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PF diz que há fortes evidências de que investigados foram avisados de operação contra PCC

A Polícia Federal afirma que existem fortes evidências de que investigados da operação Tank, que mirou no sistema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), tenham sido avisados previamente sobre operação do dia 28 de agosto e comunicado outros integrantes do grupo. Em documento obtido pela Folha, o órgão cita trocas de mensagens nos celulares apreendidos com os suspeitos e a saída de alguns deles às pressas de suas residências na véspera da operação. Por conta disso, a polícia indiciou 12 pessoas por obstrução de investigação envolvendo organização criminosa, além de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira. Há oito foragidos, que tiveram seus nomes incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol. A PF ainda deve analisar a origem dos supostos vazamentos em inquéritos que serão abertos com este objetivo. As informações estão no relatório parcial do órgão sobre a operação da Superintendência do Paraná, concluído na sexta-feira (26) e obtido pela Folha. Uma das conversas que evidenciaria o conhecimento prévio sobre investigação, segundo a PF, foi entre os alvos Thiago Ramos e Gerson Lemes no dia 26 de agosto, dois dias antes da deflagração da operação. A PF deve analisar a origem dos supostos vazamentos em inquéritos que serão abertos com este objetivo. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também disse no dia da operação, em agosto, que a hipótese de vazamento seria investigada. A ação da PF ocorreu no mesmo dia da Operação Carbono, do Ministério Público de São Paulo. "De fato merece atenção que há 14 mandados de prisão e só 6 foram encontrados. Não é uma estatística normal das operações da Polícia Federal. Portanto, com o retorno das equipes que vão às residências e precisam relatar o que foi encontrado, vamos ter mais elementos para dizer, ou inferir, que possa ter havido vazamento. Nessa hipótese, nós vamos fazer investigação para apurar se houve", disse. A defesa de Rafael Gineste disse que ele foi localizado em sua própria embarcação, junto de sua esposa, "circunstância que demonstra claramente a ausência de qualquer intento de fuga". "A narrativa de que estaria se evadindo das autoridades não condiz com a realidade dos fatos, pois permaneceu acessível e não adotou qualquer medida que pudesse caracterizar ocultação ou resistência à ação policial", disse. Também afirmou "que é igualmente inverídica a afirmação de que Rafael teria arremessado seu telefone no mar" e que o seu celular e o de sua esposa "foram arrecadados pelas autoridades no dia 28, ainda no litoral catarinense, e sem observância das formalidades legais previstas". Acrescentou que as ilações de que Rafael exerceria controle de dados e contas bancárias de terceiros, constituindo empresas e movimentando valores milionários, "são meras alegações unilaterais de investigação, sem qualquer lastro em decisão judicial transitada em julgado". A Folha não localizou as demais defesas. Nela, ambos demonstram preocupação com a apreensão de aparelhos celulares e discutem alternativas de deslocamento e hospedagem, inclusive mencionando a troca imediata de aparelho telefônico. Thiago pergunta "vamos para onde papai"?. Ao que Gerson responde "depois q vc me falou que eles entra (sic) na casa msm assim desanimei". O primeiro responde "eu não vou ficar, papai, vou sair só eu", em referência aos familiares. Gerson afirma "Pois é. Amanhã vou trocar meu celular". Em seguida, Thiago diz "paiehellip;só não pegar o aparelho. Eu vou para o hotel ou para a praia". Em seguida, ele faz buscas por hotéis e manda uma foto de uma mala para o parceiro, que a polícia chama de "kit fuga". "Tais elementos reforçam a hipótese de comprometimento da operação, indicando que os investigados tiveram ciência antecipada das diligências policiais", diz a PF. Thiago Ramos e Gerson Lemes são identificados no relatório como alguns dos principais operadores do esquema e responsáveis por coordenar atividades de lavagem de dinheiro, fraude fiscal e adulteração de combustíveis. Eles usariam uma rede de laranjas e empresas de fachada para simular transações comerciais e justificar a movimentação de grandes quantias sem lastro fiscal. A PF também afirma que "fica clarividente" o esforço dos investigados para impedir o cumprimento dos mandados judiciais expedidos pela 13º Vara Federal de Curitiba de prisão preventiva e de busca e apreensão nas suas residências e escritórios. O órgão diz que, ao que tudo indica, eles retiraram material potencialmente probatório dos imóveis na véspera da deflagração, pernoitando fora de suas residências para não serem localizados pelas equipes policiais. "Também levaram seus aparelhos celulares, documentos e outros eletrônicos de interesse da investigação, fazendo com que os policiais federais se deparassem com um cenário preparado, aguardando o cumprimento do mandado de busca e apreensão", aponta a polícia. O relatório ainda afirma que os alvos Rafael Gineste e João Chaves Melchior, por sua vez, "foram além". Isso porque, mesmo pernoitando fora de suas residências, foram surpreendidos pelas equipes policiais, ocasião em que teriam tentado se livrar dos celulares antes que pudessem ser apreendidos emdash;Gineste jogou o celular no mar e Melchior, no terreno do seu vizinho, segundo os relatórios de diligência. Ginete teria o controle sobre os dados pessoais e contas bancárias de diversos laranjas do grupo, utilizando-os para a constituição de dezenas de empresas e repasses de valores milionários em todos os níveis do esquema criminoso, segundo a PF. Já Melchior, de acordo com a PF, seria um dos principais operadores financeiros do grupo, atuando diretamente na organização de planilhas, repasse de valores, distribuição de lucros e realização de pagamentos entre os integrantes. A PF também destacou que não encontrou o suspeito Roberto Augusto Leme, conhecido como Beto Louco e considerado "colíder" do esquema, em sua residência. Ele segue foragido. Também não havia qualquer veículo no local, assim como equipamentos eletrônicos, computadores, celulares ou documentos, "de modo que nada de interesse da investigação foi encontrado", segundo o relatório. "A equipe consignou que duas funcionárias que trabalham na residência informaram que no dia anterior o investigado estava em casa, mas que quando chegaram para trabalhar, na manhã do dia 28, já não encontraram ninguém", diz o documento. Os policiais pontuaram que no local havia caixas de relógios Rolex vazias, bem como uma "xicara de café que parecia ter sido usada há não muito tempo". Além disso, consta no relatório de diligência que "um dos servidores da Receita Federal comentou que eles tinham tomado conhecimento de um suposto vazamento de parte da operação deles no interior do Estado, o que poderia, eventualmente, ter alertado o alvo".

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Carregamento rápido pode eliminar problema de autonomia de carros elétricos?

Eliminar a "ansiedade de autonomia" é crucial para a adoção de veículos elétricos e para reduzir as enormes emissões do transporte rodoviário. Ninguém quer ficar sem energia quando está na estrada. Uma das formas como os fabricantes de carros elétricos estão tentando conquistar consumidores céticos é tornando o carregamento mais rápido emdash;quase tão rápido quanto abastecer um carro com gasolina. A fabricante chinesa BYD revelou um novo sistema de carregamento capaz de adicionar 400 km de autonomia em apenas cinco minutos. Isso poderia eliminar o espectro de longas filas nas estações de carregamento, embora usá-las em horários de pico possa significar recorrer à rede em momentos em que há menos energia verde disponível. COMO FUNCIONA? A maioria dos sistemas de carregamento doméstico funciona fornecendo corrente alternada (CA), que é convertida em corrente contínua (CC) pelo carregador a bordo do carro. Os sistemas de carregamento rápido, por outro lado, fornecem CC, contornando o conversor a bordo e carregando diretamente a bateria. Ao operar em tensões mais altas, esses sistemas podem carregar baterias mais rapidamente. Mas as próprias baterias precisam ser capazes de suportar essas tensões mais altas. A inovação da BYD foi usar fosfato de ferro e lítio para suas baterias de carregamento ultrarrápido. O material é menos propenso a superaquecimento do que as baterias convencionais de íons de lítio e também pode suportar um número maior de ciclos de carregamento. Para aproveitar ao máximo essas baterias, são necessários carregadores de alta tensão. A BYD afirma que seu sistema de carregamento rápido Megawatt Flash, refrigerado a líquido, pode atingir uma potência máxima de 1.360 kW (Quilowatt), mas estes ainda não estão amplamente disponíveis. Os carregadores domésticos típicos são de 3 kW ou 7 kW e levam até 12 horas. De acordo com a organização automobilística britânica RAC, carregadores "rápidos" têm capacidade de 50 a 100 kW e levam de 30 a 60 minutos para carregar a bateria até 80%, dependendo do carro, enquanto carregadores "ultrarrápidos" com capacidade de 100 a 350 kW levam entre 15 e 30 minutos. QUAIS SÃO OS PRÓS E CONTRAS? Aumentar a velocidade de carregamento tornará os veículos elétricos mais práticos para viagens de longa distância e poderá impulsionar sua adoção. Mas o carregamento mais rápido, que requer tensões mais altas, também pode resultar em maiores riscos de segurança e, para a maioria das baterias convencionais de íons de lítio, vida útil mais curta. Implementar uma nova rede desses carregadores mais potentes emdash;e fortalecer a rede elétrica para suportá-losemdash; incorrerá em custos significativos. "Um dos maiores problemas agora é o acesso ao carregador", disse Ryan Fisher, chefe de infraestrutura de carregamento da provedora de pesquisa BloombergNEF. Carregar um veículo elétrico lentamente em casa, normalmente durante a noite, provavelmente continuará sendo a maneira mais barata de reabastecer a bateria, e os motoristas terão que pagar mais pela conveniência de usar um carregador rápido em uma estação. Os custos de eletricidade para carregadores mais potentes também podem ser mais altos devido à tensão adicional na rede, mas uma maior concorrência entre fornecedores e fabricantes de automóveis poderia, com o tempo, aliviar os preços ao consumidor. ISSO SALVARÁ O PLANETA? Trocar apenas um carro a gasolina por um veículo elétrico pode reduzir as emissões equivalentes a uma pessoa que faz quatro voos de ida e volta de Londres a Barcelona, de acordo com a concessionária de energia francesa EDF. Mas os benefícios climáticos dos carros elétricos emdash;de carregamento rápido ou nãoemdash; sempre dependerão da composição das fontes de energia utilizadas para alimentar a rede elétrica. Se essa energia vier de combustíveis fósseis, os benefícios climáticos serão reduzidos. Além disso, o carregamento rápido pode não ser o método mais eficiente para carregar um veículo elétrico. A maioria dos proprietários carrega lentamente em casa emdash;e normalmente só encontra infraestrutura de carregamento público em viagens longas e infrequentes. Para esses motoristas, muitas vezes é mais eficiente em termos energéticos, e, portanto, mais barato, que um carro absorva e armazene energia em um momento em que a demanda na rede é baixa, como no meio da noite. Para algumas pessoas, "você simplesmente não precisa ter essa potência", diz Fisher. JÁ CHEGOU? Os veículos elétricos de carregamento em cinco minutos da BYD estavam disponíveis para pré-encomenda assim que a tecnologia foi demonstrada em março. Concorrentes, incluindo a Tesla de Elon Musk, também reduziram substancialmente os tempos de carregamento. Mas não basta simplesmente comprar um carro elétrico com baterias de carregamento rápido: você também precisa de acesso a carregadores potentes. A BYD disse em junho que começaria a instalar uma rede de seus e#39;carregadores rápidose#39; de cinco minutos na Europa. A AIE (Agência Internacional de Energia) relata que o estoque global de carregadores rápidos emdash;definidos como aqueles com potência superior a 22 kWemdash; subiu para cerca de 2 milhões em 2024. Enquanto isso, o volume de carregadores ultrarrápidos, capazes de fornecer pelo menos 150 kW, subiu para mais de 150 mil. Essa implantação acelerou à medida que os carregadores ultrarrápidos se tornaram mais baratos de instalar, com preços reduzidos em um quinto desde 2022, segundo a AIE. QUEM SÃO OS VENCEDORES E PERDEDORES? Fabricantes de automóveis que investiram cedo no desenvolvimento de tecnologia de carregamento rápido podem usar suas inovações para se diferenciar dos concorrentes. "Provar que você é o melhor, fornecendo tecnologia de alto nível, também impulsiona as vendas de todos os seus outros produtos", diz Fisher. "É uma boa publicidade." Os retardatários, incluindo muitas das montadoras tradicionais nos EUA e na Europa, correm o risco de perder participação de mercado. A Tesla, líder de mercado de veículos elétricos nos EUA, viu suas ações caírem 5% no dia do anúncio surpresa da BYD em março. A última geração de supercarregadores da Tesla carrega um carro elétrico a menos da metade da velocidade reivindicada pela BYD emdash;embora ainda sejam capazes de adicionar até 277 km de autonomia em apenas 15 minutos, segundo a empresa. Em termos geopolíticos, a China é uma clara vencedora. A China respondeu por mais de 70% da fabricação global de veículos elétricos em 2024, de acordo com a AIE, e ambos os líderes tecnológicos em carregamento rápido emdash;a fabricante de automóveis BYD e a fabricante de baterias CATLemdash; são chineses. QUEM ESTÁ INVESTINDO NISSO? As montadoras estão investindo fundos em pesquisas de baterias e carregamento de veículos elétricos para diferenciar seus produtos. As montadoras colaboraram para financiar e instalar redes de carregadores rápidos públicos a fim de incentivar os motoristas a comprar seus produtos mais recentes. Os governos também estão investindo no desenvolvimento e implantação de estações de carregamento mais rápidas para apoiar a transição para veículos elétricos. A Instalação de Infraestrutura de Combustíveis Alternativos da UE (União Europeia) alocou 1 bilhão de euros no início de 2025 para construir estações de carregamento de alta potência para caminhões e ônibus elétricos. Mesmo o governo de Donald Trump, que cortou vários projetos climáticos, disse em agosto que reabriria um programa federal de US$ 5 bilhões, lançado sob seu antecessor Joe Biden, para financiar a instalação de carregadores de veículos elétricos de alta velocidade na rede rodoviária dos EUA.

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Refit briga na Justiça por carga de combustível apreendida de R$ 240 milhões que negou ser sua

A Refinaria de Manguinhos ingressou na Justiça do Rio de Janeiro, onde está sob recuperação judicial, com um pedido para recuperar a carga apreendida pela Receita Federal no último dia 19 de setembro, na Operação Cadeia de Carbono. Inicialmente, a Refit (o nome fantasia de Manguinhos) negou que a carga fosse dela e chegou a emitir um fato relevante ao mercado refutando a informação. O comunicado enviado na última terça-feira, 23, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informava que eram inverídicas as informações noticiadas pela imprensa que davam conta de que a apreensão da Receita era de carga da Refinaria de Manguinhos. A Receita informou ter apreendido uma carga de derivados de petróleo no valor de R$ 240 milhões. Duas importadoras, a Axa Oil e a Fair Energy, que trabalham exclusivamente para a Refit, foram alvo da operação. O fato relevante emitido pela Refit foi uma resposta à CVM, que solicitou informações à empresa, uma companhia de capital aberto e que, por isso, deve prestar contas aos investidores por meio de comunicados públicos. No comunicado, o diretor de Relações com o Investidor da Refit, Paulo Henrique Oliveira de Menezes, afirma que a informação, noticiada inicialmente pelo jornal Valor Econômico, era eldquo;totalmente inverídica, uma vez que não houve apreensão de quaisquer cargas pertencentes à Refit na Operação Cadeia de Carbono, realizada pela Receita Federal.erdquo; No mesmo dia 23 de setembro, no entanto, a Refinaria de Manguinhos fez uma petição à 5ª Vara de Fazenda Empresarial do Rio, onde está sob recuperação judicial desde 2013, solicitando a liberação da carga. eldquo;Se a Refinaria de Manguinhos ficar impedida de utilizar as cargas retidas, a produção diária será impactada, gerando transtornos de toda ordem à rotina administrativa e econômica, o que poderá ocasionar, inclusive, na perda de postos de emprego. É óbvio que a paralisação das atividades industriais impacta, gravemente, o giro e fluxo de caixa da Companhia, afetando o cumprimento de obrigações assumidas com seus fornecedores, bem como o parcelamento assumido com o Fisco carioca, além de comprometer o pagamento de seus funcionárioserdquo;, afirma a empresa. Na petição, a que o Estadão teve acesso, a empresa afirma que a carga apreendida pela Receita é de 82 milhões de litros de óleo bruto de petróleo e de 5 milhões de litros de hidrocarbonetos de mistura aromáticos (normalmente usados para o tratamento da nafta para transformá-la em gasolina). A empresa alega que o material é de sua propriedade, já foi pago e afirma que as importadoras são alvo da investigação, não ela. A Refit afirma que não tem nenhuma relação com a Axa Oil e a Fair Energy. eldquo;Não se pode cogitar, portanto, que a Refinaria de Manguinhos, por fiscalizações direcionadas a terceiros, seja impedida de utilizar insumos de sua propriedade, essenciais à sua atividade fimerdquo;, afirma a empresa. Procurada, a Refit preferiu não se manifestar. A assessoria da empresa também foi acionada para solicitar o posicionamento de Paulo Henrique Oliveira de Menezes, mas tampouco retornou aos pedidos do Estadão. A CVM informou que o assunto é objeto de um processo em curso no órgão e que eldquo;não comenta casos específicoserdquo;. Prestar informações imprecisas ou inverídicas à CVM pode ser punido com multa e até com o banimento do responsável do mercado de capitais. Na mira Na última sexta-feira, 26, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) interditou a Refinaria de Manguinhos sob a suspeita de importação irregular de gasolina, incorretamente classificada como nafta (produto que paga imposto menor, por ser insumo para a indústria química); além da ausência de evidências de que seja desempenhada atividade de refino (o que permite que a companhia faça importações de nafta e outros químicos, e obtenha outras vantagens tributárias). A refinaria entrou no radar das autoridades após a deflagração da Operação Carbono Oculto, pela Polícia Federal, em 28 de agosto. A PF investiga se o combustível da Refit abastece redes de postos de gasolina controlados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo os investidores, a organização criminosa usa sua estrutura no mercado de combustíveis para lavar dinheiro do crime e ocultar os verdadeiros donos com a ajuda de bancos e fintechs instaladas na Faria Lima emdash; avenida na cidade de São Paulo considerada o centro financeiro do País. A Receita Federal também apura se Manguinhos está sonegando impostos ao importar nafta para fazer gasolina, sem recolher os tributos como deveria, além de usar empresas de fachada para ocultar os reais importadores do combustível, o que é crime. Segundo as autoridades, essa conduta deforma o mercado legal, ao criar uma concorrência desleal com competidores, além de permitir a infiltração do crime organizado em uma cadeia complexa de produção e elevada carga tributária. A contradição da Refit na prestação de informações à CVM sobre a posse do combustível apreendido foi levantada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no processo. A União pede que a vara empresarial do Rio se abstenha do caso, uma vez que se trata, no argumento das autoridades, de crime federal, envolvendo supostas operações de importação irregular, lavagem de dinheiro e sonegação. Além disso, a PGFN alega que a liberação da carga pode prejudicar o trabalho da polícia e da Receita, uma vez que a apreensão paralisou as infrações e é prova da conduta ilegal da empresa. eldquo;Para o juízo, a Recuperanda alega que a carga apreendida é de sua propriedade. Para o Mercado, a Recuperanda alega que a carga não é de sua propriedadeerdquo;, afirma a PGFN.

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Senado aprova o segundo projeto de regulamentação da Reforma Tributária

O Senado aprovou nesta terça-feira, por 51 votos a favor e 10 contrários, o segundo projeto de lei de regulamentação da Reforma Tributária. O texto trata de temas como o comitê que será responsável por gerir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será criado com a reforma. A proposta também estabelece normas gerais para tributos como ITCMD, ITBI e a contribuição de iluminação pública (Cosimp). O texto voltará à Câmara dos Deputados. O relator do texto na Casa, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), acatou uma emenda e retomou o que havia sido definido na Câmara: a alíquota de transição será calculada a partir da média de arrecadação do ICMS e do ISS entre 2024 e 2026. Este ponto era defendido pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz). "Adotar 2024endash;2026 significa trabalhar com dados atuais, consistentes e auditados, compatíveis com a maturidade informacional e com a realidade econômica recente", afirmou o Comsefaz em comunicado na última semana. Em outra emenda acatada, o relator alterou a forma de cobrança de imposto sobre matérias-primas derivadas do petróleo, como a nafta, usada para gasolina. O texto anterior previa que o ICMS sobre a nafta usada só seria cobrado em 2033. Com a alteração, fica instituído que o ICMS será cobrado já na importação da nafta, fechando brechas de fraude e sonegação no setor de combustíveis. O texto aprovado no Senado ainda cria uma calibragem do IBS, definindo que a alíquota durante a transição será gradual, permitindo que estados e municípios adaptem suas contas. O texto também prevê a isenção dos novos impostos para Pessoas com Deficiência (PCDs) na compra de veículos de até R$ 100 mil. O comitê do IBS O comitê terá a atribuição de arrecadar, compensar e distribuir o IBS, além de uniformizar a aplicação da lei e centralizar as obrigações acessórias. Sua estrutura prevê independência técnica e orçamentária, alternância na presidência entre representantes de estados e municípios e participação mínima de 30% de mulheres na diretoria executiva. O órgão será formado por um Conselho Superior, Secretaria-Geral, corregedoria, auditoria interna e uma diretoria executiva com nove áreas, como Fiscalização, Tributação e Tesouraria. Serão 54 membros no total: metade indicada pelos governadores e a outra metade representando os municípios, com mandatos de quatro anos. Durante a tramitação, foi fechado acordo para dividir, de forma transitória, as 27 cadeiras municipais entre a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), com 13 vagas, e a Confederação Nacional de Municípios (CNM), com 14. A partir de 2026, a escolha será feita por eleições. As reuniões serão trimestrais, com possibilidade de convocações extraordinárias, e as decisões exigirão maioria absoluta dos representantes, apoio de estados que somem mais da metade da população do país e o aval da maioria dos representantes municipais. O texto também estabeleceu a aplicação gradual do Imposto Seletivo sobre bebidas açucaradas entre 2029 e 2033, ampliando o alcance de um tributo já previsto para cigarros e bebidas alcoólicas. Outro ponto central trata do aproveitamento de créditos de ICMS acumulados até 31 de dezembro de 2032, que poderão ser usados para compensar débitos futuros no IBS ou devolvidos de forma parcelada. No caso dos serviços financeiros emdash; operações de crédito, câmbio e seguros emdash;, foi fixado um regime de tributação específico, com alíquota inicial de 10,85% em 2027, chegando a 12,5% em 2033. Durante a transição, onde ainda houver cobrança de ISS, haverá redução proporcional. O parecer ainda ampliou o regime dos nanoempreendedores, incluindo taxistas, caminhoneiros e frentistas entre os beneficiários de isenção, além de motoristas e entregadores de aplicativos já contemplados. Na área do contencioso administrativo, foi criada a Câmara Nacional de Integração, responsável por uniformizar interpretações do IBS e da CBS. O colegiado será composto por representantes do Carf, do Conselho Gestor do IBS e de contribuintes, podendo receber recursos apresentados tanto pelo Fisco quanto pelas empresas. As sessões serão virtuais e síncronas, com previsão de audiências e sustentações orais. O texto consolidou ainda imunidades do ITCMD, como para livros, fonogramas e previdência privada, e fixou progressividade até o teto de 8%. No caso do ITBI, os municípios deverão divulgar os critérios usados para cálculo do valor venal, com possibilidade de contestação por parte do contribuinte. Já a Cosimp passa a incluir também sistemas de monitoramento de segurança, mantendo a cobrança opcional na conta de energia. A União arcará com até R$ 3,8 bilhões para instalar o comitê entre 2025 e 2028. O governo comemorou a aprovação como um passo estratégico para manter o cronograma da reforma, embora a análise em plenário deva reacender disputas sobre a composição do órgão e a divisão das receitas.

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Brasil e Colômbia não chegam a consenso em acordo automotivo; exportações brasileiras serão afetadas

A Colômbia não aceitou prorrogar o acordo automotivo com o Brasil, que venceu nesta terça-feira, 30, e isso vai afetar as exportações para o terceiro maior mercado de carros e veículos leves brasileiros no exterior. Em 2024, o Brasil vendeu US$ 750 milhões em veículos leves e picapes para a Colômbia, um mercado que fica atrás apenas de Argentina e México. Com o acordo automotivo, firmado em 2017, o Brasil vendia ao país vizinho até 50 mil unidades por ano com tarifa zero. Agora, essas vendas serão taxadas em 16,1%. Em setembro passado, a Colômbia informou o Brasil de que não tinha interesse em prorrogar o acordo, mas o governo brasileiro iniciou uma série de tratativas com o objetivo de contornar o problema. Em agosto, durante a cúpula dos países amazônicos em Bogotá, Lula e o presidente colombiano, Gustavo Petro, chegaram a tratar do assunto. Desse encontro, saiu a informação de que o acordo poderia ser estendido por mais um ano até que os dois países chegassem a um consenso. Na semana passada, porém, em reunião de equipes técnicas em Brasília, os representantes colombianos fizeram uma contraproposta considerada inaceitável pelo setor produtivo brasileiro: reduzir a cota para 20 mil veículos por ano, além de assumir o controle unilateral sobre como administrar a entrada desses veículos. A resposta pegou as equipes negociadoras brasileiras de surpresa, uma vez que o intuito do Ministério de Desenvolvimento e Indústria (Mdic), chefiado por Geraldo Alckmin, e do Itamaraty era ganhar tempo e, nesse tempo, convencer a Colômbia a avançar para um tratado de livre-comércio emdash; no qual um conjunto mais amplo de mercadorias e serviços tem taxação zerada de ambos os lados. A desconfiança do setor privado brasileiro é a de que a Colômbia está fechando a porta para o produto brasileiro e dará preferência a veículos chineses, coreanos e até americanos. O país já tem acordo de livre-comércio com Estados Unidos, Coreia do Sul e União Europeia. Com a China, a Colômbia mantém um acordo de cooperação comercial. Todos esses países são grandes produtores de veículos e potenciais controladores de um mercado até aqui prioritariamente brasileiro. A notícia é negativa ainda por deixar o Brasil ainda mais dependente das vendas para a Argentina, que já respondem por 60% das exportações de veículos do Brasil, em um momento de incerteza sobre o que acontecerá na economia do país vizinho com o plano de Javier Milei dando água. Segundo o Mdic, neste ano o Brasil já vendeu para a Colômbia 38.385 veículos dentro da cota e, pelo tratado agora encerrado, poderá vender os 11.615 veículos que restam da cota até o final de 2026. Questionado pelo Estadão sobre o fim do prazo de negociação, o Mdic disse que eldquo;o governo colombiano manifestou o interesse de descontinuar o Entendimento Automotivo Bilateral, firmado em 2017 e manteve está disposição ao longo do último ano e durante todas as negociaçõeserdquo;. eldquo;O governo brasileiro manteve articulação com o setor privado brasileiro, realizou inúmeras reuniões bilaterais com o governo colombiano e apresentou propostas que viabilizassem um novo entendimento mutuamente benéfico, mas o desejo colombiano se manteve. Por isso, apesar dos esforços brasileiros até as vésperas do prazo final, não foi possível chegar a um novo acordoerdquo;, acrescentou. Participantes das tentativas de acordo dizem que o governo de Gustavo Petro assumiu um tom de desconfiança e rejeição durante todo o processo de diálogo, rejeitando de antemão qualquer sinalização para avançar num tratado de livre-comércio. Como gesto para abrir a negociação, o Brasil cogitou tratar do comércio de outros produtos, com o intuito de chegar a um acordo, mas a iniciativa não prosperou. Divergentes dentro da esquerda Apesar de Lula e Petro serem identificados como políticos da esquerda latino-americana, os dois presidentes não se entenderam novamente na cúpula dos países amazônicos, em agosto, sobre a exploração de combustíveis fósseis na região. Com o encerramento abrupto do acordo automotivo, após uma indicação de que poderia haver a extensão por um ano, trata-se da segunda divergência entre os dois países em dois meses. Petro foi eleito em 2022, e seu mandato se encerra no ano que vem, sem possibilidade de reeleição. O colombiano vive uma fase de baixa popularidade em meio a atentados violentos como o que vitimou em julho o político Miguel Uribe Turbay, um potencial candidato a presidente em 2026.

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COP30: Brasil vai propor compromisso para quadruplicar combustíveis sustentáveis

O Brasil está elaborando uma proposta para levar ao segmento de líderes da COP30 em busca de apoio ao compromisso de elevar quatro vezes, a nível global, a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. Há cerca de duas semanas, um grupo de 34 países co-liderados por Brasil e Japão divulgou a intenção de quadruplicar a produção de etanol, biodiesel, biometano, SAF (aviação), metanol e amônia (navios), entre outros, para acelerar a descarbonização dos transportes. Agora, a intenção é conseguir o endosso de governos que estarão em Belém (PA), em novembro, para a cúpula climática das Nações Unidas. De acordo com a presidência da COP30, o lançamento oficial da declaração está previsto para ocorrer na Pre-COP, em Brasília, no dia 14 de outubro. A partir de então, o documento estará aberto a adesões. Um tema recorrente na agenda do governo brasileiro quando presidiu o G20 em 2024, os biocombustíveis também vão buscar protagonismo na COP. Na semana passada, durante os eventos sobre clima das Nações Unidas em Nova York, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, deu o tom do que será levado a Belém: eldquo;Moléculas sustentáveis e#8203;e#8203;são tão importantes quanto elétrons sustentáveis e#8203;e#8203;para atingir as metas de zero emissões líquidas. Eletrificação e combustíveis, elétrons e moléculas, são amplamente complementares e essenciais para a transição energética. Não podemos atingir nossos objetivos a menos que tenhamos amboserdquo;, discursou em um evento. Mobilização da indústria Diferentes movimentos industriais estão ajudando a impulsionar esta pauta. Também na última semana, empresários da cadeia de valor da bioenergia entregaram uma carta a Corrêa do Lago pedindo colaboração para aumentar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis. eldquo;Alcançar emissões líquidas zero de gases de efeito estufa exigirá combustíveis de baixo carbono para atender aproximadamente 20% da demanda global de energia final até 2050, o que exigirá um aumento substancial em combustíveis sustentáveis e#8203;e#8203;em todos os setoreserdquo;, diz documento do Molecule Goupe, assinado por mais de 50 empresas de todo o mundo. Combustíveis produzidos a partir de biomassa, hidrogênio renovável e CO2 são indicados como alternativas à eletrificação em setores onde é mais difícil substituir combustíveis fósseis, como indústria, transporte pesado e químicos. A indústria brasileira, aliás, está ativa neste debate e também mobilizou apoio internacional para levar inserir os biocombustíveis em um documento com as prioridades do setor privado para a COP30. eldquo;Acelerar a descarbonização dos sistemas energéticos baseados em combustão até 2030, adotando mandatos progressivos específicos para cada setor e incentivos agnósticos em termos de tecnologia, com base na intensidade de carbonoerdquo; é a terceira prioridade de transição energética da SB COP. Para isso, o grupo presidido pela CNI recomenda, por exemplo, eldquo;cooperação transfronteiriça, visto que a expansão do comércio de biomassa e biocombustíveis exige a redução de tarifas e o alinhamento de padrõeserdquo;. Além de eldquo;incentivos agnósticos em termos de tecnologia, como a certificação de intensidade de carbono, permitindo soluções escaláveis e#8203;e#8203;de baixo carbono que reduzam as emissõeserdquo;. Veja a íntegra (.pdf) Biodiesel e etanol a bordo Não é por acaso que o Brasil está encabeçando a agenda dos combustíveis sustentáveis. O país tem tradição na bioenergia e enxerga uma janela de oportunidade na corrida global por combustíveis verdes. Relatório do BCG estima que o Brasil pode atender 15% da demanda de transporte marítimo global com biocombustíveis até 2050 e atrair investimento de US$ 90 bilhões. Etanol e biodiesel, por exemplo, são duas opções de implementação imediata, escaláveis e que se tornam competitivas com a implementação de uma penalidade sobre o carbono emitido por embarcações, previsto para entrar em vigor a partir de 2028.

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