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Comissão debate alternativas para aumentar a competitividade do etanol

A Comissão Técnica de Cana-de-Açúcar e Energia Renovável da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) se reuniu, na última terça-feira (11/07), na sede da Entidade, para debater as expectativas para a safra 2023/24, abordando as melhorias necessárias para garantir a sustentabilidade e fortalecer o papel dos fornecedores independentes na cadeia produtiva da cana-de-açúcar. O encontro contou com a presença do Vice-Presidente da FAESP, Tirso Meirelles, que fez a abertura, relatando o histórico da atuação da instituição. eldquo;A cana-de-açúcar é um cultivo muito importante em São Paulo, já que 46% da receita gerada no campo advém desta cultura no Estado, destacando sua notável contribuição na construção da matriz energética brasileira mais limpa e renovável, a partir da produção do etanol. Vamos seguir trabalhando pelo desenvolvimento sustentável nas lavouras e pela competitividade dos produtores e usinas paulistaserdquo;, disse Meirelles. Após uma safra 2021/22 marcada pela quebra de produção, a temporada 2022/23 foi de retomada dos principais indicadores de campo e as perspectivas para o ciclo 2023/24 seguem o mesmo ritmo de recuperação. A projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em seu primeiro levantamento de safra, indica um aumento na produção brasileira de cana-de-açúcar de 4,4%, em relação à safra 2022/23, para 637 milhões de toneladas. O ganho em produção deve espelhar a alta na área colhida, estimada em 8,4 milhões de hectares (+1,5%). No cenário paulista, a produção deve crescer 2,9%, avaliada em 322 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que representa 50% do total nacional. A área em produção deve ser mantida no mesmo patamar de 2022/23, ou seja, 4,15 milhões de toneladas, enquanto a produtividade média dos canaviais deve ter incremento de 2,8%, passando de 75,4 t/ha para 77,5 t/ha. Já a projeção para a área plantada de cana, no Estado, é de retração de 22,5% e soma 525,7 mil hectares. eldquo;Mesmo com o crescimento gradativo da produção nesta e na última safra, estamos registrando uma queda da área plantada, e grande parte disso por conta da menor lucratividade da cana em relação a outros cultivos, como a soja. Isso demonstra a importância de discutirmos, no âmbito da Comissão Técnica da FAESP, medidas para melhorar a remuneração do fornecedor independente de cana e de recuperar a competividade do etanol em relação à gasolinaerdquo;, destacou Nelson Perez Junior, Coordenador da Comissão. Após a apresentação sobre o panorama da produção e do mercado de cana-de-açúcar, feita pelo Departamento Econômico da FAESP, a Comissão discutiu alternativas para contornar a defasagem no valor da tonelada de cana paga ao fornecedor decorrente da falta de atualização do Consecana/SP. eldquo;Precisamos de uma nova precificação da cana-de-açúcar que contemple a atualização do Consecana/SP e que incorpore as novas receitas que não são incluídas no modelo atual, como vinhaça e torta de filtro, cogeração de energia e os próprios CBIOserdquo;, completou Nelson Perez Junior. O assunto será retomado com as entidades do setor, paralelamente, ao debate a respeito da construção de um modelo de preços alternativo ao Consecana/SP. Perda de competividade do etanol O impacto do aumento do ICMS no Estado de São Paulo, em 1º de julho, de 9,57% para 12%, sobre os preços do etanol hidratado combustível também esteve em pauta. Nos últimos meses, o etanol hidratado vem perdendo fortemente a competividade em relação à gasolina e a questão tributária tem sido uma das principais variáveis responsáveis por esse movimento. Primeiro teve o retorno dos tributos federais (PIS/COFINS), depois a redução de 5% no preço da gasolina nas refinarias e agora a elevação da alíquota do ICMS em São Paulo, que tornam a paridade com a gasolina desfavorável para o etanol. Esse ponto ensejou, inclusive, frente à evolução dos motores flex, a sugestão de encaminhamento à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) para realização de estudos objetivando a revisão do parâmetro de eficiência etanol/gasolina de 70%, bem como, sobre a viabilidade comercial de produção de veículos à etanol, exclusivamente. Renovabio e os CBIOs Outro tema em destaque foi o apoio e mobilização do setor produtivo à aprovação do Projeto de Lei 3149/20, do Deputado Efraim Filho (DEM/PB). O referido PL visa ajustar a Lei do Renovabio endash; Lei 13.576/17 que dispõe sobre a Política Nacional de Biocombustíveis endash; , cobrindo a lacuna deixada pelo texto que não garantiu de forma expressa a parcela que compete ao fornecedor de cana da receita proveniente da comercialização dos Créditos de Descarbonização (CBIOs). Atualmente, o fornecedor de cana não é considerado emissor e não pode comercializar automaticamente os seus respectivos CBIOs gerados na etapa de produção agrícola, cuja matéria-prima foi destinada à produção de biocombustível, ficando dependente da Usina e, portanto, não podendo auferir dos benefícios correspondentes da descarbonização que ocorre no campo. Para a Comissão da FAESP, a aprovação do PL 3149/20, ao determinar a participação do repasse proporcional, de no mínimo 80%, das receitas da negociação dos CBIOs aos fornecedores de cana, vai gerar um importante complemento de receita no campo que ajudará na manutenção dos produtores na atividade, além de estimular novos investimentos e o consumo do etanol frente aos combustíveis fósseis. Outros assuntos O Projeto eldquo;Movido pelo Agroerdquo;, do Sistema FAEMG/SENAR com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), que visa conscientizar a população sobre as vantagens ambientais do uso do etanol, as normas do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) sobre o Peso Bruto Total (PBT) no transporte de carga de cana e os desafios na contratação de mão-de-obra fecharam a discussão, com importantes encaminhamentos de ações para apoiar o fornecedor de cana e toda a cadeia sucroenergética. (FAESP)

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Ethanol Talks é destaque em semana da energia no G20

Mais de um quarto das emissões de gases que agravam as mudanças climáticas são oriundas do setor de transportes. A mudança desse cenário para uma mobilidade de baixo carbono passa pela adoção dos biocombustíveis como substitutos aos combustíveis fósseis. E qual será o papel da bioenergia nesta transformação será o tema principal do seminário Sustainable Mobility: Ethanol Talks Special Edition, que será realizado no dia 20 de julho em Goa, Índia, durante a semana dedicada a energia na reunião ministerial do G20 sobre transições energéticas. O seminário é realizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Ministério das Relações Exteriores, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e Projeto Brazil Sugarcane Bionergy Solucion, desenvolvido pelo Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA). O evento tem apoio da Embaixada da Índia no Brasil, da Associação dos Fabricantes de Automóveis Indianos (SIAM) e da Associação Indiana das Indústrias de Açúcar (ISMA). Nesta edição especial, participam dos debates o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira; Pankaj Jain, Secretário do Ministério de Petróleo e Gás Natural Indiano; Evandro Gussi, presidente e CEO da UNICA; Flávio Castellari, diretor-executivo do Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla); Aditya Jhunjhunwala, presidente da Isma e Vinod Aggarwal, presidente da SIAM. O objetivo do Ethanol Talks Special Edition é proporcionar oportunidade de diálogo e cooperação entre especialistas, formuladores de políticas públicas, reguladores e representantes do setor dos países do G20 sobre como ampliar a bioenergia e a sua viabilidade para a mobilidade sustentável. eldquo;O Ethanol Talks é importante iniciativa para que o Brasil possa compartilhar sua experiência na mobilidade sustentável de baixo carbono. Hoje usamos 27% de etanol na gasolina e, graças ao veículo flex, lançado pelo presidente Lula, mais de 80% dos veículos no país podem usar etanol hidratado ou gasolina. Trabalhamos no Ministério de Minas e Energia para avançar ainda mais na descarbonização da nossa matriz de transportes. Combustíveis mais limpos, sustentáveis e combinados com tecnologias de motorização mais eficientes, são caminho para reduzir a pegada de carbono e aumentar a eficiência energéticaerdquo;, destaca o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Além de compartilhar a experiência brasileira, o seminário traz a discussão sobre os benefícios econômicos, sociais e ambientais da bioenergia para a mobilidade de baixo carbono. eldquo;A experiência brasileira na produção e consumo de etanol tem inspirado oportunidades em várias regiões do mundo, principalmente na Ásia e América Latina. Inspiração que transmitimos a partir do diálogo e da cooperação. Por isso, acreditamos na relevância do Ethanol Talks como ferramenta de colaboração entre os setores público e privadoerdquo;, ressalta o presidente da UNICA, Evandro Gussi. Experiência modelo exportação E os resultados do trabalho de cooperação entre Brasil e Índia, intensificado nos últimos quatro anos, podem ser vistos na rápida evolução da participação do etanol na matriz de transportes indiano. O percentual de mistura do biocombustível na gasolina saltou de 1,4%, em 2014, para 12% neste ano, com expectativa de atingir 20% em 2025, conforme anúncio do governo. Além disso, o país iniciou a produção da tecnologia flex-fuel em carros e motocicletas. eldquo;A realização deste evento, em conjunto com as reuniões dos ministros de Energia do G20, mostra a relevância do etanol como solução energética de baixo carbono. O desenvolvimento pela Índia de um programa de etanol, com a ampliação da mistura na gasolina, fortalece o biocombustível, pois é um país de proporções continentais, como uma frota diversificada, e reforça que o etanol não traz problemas para os veículoserdquo;, destaca o diretor-executivo da APLA, Flávio Castellari. Ethanol Talks retorna à Índia O projeto, que retorna à Índia, é desenvolvido desde 2020 e já te teve edições em Nova Déli (Índia), Bangkok (Tailândia), Islamabad (Paquistão), na cidade da Guatemala (Guatemala), Buenos Aires (Argentina) e San José (Costa Rica). Agendas bilaterais Além do seminário, estão agendadas reuniões bilaterais com representantes do governo indiano. Nesta terça (18), o presidente da Unica se encontrará com os ministros de Petróleo e Gás Natural, Shri Hardeep Puri, de Transporte Rodoviário, Shri Nitin Jairam Gadkari, de Relações Exteriores, S. Jaishankar, e de Assuntos Parlamentares, Shri Pralhad Venkatesh Joshi.

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Petroleiras do país aceleram projetos para armazenar CO2

Para atingir metas de descarbonização e de olho no mercado de créditos de carbono, empresas de petróleo e gás aumentam investimentos em pesquisas para captura, armazenamento e utilização de CO2 no Brasil. O desembolso ultrapassou R$ 1 bilhão entre 2020 e 2023. O valor é quase metade do R$ 1,8 bilhão aplicado em pesquisas sobre descarbonização desde 1999, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) feito a pedido do Valor. A técnica de captura consiste em apreender e enterrar o dióxido de carbono no subsolo e encontra-se em estágio de desenvolvimento em alguns países. No Brasil, a atividade ainda não é regulamentada. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Regulamentação da reforma tributária ficará para 2024

A regulamentação da primeira fase da reforma tributária, que simplifica os impostos sobre o consumo, ficará para 2024, disse nesta sexta-feira (14) o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy. Em evento virtual para um banco, ele adiantou que, a princípio, estão previstos quatro projetos de lei complementar. Segundo Appy, o primeiro projeto detalhará as regras do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) dual. O segundo criará e regulamentará o Conselho Federativo. O terceiro tratará do Fundo de Desenvolvimento Regional, e o último trará regras para os créditos acumulados de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que desaparecerá para dar lugar ao Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). eldquo;Em princípio, são essas quatro leis complementares. Não temos uma data definida, mas estamos trabalhando com a ideia de mandar ao Congresso Nacional na abertura da sessão legislativa do ano que vem, no começo de fevereiro de 2024erdquo;, declarou o secretário. Appy disse que o governo quer construir os projetos em parceria com os estados e os municípios e que os governos locais terão alguns espaços de autonomia, como no caso da alíquota do IBS, tributo de responsabilidade dos governos estaduais e das prefeituras. De acordo com o secretário, os governos locais poderão estabelecer as alíquotas do IBS, mais altas ou mais baixas, por lei complementar. No entanto, se nada for feito, prevalecerá a alíquota de referência definida nacionalmente. eldquo;Se não fizerem nada, vale a de referênciaerdquo;, disse. Em relação ao Conselho Federativo, Appy explicou que o órgão, que definirá as políticas fiscais e tributárias dos governos locais por maioria de votos e por maioria de população nos estados e nos municípios, será um órgão técnico, sem poder político. O secretário também informou que a lei complementar terá uma fórmula de distribuição para repartir os recursos do IBS aos governos locais. Sobre os créditos acumulados de ICMS, um dos passivos que a reforma tributária terá de resolver, Appy disse que o pagamento pelos estados às empresas com direito a recebê-los estará garantido por 240 meses (20 anos). Por meio dos créditos tributários, uma empresa pode obter descontos no pagamento de tributos ou serem reembolsadas por causa de tributos cobrados a mais ao longo da cadeia produtiva.

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Zeina Latif: Saldo da reforma tributária é positivo, mas fica gosto amargo com número de exceções

A economista Zeina Latif avalia que a reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados representa um claro avanço em relação ao sistema atual, mas deixa um gosto eldquo;amargoerdquo; por causa da quantidade de exceções. Na leitura dela, o País perdeu o timing para aprovar uma mudança mais positiva em 2019, quando o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi apresentado. eldquo;O saldo é positivo, mas tem, sim, um gosto amargo do timing perdido em 2019 e que acabou abrindo espaço para o fortalecimento de demandas que não deveriam, em condições ideais, serem atendidaserdquo;, afirma. No cenário macroeconômico, ela vê o Brasil bem posicionado com um quadro confortável na economia internacional e por uma acomodação das expectativas com o terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). eldquo;Se a gente vai colher todos os frutos, são outros quinhentoserdquo;, diz Zeina, sócia-diretora da Gibraltar Consulting. A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão. Qual é a avaliação da sra. sobre a reforma tributária? Foi um passo importante naquela linha da reforma possível. Fica a pergunta: e se esperasse um pouco mais e houvesse mais debate público, será que teríamos menos concessões? Eu temo que não. A primeira coisa é que tem janela de oportunidade, e o timing agora é valioso. É o início de um governo. Depois, as coisas ficam atrapalhadas, mais difíceis politicamente. E, na minha visão, ter perdido essa janela em 2019 (ano em a Propostas de Emenda à Constituição foi apresentada na Câmara dos Deputados) saiu caro. O que teria sido diferente se o governo passado tivesse aprovado uma reforma em 2019? Havia condições de uma reforma mais ambiciosa, com um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) único, nacional, não o dual. O fato de ser o dual (um para União e outro para Estados e municípios) trouxe várias complicações. Se fosse o IVA único, isso não estaria acontecendo. Não haveria essa dor de cabeça de discutir, por exemplo, o conselho (federativo). Seria outro desenho. Lá atrás, eu acho poderia ser uma reforma com menos concessões. Na hora, em que vai avançando, os vários grupos se organizam e eles têm poder de veto. Às vezes, perder o timing de uma reforma custa caro. Eu acho que é o caso agora. De qualquer forma, não podia perder essa (atual) janela de oportunidade. Mesmo com as concessões, valeu a pena. Claro que tem de ver como vai ser no Senado. Como a sra. avalia a quantidade de concessões na reforma? Foram muitas concessões de última hora, coisas que não têm cabimento. Foram concessão para igrejas, exceções para setores que não têm sentido, ligadas ao turismo e à classe artística, algumas na reta final, e a possibilidade de os Estados criarem uma contribuição para os seus fundos com o objetivo de compensar o fim da guerra fim da guerra fiscal. Foi demais. E uma coisa que eu acho que pesou é a própria conjuntura política. A sra. poderia detalhar? Os grupos com mais resistências eram, justamente, os ligados à oposição. Foi preciso ceder. O saldo é positivo, mas tem, sim, um gosto amargo do timing perdido em 2019 e que acabou abrindo espaço para o fortalecimento de demandas que não deveriam, em condições ideais, serem atendidas. E acho que a conjuntura política tem peso nisso. Eu entendo que, no final, houve um empenho do governo. Não houve como ter um maior protagonismo do Lula. Não sei qual foi a intenção, mas uma possível leitura é que, num ambiente, ainda polarizado, talvez, tenha sido melhor ter evitado esse protagonismo. É um governo que ainda tenta construir uma base sólida no Congresso, mas grupos de interesses não são novidades. Como enfrentá-los? No fundo, essa é a discussão de o País precisar de uma reforma política. Somos uma democracia eleitoral, mas, do ponto de vista de conseguir traduzir os anseios da sociedade nas decisões de política pública e do Congresso, tem um monte de fio solto. É um sistema político que não cumpre bem esse papel. Temos desde as bancadas, que distorcem a representatividade, a grupos que são associados a corporações. São saltos na nossa democracia que a gente precisa dar. A questão não se resume, portanto, ao fato de o governo não ter base ampla. E tem um outro lado da história: a disciplina partidária se enfraqueceu nesses esquemas de emendas parlamentares. Como a sra. avalia o papel da reforma para melhorar no ambiente de negócios e ajudar o País a crescer mais? Claro que a reforma tem potencial para melhorar o ambiente de negócios. O tamanho disso é difícil de ter uma noção, até porque vai depender muito de decisões que vão vir ainda no projeto de lei complementar. O Brasil tem um exército de profissionais para lidar com a insegurança jurídica e a questão tributária. Tudo isso é custo para as empresas. É um recurso que você está liberando para as empresas fazerem outras coisas para ganhar produtividade. Toda essa discussão de produtividade do País começa nas empresas. Os números da economia neste ano estão melhores do que o esperado. Qual é a avaliação da sra. em relação ao quadro macroeconômico? Os economistas, principalmente os mais velhos que viram o governo Lula, tem uma brincadeira que é a seguinte: tem de colocar o fator sorte quando você vai fazer a projeção para Lula. Tem um quadro favorável do ponto de vista internacional. Não é aquele espetacular como foi o primeiro mandato do Lula. Ou mesmo do segundo, que teve a crise global, mas que não foi uma crise perversa para países emergentes. Não é isso, mas é um quadro bastante confortável para países como o Brasil. O que explica esse cenário mais favorável? Toda a pressão de custos por causa de commodities, por causa do comércio, estabilizou. Isso tira uma pressão muito grande. É um comércio mundial que anda de lado, mas que permite um alívio na inflação. Ao mesmo tempo, apesar dos discursos dos bancos centrais preocupados com a resistência da inflação de serviços e dos núcleos, é difícil enxergar um choque de juros mais significativo. O quadro macroeconômico não é ruim para emergentes e tem ainda atenuantes para o Brasil. Quais são esses atenuantes para a economia brasileira? A China está num momento de rebalanceamento do seu crescimento, desacelerando a economia, mas não o consumo das famílias. O plano do Xi Jinping é estimular o aumento paulatino do padrão de vida, o que deixa o nosso agro numa posição mais confortável. A gente tem também toda essa questão ambiental que coloca o Brasil em condições de receber recursos de fora. O País é uma democracia. O Brasil está bem posicionado. Se a gente vai colher todos os frutos, são outros quinhentos. E essas questões de inflação, juros e fiscal, se, antes, impactavam muito a economia brasileira, hoje, o investidor vê esses problemas mundo a fora. Isso reduz um pouco, no relativo, a preocupação com os desequilíbrios macroeconômicos do Brasil. E o que tem contribuído no quadro interno? Estou no grupo dos economistas que acha que, do Temer para cá, o País tem acumulado reformas que podem estar ajudando a melhorar o potencial de crescimento. Essas coisas são lentas, não são da noite para o dia. Um exemplo mais concreto é no mercado de trabalho, provavelmente, trazendo ganhos de produtividade e empregabilidade por causa da reforma trabalhista. Não acho que o potencial de crescimento é equivalente ao que foi no passado, como nos governos FHC e no Lula. Mesmo quando a gente fala que a surpresa do PIB foi o agro, é justamente o setor que está com ganhos de produtividade tão forte. Mas o início do governo foi muito turbulento... Passada aquela fase mais turbulenta, com muitos discursos e ruídos produzidos por ministros e pelo próprio presidente, tem uma acomodação. No ano passado, a discussão era que o Banco Central poderia cortar juros mais rapidamente em 2023, e não foi possível por causa dos próprios ruídos do governo. Entendo a posição do Banco Central, mas, para ser honesta, eu acho que já poderia ter cortado os juros. O corte poderia ter ocorrido na última reunião? Já tinha condições. Eu sei que o Banco Central não tinha sinalizado, tem toda essa questão da sinalização, mas eu acho que caberia até uma surpresa, um (corte de) 25 pontos, mesmo que fosse no dissenso. Mas, enfim, tudo isso para dizer que, até então, eu concordei e achei adequada a postura do BC mais conservadora. Por quê? Existiam várias fontes de preocupação possível. Num quadro de desancoragem de expectativas por causa do fiscal, dos ataques ao Banco Central e das discussões sobre mudança de meta, somado a uma potencial de dor de cabeça da inflação de serviços, o BC teve de ser mais duro. O fato é que essas coisas foram se desmontando. No final, acho que o mercado resgatou de certa forma coisas que a gente já viu no passado. Eu me lembro que, na época do Henrique Meirelles (presidente do BC entre 2003 e 2010), o Lula reclamava do Banco Central, mas, no final, o BC fez o que tinha de fazer e pronto. A gente viu a reclamação da meta de inflação, mas ela foi mantida. Foi muito ruído, mas a gente percebe que o Lula tem essa dubiedade. Ele trabalha com isso, e o mercado vai incorporando essa informação. Não é tudo que ele fala que vai acontecer. E qual é a avaliação da sra. sobre a questão fiscal? A minha leitura é que aquela PEC da Transição esticou demais a corda, mas acho que não foi à toa que se decidiu anunciar o ministro (da Fazenda) depois. Era uma forma de o ministro não começar desgastado. A credibilidade do Haddad já começaria muito prejudicada. Eu achava - e continuo achando - que foi um cálculo político. Entra o Haddad e qual é a primeira fala dele: elsquo;eu não vou aceitar esse déficit. A gente vai arrumar um jeito de reduzirersquo;. Ou seja, ele entra se distanciando da discussão e fala que vai fazer um pacote de medidas para aumentar a arrecadação. O aumento da arrecadação é a melhor forma de se fazer um ajuste? Não é a melhor e, dependendo da forma, é fonte de insegurança jurídica. O fato é que, naquele momento, aquela sinalização foi importante para os mercados. E aí vem o arcabouço fiscal. O mercado não compra a tese do superávit primário e a tese da contenção da dívida pública, mas acreditava que poderia ser pior. E tem uma coisa implícita - essa é a minha avaliação na formação de expectativas - que é a seguinte: a gente tem um governo que optou - pelo menos por ora - por não fazer reformas estruturais para conter gastos, mas não é o governo Dilma. Não é uma coisa descontrolada. O Lula não é a Dilma, e as instituições são mais fortes do que no passado. É um aprendizado do mercado. Tem de lembrar que o mercado é (formado por) gente muito jovem e que não viveu (outro governo) Lula. Tem esse aprendizado. E um outro ponto que também pode ajudar nessa acomodação é uma avaliação de que na próxima eleição a gente vai ter nomes de centro. Qual é o impacto dessa avaliação? O nome de centro é associado com reforma. A leitura é de que esse arcabouço fiscal não é bom, mas o próximo presidente pode fazer melhor. Ninguém vai colocar isso no seu modelo. Não se trata disso. Se trata de gerar maior acomodação de expectativas, porque você fala assim: elsquo;não é um país que está sem rumo e que vai ficar numa polarizaçãoersquo;. Tem um amadurecimento do País. E quais são os riscos para serem monitorados? Tem sinalizações de retrocesso, decisões equivocadas. Tem preocupações em relação a excessos no fiscal, no BNDES, medidas que são aprovadas e trazem preocupação. A gente tem de ver qual vai ser a agenda daqui para frente. Qual deve ser essa agenda até 2026? Não perder o timing do acordo entre Mercosul e União Europeia. Seria positivo destravar (o acordo), mesmo que não traga efeitos de curto prazo. É importante o Brasil caminhar para diversificar parceiros comerciais, ter esses acordos e repensar o Mercosul numa outra etapa. E na agenda do Ministério da Fazenda, é colocar o arcabouço de pé e a discussão das outras etapas da reforma tributária. A julgar pelo que saiu na imprensa, a preocupação o ministro é fazer a reforma do Imposto de Renda, porque precisa de recursos para cumprir as metas fiscais, mas tem essa questão de desonerar a folha para salários menores, que é uma demanda importante e compreensível dos setores intensivos em mão de obra.

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Petrobras paga nesta segunda-feira dividendos de R$ 138 milhões a donos de debêntures

A Petrobras vai pagar nesta segunda-feira R$ 138,067 milhões em dividendos para os investidores donos de três séries da 6ª emissão de debêntures (títulos), que foram emitidas em 15 de janeiro de 2019, através do Banco Citibank. De acordo com a estatal, haverá incidência de imposto de renda na fonte referente a investimentos financeiros de renda fixa, sobre o montante a ser pago aos debenturistas. No mês passado, a estatal pagou a segunda parcela dos dividendos complementares referentes ao exercício de 2022, um montante de aproximadamente R$ 12,1 bilhões. O valor por ação foi corrigido pela taxa Selic acumulada entre 31 de dezembro 2022 e 16 de junho de 2023. A primeira parcela, na faixa de R$ 18,6 bilhões, havia sido paga em maio deste ano. Ainda está previsto o pagamento da terceira parcela em dezembro. No último dia 11 de maio, a Petrobras disse ainda que vai pagar outros R$ 24,7 bilhões em dividendos, como antecipação relativa ao primeiro trimestre de 2023, quando lucrou R$ 38,1 bilhões. Esse montante será dividido em duas parcelas: 18 de agosto (R$ 0,946788 por ação ) e 20 de setembro (R$ 0,946789). Nos últimos anos, a Petrobras realizou uma grande distribuição de dividendos a seus acionistas. A expectativa de analistas do mercado é que esse montante desacelere na nova gestão diante das sinalizações de que a empresa pretende aumentar sua capacidade de investimento, além das alterações na política de preços. Calendário de pagamentos de dividendos por ação: 18 de agosto : R$ 0,946788 20 de setembro: R$ 0,946789 27 de dezembro: R$ 0,51871639

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