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Famílias em áreas isoladas poderão ter auxílio para energia, gás e combustível

As famílias de baixa renda que vivem em localidades isoladas não conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) poderão receber um auxílio para atenuar os custos da energia, dos combustíveis e do gás de cozinha. Esse é o teor de um projeto de lei que o senador Mecias de Jesus (Republicanos-AP) acaba de apresentar. A matéria (PL 2.826/2023) aguarda a designação de relator na Comissão de Infraestrutura (CI). A proposta cria o Auxílio às Famílias que vivem no Isolamento Energético Brasileiro (Afieb). Até que essas localidades tenham acesso à energia gerada no SIN, o Afieb seráe#769; pago em parcelas mensais de meio salário mínimo. Terão direito ao auxílio as famílias beneficiárias do Bolsa Família ou do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O projeto ainda trata das fontes para o auxílio e das regras para o crédito, além de prever a regulamentação da futura lei pelo Executivo. Segundo Mecias, as populações que vivem em áreas remotas "enfrentam uma série de desafios que as populações urbanas frequentemente nem imaginam". Ele acrescenta que, nessas regiões, o gás de cozinha e os combustíveis são mais caros eldquo;por causa da necessidade de trazê-los de longe por rodovias em péssimas condições de manutençãoerdquo;. O senador aponta ainda que o auxílio gás é importante, mas insuficiente para a realidade dessas famílias. Além do gás e dos combustíveis mais caros, ressalta o autor, a tarifa de energia para as regiões isoladas é mais alta, por conta da falta de integração com o sistema nacional de energia. O Afieb beneficiaria principalmente as localidades isoladas da região amazônica. Mecias lembra que, com a conclusão do Linhão de Tucuruí, muitas dessas áreas serão integradas ao Sistema Interligado Nacional, e o montante total do auxílio poderá ser reduzido. Na opinião do senador, o projeto é importante por amenizar as muitas dificuldades enfrentadas pelos brasileiros que têm de pagar mais caro pela energia, pelos combustíveis e pelo gás de cozinha.

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Etanol está mais vantajoso que a gasolina em cinco estados e no DF

O etanol ficou mais competitivo em relação à gasolina em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal na semana entre 30 de julho e 4 de agosto. No restante dos estados, continua mais vantajoso abastecer o carro com gasolina. Conforme o levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) no período, na média dos postos pesquisados no país o etanol está com paridade de 65,58% ante a gasolina, portanto favorável em comparação ao derivado do petróleo. A paridade estava em 60,11% em Mato Grosso, 69,36% em Mato Grosso do Sul, 64,47% em São Paulo, 64,01% em Goiás, 67,62% em Minas Gerais e 68,45% no DF. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado. Variação de preço Os preços médios do etanol hidratado caíram em 17 estados e no Distrito Federal, subiram em cinco e ficaram estáveis em quatro na semana entre 30 de julho e 4 de agosto. Nos postos pesquisados pela ANP em todo o país, o preço médio do etanol caiu 1,63% nesta semana em relação à anterior, de R$ 3,68 para R$ 3,62 o litro. Em São Paulo, o principal estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média caiu 2% na semana, de R$ 3,50 para R$ 3,43. A maior queda, de 2,86%, foi registrada no Rio de Janeiro, onde o litro passou de R$ 4,20 para R$ 4,08 no período. A maior alta percentual na semana ocorreu no Amapá, onde o litro do etanol, que custava em média R$ 5,38, passou a valer R$ 5,69 (+5,76%). O preço mínimo registrado na semana para o litro do etanol em um posto foi de R$ 2,79, em São Paulo. O maior preço estadual, de R$ 6,73, foi registrado no Rio Grande do Sul. Já o menor preço médio estadual, de R$ 3,30, foi observado em Mato Grosso, enquanto o maior preço médio foi registrado no Amapá, com R$ 5,69 o litro. Na comparação mensal, o preço médio do litro do biocombustível no país caiu 7,89%, de R$ 3,93 para R$ 3,62. O estado com a maior alta percentual no período foi o Amapá, com 5,37% de aumento, de R$ 5,40 para R$ 5,69 o litro. A maior queda no mês foi observada em Goiás, de 11,31%, de R$ 3,89 para R$ 3,45 o litro.

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Economia verde que renova a frota

Caminhoneiro autônomo desde os 20 anos, Adeilton Batista da Silva perdeu vários contratos de entrega de carga por causa da elevada idade do seu caminhão, fabricado em 1990. Adquirido há seis anos, o veículo de 33 anos teve motor, bomba injetora e outras peças substituídas seis meses após a compra, o que exigiu eldquo;um gasto enormeerdquo;, conta. No mês passado, ele recebeu uma proposta de R$ 45 mil pelo veículo. Aceitou, e agora pretende comprar um modelo 2001. eldquo;Será o caminhão mais novo que eu já tive.erdquo; Quanto ao usado, foi vendido para a empresa Vamos, do grupo Simpar, que vai mandá-lo para reciclagem com outros 98 veículos de mais de duas décadas que está adquirindo. A condição para ter direito ao bônus é justamente enviar para reciclagem um usado com mais de 20 anos. Com isso, a empresa, que atua na revenda e na locação de caminhões, terá direito a desconto de R$ 33,6 mil a R$ 80,3 mil na compra de modelos zero, conforme prevê o programa de renovação da frota do governo federal. O programa foi lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) em 5 de junho, e incluía carros de passeio até R$ 120 mil (com descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil), ônibus e caminhões. A verba divulgada para os automóveis era de R$ 800 milhões, mas quase 20% ficaram nos cofres do governo para compensar a perda de arrecadação com o incentivo. A verba acabou em um mês. Para caminhões, o governo destinou R$ 700 milhões, além de R$ 300 milhões para ônibus. Porém, segundo o ministério, até o momento apenas R$ 100 milhões foram requisitados pelas fabricantes de caminhões. Para ônibus, foram pedidos R$ 150 milhões até o momento, e outros R$ 10 milhões aguardam aprovação do Mdic. Nesse segmento, os descontos variam de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil. O programa tem validade até o início de outubro. BAIXA PROCURA. Segundo o Mdic, a baixa procura foi motivada por entraves relativos à quantidade e capacidade das recicladoras para receberem os veículos velhos. Também havia dificuldades para a baixa dos documentos pelos Detrans, mas no dia 31 de julho o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) divulgou deliberação simplificando o processo. eldquo;O Brasil tem uma frota de cerca de 3,5 milhões de caminhões em circulação, sendo que 40% pertencem a autônomos, e a maioria tem mais de 20 anoserdquo;, informa o CEO da Vamos, Gustavo Couto. Os caminhões adquiridos pela empresa têm entre 28 e 53 anos, pelos quais foram pagos de R$ 30 mil a R$ 50 mil, diz Couto. A empresa precisa dar baixa dos registros nos órgãos de trânsito e depois enviá-los para desmanches cadastrados pelos Detrans. Esses, por sua vez, têm de entregar um relatório da destinação correta de cada componente reaproveitado na reciclagem. Com o eldquo;atestado de óbitoerdquo; do caminhão em mãos, a Vamos poderá receber os bônus da montadora que fornecer o veículo novo. Segundo Couto, os veículos fabricados com o selo Euro 6 poluem 30% menos e são 30% mais econômicos em relação a modelos na faixa de 20 anos. eldquo;Focamos a busca em locais de aglomeração desse tipo de veículo, como portos de São Paulo e do Rio de Janeiroerdquo;, diz o CEO da Vamos. Entre as aquisições, o modelo mais velho, um Scania, operava no Porto de Santos. ÔNIBUS. Outra grande aquisição, neste caso de ônibus velhos, está sendo feita pela Suzantur, empresa que atua no transporte rodoviário em cidades do ABC paulista. Segundo Claudinei Brogliato, presidente da empresa, já foram adquiridos 40 ônibus com idades entre 20 e 25 anos que não tinham mais condições de transportar passageiros. Eles estavam encostados ou operando em pequenas cidades no interior de vários Estados. eldquo;Vamos chegar a 150 veículos que serão retirados de circulaçãoerdquo;, informa. O número equivale aos pedidos de ônibus novos já encaminhados às montadoras Mercedes-Benz (110), Scania (20) e Volvo (20). A Suzantur tem 510 ônibus com idade média de cinco anos. Desses, 90 serão substituídos após a compra do novo lote e 60 farão parte da ampliação da frota. De acordo com a MercedesBenz, um ônibus fabricado na década de 90 emite óxido de nitrogênio equivalente a 55 veículos mais modernos.

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Petrobras: Conselho de Administração tem impasses sobre gasolina e Sete Brasil

A longa reunião do Conselho de Administração da Petrobras, que aprovou na noite de quinta-feira os resultados financeiros do segundo trimestre e deliberou sobre a redução de 39% no pagamento de dividendos, foi marcada por debates envolvendo o aumento de preços dos combustíveis e o impasse em torno de um acordo para a Sete Brasil, segundo diversas fontes ouvidas pelo GLOBO. A Sete Brasil foi criada pela própria Petrobras para investir em sondas para exploração no pré-sal. Mas a empresa acabou envolvida na Lava-Jato e entrou em recuperação judicial em 2016. No caso da discussão sobre o preço da gasolina, os conselheiros travaram debate sobre o espaço que a companhia tem para manter o atual patamar da cotação da gasolina no Brasil. Segundo fontes, há diferentes pontos de vista na mesa. De um lado ficou decidido que a diretoria apresente mais estudos, com o chamado eldquo;túnel de volatilidadeerdquo;, para mostrar o eldquo;fôlegoerdquo; financeiro da estatal caso o preço do petróleo continue em alta. A depender do resultado, a estatal vai precisar fazer algum tipo de reajuste. De acordo com uma fonte a par das discussões, se o barril continuar subindo, a estatal pode elevar preços na próxima semana. Por outro lado, representantes da companhia e nomes ligados ao governo vêm tentando segurar ao máximo a decisão. Alguns conselheiros avaliam o cenário de manutenção de preços da gasolina no atual patamar como crítico. Outra fonte pontuou que seria uma sinalização ruim para o mercado nesse momento. No dia 2 de agosto, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, postou no Twitter que eldquo;o ambiente exige serenidade e equilíbrioerdquo; ao publicar uma imagem da cotação do Brent a US$ 83,65. Mas, ontem, o barril estava em alta de 1,25%, a US$ 86,20, no maior patamar desde abril. Uma fonte ligada ao comando da Petrobras disse que, apesar de ainda não ter decisão na mesa, há chance de alta nos preços. A estatal apresentou queda de 47% no lucro líquido no segundo trimestre. Foi o primeiro resultado da empresa após a divulgação da nova política de preços dos combustíveis, anunciada em meados de maio deste ano. Na ocasião, a estatal abandonou a chamada PPI (política de paridade de importação), quando os preços eram balizados pelas cotações do petróleo e do dólar. Em seu lugar, passou a adotar uma fórmula que leva em conta os custos internos de produção, os preços de importação e exportação, além da concorrência . Outro impasse na reunião dos conselheiros envolve a Sete Brasil. Uma fonte lembrou que não foi deliberado um acordo para a empresa, criada na gestão anterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para construir sondas de exploração do pré-sal. A companhia foi alvo da Lava-Jato com investigações referentes ao pagamento de propina. Quando foi criada, a empresa era considerada a promessa de retomada do setor naval no Brasil, com uma carteira que previa a construção de 21 sondas. Na reunião, representantes do governo se mostraram favoráveis a uma solução para a Sete. A proposta é indenizar em quase R$ 1 bilhão os atuais credores, mas não houve consenso. Agora, a expectativa é chegar a uma solução nas próximas semanas.

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Morre o empresário Antonio Oliveira Santos, presidente de honra da CNC

Morreu no sábado, dia 5, o empresário Antonio Oliveira Santos, que foi presidente do sistema CNC-Sesc-Senac de 1980 a 2018. A informação foi divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), da qual era presidente de honra. O governo do Espírito Santo decretou luto oficial de três dias. Segundo a família, Santos Oliveira vinha bem de saúde e completou 97 anos em 30 de junho. Tanto que, apesar da idade avançada, o empresário seguia frequentando a sede da CNC, no Rio. Ele estava lá quando passou mal e foi encaminhado ao hospital. Estava internado desde 20 de julho e faleceu na madrugada de sábado. O sepultamento estava marcado para este domingo, dia 6, no Cemitério São João Batista, no Rio. A engenheira Beatriz Oliveira Santos, filha do empresário, disse ao site G1 que o pai morreu em razão de complicações de uma pneumonia. endash; Estava muito bem, comemorou o aniversario de 97 anos muito bem, rodeado de amigos. Foi a idade mesmo. Fez uma pneumonia que complicou. Teve uma vida muito ativa. Até duas semanas atrás ia todos os dias pra CNC. Descansou em paz, rodeado de amigos, muitas mensagens de carinho endash; disse a filha de Oliveira Santos. O atual presidente da CNC, José Roberto Tadros, disse, em uma nota, que a entidade eldquo;perde uma de suas grandes referências, um nome que se confunde com a própria trajetória e consolidação do Sistema Comércioerdquo;. eldquo;É um momento de dor para todos nós, mas também de agradecimento pelo imenso legado deixado por Antonio Oliveira Santoserdquo;, diz a nota da pesar. Segundo a CNC, como dirigente, o empresário liderou a expansão do Sesc e do Senac por todo o Brasil enquanto esteve à frente da entidade. O Sistema Comércio é composto, da esfera nacional para a local, pela CNC, pelo Sesc, pelo Senac e pelas federações e pelos sindicatos do setor. Condolências Em postagem nas redes sociais, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, Geraldo Alckmin, lamentou ontem o falecimento. eldquo;Meus sentimentos à família, amigos e a todas e todos da CNCerdquo;, escreveu. Ao anunciar o luto oficial, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, desejou, em postagem nas redes sociais, eldquo;que sua dedicação, suas realizações e legado continuem a inspirar a todos. Meus sentimentos à família e amigos neste momento difícilerdquo;. Trajetória Antonio Oliveira Santos era engenheiro civil e eletricista, formado pela então Universidade do Brasil (hoje UFRJ). Nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1926. Passou pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), pela Companhia de Ferro e Aço de Vitória, além da Estrada de Ferro Vitória a Minas Gerais. O empresário iniciou suas atividades no comércio atacadista e varejista no ramo de materiais de construção em 1956. Passou a presidir a Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES) em 1968, assumindo, mais tarde, a vice-presidência da CNC. Assumiu o comando da entidade em 1980, com a morte prematura do então presidente da Confederação, Jessé Pinto Freire. À frente da CNC, Oliveira Santos intensificou a representação da entidade no governo e em outros segmentos da economia nacional e internacional. Sob seu comando, a instituição teve participação ativa na formulação de políticas públicas e em momentos históricos, como os debates que marcaram a elaboração e a promulgação da Constituição Federal de 1988.

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Por que Brasil é um dos protagonistas do novo boom de petróleo na América Latina

Embora possa parecer uma contradição, em meio à crise das mudanças climáticas, a produção mundial de petróleo aumentará nesta década, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Os especialistas projetam que nos próximos anos o mercado internacional continuará demandando uma maior quantidade de petróleo bruto, embora antes do final desta década a tendência deva seja invertida, à medida em que as energias renováveis e#8203;e#8203;ganham espaço sobre os combustíveis fósseis. Enquanto isso não acontecer, o ouro negro continuará girando os motores da economia internacional. Nesse contexto, a AIE estima que a produção mundial de petróleo aumentará em 5,8 milhões de barris por dia até 2028 emdash; e cerca de um quarto dessa oferta adicional virá da América Latina. Quem serão os protagonistas desse novo boom? Brasil, Guiana e, em menor escala, Argentina, três países que lideram um novo capítulo na produção de petróleo da região. Deve ficar para trás a era dominada por nações como Venezuela, México, Equador e Colômbia que, por motivos diversos, reduzirão a oferta de petróleo bruto no mercado internacional nos próximos cinco anos, segundo a AIE. eldquo;É muito difícil para esses países reverter seu declínioerdquo;, disse à BBC News Mundo Francisco Monaldi, diretor do Programa Latino-Americano de Energia do Instituto Baker Institute, na Universidade Rice (nos Estados Unidos). Brasil: líder em petróleo da região Juntos, Guiana e Brasil serão os principais protagonistas do boom petrolífero latino-americano. A história do Brasil está ligada às descobertas subaquáticas. Sob três quilômetros de água e mais cinco de rocha e sal, o país extrai a fonte de combustível de um dos maiores campos de petróleo do mundo. A descoberta dessas jazidas do pré-sal mudou o destino do país, fazendo com que se tornasse o maior produtor de petróleo da América Latina em 2017, superando o México, que na época detinha a liderança. A Venezuela, que durante anos foi o ícone do petróleo na região, estava em um momento de uma crise tão profunda que sua produção havia entrado em colapso. Assim, nos últimos seis anos, o Brasil não parou de aumentar sua produção de petróleo até atingir 2,2 milhões de barris em 2022, o que lhe permitiu se tornar o oitavo maior produtor do mundo. Mas não se trata apenas da quantidade de barris por dia que cada país produz. Tanto o Brasil quanto a Guiana produzem petróleo bruto de forma mais eficiente e lucrativa que outros países. E quanto aos efeitos poluentes desse combustível fóssil, que é uma das principais causas da crise climática que o mundo vive, os dois países emitem uma quantidade menor de CO2 por barril produzido em relação à média mundial, argumenta Monaldi. Como muitos países se comprometeram a reduzir seu nível de emissões, é possível que no futuro esse tipo de óleo tenha uma demanda maior no mercado. Guiana, um país pobre que será rico Com cerca de 800 mil habitantes, a Guiana é um dos menores e mais pobres países da América do Sul. Ou pelo menos era assim até 2015, quando a gigante norte-americana ExxonMobil descobriu a primeira de suas reservas comprovadas de petróleo bruto, estimadas em cerca de 11 bilhões de barris, nas profundezas do Oceano Atlântico. Aproveitando a forte demanda por petróleo que haverá nesta década, a produção da Guiana está em aceleração e acredita-se que até 2028 possa chegar a 1,2 milhão de barris por dia. Se as projeções se concretizarem, "a Guiana vai se tornar o país que mais produz barris por habitante no mundo, superando o Kuwait", explica Monaldi. Nesse cenário, a Guiana passaria de um país pobre a um país rico (considerando a riqueza per capita), dado o aumento espetacular de seu Produto Interno Bruto (PIB) emdash; que no ano passado subiu 57,8% e este ano está previsto para 37,2 %. Como será distribuída essa nova riqueza da Guiana? Isso é algo incerto até agora. O governo afirmou que tentará evitar os erros cometidos por outros países petrolíferos no passado, embora com tanta riqueza jorrando do fundo do mar não seja fácil controlar o destino dos recursos gerados. Argentina Em terceiro lugar está a Argentina, que apesar de ter uma inflação superior a 100% ao ano e uma crise crônica de endividamento, sua produção de petróleo (e gás) tem crescido nos últimos anos. No centro desse desenvolvimento está o Vaca Muerta, um gigantesco campo localizado no noroeste do país que possui a segunda maior reserva do mundo em gás de xisto e o quarto maior em óleo de xisto. Ambos os recursos são extraídos em formato eldquo;não convencionalerdquo;, como se chama os hidrocarbonetos que devem ser extraídos da rocha geradora pela técnica do fracking (ou fratura hidráulica). As projeções para o desenvolvimento da indústria do petróleo argentina são positivas. A AIE espera que a produção chegue a 700 mil barris por dia este ano e algumas estimativas sugerem que pode chegar a 1 milhão de barris por dia até o final desta década, segundo a consultoria Rystad Energy. No entanto, após 2030, as projeções apontam para um declínio porque a produção de petróleo convencional deverá continuar caindo e a produção de xisto não deverá ser suficiente para compensar. Se o cenário previsto se concretizar, o grande salto do comércio de petróleo duraria alguns anos, até chegar a níveis mais baixos de produção. Também é preciso levar em conta, dizem os especialistas, que a produção não convencional precisa de grandes investimentos de longo prazo. Isso exige garantia de estabilidade nas políticas do setor, algo que na Argentina é difícil de prever. Ficando pra trás Os líderes históricos da produção de petróleo na região ficaram para trás. No México, a produção atingiu o pico em 2004 e, desde então, caiu pela metade. Para tentar melhorar a situação, o governo de Andrés Manuel López Obrador tentou promover o desenvolvimento da Pemex, a estatal petrolífera, mas até agora não conseguiu os resultados esperados. Embora o governo tenha dado à empresa milhões de dólares em incentivos fiscais e outras ajudas financeiras, a Pemex não conseguiu se recuperar. Com mais de US$ 100 bilhões (cerca de R$490 bilhões) em dívidas, a Pemex é a empresa de petróleo mais endividada do mundo. "Além de ser uma empresa com fins comerciais, ela também opera com fins políticos", diz Diego Rivera, pesquisador associado do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. "A produção parou." Por sua vez, a PDVSA, empresa estatal venezuelana, teve uma forte queda, intimamente ligada à profunda crise econômica e política que afeta o país. A produção de petróleo venezuelano, a maior parte pesada e densa, despencou de 3,4 milhões de barris por dia em 1998 para 700 mil na atualidade. eldquo;O que está acontecendo na Venezuela é uma queda brutal que pode ser explicada por motivos que vão da negligência à corrupçãoerdquo;, destaca Rivera. Enquanto isso, no caso do Equador, projeções de especialistas apontam para uma queda dos atuais 460 mil barris por dia para 370 mil em 2028. Esse declínio atingiria duramente o país porque sua economia depende das receitas do petróleo mais do que qualquer outro país da América Latina. Enquanto isso, a Colômbia está se movendo em outra direção. O governo do presidente Gustavo Petro pretende avançar na transição energética do país, reduzindo gradativamente a produção de petróleo. Recentemente, foram concedidas licenças para projetos de energia renovável na província de La Guajira, com a expectativa de que a energia limpa produzida por aquela região forneça toda a eletricidade que o país necessita. A ideia é que esse tipo de projeto permita compensar a queda nas exportações de petróleo sem prejudicar a economia, mas alguns especialistas estão bastante céticos sobre a possibilidade dessa meta ser alcançada nos próximos anos. O que vai acontecer na próxima década Por enquanto, não se sabe com que rapidez avançará a transição energética na região e até que ponto o mundo demandará petróleo a partir da próxima década. eldquo;Mas há muitos fatores que não podem ser controladoserdquo;, alerta Rivera, como, por exemplo, a invasão da Ucrânia pela Rússia ou pandemias. eldquo;O que temos certeza é que a transição energética será confusa, complicada e com muita volatilidadeerdquo;, acrescenta. Mas, se as projeções da AIE para 2028 forem cumpridas, faltam poucos anos para que o pico de demanda termine, dando lugar a um novo cenário na produção mundial de energia. Para o período 2030-2050, o destino da América Latina estará intimamente ligado ao que ocorrer com a demanda dos mercados internacionais. Se o mundo atingir a meta de zero emissões líquidas até 2050, "a região vai se sair muito mal", diz Monaldi. Mas se formos ao outro extremo, ao cenário previsto pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em que há um platô na demanda em vez de queda, "a América Latina se sairia muito bem, porque é a região com mais recursos petrolíferos do mundo, depois do Oriente Médioerdquo;, diz o especialista.

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