança na trajetória do processo de desinflação, uma vez que flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário e, consequentemente, levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário", diz o BC no documento. A ata reafirma que os próximos movimentos dependerão da evolução da dinâmica dos preços, das expectativas de inflação, do indicador que mede a diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo (chamado de hiato do produto) e do balanço de riscos. Na análise da atividade econômica no Brasil, a autoridade monetária diz que o conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual. Antevê que, passado o maior crescimento da agropecuária no primeiro trimestre, em função da sazonalidade da safra, o processo de moderação do crescimento em setores como indústria e serviços se aprofundará ao longo dos trimestres seguintes. "O mercado de trabalho, que surpreendeu positivamente ao longo de 2022, tem apresentado certa resiliência, com aumento líquido nos postos de trabalho e relativa estabilidade na taxa de desemprego. Observou-se, entretanto, redução na taxa de participação", afirma. No último encontro, o comitê decidiu ainda elevar a estimativa de taxa de juros real neutra endash;aquela que não contrai nem estimula a economiaendash; de 4% para 4,5% ao ano. Entre os fatores que justificam esse aumento, os membros citam uma possível elevação das taxas de juros neutras nas principais economias, a resiliência na atividade brasileira coincidente a um processo lento de desinflação. Alberto Ramos, diretor do grupo de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, diz em relatório que a ata do Copom trouxe uma perspectiva menos "hawkish" (menos dura). Para ele, o Copom adotou um viés dependente de dados mais neutro. Somado ao fato de que a maioria dos conselheiros vê a possibilidade de um ponto de inflexão na reunião de agosto, isso sinalizou que, se o ambiente de inflação e o balanço de os riscos continuarem melhorando e a decisão sobre metas de inflação nesta semana não abalar o mercado, haverá uma redução nos juros. Ele prevê um corte de 0,25 ponto percentual. O chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon, também projeta um corte de 0,25 ponto em agosto. Para ele, o processo de queda das expectativas de inflação, que deve se manter após a reunião do CMN na quinta (29), e o baixo nível da inflação corrente, que segue em desaceleração, reforçam o cenário para queda nos juros até a próxima reunião do Copom. Na avaliação do economista-chefe da XP, Caio Megale, a ata mostra uma sinalização do Copom de que sua estratégia está aberta a um afrouxamento gradual do juros nos próximos meses. "Ao mesmo tempo, ao reforçar o risco de uma flexibilização prematura e ao elevar a taxa neutra de juros, o Copom sinaliza que, sob as condições atuais, não vislumbra um ciclo intenso de corte de juros", pondera. Já Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, diz que a sinalização mais dura da ata foi observada na mudança da estimativa do comitê para a taxa de juros real neutra emdash;um nível de taxa que não pressiona e não desacelera a inflaçãoemdash; de 4,0% para 4,5% ao ano. "A mudança da estimativa se deu justamente num momento em que o processo de desinflação parece avançar de forma mais rápida, inclusive com desaceleração dos núcleos [que excluem preços de alimentos e energia]. Aparentemente, a ala mais conservadora do BC recorreu a esse expediente para balizar uma postura mais parcimoniosa na condução da política monetária", diz Goldenstein. Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander, escreveu um relatório intitulado "Afiando a faca" emdash;em referência ao esperado corte da próxima reunião. Ele destaca que a ata deixa transparecer divergências entre os membros do Copom. O banco revisou a projeção para a Selic ao fim de 2023, de 12,5% para 12,25%. "Seguimos antevendo um processo lento de flexibilização [...], o que significa que a economia brasileira ainda pode ter que conviver com juros de dois dígitos ao longo de todo o próximo ano", escreve. O Itaú também alterou seus números após entender que a ata trouxe uma significativa mudança de tom em relação ao comunicado da semana passada. "O texto indica que a maioria do comitê já vê condições, com inflação mais baixa e menor desvio de expectativas em relação à meta, que lhe dariam confiança para iniciar, com parcimônia, um ciclo de flexibilização na próxima reunião", afirma em relatório o economista-chefe Mario Mesquita. Agora, em vez de três cortes a partir de setembro (levando a taxa básica para 12,5% ao fim do ano), os analistas do banco preveem quatro cortes, levando a Selic para 12,25% ao fim do ano.

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