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Petróleo fecha perto da estabilidade com peso de ameaças tarifárias de Trump

O petróleo fechou perto da estabilidade nesta sexta, em leve alta. Mais cedo, a commodity era impulsionada pelos dados de inflação mais fracos na economia americana, mas perdeu fôlego após a ameaça do presidente eleito Donald Trump de impor tarifas aos países da União Europeia, caso não comprem mais gás e petróleo dos Estados Unidos. No fechamento, o contrato futuro do Brent (referência mundial) com vencimento em fevereiro subiu 0,08%, cotado a US$ 72,94 por barril, e o WTI (referência americana) teve alta de 0,12%, a US$ 69,42 por barril. A commodity recuou 2,15% na semana (Brent) e 1,9% (WTI), com o peso de um tom mais hawkish do Federal Reserve e as novas ameaças tarifárias de Trump.

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O desafio da Petrobras na busca por novas reservas de petróleo

Para a Petrobras o grande desafio da hora está em fazer grandes investimentos em novas fronteiras produtivas destinadas a recompor reservas, sem comprometer as exigências ambientais que cercam sua atividade. A produção brasileira de petróleo atingiu em outubro os 3,26 milhões de barris por dia, dos quais 78% provieram dos campos do pré-sal, onde ocorreram as principais descobertas antes dos leilões de partilha, iniciados em 2013. A Petrobras estima alcançar o pico de sua produção de petróleo no fim desta década, entre 2028 e 2030, quando deve extrair 4,6 milhões de barris por dia. A partir daí, a previsão é de que a produção entre em declínio. Se não contar com novos campos para explorar endash; entende a empresa endash; a segurança energética do Brasil poderá ficar comprometida. Em seu mais recente plano de negócios, anunciou o aporte de US$ 77,3 bilhões na área de exploração e produção até 2029. A presidente da estatal, Magda Chambriard, tem se mostrado entusiasmada com o avanço das atividades exploratórias, especialmente na costa brasileira. Mas há mais em jogo. Como o pré-sal deverá começar a soluçar, será preciso redecifrar o mapa do tesouro. Os melhores sinais apontam para a Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, onde a Guiana tem encontrado grandes jazidas de hidrocarbonetos. Mas a exploração da área enfrenta resistência dos organismos de proteção ambiental. O impasse continua sem solução endash; nem técnica nem política. Outra região promissora é a da Bacia de Pelotas, que mostra grande potencial diante das recentes descobertas na Bacia de Orange, na Namíbia, área com a qual tem correspondência geológica. Estimativas preliminares dão conta de que a Bacia de Pelotas contém entre 10 e 20 bilhões de barris de óleo recuperável. A Petrobras já assinou 29 contratos de concessão na área. Além das possíveis reservas no País, a Petrobras tem trabalhado para diversificar o seu portfólio exploratório, com presença em blocos na costa do continente africano e em reservas de gás na Colômbia. O geólogo Pedro Zalan adverte que a demanda por energia deve crescer para além do projetado até aqui, em consequência do aumento do consumo pelos data centers, à medida que os gigantes da tecnologia direcionam bilhões de dólares em infraestrutura para desenvolvimento da inteligência artificial. eldquo;Todas as grandes empresas de petróleo do mundo estão reforçando os investimentos em exploração de petróleo porque a demanda por energia vai aumentar muito, especialmente para atender esses mercado da tecnologia. Se a situação na Margem Equatorial não avançar, a Petrobras ainda tem condições de reforçar suas reservas com a recuperação de campos maduros no pré-sal e na Bacia de Pelotas. Ainda há a Bacia Sergipe-Alagoas, onde ela vem instalando plataformas para exploração em águas profundas para aumentar seu portfólio nos próximos anoserdquo;, explica o especialista A indústria de petróleo terá importância nessa transição verde e o óleo dificilmente perderá o destaque como fonte energética. Daí a importância da recomposição de reservas da Petrobras, principalmente para exportação.

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Invasão de montadoras chinesas muda rotina de cidades brasileiras

Na recepção de um hotel em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, dois chineses fazem check-in com o auxílio do celular. Funcionários de uma empresa fornecedora de eldquo;robôs logísticoserdquo; endash; como empilhadeiras automáticas endash; para a montadora BYD, eles usam um aplicativo de tradução para conversar com a recepcionista. Desde que a montadora chinesa iniciou no primeiro semestre deste ano suas obras nessa cidade de 300,4 mil habitantes, o fluxo de chineses nos estabelecimentos comerciais é crescente endash; apesar de não ser uma novidade. Polo industrial, Camaçari já está acostumada, segundo os moradores, com estrangeiros que vêm visitar as fábricas. O município, por exemplo, é sede de uma planta da também chinesa Sinoma, que fabrica pás eólicas. O volume maior de orientais pelas ruas, porém, é a novidade de 2024. Carros elsquo;vetadosersquo; Mercados dos EUA e da Europa criaram restrições comerciais para os veículos chineses O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari e Região (Sindticcc) calcula que mil operários trabalham hoje nas obras da fábrica de carros eletrificados da BYD, sendo 500 deles orientais. De acordo com a montadora, os chineses foram contratados por empresas terceirizadas por possuírem eldquo;expertise na construção deste tipo de fábrica que tem diversas características únicas de tecnologiaerdquo;. Questionada pela reportagem, a empresa não informou quantos estrangeiros trabalham na obra. A presença de trabalhadores chineses nas cidades brasileiras é uma das faces mais visíveis de uma transformação da indústria automotiva. Com cus to inferior e tecnologia elétrica, a China vem inundando o mundo todo com seus carros, e as montadoras tradicionais perdendo competitividade. Os mercados americano e europeu, no entanto, criaram restrições comerciais para os veículos chineses, e o país de Xi Jinping viu o Brasil como alternativa. É um destino com alta demanda por veículos e capacidade de se tornar base exportadora para toda a América do Sul. eldquo;Os chineses começaram exportando pequenos volumes de carros elétricos para o Brasil, que passou a aceitar o produto. Automaticamente, deuse a decisão de que o Brasil será a porta para a ocidentalização dos veículos chineseserdquo;, diz o consultor Ricardo Roa, sócio da consultoria KPMG e especialista no setor automotivo. Além da fábrica da BYD em Camaçari, o Brasil também receberá uma planta da GWM. A montadora está adaptando uma antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (a 165 quilômetros de São Paulo) para produzir carros eletrificados. A GAC, quinta maior montadora chinesa, afirma que investirá US$ 1 bilhão até 2029 para produzir no Brasil. Ela não revela quando iniciará a fabricação, mas, segundo pessoas a par do assunto, ela tem entre suas opções a compra da planta da Toyota em Indaiatuba (SP), que será desativada até 2026. A Neta Auto também estaria de olho na fábrica da japonesa, e a Omoda/Jaecoo (Oeamp;J) negocia um local para montagem de CKDs (conjunto de peças que vem pronto da China e são agregados aqui, com pouco ou nada de componente local) em 2025. OBRAS. Na Bahia, a presença de chineses também deve crescer na construção civil, com as obras da ponte de 12,4 km entre Salvador e a ilha de Itaparica por um consórcio chinês. O governo de Jerônimo Rodrigues (PT) retomou as conversas com as companhias chinesas após ameaçar romper o contrato, no início deste ano, devido a custos adicionais que elevariam o preço da obra orçada inicialmente em R$ 13 bilhões. Enquanto não movimentam Salvador, os chineses mudam o cenário de Camaçari. Por lá, já há alguns bairros famosos por concentrar os orientais, como o Inocoop. A partir das 6h, eles ocupam as ruas da vizinhança enquanto esperam o transporte que os levam para a fábrica da BYD. O mesmo acontece entre 17h e 18h30, quando retornam da planta.

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Economistas veem risco de perda de poder do BC para calibrar a economia

Nas últimas semanas, os economistas começaram a debater se o Brasil enfrenta uma situação bastante delicada, em que o Banco Central perde a capacidade de operar na economia por meio da alta de juros. O processo em que o BC vê a potência da política monetária não trazer o resultado esperado é chamado de eldquo;dominância fiscalerdquo;. Nessa situação, a economia vive um ciclo perverso. A alta de juros piora o custo da dívida endash; já bastante elevada endash;, a percepção de risco dos investidores com a economia aumenta, o que desvaloriza ainda mais o câmbio e, consequentemente, traz impacto para a inflação. eldquo;Quando o BC sobe a taxa de juros, tende a atrair capital, porque o País fica mais atrativo, oferece mais retorno ( para o investidor). O dólar cai, e isso ajuda a trazer a inflação para baixoerdquo;, afirma Felipe Salles, economistachefe do C6 Bank. eldquo;Mas não estamos vendo isso acontecer. Dado que a dívida é muito elevada, quando aumenta a taxa de juros, o impacto fiscal que isso tem é significativo, não é desprezível.erdquo; No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual - para 12,25% ao ano endash; e adotou um tom considerado duro e surpreendente por parte do mercado: assegurou mais duas altas da mesma magnitude. No entanto, diferentemente de outras ocasiões, o que se observou foi um avanço do dólar em relação ao real. A moeda americana bateu R$ 6,20 na terça-feira e só caiu na sextafeira, quando foi a R$ 6,07, queda de 0,84%, após seguidas intervenções do BC durante toda a semana passada. eldquo;Esse tema ( da dominância fiscal) entrou em discussão, porque o BC tem sido agressivo, anunciou uma alta de juros forte, fez intervenção no câmbio e, mesmo assim, nada aconteceuerdquo;, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. INVESTIDORES. O que os investidores olham e se preocupam endash; e muito endash; é com a dificuldade de o Brasil conseguir interromper o endividamento crescente. O País tem uma dívida considerada elevada para uma economia emergente. Em 2024, deve encerrar em 78,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e subir a 81,9% do PIB no próximo ano, de acordo com as projeções coletadas pelo sistema de expectativas do Banco Central. A dívida só deve estabilizar em 2030, quando terá ultrapassado o patamar de 90% do PIB. Mas o País está em dominância fiscal? Por ora, a avaliação é de que não, embora haja sinais de perda de potência da política monetária não só no câmbio, mas também na atividade econômica. eldquo;Não vemos a possibilidade de estar em dominância fiscal como sim ou não. São vários graus. E como a gente entende a dominância fiscal? É o ponto em que a política monetária para de fazer efeito. Já chegamos nesse ponto? Ainda nãoerdquo;, afirma Salles, do C6 Bank. Na leitura de Vale, da MB Associados, um cenário mais definitivo de dominância fiscal pode ser alcançado num próximo governo se não houver nenhuma medida de acerto das contas públicas. eldquo;São dois anos em que essa tensão pode aumentar, infelizmenteerdquo;, afirma Vale. ebull;

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Impacto fiscal de pacote de Haddad cai para R$ 69,8 bilhões após mudanças do Congresso

O impacto fiscal do pacote de contenção de gastos para 2025 e 2026 caiu de 71,9 bilhões para 69,8 bilhões após as mudanças promovidas pelo Congresso, segundo estimativa divulgada pelo Ministério da Fazenda. Mais cedo, em café de fim de ano com jornalistas, o ministro Fernando Haddad já havia adiantado que as alterações dos parlamentares não haviam alterado a "ordem de grandeza" do pacote. O principal efeito negativo sobre o impacto fiscal foi a manutenção da regra do Fundo Constitucional do Distrito Federal. O governo tinha proposto corrigir o fundo somente pela inflação, mas o Congresso optou por manter os recursos vinculados à Receita Corrente Líquida (RCL). Essa mudança representou uma perda de economia de R$ 2,3 bilhões. O veto às mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) diminuíram a economia pretendida pelo governo em R$ 2 bilhões, de R$ 4 bilhões para R$ 2 bilhões. Também houve redução do impacto fiscal na medidas de exigência de biometria para concessão de benefícios sociais (R$ 5 bilhões para R$ 4 bilhões) e na mudanças referentes ao Bolsa Família (R$ 5 bilhões para R$ 4 bilhões). A redução esperada deve-se às exceções criadas para localidades de difícil acesso. Por outro lado, o governo reavaliou a economia que deve ser obtida com o enquadramento do reajuste do salário mínimo na regra de atualização do limite de gastos do arcabouço fiscal e com a mudança de regra de acesso ao abono salarial. No primeiro caso, o impacto fiscal aumentou de R$ 12 bilhões para R$ 15,3 bilhões. Já em relação ao abono, a economia obtida deve ser de R$ 1,7 bilhão, em vez de R$ 800 milhões - ambas as reavaliações aconteceram em função da revisão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 de 2,9% para 3,2%, segundo o IBGE.

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Salário mínimo e PIS/Pasep: mudanças vão afetar pelo menos 53 milhões de pessoas; entenda

Entre trabalhadores de carteira assinada, servidores públicos e aposentados e pensionistas, ao menos 53 milhões de brasileiros serão afetados pelas mudanças no reajuste do salário mínimo e nas regras de pagamento do PIS/Pasep. As alterações são parte do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo Lula e aprovado pelo Congresso Nacional. No caso do abono salarial, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada na madrugada desta sexta-feira muda o limite de renda para quem ganha o benefício. Hoje, trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos que ganham até dois salários mínimos têm direito ao abono. O ano-base é sempre o de dois anos anteriores ao pagamento. Dessa forma, em 2025 poderão sacar o PIS/Pasep quem recebe até R$ 2.640 (já que o piso nacional de 2023 era R$ 1.320). No próximo ano, a expectativa é que 25,8 milhões de trabalhadores recebam o benefício, num total de R$ 30,7 bilhões. Mas a partir de 2026, o teto salarial para ter direito ao benefício vai cair lentamente. O valor de R$ 2.640 será, em 2026, reajustado apenas pela inflação e será o novo teto para ter direito ao abono. Esse limite seguirá sendo reajustado pela inflação até que seja equivalente a 1,5 salário mínimo. E, então, a nova regra será que os beneficiários do PIS/Pasep sejam trabalhadores que ganhem no máximo 1,5 salário mínimo. Entre os 25,8 milhões de trabalhadores que sentirão as mudanças no abono, 1,3 milhão de trabalhadores serão afetados duplamente. São os brasileiros que, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, têm carteira assinada e recebem um salário mínimo. A mudança no reajuste do piso nacional foi outra das medidas incluídas no corte de gastos. No último projeto de lei do pacote, os senadores aprovaram na manhã desta sexta-feira a limitação do reajuste do salário mínimo às regras do arcabouço fiscal. Pela regra atual, o piso nacional é atualizado pelo resultado do índice de inflação medida pelo INPC em 12 meses até novembro do ano anterior, acrescido do avanço do PIB de dois anos antes. O índice de correção da inflação ficou em 4,84% no acumulado em 12 meses em novembro. Já o PIB de dois anos antes foi 3,2%. Porém, o governo propôs uma mudança na regra para que o crescimento real, ou seja, a perna que considera a alta do PIB, seja limitado aos mesmos índices do arcabouço fiscal: de 0,6% a 2,5% acima da inflação, a depender do resultado das receitas no ano anterior. Para 2025, a taxa considerada é de 2,5%. Essa nova regra levaria o piso atual de R$ 1.412 para R$ 1.518 no ano que vem. Uma diferença de R$ 10 a menos em relação à regra atual, que subiria para R$ 1.528. A economia é de cerca de R$ 7 bilhões. Além dos trabalhadores formais que recebem o piso, também serão afetados pela medida os beneficiários do INSS. Hoje, 21,1 milhões de aposentados e pensionistas ganham um salário mínimo. Há ainda os idosos e pessoas com deficiência de baixa renda que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), também reajustado anualmente com base na correção do piso nacional. Outro grupo afetado é o das empregadas domésticas. Segundo o MTE, são 1,5 milhão de trabalhadoras formalizadas no país. Elas não recebem PIS/Pasep, mas a maior parte ganham um salário mínimo, como já mostrou o IBGE.

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